Aos sessenta e sete minutos saiu o Coentrão e entrou o Misic para jogar no meio a oito, encostando o Bryan Ruiz à esquerda e recuando o Acuña para defesa. Cinco minutos depois, saiu o Bryan Ruiz e entrou o Montero para segundo avançado, recuando o Bruno Fernandes para jogar à frente do Battaglia e encostando o Misic ao lado direito. Aos oitenta e quatro minutos, saiu o Battaglia e entrou o Lumor para defesa esquerdo, voltando o Acuña para extremo e regressando o Misic ao meio, agora, para jogar na posição seis. Aos oitenta e oito minutos, o Bruno Fernandes marca o dois a um num charuto de fora da área.
Obrigou-se o Misic em cerca de vinte minutos a fazer mais posições do que o Bruno César durante uma época para se acabar por onde se devia ter começado e com um golo que se deve ao puro e simples acaso (e ao mérito individual e momento de inspiração do Bruno Fernandes). Não havia necessidade de se ganhar de goleada por dois a um, acabando com o coração nas mãos.
Falaremos do Sporting, mais mal do que bem. Falaremos também do Benfica, sempre mal. Falaremos do Porto, conformados.
segunda-feira, 30 de abril de 2018
domingo, 29 de abril de 2018
Futebol de praia
Não é fácil passar na Praia da Rocha, aquilo é toalhas e
pernas por todo o lado. Falo por experiência própria, embora há anos que lá não
ponha os pés. Ainda pensei em fazer praia no estádio do Algarve, à imagem de
muita malta ali da zona do Estoril ou de Olhão, mas não foi possível.
Os comentadores entraram contrafeitos e com alguma azia (por
razões óbvias situadas bem a norte da Praia da Rocha, mais concretamente num resort
da 2ª circular em Lisboa), e pior ficaram logo aos seis ou sete minutos, ainda os
vendedores pregavam as famosas bolinhas: Bas Dost estendeu a toalha (não é a à
toa que ele quer ter uma casa por cá) e Bruno Fernandes deitou-se com prazer.
Ainda não chovia e a areia estava quentinha. Um golo pode aquecer a alma de um
homem. Comi o resto do peixe frito com arroz de cenoura sossegado.
Bebericava um último gole de um branco seco de trazer por
casa, quando os da Praia de Rocha se decidiram fazer ao mar. Ao Petrovic, homem
de raiz continental e habituado a outras paragens, ainda percebemos o
desconhecimento das vicissitudes da bola na areia da praia, mas ao Coentrão das
Caxinas percebe-se menos aquele desleixo intuitivo. JJ no final falou apenas de
Petrovic, embora este tenha servido, e bem, muitas vezes de nadador salvador. Podíamos
ir ao bar descansar a ganhar dois ou três a zero, fomos empatados. Para dar
mais pica à segunda parte.
No segundo tempo o tema passou a ser Nakajima. Os
comentadores tinham que se agarrar a uma qualquer liana. Os jogadores do Sporting
acharam estranho a presença de lianas numa praia, ainda por cima com chuva. O
Bruno Fernandes decidiu enganar os adversários falhando alguns passes, sendo imediatamente
copiado por vários companheiros de equipa. Jesus decidiu intervir dizendo que a
ideia de falharem os passes era dele e não do Bruno, incentivando ainda mais os
jogadores nesse sentido, sendo copiado pelo treinador adversário que imediatamente
ordenou que os da Praia da Rocha também falhassem passes. Depois o Bruno
Fernandes simulou estar cansado e já sabemos que por todos foi copiado.
Ninguém gosta de estar na praia à chuva, vai daí, o Bruno
Fernandes decidiu sair da letargia e acabar com aquilo (o JJ juraria mais tarde
que por ordens e determinações tácticas suas), tirando um coelho da cartola a
uns bons trinta metros. Um coelho saído de uma cartola na praia era bonito de se ver. Acho que o Coentrão abraçou o Bruno de … Carvalho. Ou
se calhar o Bruno de Carvalho é que abraçou o Coentrão. Os comentadores já não
comentavam. Era demais para eles.
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Gabriel Pedro
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quinta-feira, 26 de abril de 2018
Voleibol do Sporting: o primo e o amigo que também são meus (*)
Há uns anos, no início do semestre, recebi email de um aluno, o Tomás Albuquerque, pedindo-me para o dispensar das aulas, dado que se sobrepunham aos treinos de andebol do ABC. Percebi de imediato a importância relativa, respondendo-lhe que também preferia os treinos do ABC às minhas aulas. Não me lembro de o ver numa única aula, nem no exame ou na apresentação do trabalho final; não me recordo sequer da classificação final (verifiquei agora que obteve 14 valores). Cada vez que o vejo jogar no ABC sinto um enorme orgulho, “ele foi meu aluno”, digo para mim mesmo ou para quem esteja por perto. Há dias, uma colega, mãe do Hugo Rocha, que também joga no ABC, falou-me dele. Respondi-lhe de imediato: “conheço-o muito bem, foi meu aluno!”. Esta identificação não se explica. A única explicação possível seria a de que ao dispensá-lo das aulas, permitindo-lhe treinar mais e melhor, teria contribuído para que fosse melhor jogador de andebol, mas isso não me devia orgulhar, muito pelo contrário.
Esta época o voleibol regressou ao Sporting. Do nada, arranjámos uma equipa. Admiti que nos limitássemos a distribuir umas camisolas ao jogadores do Sporting de Espinho da época passada e a transportá-los fim-de-semana sim, fim-de-semana não, ao Pavilhão João Rocha para fazerem uns jogos. Comecei a ler notícias das contratações e fui ficando hesitantemente esperançado, eram grandes jogadores mas parecia que se estava a contruir uma clínica geriátrica e não uma equipa de voleibol capaz de disputar o título com o Benfica.
Entretanto, a Teresa, uