quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Pode ser que o André Martins tenha aprendido alguma coisa

Ontem, só vi a primeira parte do jogo. Depois da prenda de Natal do Boeck desisti, temendo o pior. Não levo muito a sério a Taça Lucílio Baptista. No entanto, depois de duas derrotas e na véspera do jogo contra o Porto, o pior que nos podia acontecer seria ensarilharmo-nos com o Paço de Ferreira. Fiz mal. Devia ter continuado a ver o jogo. A primeira parte tinha sido boa. A segunda ainda foi melhor.

Os golos deviam ser repetidos vezes sem conta aos jogadores do Sporting. É assim que o Jorge Jesus lhes ensina. É assim que devem fazer sempre. As jogadas são autênticos clássicos da arte de marcar golos a toda a sela.

 No primeiro, lançamento de linha lateral, a esticar o jogo para a frente, domínio de bola do avançado sob pressão, passe para o lateral e centro, não para a molhada, mas para o sítio onde estava o único jogador do Sporting dentro da área, atraso de cabeça para a entrada da área e remate rasteiro e colocado junto ao poste. Assim até parece fácil.

No segundo, passe em profundidade para aproveitar a embalagem do lateral, domínio da bola e passe atrasado para a encostar lá para dentro. É para repetir mais vezes.

No terceiro foi tudo mais complicado. Não basta planear e treinar bem. A qualidade dos jogadores fez toda a diferença. O passe do Matheus é excelente, a desmarcação do Ruiz é melhor ainda. A conclusão é uma delícia. Espero que o André Martins tenha aproveitado para aprender alguma coisa. Um avançado não se assusta com o guarda-redes ou com os defesas; sobretudo não desperdiça um passe como o do Matheus.

Ganhámos bem a jogar bem também. Tivemos um infortúnio e fomos capazes de dar a volta ao resultado. Quebrámos um ciclo de duas derrotas. Descansámos uns tantos e demos ritmo de jogo a outros tantos. A equipa só pode ter ficado mais moralizada. É que ninguém tenha dúvidas, este jogo só terá qualquer interesse se nos der o ânimo necessário para um bom resultado contra o Porto. Esse jogo é que interessa.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O plano

Nada acontece por acaso. É assim em geral e mais ainda no futebol português. O último resultado do Sporting para o campeonato também não se deve ao acaso.

Se dúvidas houvessem, o jogo do Porto contra o Nacional dissipou-as. O título só pode ser disputado a três. Se o Sporting o disputar só com um dos seus rivais não tem hipóteses nenhumas. A derrota com o União da Madeira obedece assim a um plano para manter a luta pelo campeonato a três até ao fim.

Com essa derrota, o Benfica volta a entrar na corrida pelo título. Matam-se dois coelhos com uma só paulada. Mantém-se um inimigo por perto. Mantém-se o Rui Vitória no Benfica.

Com essa derrota, o Porto não fica longe quando for derrotado em Alvalade. Mais uma vez se matam dois coelhos com uma mesma paulada. O Porto mantém-se por perto e o Lopetegui continua a ser assobiado.


(Não consigo meter a Doyen neste plano. Incompetência minha seguramente. Talvez a Doyen pertença a outro plano ou esteja noutro plano, naquele tipo de plano onde os jogadores, os treinadores e a bola contam pouco)

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A ilusão dos reforços

Nestas coisas do futebol é muito fácil passar de bestial a besta, e vice-versa. Há pouco mais de 10 dias a conversa sobre o Sporting alternava entre dois discursos tão contraditórios como deslocados da realidade: (1) que apenas ganhávamos à custa das arbitragens e (2) que era absurdo não termos apostado mais na Liga Europa.

Uma semana depois o discurso é outro: esta equipa não dá para tudo. É um facto. E tem um corolário: precisamos de reforços.

Até agora recebemos três reforços de inverno. Começando pelo mais fácil, Schelotto. Não conheço e portanto tenho pouco a dizer. Ainda assim, tenho dificuldades em perceber o que motiva um internacional Italiano de 26 anos a vir para o Sporting. Para mim ou lhe disseram que vinha passar umas férias porreiras ou ele se entusiasmou sabendo que por aqui até o Ruiz faz de extremo rápido. Veremos o que nos traz, sem dúvida que joga em posições onde precisamos de melhorar. No entanto, não acho que seja por aqui que se vai ganhar o campeonato.

Zeegelaar conheço um pouco melhor, ao que parece substitui o Jonathan. Não vejo que seja uma substituição com grande impacto este ano. Acho que o Jefferson é um jogador com mercado e estamos a acautelar essa possibilidade. Parece-me bem, mas não deve acrescentar muito no curto-prazo.

Posto isto chegamos a Bruno César. É difícil perceber a contratação de um patinho feio dos vizinhos, mas sinceramente acho que, deste lote, é o jogador que pode fazer alguma diferença este ano. Falta-nos poder de fogo, falta um médio que remate e marque golos. Ele pode ser isso. Não sabemos se vai ser. 

Não me quero repetir com posts anteriores, mas uma coisa vejo como provável: quando a minha grande esperança em termos de reforços é o Bruno César resta-me desejar a todos um Bom Natal e pedir ao Pai Natal para não deixar o Lopetegui e o Rui Vitória fugir. 

domingo, 20 de dezembro de 2015

Acreditar nos outros

O Sporting estava a fazer um campeonato quase perfeito. Hoje, borregou contra, provavelmente, a pior equipa do campeonato.

Há a parte do azar. O União da Madeira fez um remate à nossa baliza e marcou um golo. O seu guarda-redes esteve uns furos acima do seu nível de competência.

Mas a história repetiu-se. O Sporting consegue encostar os adversários às tábuas, mas não dá a estocada final ou, quando a dá, é em completo desespero. Não se compreende ou, por outra, compreende-se muito bem.

Falta fogo nas botas dos jogadores do ataque. Quando estamos a ver o jogo e nos procuramos distanciar um pouco dele, percebemos que o golo só pode vir de dois jogadores. Ou do Slimani ou, mais raramente, do Ruiz (aliás, para esse efeito, não se pode esperar do Ruiz o mesmo de outros jogadores).

Falta-nos um segundo ponta de lança. Não de um com elevada nota artística, mas de um que nos momentos de maior pressão as meta lá dentro também. Mas não sentimos falta somente de um segundo ponta de lança. Quantos golos esperamos ver marcar o Adrien, o Aquilani, o João Mário ou o Gélson Martins? E o que dizer dos cantos e de outras bolas paradas? Os campeonatos em Portugal ganham-se nesses lances.

A equipa não dá para muito mais do que deu até ao momento. Suspiramos pelos reforços de Inverno. Provavelmente constituem uma ilusão como outra qualquer. Resta-nos a esperança no Lopetegui e no Rui Vitória. Tenho mais esperança neles do que nos nossos jogadores.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Alguma vez havia de ser

Fomos eliminados pelo Braga da Taça de Portugal. Antes assim: pelo Braga, eliminando o Benfica pelo caminho. É o que dá andarmos a disputar competições impróprias e a jogar em dias impróprios da semana. O Sporting dispõe de treze ou catorze jogadores que são opção. Desses, meia-dúzia está sempre em risco de lesão ou de implosão dentro de campo.

Só vi o jogo a partir dos sessenta minutos. Do que vi, concluo que perdemos o jogo por duas razões fundamentais, para além do mérito do Braga.

Gamaram-nos um golo que dava o quatro a três. O futebol não é patinagem artística. Não interessa a classificação do júri. Aliás, nem sequer há júri. O que contam são os golos. Se os árbitros não validam golos limpos como esse pouco se pode fazer.

A equipa estava morta. A meu ver, o Jorge Jesus não fez mais nenhuma substituição na segunda parte porque, simplesmente, desconfiava que a qualquer momento seria necessário substituir alguns dos jogadores que não estava bem fisicamente e em risco de sair lesionado. O Ewerton foi o caso mais evidente. Só assim se explica que não tenha tirado o Jéfferson para colocar o Esgaio. O Jéfferson estava clinicamente morto. Apesar de todos os remendos, foi por esse lado que perdemos o jogo.


(É necessário poupar o Ruiz. Sem ele, estamos feitos. O rapaz já gozou de melhor saúde. Quando estive na tropa, nas caminhadas era o único que sabia interpretar uma carta militar. Todos dependiam de mim. Só faltava levarem-me ao colo. Com o Ruiz é a mesma coisa. Só ele é que sabe interpretar a carta também)

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A vida como ela é

[Ganhámos bem] 
Ganhámos este fim-de-semana como sempre devemos ganhar contra equipas como o Moreirense. Resolve-se o assunto na primeira parte. Na segunda, encana-se a perna à rã, isto é, reduz-se o ritmo de jogo e faz-se a gestão dos jogadores para o próximo jogo. Por outras palavras, ganha-se competentemente, fazendo-se o necessário e não mais do que isso.

[Jornada a jornada] 
Em cada jornada que acabamos em primeiro é menos uma jornada a caminho do título. Chegar a primeiro tem mérito. Permanecer por lá tem maior mérito ainda. Demonstra-se estofo de campeão e vai-se instalando a ansiedade nos nossos principais adversários.

[Gerir os recursos que se têm e os que se não têm] 
Estamos em demasiadas frentes para a equipa que temos. É necessário rodar os jogadores. Desconfiamos de alguns deles. O Aquilani não esteve nada mal. Estava estoirado quando saiu. O Teo esteve mal. Na segunda parte, só dei por ele quando foi substituído. Devíamos ter substituído o Ruiz. Nesta altura, com o Slimani, constitui o nosso jogador mais valioso. É preciso poupá-lo. O problema é que não podemos substituir o Adrien, o Aquilani, o Teo e o Ruiz.

[Os campeonatos ganham-se na defesa] 
A defesa não tem dado abébias. É meio caminho andando para se disputar o campeonato até ao fim. Se o Ewerton não se lesionar, não vai ser fácil marcarem-nos golos. Se ao Ewerton se somar um William Carvalho ao seu melhor nível, somos quase imbatíveis. É preciso que o rapaz não se distraia e, por outro lado, que a malta não se deixe ir em campanhas desestabilizadoras. O melhor jogador do último Europeu de Sub-21 continua a ser o melhor jogador do último Europeu de Sub-21. O resto são bitaites dos comentadores do costume.

[Colinhos] 
Esqueceram-se do amarelo no penalty a nosso favor, que dava a expulsão do jogador do Moreirense. É mal marcado o penalty contra nós. É perdoado um penalty contra o Benfica. São perdoados dois penalties contra o Porto. Mesmo com todas as campanhas, só não vê quem não quer ver. Aguardemos as classificações dos árbitros, que, como de costume, serão prontamente divulgadas num órgão de comunicação social perto de si.


(Peço desculpa ao João por este "post" aparentemente extemporâneo. Só vi ontem à noite que tinha escrito o dele, depois de escrever este e ter agendado a sua publicação para hoje)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A sorte e os sorteios

Dizem por aí que "tivemos" muita sorte com as equipas que nos calharam no grupo do Euro 2016. Creio que é inegável que se fosse o Fernando Santos a escolher os adversários o resultado seria mais ou menos este. O pior é que nós adeptos não tivemos sorte nenhuma: vamos apanhar três valentes secas nos três jogos do grupo. O treinador não sabe mais do que engonhar e contra estes adversários os jogadores não terão motivação para mais que isso. Já estou entediado só de pensar.

Também dizem que o Sporting teve azar no sorteio da UEFA. Também aqui depende. Aos adeptos calhou em sorte o que pode vir a ser um excelente jogo; aos jogadores, treinador e dirigentes calhou em sorte uma equipa com a qual não escandaliza se formos eliminados e, portanto, uma razão para se focarem no que realmente interessa: o campeonato.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Para já, estão perdoados!

Depois de na quinta-feira andarmos a brincar à Europa dos pequeninos, esperava-se mais um daqueles jogos com o credo na boca até ao fim. Pior do que um erro é somar-lhe outro. Os primeiros minutos demonstraram que os receios tinham razão de ser. Até ao golo, o jogo decorreu, como de costume, em modo emperrado. Tudo muito devagar e aos soluços.

Finalmente, marcámos um golo a partir de um lance de bola parada. A jogada estava estudada, mas a representação foi trapalhona. O Gélson Martins desmarcou-se, o Esgaio bloqueou a parte de fora da barreira, mas o Ruiz ainda demorou uma eternidade a passar bola. A sorte foi que os jogadores do Moreirense são lentos de raciocínio e quando raciocinam fazem-no todos ao mesmo tempo, chocando uns com os outros. O Gélson Martins, que não tem culpa da azelhice alheia, meteu a bola lá dentro.

Preparei-me para um daqueles jogos sofrido em que acabamos a ganhar por um a zero. Fui completamente surpreendido por um momento Adrien. Fui eu e os jogadores do Moreirense. Há momentos, raros, em que o Adrien faz uma jogada que está para além das suas capacidades e do seu discernimento. Hoje sacou uma dessas e o Aquilani marcou um penalty em corrida.

A segunda parte estava escrita. Preparava-me para quarenta e cinco minutos de aborrecimento. Dois a zero nos tempos que correm é uma goleada. Só que aconteceu o que estamos cansados de ver. De repente, uma bola perdida na área encontra-se com o Slimani e o rapaz vai terraplenando os adversários que lhe vão aparecendo pela frente. Em desespero, os adversários fazem uma dupla placagem. No futebol estes lances dão origem a penalty, no râguebi também.

O Jorge Jesus teve que explicar ao Teo e ao Adrien que o Slimani não pode andar a arrancar penalties a torto e a direito sem ter oportunidade de marcar um. O Slimani rematou, o guarda-redes defendeu, e, na recarga, acabou por meter a bola lá dentro ao seu melhor estilo, isto é, sem estilo nenhum.

Demos o jogo por concluído. O Moreirense por dever de ofício tentou mais alguma coisa. Foi metendo uns rapazes rápidos e buliçosos. Os resultados foram poucos ou nenhuns. Melhores resultados teve uma paragem cerebral do Naldo, que, num lance sem perigo nenhum, resolveu oferecer um penalty. Ninguém me tira da cabeça que estava tudo combinado com o Jorge Jesus. Ele sabia que na próxima quarta-feira ia para o banco. Assim vai na mesma e há uma boa razão para isso. Não satisfeito com um disparate, o Naldo, na sequência de um canto a nosso favor, faz outro e, no contra-ataque, valeu-nos o Patrício. Também me pareceu um lance combinado. Em todos os jogos é sempre necessário demonstrar que o Patrício é o melhor guarda-redes do campeonato e um dos melhores do Mundo.

Não há grande moral deste jogo e da sua história. Antes assim. Assim é que é normal. Um jogo sem grande esforço, com a dedicação indispensável e a glória possível. Quarta-feira há mais.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Duas péssimas notícias

Duas péssimas notícias no mesmo dia: o iminente despedimento do Lopetegui e a nossa vitória contra o Besiktas. Vamos a uma de cada vez, começando pela primeira. Passo de imediato ao apelo e em discurso directo: “Pinto da Costa, caro amigo, o Lopetegui é uma aposta tua. É um dos teus. Um líder, um verdadeiro líder como tu, não deixa cair um dos seus e, muito menos, por alturas das festas”. Esperemos que o apelo resulte até janeiro pelo menos.

O Besiktas foi a melhor equipa contra a qual jogámos esta época. Não comecemos, como fui ouvindo depois do jogo, a desvalorizar o adversário e o resultado. Durante cerca de uma hora deram-nos um banho de bola. Jogando daquela forma, o zero a zero parecia-me uma forma digna de sairmos da Liga Europa e resolvermos este problema de nos andarmos a entreter com jogos que não contam para o campeonato.

Estava nestas cogitações, quando o João Pereira, ao perder a bola, permitiu que o Quarema nos afiambrasse uma trivela para o Mário Gomez encostar. Alvalade parecia transformado num ecrã de “play station”. O Besiktas pecou com este golo. Foi a gula. O zero a zero convinha a todos. O um a zero, com nota artística, começou a gerar comichões em alguns jogadores do Sporting.

O Slimani era o mais comichoso deles todos. De repente, o guarda-redes do Besiktas viu-se numa linha de caminho-de-ferro a olhar de frente para um TGV. Desviou-se a tempo. Fê-lo com elegância, não passando por cobarde. O um a um voltava a ser uma saída digna da Liga Europa. Só que aquele terrapleno depois de ligado não se consegue desligar.

O Ruiz, invejoso, para além de uma trivela ao contrário a isolar o Slimani no primeiro golo, resolveu marcar um golo com a classe dos jogadores que andam nesta vida há muito. Bola rápida e com força ao primeiro poste, quando o guarda-redes ainda hesitava se se fazia ao primeiro ou ao segundo poste. Comecei a ficar apreensivo. Tudo o que não desejávamos, acontecia.

Fiquei mais descansado quando a bola chegou ao Gutierrez. Ainda mais descansado fiquei quando o rapaz, em vez de rematar, fintou para dentro. Estavam criadas todas as condições para um daqueles lances em que tudo parece bem feito mas o golo não acontece. Para chatear, o Gutierrez conseguiu fazer aquilo que anda a tentar desde o princípio da época: marcar um golo depois de uma finta em câmara lenta.

Estamos tramados. Vamos ter de jogar mais jogos. Começamos com o Moreirense. Se correr mal, não nos venham com desculpas. Ninguém vos pediu para ganharem ao Besiktas. Só tinha interesse continuar na Liga Europa se o Benfica lá tivesse ido parar. Seria muito divertido limpar-lhes o sarampo nesta competição também.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Levantar a cabeça, seguir em frente, dignidade e parvoíces do género

O Benfica perdeu com o Atlético de Madrid. Não vi o jogo mas imagino. Lutou, mereceu, andou lá perto, mas perdeu. É sempre assim que se escreve mais uma batalha épica na Liga dos Campeões. Passaram à fase seguinte. Ainda bem. Esperemos que o desígnio europeu do Benfica encha a cabeça do Rui Vitória e dos jogadores por muitos e bons tempos.

O Porto perdeu com o Chelsea. Também não vi o jogo mas imagino a ladainha do costume para justificar o resultado. Não passaram à fase seguinte. Mau, muito mau. Podem definitivamente virar-se para o campeonato nacional. Esperemos que se convençam que podem vencer a Liga Europa.

Nós já tínhamos o discurso alinhavado para justificarmos a saída da Liga Europa. Contra o Lokomotiv, o Jorge Jesus meteu um ou outro mais jeitoso, apostando tudo no empate ou numa derrota honrosa. A entrada do Montero mais não visava do que garantir que em circunstância alguma ganhávamos o jogo. O que não desejávamos aconteceu. Agora, não sabemos com é que saímos deste entretém da Liga Europa. O ideal seria empatarmos com o Besiktas, depois de um qualquer gamanço ao melhor estilo internacional. Precisamos de acabar com esta farsa e concentrarmo-nos no Campeonato Nacional.

No fim do dia, todas as equipas portuguesas serão eliminadas. Umas por umas razões, outras por outras. Todas acabam com a converseta da cabeça levantada e por aí adiante. É uma outra forma de dizer que “para o ano há mais” sem dar parte de fraco. As competições europeias só aproveitam ao Carlos Daniel, ao Paulo Bento e a outros futeboleiros do género. Ninguém, como eles, consegue dar ares de aparente densidade a uma discussão sobre o inevitável.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Cena patusca

Vai-se construindo uma campanha na comunicação social que pretende demonstrar que o Sporting tem sido beneficiado pelas arbitragens. Vai-se sugerindo assim que as classificações do Porto e do Benfica não resultam da falta de jeito, para não dizer outra coisa, dos seus treinadores, mas de supostos benefícios concedidos ao Sporting. É uma insídia que se espera que vá fazendo o seu caminho até cumprir a sua razão de ser, com um gamanço qualquer do Sporting.

Ontem, no programa Dia Seguinte, a campanha teve um dos seus momentos mais patuscos. Passaram trezentas e cinquenta e oito vezes um lance onde, porque se vê um jogador do Marítimo no chão, se quer à viva força ver também um penalty cometido pelo João Pereira. Ninguém vê nada, mas o lance vai sendo repetido tantas vezes quantas as necessárias para dar consistência ao embuste.

No entanto, começaram por se esquecer de passar o penalty a favor do Porto. A muito pedido do Rogério Alves, lá acabaram por passar a repetição do lance. O lance é precedido de uma falta evidente do jogador do Porto, que não só faz jogo perigoso na disputa do lance com o guarda-redes como o derruba. Este lance não precisa de ser repetido muitas vezes. Só precisa de ser repetido uma vez. Só que essa repetição não aparece ou só aparece a muito pedido. Por que é que se repete o lance do Sporting até a náusea e se esquece este? Por que será?

sábado, 5 de dezembro de 2015

Pedimos desculpa pelo mau jeito, mas os campeonatos ganham-se assim

Os jogadores do Marítimo jogaram como se não houvesse amanhã. A organização era pouca ou nenhuma. Mas a vontade parecia mover montanhas. A vontade e o regresso do salvador Marega. Talvez chegasse para mover montanhas, mas não chegou para o Patrício. Acabaram como o Benfica para a Supertaça, com o guarda-redes à biqueirada para os avançados.

O Patrício, a defesa e o William Carvalho garantiram-nos mais esta vitória. O ataque pouco ou nada rendeu. O Montero nem sequer tentou. O Gelson tentou, mas inconseguiu. Sobrou o João Mário e a esperança que o Bryan Ruiz fizesse mais uma jogada extraordinária ao ralenti. O golo veio de onde menos se esperava: do Adrien. Veio da única forma possível: de penalty, só que desta vez em movimento.

Em jogos como este, de muita luta e disputa de bola e pouco espaço e tempo para executar, sem o Slimani fica tudo mais difícil. Quando é necessário pressionar a defesa e a saída da bola ou esticar o jogo para a frente, compreendem-se melhor as diferenças relativamente ao Montero ou ao Tanaka. Na parte final do jogo, sem o Slimani, não fomos capazes de segurar o jogo na frente tanto quanto o necessário.

Há que ter esperança. Foi assim que o Jorge Jesus arrastou o Benfica até à vitória final no campeonato na época passada. Se fez isso com o Eliseu e o André Almeida, não vejo que não o possa fazer com os nossos matraquilhos também. Só falta a vitória contra o Porto para, como na época passada, o Lopetegui se começar a conformar com o seu destino

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Explicações e azias: escalpelizando o jogo contra o Belenenses

[Ganhar é o contrário de perder e vice-versa]
Para se ganhar um jogo é preciso começar por se evitar perdê-lo. Ontem, contra o Belenenses, perder o jogo nunca esteve em causa. É verdade que o Belenenses não tentou muito. Mas, noutros tempos, com um Sá Pinto e um Polga quaisquer, aquele Luís Leal teria feito mossa.

[Excluindo-se a possibilidade de derrota e jogando-se para ganhar, normalmente não se empata]
Foi isto que aconteceu ontem. O Sporting não deu qualquer hipótese de o Belenenses marcar um só golo sequer. Por outro lado, esteve permanentemente ao ataque. Quando assim é e mesmo que não se jogue muito bem, dificilmente o adversário, mais tarde ou mais cedo, não comete um erro que determina o resultado. Desta vez foi mais tarde. Convém não confiar. Por vezes não cometem erros ou quando os cometem nem sempre são ou podem ser aproveitados.

[A mão de Deus, a mão de Vata e a mão de Tonel]
Só mentes muito retorcidas é que conseguem vislumbrar qualquer intencionalidade no penalty proporcionado pelo Tonel. A azia não explica tudo. Se não conseguirem perceber pelo lado emocional podem sempre utilizar o lado racional do cérebro. Se foi intencional, então o Tonel, estava mancomunado, pelo menos, com o William Carvalho, o Slimany e o árbitro. Sem qualquer um deles, o lance não teria acontecido. O Tonel não pode centrar para a sua própria área e ir disputar a bola simultaneamente, fazendo ao mesmo tempo de Slimany e marcando o penalty. Se fosse possível fazer tudo isto e o fizesse aos noventa e três minutos, então não seria uma rameira mas um sádico.

[A equipa não dá para muito mais]
A equipa está espremida. Não dá para todas as frentes. As alternativas aos titulares são poucas e, face à sua juventude, intermitentes, nunca se sabendo se as substituições resultam. Tanto dá para golear uns russos como para ser goleado por uns albaneses. O Jorge Jesus não é um profeta. Conhece é bem a equipa que tem. A vitória na Liga Europa é um problema. Viu-se.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

É sempre possível tornar tudo mais difícil ainda

O Jorge Jesus anda paranoico com a gestão da equipa. É verdade que muitos deles não aguentam o jogo todo. Outros, andam a desfazer-se, como é o caso do Bryan Ruiz. A equipa está a superar as suas melhores expetativas e não larga competição nenhuma, apesar de o Jorge Jesus os ir industriando para acabarem com a brincadeira da Liga Europa.

A equipa não dá para tudo, é um facto. Mas dá à vontadinha para este Belenenses que nem um remate à baliza para amostra conseguiu fazer.

A primeira parte serviu para cumprir calendário. Apostou-se em se entediar o adversário de tal forma que, ao adormecer, permitisse uma jogada extraordinária do Bryan Ruiz. A jogada foi extraordinária por ter sido realizada em “slow motion”. Para azar, o guarda-redes não tinha adormecido e fez uma defesa que está para além do seu nível de competência.

Na segunda parte, procurou-se jogar um pouco mais depressa. Primeiro entrou ou Gélson Martins. Depois o Matheus Pereira. Por fim o Tanaka. Meteu-se o João Mário no meio. Nada parecia resultar, apesar do Matheus Pereira ter entrado com fogo na biqueira das botas.

Estava toda a gente a fazer contas de cabeça, quando o Tonel resolveu o jogo. Reconheço que tenho um fraquinho pelo Tonel, da sua passagem pelo Sporting. O homem teve que aguentar com o Polga durante uma série de época. Não é para todos. Algumas sequelas tinham que aparecer mais tarde ou mais cedo.

O Slimani agarrou na bola para ser o herói do jogo. O Jorge Jesus mandou-o virar-se para Meca e deu ordens ao William Carvalho para marcar o penalty. Tive medo. Veio-me à memória um penalty pior que o do Panenka marcado pelo William Carvalho na final do Campeonato da Europa. Mas o rapaz estava com a braceira no braço. Foi sempre com essa braçadeira que o Clark Kent se transformava no Super-homem.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Houston we have a problem

A meio da tarde de ontem, liga-me uma colega a lembrar-me que tínhamos combinado ir à Universidade Católica ouvir Luigino Bruni no lançamento da edição portuguesa do seu livro “Redescobrir a árvore da vida. Um economista lê o livro de Génesis”. Tinha-me esquecido, de facto.

Cheguei a casa e, a meio de um telejornal qualquer, fico a saber que o Sporting tinha jogado com o Lokomotiv de Moscovo. Tinha-me esquecido também deste jogo. A memória está cada vez pior. Mesmo assim penaliza-me mais o esquecimento da conferência do professor italiano.

Pelo que vi, a rapaziada entusiasmou-se. O Montero fez finamente os passes e as assistências que toda gente dizia que fazia e não me lembrava de ter visto. Marcámos quatro com duas cuecas pelo meio. Moral da história: arranjámos um problema que não tínhamos nem desejávamos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Borda d´Água

Em novembro, com o fim da castanha chega o Astana. Entradas em dezembro, com a primeira neve chega o Kiev.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Tantas vezes quantas forem precisas até aprenderem

[Ataque]
O Benfica perdeu três vezes e três vezes mereceu perder. Nos três jogos, o Benfica foi praticamente inconsequente no ataque. Ninguém se lembra de uma jogada bem construída com um avançado a aparecer isolado perante o Rui Patrício.

[Meio campo]
O Sporting foi sempre muito superior ao Benfica no meio campo. O Sporting circula melhor a bola e perde-a menos vezes em zona de perigo. Em contrapartida, reage com grande rapidez à perda da bola, dando com frequência uma imagem que está a sufocar o Benfica. O Benfica raramente consegue sair para o ataque de forma organizada. Invariavelmente acabam numa biqueirada para a frente.

[Defesa]
A defesa do Benfica está sempre mais desprotegida. A defesa não é pior que a do Sporting. Concede mais oportunidades porque está com frequência mal posicionada relativamente ao meio campo ou vice-versa. Há sempre muito espaço para explorar. Quando o meio campo avança a defesa não avança o suficiente.

[Com papas e bolos se enganam os tolos]
Está-se mesmo a ver que a culpa é dos árbitros. Não passa pela cabeça de ninguém que o Rui Vitória não é treinador de clube grande. Ninguém consegue reparar que o Benfica não dispõe de um sistema de jogo coerente. O alarido no final dos jogos impede que se veja o que está à frente do nariz de qualquer um e ainda bem.

domingo, 22 de novembro de 2015

A caminho do hospital

Se bem me lembro, o Benfica foi a primeira equipa portuguesa que conseguiu estar a ganhar esta época à equipa principal do Sporting. É um feito, sem dúvida. Mas este não foi o feito maior do Benfica neste jogo da Taça de Portugal. O maior feito foi ter perdido contra o Sporting B da época passada. Acabámos o jogo com o Esgaio, o Tobias Figueiredo e o Gélson Martins.

A rapaziada do Benfica está com um forte ataque de azia. Estão todos a caminho do hospital. Depois de mais este banho de bola, a ala psiquiátrica do Santa Maria vai ser pequena para tanto trauma. Vai demorar a curar tanta doença. Serão necessárias várias sessões de psicoterapia e de terapia de grupo. Para já e para aguentarem esta semana, vão ser necessárias umas tantas doses de Lexotan. Mas não basta. É preciso arrebitar um pouco também. O Lexotan terá de ser acompanhado pelo seu amigo Prozac.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Não pode ser uma metadona qualquer

Nos dois últimos dias escrevi sobre a necessidade de nos arranjarem um substituto para a falta de bola a sério. Mas não pode ser um substituto qualquer. De outra forma, ainda acabamos todos a ver telenovelas ou a passear a família nalgum centro comercial.

O jogo de hoje da selecção nacional contra a selecção do Luxemburgo visava exactamente o quê? Os titulares do jogo contra a Rússia passaram a suplentes e os suplentes a titulares. Parecia um daquelas peladas entre amigos em que todos têm de jogar para que ninguém fique aborrecido e se recuse a aparecer na próxima. Se os amigos vão ficando aborrecidos e deixam de aparecer, um dia corre-se o risco de nem dez aparecem para o tradicional futebol de cinco.

Este jogo só tem uma razão de ser. Justificar a existência de um treinador e de toda uma estrutura técnico-logística que ganha o ano inteiro, embora o seu trabalho só seja verdadeiramente necessário durante um ou dois meses. Depois da vitória da Dinamarca no Europeu de 1992, quando à última hora substituiu a ex-Jugoslávia e os seus jogadores regressaram das férias para jogarem praticamente de imediato, fiquei sempre com grandes dúvidas sobre a necessidade dos treinos das selecções e, no limite, da existência de um seleccionador a tempo inteiro.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Mais metadona

Sem futebol, restam-nos as aquisições para não começarmos a ressacar. Desta vez, vieram aos pares. Vieram o Bruno César e o Marvin Zeeglaar.

Não faço a mais pálida ideia de quem seja este Marvin Zeeglaar. A sua aquisição só tem uma justificação. Definitivamente, o Jonathan Silva foi uma contratação fracassada. O rapaz não é mau a atacar. Centra bem. O problema é que defende mal e recupera pior. Ao fim de meia hora já não pode com uma gata pelo rabo. Na América do Sul, onde o futebol se joga parado e a passo, talvez sirva. Na Europa, onde o futebol se joga a correr, não serve.

Tenho “mixed feelings” relativamente ao Bruno César. Precisamos de alguém que desequilibre no ataque. Que seja mais vertical e vá para a baliza e para o golo sem medo. Que faça os defesas hesitar, sem saberem se devem sair ao jogador ou não. Tem vários senãos. Não é mau, mas também não é um titular indiscutível. É a atirar para o gordo, sem ser um Taarabt. Não é velho, mas não vai para novo. Pode progredir, embora tenha idade suficiente para ter progredido o que tinha para progredir. Não parece caro, apesar de se encontrar mais barato na formação. Enfim, não é carne nem peixe.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Metadona

Fim-de-semana sem campeonato não é fim-de-semana a sério. À falta de bola a sério para chutar, tivemos que nos contentar com a metadona que nos deram.

Deram-nos a selecção nacional num jogo a feijões contra a Rússia. A selecção nacional do Fernando Santos é sempre um mau produto. Em modo jogo-treino, ainda pior. Deram-nos a pior metadona possível para um viciado de bola. É fumar sem inalar. É fazer bolhinhas de vapor de água com patéticos cigarros eléctricos.

Perdemos, mas estivemos para empatar. Ganhar não teria sido possível. Para ganhar é preciso levar a bola até à área do adversário e tentar marcar golo, rematando para a baliza. Nem perto estivemos de marcar um golo para amostra.

Safou-se o Patrício, com duas grandes defesas. Foi bom voltar a ver jogar o Pepe. Os anos passam, mas continua a ser o melhor defesa-central da selecção. O William Carvalho recuperou bolas e passou-as com acerto e asserto, já agora. Gostei do Gonçalo Guedes. Não parece mau. Fica por demonstrar se é bom, embora, para a imprensa indígena, meia dúzia de pontapés na bola em meia dúzia de jogos lhes permita encontrar o que procuram incessantemente: o regresso do Eusébio ou do Rui Costa numa noite de nevoeiro.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Só a tiro

Ficámos a saber que a entrada em campo de um treinador e a agressão de um jogador da equipa adversária vale 40 euros de multa. Nem quero imaginar a quanto sairia a brincadeira a esse treinador se tivesse abatido o jogador com um tiro à queima-roupa com uma caçadeira de canos serrados. Para aí uma fortuna de 100 ou 120 euros. A ruína do treinador, por outras palavras.

Coisa diferente é a resposta do jogador à agressão com um empurrão ao treinador. Por uma coisa destas o jogador na pior das hipóteses é somente “irradiado”. É com penas como esta que a justiça desportiva praticamente incentiva à violência dos jogadores de futebol contra os treinadores das equipas adversárias.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Slimani e mais nove

O futebol português nunca pára de nos surpreender. Há jogos em Aveiro e em Arouca, conforma a vontade do freguês. A isto estávamos habituados. Um treinador entrar dentro de campo para agredir um jogador adversário é que ainda não tínhamos visto. O Sporting foi o principal prejudicado. Ficou a jogar com dez, com a resposta do Naldo à agressão. Está encontrada uma nova forma de indrominar os resultados dos jogos.

Mas esse momento gerou uma dúvida insanável na cabeça dos rapazes de Arouca: estando a jogar contra dez, continuamos a defender e a perder tempo como pudermos e como nos pediram ou comportamo-nos como uma equipa de futebol? Esse momento de dúvida foi fatal. O Ruiz teve tempo e espaço para lançar a bola para o Montero, que, mais uma vez, tentou marcar em estilo. Valeu-nos o Slimani que, aos noventa minutos, ainda é que capaz de fazer um “sprint” marado à procura de uma oportunidade que nem sequer sabia se a ia ter. Às três tabelas a bola chegou-lhe e fez o que costuma fazer com toda a simplicidade do mundo: empurrou-a lá para dentro sem tentar um domínio impossível, uma finta desnecessária ou um remate artístico.

O jogo foi mais do mesmo. O Sporting sempre controlar e, a pouco e pouco, a asfixiar o adversário. Só que a falta de jeito no ataque não ajuda. Nos últimos trinta minutos o Arouca estava encostado às cordas. Aparentemente, era só esperar pelo inevitável. Só que, por isto ou por aquilo, o inevitável não acontecia.

O ataque é o Slimani. Está em todo lado ao mesmo tempo. Recua para os apoios frontais. Desmarca-se para as laterias, para fugir às marcações dos centrais e para os arrastar. Arranca para a área depois de tabelar com os colegas à espera que a bola lhe chegue. Só que não há mais ninguém. Não há ninguém que remate de fora da área, que ataque os espaços deixados livres na área, que vá para a a baliza com fogo nos olhos e nas botas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Boa aposta

Volto a referir, pela enésima vez, que as competições europeias só valem pelo “guito”. Na Liga Europa o “guito” é pouco. Mal dá para o gasto e para a chatice.

Os albaneses perceberam isto há muito. Vieram uns tantos excursionistas fazer uma pelada a Alvalade. Pelo caminho, fizeram umas apostas e indrominaram o jogo. Ganharam umas massas com esta brincadeira.

O Jorge Jesus já tinha percebido que a Liga Europeia é uma brincadeira para entreter meninos. O que o Sporting ainda não tinha percebido é que a brincar também podia sacar algum. Hoje percebeu. Como disse ontem, o jogo resolvia-se nas apostas e resolveu-se. Espero que, pelo menos, tenha dado para a viagem.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A táctica para amanhã

A participação dos clubes portugueses nas competições serve para “sacar algum” e dar ares de mundividência aos jogadores, treinadores e dirigentes. Se não fossem as tochas e a pancadaria das claques, até permitiria melhorar a relação entre os portugueses e os restantes países desta Europa alargada, contribuindo para a paz no Mundo e outras coisas do género. À falta de melhor programação televisiva, também se entretém a malta a meio da semana.

Hoje, o Sporting, o Benfica e o Porto estão para as competições europeias como a Tonicha, o José Cid ou a Manuela Bravo estavam para o Festival da Eurovisão.

Dito isto, a táctica do Sporting para o jogo de amanhã só pode ser a do: pim-pam-pum-ca-da-bo-la-ma-ta-um-pa-ra-a-ga-li-nha-e-pa-ra-o-pe-rú-quem-fi-cas-és-mes-mo-tu. As apostas farão o resto. Domingo volta-se a jogar a sério contra o Arouca.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Jogar e ganhar sempre contra catorze milhões adeptos

No sábado, estive em Chaves. Estive na Feira dos Santos. A razão para lá ir não foi a feira. Fui convidado pela Confraria de Chaves para falar sobre marketing de vinhos. A razão também não foi bem essa. A razão foi mais prosaica. Ofereceram-me um jantar absolutamente notável, regado com Quinta de Arcossó, a troco de conversas várias sobre marketing.

Não vi o jogo contra o Estoril. Recebi um telefonema do Júlio Pereira a dar conta do resultado. Nesse momento, o meu parceiro do lado, um arqueólogo, entornou-me um copo de vinho tinto nas calças. Não sei se foi por acaso ou se foi por mau perder.

Vi o jogo ontem, em diferido. Gostei do que vi. O Sporting tem pior equipa do que no ano passado. No ano passado, tinha o Nani e o Carrillo. Este ano tem o Gélson Martins e o Bryan Ruiz. Por vezes, até dou por mim a ter saudades do Cédric. Gostei do que vi face a estas circunstâncias.

O Estoril jogou bem, sobretudo na primeira parte. Ao intervalo, o Jorge Jesus corrigiu o que tinha de corrigir e fizemos uma excelente segunda parte. Falta sempre alguma coisa na finalização. Há sempre uma hesitação, um mau passe ou um mau remate. Não é brilhante a nota artística. No entanto, a intensidade da equipa é notável. A certa altura, o adversário sente-se asfixiado. São ataques atrás de ataques, sem qualquer possibilidade de respirar um segundo e sair a jogar.

Vão-se repetir mais jogos como este, plenos de sangue, suor e lágrimas. Até por que iremos sempre jogar contra equipas com catorze milhões de adeptos. Esses adeptos podem-se dissipar depois do jogo. Durante o jogo, estão lá todos. Sabemos isso quando vemos o Jorge Ferreira a mostrar o amarelo ao Jéfferson ou a permitir todas as faltas possíveis e imaginárias ao Estoril no fim do jogo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

5 Milhões

Caiu o Carmo e a Trindade porque o Sporting paga 5 milhões/ano a um treinador. Classificava-se a opção de Bruno de Carvalho como "um desastre", "uma mudança de rumo" e até os nossos Eurodeputados pareciam mais preocupados com o sítio de "onde vinha o dinheiro" do que em saber como resolver a crise humanitária que temos à porta ou o crescimento anémico da Europa.

Ora de acordo com a capa de um jornal desportivo de ontem o Benfica tem na bancada jogadores que custaram o suficiente para pagar isso a um treinador durante quase 4 épocas. Há uns anos comprámos um inútil Elias por uma pipa de massa. Nestes casos não há tanta "indignação" e muito menos políticos a querer saber "de onde vinha o dinheiro".

Não sei se o treinador merece ou não ganhar 5 milhões. Isso é outra conversa. O que sei é que a época do Sporting até agora mostra claramente como o treinador faz mesmo a diferença. Curiosamente, no ano passado tínhamos um jogador que parece que ganhava 5 milhões por mês. Fez muita diferença e deixou saudades, mas penso que é justo reconhecer que este ano estamos a outro nível.

Estar em primeiro e acabar em primeiro

Com as brincadeiras do “kit” Eusébio e do Rui Vitória até nos vamos esquecendo do essencial. Estamos em primeiro. O Porto borregou contra o Braga. Mesmo com o melhor plantel do campeonato, os entusiasmos da Liga dos Campeões pagam-se caro. A rapaziada depois de beber do fino não quer outra coisa. Não quer voltar à piolheira nacional.

O Jorge Jesus é mais realista. Sabe, como o Woody Allen, que a realidade é dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife. A realidade regressa todos os fins-de-semana. Jogo após jogo, contra os Estoris ou os Tondelas desta vida.

O Jorge Jesus sabe tudo isto. Espero que os jogadores também saibam ou, se não sabiam, que ele lhes explique. Vem agora o jogo contra o Estoril, sem competições europeias e outras distrações pelo meio. De nada valem os golos contra o Benfica para se ganhar esse jogo. Não há pássaros nos ninhos do ano passado; que é uma outra forma de dizer que estar em primeiro não é a mesma coisa do que acabar em primeiro.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Jorge Jesus, o nosso “ai Jesus”

[Comparação]
O Sporting não tem melhor equipa do que a da época passada. O Benfica não tem pior equipa do que a da época passada. Na época passada, em dois jogos, empatámos duas vezes. Esta época, em dois jogos, ganhámos duas vezes. No primeiro, o resultado ficou aquém da exibição. No segundo, o resultado e a exibição não deixam dúvidas.

[Eficácia]
Há quem diga que o jogo se decidiu na eficácia. Há jogadas de perigo e jogadas de perigo. O Sporting criou quatro jogadas de golo e marcou três. Os quatro lances, incluindo o da perdida do Jéfferson, resultam de jogadas colectivas, defensivas e ofensivas. Dificilmente o Sporting não teria marcado pelo menos dois golos. O Benfica teve um lance de golo que nasce por acaso de um disparate do Naldo.

[Gestão da equipa]
O Jorge Jesus marimbou-se, e bem, para a Liga Europa. O Rui Vitória leva a sério a Liga dos Campeões. Um conhece as limitações da sua equipa. O outro não. O Sporting esteve sempre melhor física e animicamente. O Téo e o Ruiz, embora à beira de um esgotamento, concluíram o jogo vivos. Os jogadores do Benfica estavam de rastos fisicamente e ainda pior ficaram com o avolumar do resultado.

[Treinador faz a diferença]
Havia muito para dizer sobre este ponto. Fica para melhor oportunidade. No entanto, ninguém tem dúvidas: se os papéis dos treinadores se invertessem o resultado seria ao contrário. Não sairíamos vencedores da Luz com o Rui Vitória a treinador. Nem neste nem em qualquer outro jogo sairíamos vencedores se, para além disso, do outro lado estivesse o Jorge Jesus.

domingo, 25 de outubro de 2015

Ai Jesus!...

Foi uma “ai Jesus” permanente. “Queres ver, queres ver que o Téo ainda marca. Ai Jesus!” Ó Luisão olha o Slimani! Ai Jesus!” Não deixes ir o Slimani, vai, vai-te a ele! Cuidado com o Ruiz! Ai Jesus!”

Não recebemos “kit” Eusébio. Se recebêssemos, vínhamos com uma camisola do Benfica e quatro “vouchers”. Viemos com três “vouchers” que o limite da UEFA não dá para mais. Viemos com o “kit” Jesus. O Luisão ainda tentou. Deixou o Júlio César desconjuntado. Vão ser necessários mais uns tantos emplastros espalhados pelo corpo todo para o rapaz se refazer para os próximos jogos.

A segunda parte chegou a ser deprimente. O Sporting fazia de contas que pressionava a defesa e o meio-campo. O Benfica trocava a bola até o Samaris se lembrar de lançar o Rui Vitória pela linha lateral, como quem diz: “o que é que eu faço com esta coisa? Diz qualquer coisa. Faz qualquer coisa. Desmarca-te, corre, pelo menos”. O Rui Vitória, nada.

Até agora, o Sporting tinha gerado grandes danos reputacionais ao Benfica, segundo a sua Direcção. Danos de quarenta milhões de euros pelo menos. Depois deste jogo, os danos reputacionais não têm preço.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Nada disto interessa

Vieram uns pândegos da Albânia participar num jogo-treino connosco. Rapaziada esforçada e consciente das suas obrigações. Rapidamente arranjou maneira de ficar a jogar com dez e de nos oferecer dois golos.

Precisávamos de inventar um novo Carrillo. Parece que está inventado. Não é tão enleante nas fintas e a passar pelos adversários, mas sabe estar no sítio certo e passar e rematar quando é preciso. O Matheus Pereira é miúdo para nos dar umas tantas alegrias. Hoje deu-nos duas, tantas quantas os golos. O Gélson Martins parece um pouco mais verde, mais ansioso. Quando recebe a bola quer sempre construir a jogada da sua vida. É preciso mais calma.

Gostei do Bruno Paulista. Aprecio o estilo: alto, disputa as bolas como se não houvesse amanhã, pé esquerdo com mira telescópica. Se fosse possível dispor dele e do William Carvalho no meio-campo ao mesmo tempo, construíamos um autêntico muro. Vamos ver se o Jorge Jesus consegue fazer esse milagre.

O resto foi mais do mesmo. Demos a enésima oportunidade ao André Martins para ele demonstrar que desta é que era. Não foi, como de costume. O Montero correu como se estivesse a fazer jogging e jogou como quem está numa pelada com os amigos. Consegue irritar o mais ferrenho adepto. Mesmo assim, arranjou dois penalties. Não foi bem ele que os arranjou. Foram mais os adversários que os ofereceram.

Descansámos os jogadores quer tínhamos que descansar. Treinámos a rapaziada mais nova, que se começa a afirmar como alternativa. Ganhámos. Goleámos. Sofremos um golo parvo a acabar o jogo. Nada disto interessa. O que interessa é o derby.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Gastronomias

Ou o Museu Cosme Damião e o Museu da Cerveja começam a servir vários tipos de “kebap” ou as competições europeias não vão ser a mesma coisa. É preciso alargar a ementa, considerando a vasta e rica gastronomia internacional.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A pergunta de um milhão de dólares

No próximo fim-de-semana joga-se o derby dos derbies. Há uma pergunta que vale um milhão de dólares. Não, não é sobre o resultado. Também não é sobre o eventual cataclismo da estrutura do Benfica e do Rui Vitória caso o Sporting ganhe, passando-se a atribuir definitivamente todo o merecido mérito ao Jorge Jesus pelas vitórias do Benfica nos últimos campeonatos.

Há uma, uma só pergunta cuja resposta vale um milhão de dólares. O Benfica vai oferecer o “kit” Eusébio aos árbitros e observadores? É que se o tem vindo a fazer ao longo dos últimos anos e não vê inconveniente nisso, então não há nenhuma razão para deixarem de oferecer.

Se assim for, os árbitros escusam de vir dizer que fumaram mas não inalaram, isto é, que ficaram com a camisola e deitaram fora as refeições oferecidas no Museu Cosme Damião e no Museu da Cerveja. Se, como até agora, também não virem inconveniente nessa oferta e não for muita a maçada, podem mesmo fazer a devida referência no relatório.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Nós e eles

Para ser sportinguista, preciso do Benfica. Qualquer benfiquista, para o ser, precisa do Sporting. A identidade forma-se também por oposição à identidade dos outros.

Não gostamos deles, porque são o contrário de nós. Eles não gostam de nós, porque somos o contrário deles. Mas vamos ter de viver juntos. Nós não somos nada sem eles. Eles não são nada sem nós.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Fernando Santos, um treinador invulgar

Não é um treinador qualquer que consegue sete vitórias em sete jogos realizados; que, para além disso, o consegue com uma dupla de centrais que soma setenta anos de idade e um trinco que, antes dos jogos, tem de ir deixar os netos no infantário.

Impossível, impossível mesmo, é consegui-lo com um golo de cabeça do Miguel Veloso e dois golos do João Moutinho resultantes de dois remates à entrada da área em dois jogos seguidos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A seleção e o “kit” Eusébio

A minha filha foi estudar para fora. Mais de uma década e meia depois, descobrimos de quem era a responsabilidade da desarrumação e da agitação permanente da casa. Estou ilibado finalmente. Está tudo mais calmo, mas temos saudades dos tempos antigos.

Eu e a minha mulher parecemos um casal de reformados. À noite ou ao fim-de-semana, qualquer programa é um bom programa. Ver a seleção em Braga pareceu-me um bom programa. Admiti ir ao Continente comprar umas fatias de fiambre e qualquer coisa mais para ter direito a uma borla no bilhete.

Não fui ao Continente. Não fui ver o jogo ao estádio. Vi-o na televisão, em casa. Não me arrependi. Para ir ao estádio, ver aquele jogo, a borla do Continente é curta. A continuarem a jogar assim, nem que o Continente me ofereça o “kit” Eusébio.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Todos temos um limite

Sem querer entrar em demasia pelo comentário político neste blogue penso que o país aguenta estar sem Governo umas semanas, meses e até quem sabe anos (a Bélgica não se deu mal com isso). O país até mostrou que aguenta um dia de eleições com bola, ainda que não fossem precisas sondagens nem arbitragens encomendadas para saber quem ia ganhar este peculiar derby.


Agora o que o país não aguenta é estar semanas sem governo a sério e sem bola a sério, ao mesmo tempo. Assim, sem debater sequer o conteúdo, acho que devemos reconhecer o serviço prestado à nação por Bruno de Carvalho. Com o Carrilho no Perú, sem Governo nem Troika, depois de Porto e Sporting golearem e do Benfica nem sequer jogar, com dois enfadonhos jogos da selecção de Santos pelo meio e Cavaco a assumir-se como o grande protagonista da nossa política, iam ser semanas difíceis. Obrigado Bruno por nos poupares a isso e por seres a grande figura da nossa "agenda mediática" neste momento tão difícil. Todos temos um limite e eu já temia que o meu se estivesse a aproximar.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

De papo cheio

Finalmente ganhámos como deve ser: de papo cheio e com um “hat-trick” do Slimani. O homem já merecia e nós também.

Há um antes e um depois de William Carvalho. Com ele, a equipa está tranquila a atacar e a defender. Não há transições ofensivas do adversário que lhe resistam. Os defesas centrais deixam de estar entregues à sua sorte. Os laterais sobem sem estarem a olhar pelo retrovisor. O Adrien pode perder as bolas que lhe der nas ganas que não há problemas. Todos os jogadores têm um porto seguro a quem passar a bola. Ele não a perde e encontra sempre o melhor destino para ela.

O jogo não teve muita história. Atacámos, atacámos e atacámos. Dominámos, dominámos e dominámos. O Guimarães nunca conseguiu sair do meio-campo. As oportunidades de golo sucederam-se. Ao intervalo o resultado de dois a zero era tremendamente injusto. No final, os cinco a um sabem a pouco.

Duas ou três notas finais.

O Bryan Ruiz desatarraxou-se definitivamente. A cada jogo que passava, o risco de se desmembrar era cada vez maior. Tinha de acontecer o que aconteceu. Aconteceu numa das suas melhores jogadas da época. Partiu os adversários e partiu-se a si próprio, tudo em câmara lenta.

A paciência para o Teo Gutiérrez começa a esgotar-se. O homem não é carne nem peixe. Parece ter técnica, mas não tem. Parece ser rápido, ou intenso, como agora se diz, mas não é. Parece ser perigoso, mas é um cabo dos trabalhos para marcar um golo. Tem o defeito de desaparecer do jogo ao fim de meia-hora, depois de ficar com os bofes de fora com duas corridas.

A alternativa ao Carrillo é o João Mário, como esperava. Não é bem o João Mário. É o João Mário e o Esgaio. O primeiro joga melhor por dentro. O segundo é um excelente ciclista. Não revela é ainda grande confiança na hora da decisão.

sábado, 26 de setembro de 2015

Descrição e análise do jogo contra o Boavista

Boavista perde tempo. Artur Soares dias perde tempo. Canelada do jogador do Boavista. Boavista perde tempo. Artur Soares dias perde tempo. Canelada do jogador do Boavista. Boavista perde tempo. Artur Soares dias perde tempo. Canelada do jogador do Boavista. Boavista perde tempo. Artur Soares dias perde tempo. Canelada do jogador do Boavista.

Priu! Intervalo.

Boavista perde tempo. Artur Soares dias perde tempo. Canelada do jogador do Boavista. Boavista perde tempo. Artur Soares dias perde tempo. Canelada do jogador do Boavista. Boavista perde tempo. Artur Soares dias perde tempo. Canelada do jogador do Boavista. Boavista perde tempo. Artur Soares dias perde tempo. Canelada do jogador do Boavista.

Priu! Fim do jogo.

Análise do jogo: o Sporting não fez um jogo bem conseguido.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Epifanias

Os benfiquistas descobriram muito recentemente que o Maxi Pereira é um caceteiro. Partilharam esta autêntica revelação com a opinião pública em geral. Nós, ignaros adeptos de outros clubes, agradecemos a informação, que não só desconhecíamos como estávamos longe de imaginar.

Aguarda-se para muito breve também a divulgação da Lei da Gravidade. Será, sem dúvida, um grande passo para a humanidade.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Primeiros

Estou a ver se me lembro de qualquer coisa positiva neste jogo contra o Nacional. Ah! Já me lembro. Ganhámos. Ora deixa cá ver: pelas minhas contas, estamos em primeiro, com o Porto.

O Rui Vitória afirmou ontem que o Benfica perdeu de forma personalizada. Nós talvez tenhamos ganhado de forma despersonalizada. Prefiro assim. Prefiro assim e com o Gelson Martins, já agora.  Acabou-se o tabu e ainda bem.


(O relvado está impraticável. Os jogadores não são brilhantes, mas não se lhes pode estar sempre a pedir o número de circo de tentar receber a bola e manterem-se de pé ao mesmo tempo)

domingo, 20 de setembro de 2015

A notícia

O Benfica perdeu. Ficou a quatro pontos. Leva duas derrotas em cinco jogos no campeonato. Perdeu os dois dérbis. Logo a notícia é: o que se passa com o Carrillo?

sábado, 19 de setembro de 2015

Jogar a feijões

Para as equipas portuguesas, os jogos das competições europeias não passam de jogos-treino. No caso da Liga Europa, trata-se de jogos-treino mal pagos. Desportivamente, estes jogos pouco ou nada valem. As equipas procuram valorizar os jogos, para não desmobilizarem os adeptos e, pelo caminho, arrecadarem alguns trocados. Agora, mesmo a feijões, ninguém gosta de perder.

Perdemos contra o Lokomotiv de Moscovo. Nada de especial. O que preocupa não é a derrota. O que preocupa é a exibição. Se se quiser ser mais fino na análise, o que preocupa é a tremedeira permanente da defesa. Quando a defesa está permanente em estado de pânico, a culpa não é, não pode ser, só dos jogadores desse sector, nomeadamente dos centrais. Os centrais são as vítimas, os seus erros são mais o sintoma do que a doença.

A equipa defende mal. Joga muito avançada e não reage com rapidez à perda de bola. Os avançados não pressionam a saída da bola da defesa contrária. O meio-campo protege mal, sobretudo a zona central da defesa. Quando assim é, basta uma perda de bola, dois ou três toques e estão os avançados no um-contra-um com os defesas. Uma hesitação dos defesas ou uma boa decisão dos avançados e o golo acontece.

O Jorge Jesus, ao que se diz para aí, tem uma táctica marada de organizar a defesa. Exige jogadores inteligentes, como se diz para aí também. Não se organiza uma equipa, no futebol ou em qualquer organização, em função de conceitos abstractos. É necessários articular as funções a desempenhar em qualquer modelo com as competências dos seus protagonistas.

Se as competências não são adequadas há duas hipóteses: ou se muda o modelo ou se mudam os protagonistas. No Benfica era possível mudar os protagonistas sempre que necessário. Havia dinheiro para tudo. No Sporting não. Resta ajustar o modelo às competências dos jogadores.

Há uma terceira hipótese, mais aparente do que real. Os jogadores podem melhorar as suas competências, aprendendo. Só que isso leva tempo. Tempo no futebol é coisa que não abunda. Resta – quase sempre – ao treinador aprender com os seus próprios erros e mudar. O Marco Silva demorou uma eternidade a mudar. Esperemos que o Jorge Jesus aprenda mais depressa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Carrillo: renovem-me, porra!

Um amigo meu teve uma passagem efémera pela política e pelo governo. Dessa sua experiência, traumática, tirou conclusões e ensinamentos, num registo irónico que sempre o caracterizou. Que se deve evitar fazer asneira. Que há uma tentação de não se fazer nada para não se fazer asneira. Que, por vezes, não fazer nada é asneira.

A conclusão a que chegou pode ser expressa de outra forma: é melhor uma má decisão do que decisão nenhuma. É o que está acontecer no processo de negociação da renovação do Carrillo. Pior do que não se chegar a acordo é continuar com esta novela por tempo indeterminado.

domingo, 13 de setembro de 2015

Suspeitas: novas e antigas

Contra o Rio Ave, havia duas dúvidas a esclarecer: se no sétimo jogo assistiríamos ao sétimo gamanço e se os suspeitos do costume aguentariam o jogo todo.

Sofremos o quarto golo irregular desta época, segundo as minhas contas. Um tal de Wakaso só levou um amarelo depois de um sem número de faltas e, pelo caminho, de ter tentado arrancar uma perna de um jogador do Sporting com uma entrada a pés juntos. Mas não, não se confirmou o gamanço. Depois das anteriores, esta arbitragem até se pode considerar imparcial.

Os suspeitos do costume deram à costa como se esperava. Desta vez, o Teo Gutiérrez não esteve mal, mas só durou uma parte do jogo. O Bryan Ruiz é definitivamente um caso perdido. Está ao nível de um Pedro Barbosa da Final da Taça UEFA.

O melhor jogador do meio-campo do Rio Ave foi o Adrien. A quantidade de bolas que aquele rapaz perde a despropósito, a tremedeira permanente e os passes disparatados, deixam qualquer equipa à beira de um ataque de nervos e são uma fonte de esperança da equipa adversária. Precisamos do William Carvalho como de pão para a boca.

O Aquilani sabe o que faz. O problema é que joga a dois tempos: devagar e parado, que as forças não dão para mais. O João Mário pensa que ainda está a jogar com o Marco Silva. Com as displicências deste jogo, é provável que encoste nos próximos. A equipa só conseguiu estabilizar o seu jogo com a entrada do Carlos Mané.

Os laterais não estiveram melhor que os do meio-campo. O Esgaio é um caso perdido. Ou muito me engano ou vamos passar à estratégia do Bolloni, com o Paulo Oliveira a lateral direito. É só esperar pela recuperação do Ewerton.

Pouco sobra. Sobram o Patrício, os dois centrais, o Slimani e o Carrillo, quando não sofre um apagão, como em muitos lances do jogo de hoje. Para o Rio Ave desta época, que é inferior ao da época passada, chegou. No futebol a moral da história está nos golos que se marcam e se sofrem. Já agora, continuamos em primeiro. É necessário explicar rapidamente isto ao Ribeiro Cristóvão e aos outros rapazes que estão na SIC Notícias a perorar sobre o Sporting.

sábado, 5 de setembro de 2015

Tédio

Nestes últimos dias de férias, uma sensação de torpor instalou-se no corpo e na alma. Ontem, tentei sacudi-la com uma ida à praia com a minha filha. Norte e praia não rimam. Em Esposende, estava um frio de rachar. Acabámos por ficar a ler numa esplanada. Adormeci, apesar da posição incómoda. Acabei o dia a ver o Sporting contra o Povoense, em futsal feminino, para a Taça da Associação de Futebol de Lisboa.

Hoje aconteceu-me mais ou menos o mesmo. Acabei o dia a ver a seleção nacional contra a da França.

O dia de ontem, mesmo assim, correu melhor. É mil vezes preferível ver um jogo de futsal feminino do que a seleção nacional. Esta coisa de as jogadoras tentarem marcar golos e de os marcarem, parecendo que não, tem o seu interesse.


(Quase não queria acreditar no que via quando entrou o Miguel Veloso. Ou muito me engano ou o Fernando Santos ainda vai desenterrar o Raúl Meireles e aproveitar a famosa polivalência do André Almeida)

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Menos jornalismo

O programa Mais Transferências tem vindo a ser parodiado com imensa graça. Essas paródias são serviço público do melhor.

Há pouco jornalismo em Portugal. O jornalismo desportivo, esse, despareceu para parte incerta há muito. As notícias não são notícias. São a reprodução de agendas mais ou menos claras ou mais ou menos obscuras.

No que respeita, às contratações e dispensas de jogadores essas agendas são evidentes. Todos os dias se inventam contratações e dispensas ao sabor de conveniências. As regras básicas do jornalismo, como a credibilidade das fontes ou o contraditório, há muito desapareceram. Os jornais e os restantes meios de comunicação social, bem como os jornalistas, correm atrás das redes sociais, não percebendo que as suas responsabilidades são outras e muito mais exigentes.

As paródias do Mais Transferências tornaram mais visível ainda o que para todos é evidente. O Mais Transferências é uma caricatura de jornalismo. O problema é que este tipo caricatura está sempre presente no nosso quotidiano e deixa pouco espaço para o jornalismo que uma sociedade democrática necessita.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O incrédulo e o optimista

Parece que Jorge Jesus não acredita em perseguição dos árbitros ao Sporting. Talvez tenha razão, talvez estes 6 jogos, 6 gamanços tenham sido fruto do acaso. Talvez os três golos sofridos, três gamanços sejam culpa dos centrais, do Rui Patrício ou do apanha bolas. Talvez o facto dos árbitros em Portugal terem assinalado grande penalidade das duas últimas vezes que caiu um adversário na área do Sporting tenha sido azar (curiosamente quase as duas únicas que lá conseguiram chegar). Talvez o árbitro assistente tenha mesmo visto o Teo fora-de-jogo no Algarve, por impossível que tal feito pareça ao olhar humano. Talvez a FIFA tenha decidido que se pode jogar com a mão contra equipas de verde e a imprensa estivesse ocupada com uma das 15 contratações de Benfica e Porto.

Outra hipótese é Jorge Jesus não querer acreditar que se calhar tinham razão. Se calhar não foi ele e os jogadores do Benfica quem ganhou os campeonatos. Se calhar foi mesmo a estrutura. Compreendo, é difícil de acreditar e ainda mais duro de aceitar. Mas para ter sucesso no Sporting Jesus terá de perceber que aqui a estrutura é outra. Talvez venha a perceber que o desafio que abraçou é muito maior do que antes imaginara.

Vamos esperar que o mister tenha razão - ele conhece o futebol como poucos. Há que manter o optimismo.

domingo, 30 de agosto de 2015

Académica? Sporting? Quem são esses?

A bandalheira continua. Ainda existem uns tantos tontos sportinguistas que consideram que isto tudo é por acaso; que devemos nos primeiros dez minutos estar a ganhar por cinco a zero; que devemos ter 100% de posse de bola para evitar qualquer interferência do árbitro.

Se não querem que o Sporting jogue o campeonato, digam. Se não querem o Jorge Jesus a treinador o Sporting, digam. Se querem que volte ao Benfica, digam. Não brinquem é com as pessoas que pagam bilhete para ver os jogos, que partilham essa festa com os amigos e familiares, e com todos aqueles que consideram que o futebol é um desporto e nada mais do que isso.

O resultado? Os jogadores? A quem é que isso interessa? O futebol é uma coisa de árbitros e são esses que verdadeiramente interessam.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Isto não é para meninos

Antes do jogo com o CSKA escrevi isto. Não é um exercício de grande premonição. Hoje o Leão de Alvalade acrescenta o que faltava.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

… e não se fala mais nisso

O Sporting devia ter jogado mais; o CSKA devia ter jogado mais também; o árbitro devia ter jogador menos; e não se fala mais nisso.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O regresso da WWE

A Liga dos Campões é um excelente programa de entretenimento. À imagem do Wrestling, do WWE, por exemplo, toda a gente sabe á partida quem ganha. No entanto, ninguém se descai. Para quem não esteja atento, até parece que tudo é verdade. Todos participam no espetáculo e ninguém se sente defraudado. Há uma grande diferença relativamente à Liga dos Campeões. No Wrestling recebem todos: os árbitros, o vencedor e o perdedor. Na liga dos Campeões, o perdedor não leva nada. Para castigo, mandam-no remar para as galeras da Liga Europa.

O Sporting sabia qual era o seu papel. Muitos outros clubes também sabem. Desportivamente a Liga dos Campões não lhes interessa para nada. Só lhes interessa o “guito”. O que é desagradável é fazerem o papel que lhes está destinado sem receberem por isso.

Há dois ou três pontos a favor da arbitragem de hoje e do jogo da semana passada. O primeiro é a coerência. Os jogadores do CSKA podem sempre jogar a bola com a mão, não havendo qualquer distinção se o fazem para evitar ou para marcar um golo. O segundo é o sangue frio e a coordenação de toda a equipa. Quando não é para ver nada, ninguém vê nada, não importando se se é árbitro de baliza, fiscal de linha ou árbitro principal ou se se está mais próximo ou mais distante do lance. Numa situação de desespero, como no golo anulado ao Sporting, há um deles que sabe o que tem de fazer e o que deve ser feito. Não se atrapalham com decisões contraditórias.

Como costumo dizer, futebol não é patinagem artística. Merece ganhar quem ganha e ganha quem merece ganhar. Contam somente as que o árbitro diz que entraram. Se assim não fosse, talvez tivéssemos empatado e merecido passar à fase de grupos. Sendo assim, perdemos e não merecemos passar à fase de grupos.

Hoje como ontem

Parafraseando Karl Marx, esse grande treinador do CSKA, a história repete-se, primeiro, como tragédia, depois como farsa. No Sporting repete-se vezes sem conta como farsa.

Em determinadas fases do ciclo de uma Direção, apostam-se as fichas todas numa equipa, num treinador, num projeto, como às vezes se diz quando não se tem nada para dizer. Lembramo-nos de várias dessas apostas. Lembramo-nos das consequentes farsas: das unhas do Jorge Gonçalves, da contratação do Bobby Robson e, mais tarde, da sua substituição pelo professor Queiroz, do Domingos e do xeque e da vassoura do Duque.

Algumas destas apostas tinha razão de ser. Outras, foram só para aliviar a pressão dos adeptos e tentar sobreviver. Todas tiveram um elemento em comum: a convicção dos adeptos que “desta vez é que é”.

Este ano o Sporting fez uma destas apostas. O Benfica tem pior equipa e uma anedota de treinador. O Porto tem uma boa equipa, mas mantém um treinador que provou ser uma anedota. O Sporting não tem melhor equipa do que os seus principais adversários. Até tem uma equipa algo pior do que a do ano passado (não há nenhum jogador que chegue aos calcanhares do Nani). Tem é um treinador muito melhor do que os dos seus adversários, tendo colocado todas as fichas na sua contratação.

As apostas anteriores terminaram em farsa. Não existe nenhuma razão para que esta não termine da mesma forma. Os últimos jogos deram todos os sinais. Os árbitros não brincam em serviço. O Jorge Sousa e o Xistra fizeram tudo o que estava ao seu alcance. O que estava ao seu alcance não chegou. Há terceira foi de vez.

Já se começa a duvidar dos jogadores e do treinador. Dentro em breve, serão os jogadores a duvidar de si próprios. Quando duvidarem de si próprios ainda mais depressa duvidarão do treinador. Do treinador ao presidente será um passo.

Qualquer aposta do Sporting na conquista do campeonato passa, em primeiro lugar, pela execução de uma estratégia de marcação época a época, jogo a jogo, dos árbitros. Não sei se tem sido tentada. Se foi, tem-se revelado pouco persistente e eficaz. Um Direção que não compreenda isto e não execute dia após dia essa estratégia, não se distraindo com personagens menores e com a voragem da comunicação social e das redes sociais, está condenada a repetir a história.

sábado, 22 de agosto de 2015

Com ou sem Jorge Jesus

A ingenuidade paga-se cara. A Direção e os adeptos acreditavam que bastava mudarem de treinador. Não bastava. Hoje foi evidente. A equipa não joga o suficiente para contrariar tudo o que lhe acontece em campo. Não sei se é possível vir a jogar um dia: com ou sem Jorge Jesus.

A dualidade de critérios não foi evidente. A dualidade foi vergonhosa. Depois dos dois lances do Simani na área, o penalty a favor do Paços de Ferreira só pode ser a anedota do ano. Para que fosse de facto uma anedota só faltava a expulsão do João Pereira.

A ópera bufa não estava concluída. Era necessário acabar em beleza. Dar só três minutos de desconto, assinalar uma falta no último minuto e não a deixar marcar, depois de um jogador do Paços de Ferreira ter sido assistido já depois dos noventa minutos, só para se acabar em gargalhada.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Uma outra vez

As encomendas da UEFA e da FIFA são muito mais refinadas. Não creio que o Vítores Pereiras lá do sítio telefonem antes dos jogos a dar moral aos árbitros. Na pior das hipóteses, acordam com uma cabeça de cavalo como companheira.

O árbitro que nos calhou em sorte na Liga dos Cempões – sorte não quer dizer sorteio – tinha a pinta toda. Rosto cerrado, gestos firmes, emanando autoridade. Não desatou a gamar com a fuçanga toda, como os do nosso campeonato. Limitou-se a usar critérios diferentes para situações idênticas. Não beneficiou o CSKA diretamente. Só prejudicou o Sporting. O CSKA só saiu beneficiado indiretamente, isto é, na exata medida do prejuízo infligido ao Sporting.

O penalty a favor do CSKA foi corretamente assinalado. Quando o Jefferson percebe que não vai conseguir chegar primeiro á bola, tenta ainda tirar o corpo. Só que o contacto era inevitável e a falta evidente. O lance do Bryan Ruiz é similar. O defesa quando percebe que não consegue chegar à bola primeiro, tenta desviar-se, mas o choque era inevitável e a falta também.

O golo do CSKA é legítimo. O jogador não está em fora-de-jogo. O problema não está no golo. Está num lance exatamente idêntico, poucos minutos antes, quando é marcado um fora-de-jogo inexistente ao Slimani. O Slimani ficava isolado e de frente para a baliza.

O penalty não assinalado mais tarde, por corte com a mão do defesa central do CSKA, é diferente. Desde o jogo do ano passado contra o Schalke 04 que comecei a perceber o papel doa árbitros colocados na linha de fundo. Não servem para praticamente nada. Não se compreende a necessidades de os ali colocar. Só servem um único propósito: assinalarem de forma casuística umas faltas – existentes ou inventadas – de forma a ilibar de responsabilidades o árbitro principal. É que no fundo ninguém sabe quem são, nem ninguém se irá lembrar dos seus nomes mais tarde.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Uma, outra e outra vez ainda

Três jogos oficiais, três gamanços, três vitórias. É difícil acontecer-nos pior. É difícil conseguir melhor. Os resultados escondem o que nos vem acontecendo. Nem sempre assim será. Vamos ater-nos ao jogo contra o Tondela. Em melhor oportunidade, regressaremos ao tema e aos restantes jogos. 

O golo do Tondela envolve quatro potenciais decisões de arbitragem. Todas as decisões penalizaram o Sporting.

O golo começa num livre mais do que duvidoso. O Naldo protege bola, tem-na sempre controlada, está sempre com ela junto aos pés, o adversário toca na bola, mas em nenhum momento fica com ela. Depois do toque na bola, ao Naldo bastou-lhe rodar para continuar a controlá-la, tanto mais que o adversário o tinha contornado em sentido contrário para a disputar. Os dois jogadores estão agarrados. O árbitro decidiu que o agarranço do Naldo era melhor do que o do adversário.

Livre marcado e golo do Tondela. Antes da bola entrar, há um jogador do Tondela que a toca para frente, deixando em fora-de-jogo o seu colega que iria marcar o golo. O árbitro não marcou falta. O marcador do golo domina a bola com a mão e empurra-a para a baliza. O árbitro não marcou falta e não mostrou o consequente amarelo.

Em quatro decisões potenciais, duas têm relação direta com o golo (fora de jogo e domínio da bola com a mão). Uma tem relação indireta com o golo (falta do Naldo). Outra não tem qualquer relação com o golo (eventual amarelo).

O golo marcado pelo Sporting é antecedido de um lançamento de linha lateral. O João Pereira ao fazê-lo coloca o pé de apoio para lá da linha lateral. A bola vai para a área e é disputada de cabeça por vários jogadores. Ganha um jogador do Tondela, ressaltando a bola para dentro da área. Dois jogadores – um do Tondela e outro do Sporting – disputam a bola. O jogador do Sporting chega primeiro e o jogador do Tondela faz falta. A bola é colocada na marca de penalty, o Adrien corre para ela, remata e faz golo.

O erro do árbitro tem uma relação muito indireta com o golo. O lançamento de linha lateral não dá origem ao golo. Dá origem a um corte da defesa do Tondela. Depois desse corte, ainda há uma disputa de bola. Essa disputa de bola dá origem a um penalty claro. O penalty teve de ser marcado e só depois é que foi golo.

É verdade que todos os acontecimentos no universo estão relacionados. O bater de asas de uma borboleta no Japão pode dar origem a um terramoto nos Estados Unidos. Mas o João Pereira não tem ar de borboleta (apesar de ter parecido uma libelinha quando apanhou com o Usain Bolt do CSKA) e os resultados no futebol não se medem com recurso à escala de Richter ou de Mercalli.

Equiparar os erros do árbitro num e noutro golo é intelectualmente desonesto. Os lances só seriam equiparáveis se o João Pereira tivesse efetuado o lançamento lateral diretamente para a baliza e a bola, sem tocar em ninguém, tivesse entrado. Aliás, estamos disponíveis para trocar trezentos e cinquenta e oito lançamentos de linha lateral iguais ao do João Pereira por um golo por jogo com a mão. Se nos permitirem essa troca, ainda dispensamos o fora-de-jogo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Atrás do “guito” da Liga dos Campeões

Precisamos do “guito” da Liga dos Campeões como de pão para a boca. Melhor dizendo, sem o “guito” da Liga dos Campeões não há pão para boca, pelo menos para a do Jorge Jesus, que não é propriamente um rapaz de pouco sustento. Não nos interessa a Liga dos Campeões para nada. Só nos interessa o “guito”.

Enquanto contamos com o Bryan Ruiz, a equipa joga umas coisas. O problema é que o Bryan Ruiz ao fim de meia hora deixa-nos entregue ao destino. Há jogos, como o de hoje, em que o destino não nos reserva nada de brilhante.

Quando nos reservam para um jogo da treta o árbitro da final da Liga do Campeões do ano passado, a malta desconfia. Os árbitros da UEFA e da FIFA não são menos manhosos os do nosso campeonato. São é manhosos competentes. Quando se escolhe o melhor dos manhosos, é porque se quer assegurar que nada corre mal.

O árbitro de um lado e o Usain Bolt do outro, iam acabando connosco. Valeu-nos o Rui Patrício e falta de jeito do CSKA. Mesmo assim, o Slimani podia ter marcado por duas vezes. Se tem marcado pelo menos uma vez, não sei se a rapaziada não teria ganhado outro ânimo.

Na segunda parte, depois da entrada do Aquilani e do Gelson as coisas mudaram. Passámos a controlar ao jogo e a estar sempre por cima do adversário. Antes disso o árbitro fez o favor de não marcar um penalty a nosso favor com uma falta exatamente igual à do Jéfferson na primeira parte que deu o penalty a favor do CSKA. Não satisfeito, ainda perdoou mais um penalty à rapaziada russa. Neste caso, o central impediu, com um excelente contra, um afundanço do Slimani.

Até que o Aquilani fez um passe magnífico para o Slimani que, aguentando a carga do defesa, tabelou com o Carrillo e rematou com o pé que tinha mais à mão. De todas as oportunidades que dispôs acabou por marcar a mais difícil. Seria um crime não aproveitar o passe de calcanhar que o Carrillo inventou.

Ganhámos. Por poucos, é verdade, mas ganhámos. Está tudo em aberto para a segunda mão. Vamos ver se a UEFA não nos arranja outra encomenda. Se não nos arranjar, como disse o Jorge Jesus no final do jogo, dificilmente não voltaremos a marcar.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Reviver o Passado em Brideshead

A débacle do Sporting, que começou com o Bettencourt e culminou com o Godinho Lopes, tem um responsável principal: Jorge Jesus. No início da década anterior tínhamos ganhado dois campeonatos. Com o Paulo Bento, na segunda metade da década, passámos a disputar o campeonato com o Porto até ao fim, ficando, com mais ou menos gamanço à mistura, sempre em segundo lugar. Pelo caminho, ganhávamos umas Taças de Portugal.

Não imaginávamos o Sporting sem o Paulo Bento. Eram os tempos do Paulo Bento “forever”. A ambição era contida e as contratações também. Ir à Liga dos Campeões era o único objetivo; porque os objetivos eram estritamente financeiros e de curto prazo.

Com a chegada do Jorge Jesus ao Benfica tudo mudou e mudou desde o início. Prometeu por os jogadores a jogar o dobro e assim fez. Ganhou jogos atrás de jogos, quase sempre de goleada. De repente, percebemos que o nosso modo de vida não bastava. Iniciámos a nossa fuga em frente, que só terminou na época em que ficámos em sétimo lugar.

Vieram o Pongolle, o Torsiglieri, o Zapater, o Boulahrouz, o Xandão, o Pranjic, o Gelson Fernandes, o Turan, o Jeffrén, o Bojinov e o Ribas. Contratámos o Carvalhal, o Paulo Sérgio, o Couceiro, o Domingos, o Sá Pinto, o Oceano, o Vercauteren e o Jesualdo. A vertigem impedia-nos de pensar. Descíamos aos infernos, enquanto nos prometiam o céu. Um dia batemos no fundo, embora no dia anterior ainda nos prometessem amanhãs que cantam, ao mesmo tempo que se vendiam jogadores para se pagarem salários.

Com a saída do Jorge Jesus do Benfica e a sua chegada ao Sporting, os nossos vizinhos da segunda circular correm sérios riscos de reviver este nosso passado recente. Ou o Rui Vitória é o que não parece ser - um treinador de equipa grande – ou então vem tudo por água abaixo. A pressão sobre o treinador e, principalmente, o Luís Filipe Vieira vai aumentar. A desorientação está ao virar da primeira esquina. O Mitroglou e o Jiménez podem constituir o início da fuga para a frente.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Um Sporting de meter medo

Impressionou a diferença entre as duas equipas. De um lado, uma equipa a correr, a pressionar e a procurar ganhar o jogo. Do outro, uma equipa com receio do adversário, sem uma ideia de jogo, sempre com medo de perder. O Benfica não criou uma oportunidade de golo, nem sequer esteve perto de a criar. Em contrapartida, o Sporting, sem fazer sequer um bom jogo, podia ter esmagado o adversário.

Os mesmos jogadores com um treinador diferente constituem uma equipa diferente. O Jardel voltou a ser o perna-de-pau que nunca deixou de ser. O Talisca é o “flop” que todos sabemos. O Ola John é inconsequente. O Jonas, sozinho no ataque, é inofensivo.

No Sporting, a maior parte dos jogadores não mudou, mas a equipa mudou. No ataque, joga-se mais na profundidade. Há menos apoios frontais e parvoíces do género. O Slimani desmarca-se sistematicamente para as costas da defesa, em deslocações mais verticais ou em diagonais. Nas suas costas, está sempre alguém a desmarcar-se também, para aproveitar o espaço que resulta da necessidade de, pelo menos, um defesa central acompanhar as deslocações do Slimani. A defesa avança mais e torna o campo mais pequeno. Expõe-se ao erro, mas não deixa grande espaço para o adversário jogar.

Agora, este sistema de jogo não dá descanso aos jogadores. O Sporting tem dificuldades de ter a bola e jogar devagar. O João Mário tem a noção da necessidade de, por vezes, parar o jogo e jogar para o lado e para trás. Mas a vontade é sempre a de jogar para a frente quando se ganha a bola. Vamos ver se os jogadores aguentam esta vertigem durante a época toda.

Ganhámos ao Benfica, atual campeão nacional. Ganhámos a Supertaça. Ganhámos sobretudo uma equipa que mete medo, um medo que se entranha na cabeça dos adversários e que os tolhe.

domingo, 2 de agosto de 2015

Um Sporting à Jesus

O que sempre impressionou nas equipas de Jesus é o posicionamento da defesa, quase sempre em cima da linha do meio-campo, e a sua capacidade de ir avançando e recuando em função da maior ou menor liberdade do jogador adversário que tem a bola e das desmarcações dos adversários para a suas costas.

Ontem, viu-se tudo isto contra a Roma. Com a bola, o adversário fica com o campo curto. Agora, isto implica uma enorme disponibilidade dos avançados para pressionarem a saída da bola pela defesa e recuarem quando os adversários conseguem passar. Implica uma enorme atenção dos defesas centrais. O mínimo deslize e abrem-se trinta metros para qualquer avançado correr isolado para a baliza. O Ciani cometeu esse deslize na África do Sul e levámos logo um golo.

Os extremos parecem jogar mais por dentro. Abre-se mais espaço para os laterais. O Jéfferson para dispor de capacidades para aproveitar; o João Pereira não. Este modelo também parece deixar os dois médios mais protegidos. No Benfica, o meio-campo estava sempre em desvantagem. Quando o adversário saía com rapidez, o trinco e os centrais ficavam entregues a si próprios. No Benfica dava para cortar esses lances à morteirada, sem riscos de expulsão. No Sporting não será assim.

O ataque vive de bolas paradas e de transições rápidas, após a recuperação rápida da bola. A equipa mete muito jogadores dentro da área quando ataca. Aliás, só mete lá a bola quando estão reunidas essas condições.

Este modelo de jogo tem tudo para asfixiar as equipas pequenas, sobretudo em Alvalade. Com as equipas melhores vai ser mais difícil. Ontem, contra a Roma, ganhámos com essas qualidades. Vamos ver se essas qualidades superam os defeitos – ou os riscos – quando tivermos que jogar a sério contra equipas como a da Roma. Não vemos ter de esperar muito. É só esperar pelo próximo fim-de-semana.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Há manhosos mais iguais do que outros

Ontem, por breves instantes, que o tempo não dá para mais, ouvi um debate na SIC sobre as eleições na Liga. A conversa é sempre a mesma. O que está em causa é o poder de influência de certos clubes sobre a arbitragem. O tom também é sempre o mesmo. Se ganha o candidato do Benfica, está toda a gente otimista. Se perde o candidato do Benfica, anunciam-nos o regresso da troika e o fim do Mundo logo a seguir.

O estado de espírito dos comentadores era extraordinários. O Joaquim Rita estava de monco caído. O Ribeiro Cristóvão, esse grande sportinguista, ainda estava pior. Há cerimónias fúnebres mais animadas.

O Pedro Proença era um árbitro manhoso da velha escola portuguesa, mas com a tarimba da UEFA e da FIFA. Controlava sempre o jogo da forma que mais lhe convinha. Punha sempre um sorriso Pepsodent para acalmar os ânimos e transmitir uma imagem de confiança. O Luís Duque é outro manhoso. Nunca o suportei, quer quando estava com o Roquete (quando praticamente todos os sportinguistas o endeusavam), quer, muito menos, quando estava com o Godinho Lopes, armado de uma vassoura e de um livro de cheques.

A aparentemente, ganhámos. Ganhou o nosso manhoso. O nosso manhoso é sempre melhor que o manhoso dos outros. É melhor porque é nosso.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O Sporting está a mudar

Começámos a época da mesma forma que acabámos a anterior, com o Patrício a defender penalties. Mas, com o Jesus, o Sporting está a mudar. É notória a preocupação da defesa em ir subindo e descendo conforme as situações de forma a controlar, como agora se diz, a profundidade das jogadas adversárias. Também se procura defender a toda a largura. Os avançados procuram pressionar a saída da bola.

A jogar ao ataque, as coisas ainda estão emperradas. É normal. Procura-se trocar a bola em progressão. Há mais jogo pelo meio e menos pelas laterais. É bom e mau. Os golos marcam-se pelo meio mas também se sofrem da mesma forma. As consequências de perder a bola são maiores.

O trabalho das bolas paradas, embora incipiente, já lá está também. Não chuta quem se arma mais ou quem tem mais estatuto. Marca quem treina melhor e tem maiores probabilidades de êxito.

Termino como comecei. Começámos a época da mesma forma que acabámos a anterior: a ganhar mais um troféu. O museu agradece.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Os verdadeiros sportinguistas

Há coisas que nunca deixam de me surpreender. O futebol serve para nos entretermos. A vida tem chatices de sobra. A maior parte delas, não lhe podemos fugir.

Como disse várias vezes, escrevo neste blogue por desfastio. Nem mais, nem menos. Não levo a sério nada do que escrevo. Escrevo e esqueço-me do que escrevi no exato momento em que o faço.

Há quem concorde umas vezes e discorde de outras. Depois há os “verdadeiros sportinguistas”. Esses só admitem a sua própria opinião. Os outros estão impedidos de ter a sua. Não são as ofensas ou os palavrões que me incomodam. Incomoda-me a intolerância.

Se um certo Sporting é dos “verdadeiros sportinguistas”, desejo-lhes boa sorte e a esse Sporting também. Fico bem com os outros e com o Sporting plural.

domingo, 19 de julho de 2015

Altos e, esperemos, bons

O Jorge Jesus gosta de jogadores altos e com poder de choque, sobretudo na defesa. Jorge Jesus sabe que, em Portugal, os campeonatos se ganham nas bolas paradas, defensivas e ofensivas. Aproveita-se tudo: desde um lançamento de linha lateral até uma pura e simples biqueirada para a frente.

Sabíamos isso e, portanto, as duas mais recentes contratações para a defesa não espantam ninguém. Agora, com o Ewerton ainda, admito que o Paulo Oliveira pouco ou nada vá jogar. O Tobias Figueiredo deve estar de malas aviadas. O Rúben Semedo também. Lá se vai o projeto da formação. Fica para a próxima, quando se acabarem as supostas folgas financeiras. O Marco Silva está perdoado pela fraca utilização dos jogadores da Equipa B. De não usar fato e gravata é que não.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Marco Ferreira

O Marco Ferreira desistiu da arbitragem. Na sua despedida faz algumas insinuações. Não precisamos de mais insinuações. Aliás, as que apresenta são divulgadas todos os dias. Ou diz mais alguma coisa ou vale mais estar calado. É que quando andava na arbitragem não ouvimos nada.

O que precisamos é que nos expliquem por que razão o Marco Ferreira foi escolhido para arbitrar a final da Taça de Portugal quando foi um dos piores árbitros da época. Até agora as explicações não convenceram ninguém.

Sem explicações convincentes, temos duas teorias possíveis e, porventura, não exclusivas: as avaliações dos árbitros não são credíveis e quem os nomeia sabe disso e não as leva a sério e/ou as nomeações não são explicáveis, sendo portanto irrelevante fazer-se a escolha por nomeação ou por sorteio.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Futebol e política (europeia)

A Europa, ou a União Europeia, desfaz-se à frente dos nossos olhos nestes dias de chumbo que vivemos. Vai sobrar pouco ou nada da Europa enquanto entidade política e projeto de paz e partilha de um destino comum dos povos do velho continente.

Sobra sempre o Festival da Eurovisão e a Liga dos Campeões e a Liga Europa. Quanto ao Festival da Eurovisão estamos conversados. Se queremos participar no projeto europeu, só pelo futebol. Mais uma razão para ganharmos a pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Da IURD, à nova saga dos mercenários e aos milhões que mais parecem cubos de gelo

1. Tenho falado várias vezes das profecias autorrealizáveis. Quando não acreditamos que alguma coisa acontece, deixamos de fazer o que quer que seja para que aconteça e a profecia cumpre-se a si mesma.

A apresentação, ontem, do Jorge Jesus e as suas declarações procuram também criar expetativas autorrealizáveis. Quanto mais acreditarmos que podemos ser campeões maiores são as probabilidades de sermos campeões. A coisa foi organizada ao estilo de uma missa da IURD. Nessas missas a expetativas de se verem milagres são tão grandes que todas as pessoas acabam por os ver. Nós temos a vantagem de contar com Jesus; ele mesmo (a piada com o Jesus não é famosa, reconheço).

2. Cada vez gosto mais de filmes de pancadaria. A saga dos Mercenários é excelente. Num só filme temos o Sylvester Stallone, o Arnold Schwarzenegger, o Chuck Norris e por aí fora. Não vai ser preciso ver o terceiro filme da série. Temo-los a todos na versão portuguesa no Sporting. Num só clube contamos com o Bruno de Carvalho, o Jorge Jesus e o Octávio Machado. Só falta o Maxi Pereira para termos o elenco completo.

Nos filmes, isto acaba bem. No Sporting, vamos ver. É que já nos tínhamos visto livres do Octávio Machado. Nos últimos anos tinha-se esquecido de nós e só falava sobre o Porto.

3. Com a aquisição do Jorge Jesus não houve alma nenhuma que não falasse dos milhões e da estratégia financeira suicidária do Sporting. O dinheiro vinha dos angolanos, da Guiné Equatorial e de umas sobras do BES.

O Porto comprou um perneta qualquer por vinte milhões de euros. Quanto a isto ninguém diz nada. O dinheiro deve vir dos fundos e de coisas do género. Estou cada vez mais convicto, como ouvi há dias, que os milhões são de cubos de gelo: chegam derretidos ao destino.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Mesmo com um penalti pior do que o do Panenka ...

Venham de lá os quarenta e cinco milhões de euros e não se fala mais nisso. As notícias são boas ou más, conforme as vontades ou as necessidades. Agora, em “default” não entramos tão cedo.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Trabalhar de borla

Parece que Éder vai ser transferido para o Swansea por sete milhões de euros. Se assim for, então o Jorge Jesus anda a trabalhar de borla.


(Será que o Swansea não quer o Shikabala também? O resultado é o mesmo e sempre podem deixar de lhe pagar o salário quando quiserem)

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Potencialidades e realidades

Ano após ano, seleção após seleção, os jogadores do Sporting são sempre os que revelam maiores potencialidades. Hoje, nos Sub 21, acabámos a jogar com o Esgaio, o Paulo Oliveira, o Tobias, o William Carvalho, o João Mário e o Iuri Medeiros; acabámos com seis jogadores do Sporting em onze.

Estas potencialidades teimam em não se transformar em realidades, no que mais interessa: a vitória no Campeonato Nacional. Será que o Jorge Jesus vai transformar as potencialidades em realidades? Ou vai admitir, e a história dá-lhe razão, que há uma diferença inultrapassável entre potencialidades e realidades?

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Medir o futuro

“Para se avaliar a esperança, há-se de medir o futuro”. A esta frase do Padre António Vieira acrescento outra: para se medir o futuro é necessário saber de onde se parte. Como dizem os economistas, para se definir um objectivo é necessário conhecer a “baseline”.

O Sporting fez grandes progressos nos dois últimos anos. Fez estes progressos por referência ao passado também. Com Leonardo Jardim ficámos em segundo lugar e obtivemos o apuramento directo para a Liga dos Campeões. O mérito é sempre relativo. Obteve-se este resultado não se participando nas competições europeias e sendo-se eliminado precocemente na Taça de Portugal. Jogaram-se menos jogos que os nossos adversários. Por outro lado, o Porto esteve abaixo do expectável.

Com o Marco Silva, o Sporting consolidou a sua posição e fez alguns progressos. Participou, e bem, na Liga dos Campeões. Ganhou a Taça de Portugal. Ficou em terceiro lugar, fazendo uma média de pontos idêntica à da temporada passada. O mérito também é sempre relativo: o Porto esteve melhor do que na época passada (pior seria impossível).

Com Jorge Jesus, para se obterem alguns avanços, é preciso fazer mais e melhor. Tendo em consideração este ponto de partida (a tal “baseline”), o Sporting terá que, no mínimo, participar na Liga dos Campeões, ficar em segundo lugar no campeonato e ganhar a Taça de Portugal. Se não se conseguirem o primeiro e o terceiro objectivos, então, no mínimo, o Sporting tem de ser campeão. Menos do que isto é fazer pior do que no passado.

Não sou daqueles que considera que os meios justificam os fins. Sou um ingénuo. Mas vamos por uma vez admitir que só interessam os fins. Se no final da época não ganharmos o campeonato, Bruno de Carvalho perde em toda a linha e o Jorge Jesus também. Nem mais, nem menos. Não se muda para igual e, muito menos, para pior.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O melhor que é o pior ou vice-versa

Acabei de ouvir na rádio que o Marco Ferreira foi o pior árbitro da temporada. O Marco Ferreira arbitrou a final da Taça de Portugal.

A principal razão para a nomeação dos árbitros para os jogos, pelo Conselho de Arbitragem ou por qualquer outra coisa parecia, resulta de necessidade de se escolherem os melhores árbitros para os jogos de maior grau de dificuldade. O Marco Ferreira arbitrou a final da Taça de Portugal, repete-se. Sendo assim, uma de duas: ou a fina da Taça de Portugal não é um jogo com elevado grau de dificuldade ou o Marco Ferreira era um dos melhores árbitros antes desse jogo.

Se as nomeações não são explicáveis, então, vale mais voltar ao sorteio puro e simples. Se não se importam, sem bolas quentes e frias e meninas que adivinham o que vem escrito nelas antes de as retirarem da taça.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Por poucos centímetros apenas

Vi, ontem, o quarto e último jogo do “play off” de futsal. O Benfica ganhou nos penalties. Ganhou, falhando mais penalties do que o Sporting.

Não conheço bem as regras deste jogo. Pelos vistos, os guarda-redes não se podem adiantar. Ambos se adiantaram. Um mais do que outro. A decisão foi por centímetros. Perdeu o Nelson Évora, que, nesta modalidade, é do Sporting.

domingo, 14 de junho de 2015

"É preciso que alguma coisa mude,...

… para que tudo fique na mesma" no futebol português. É assim, sempre assim foi e sempre assim será. Mudou-se o treinador da selecção nacional. Continuam a entrar em campo onze jogadores acabrunhados sem orientação e continuando a acreditar que, no fim do dia, o Cristiano Ronaldo resolve.

A renovação vai de vento em poupa. Há um programa na SIC Notícias onde participam o Manuel Fernandes, o Rodolfo e o Simões. Não tenho dúvidas que não tardarão a ser chamados à selecção nacional. Para eles entrarem outros da idade deles vão ter que sair. Não vejo que o programa da SIC Notícias perca alguma coisa com isso; a selecção nacional também não.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Futebol e Finanças

Ao longo dos últimos dias a linguagem económica e financeira tem dominado muitos blogs de futebol. Receita, passivo, resultados operacionais ou provisões são termos cada vez mais comuns na gíria futebolística cá do burgo.

Perante tal elevação da discussão apraz-me debater a entrada de Jesus no Sporting à luz do conceito de custo "afundado". Os economistas utilizam a expressão sunk costs (custos afundados) para designar custos que não são recuperáveis, pelo que termos incorrido nos mesmos não deve afectar as nossas decisões futuras.

Para mim era claro há muito que Marco Silva tinha de sair do Sporting. Desse por onde desse não se iria começar uma época no clima que se jogou metade da última. Nesse sentido, independentemente da sua valia e dos custos que a saída de Marco Silva possam representar - e aqui penso em custos financeiros e não financeiros - eles eram irrecuperáveis, estavam afundados.

Diz portanto a teoria que devemos analisar a chegada de Jorge Jesus ignorando toda a questão do Marco Silva. E quando assim é parece-me que o exercício é muito claro. Existe a questão desportiva e a questão financeira.

Do ponto de vista desportivo é difícil imaginar alguém melhor que Jorge Jesus para liderar a equipa. Tem provas dadas, conhece o campeonato, conhece os jogadores e ainda por cima é Sportinguista.

Do ponto de vista financeiro há duas questões que se colocam: se ele irá merecer o salário que vai ganhar e se o Sporting tem capacidade para o pagar. À segunda não sei responder. À primeira ninguém sabe. Simplesmente havemos de ver. O que sei é que me parece sempre muito mais sensato investir num bom treinador que em coleccionar estrelas sem lhes dar estrutura e liderança. Por outras palavras, parece-me muito melhor estratégia investir 5 ou 6 Milhões de Euros num treinador do nível do Jesus, do que investir 5 ou 6 vezes isso numa estratégia do tipo "cheque e vassoura" para comprar uma colecção de cromos Sul Americanos e depois pôr um forcado qualquer à frente deles. O que espero realmente é que não venhamos a ter ambos: o líder e os cromos. É que aí acho que já podia tentar responder à segunda parte da questão financeira...

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O Sporting é o meu clube

O último livro de Michael J. Sandel (“O que o dinheiro não pode comprar. Os limites morais dos mercados”) é muito esclarecedor sobre o que se passou nos últimos dias com a contratação do Jorge Jesus e a rescisão do contrato com o Marco Silva. A transformação em valores mercantis de valores e relações sociais que devem ser preservados corrompe esses valores e essas relações, isto é, altera a sua natureza.

O Jorge Jesus era um símbolo do Benfica, um herói. Os sócios e adeptos tinham uma enorme relação de empatia com ele. Trouxe-lhes as vitórias e os títulos do passado. Fê-los reviver um passado glorioso. Essa relação estava muito para além daquela que se estabelece entre um entidade empregadora e um seu trabalhador.

O Marco Silva era o treinador do Sporting que nos levou à vitória na final da Taça de Portugal sete anos depois. A relação com ele não se mede por esse título. A nossa relação está, e estará sempre, associada ao final épico, ao golo do Slimani a iniciar a revolta e a corrida ao pé-coxinho do Patrício para se abraçar aos colegas depois do último penalty. Nenhum de nós, que viveu aqueles momentos, se esquecerá.

Hoje, quer um, quer outro, deixaram de ter esta relação com os sócios e adeptos. São traidores. São cínicos. São dissimulados.

Não são nada disso. Transformámos a nossa relação com os nossos clubes de sempre em relações de mercado. Mudam-nos os ídolos todos os anos para que se possam vender mais camisolas, para que a imprensa e os restantes media nos confiram maior notoriedade, pelas boas e más razões. Vendemos os nomes dos estádios e das nossas camisolas. Dizem-nos que o Sporting é uma marca, que é uma marca que pode valer mais dinheiro.

O Sporting é o meu clube. É isso e não pode ser mais nem menos do que isso. Se for outra coisa, não sei como poderei contar a um neto, que ainda hei-de ter, a tarde gloriosa em que espetámos sete a um ao Benfica.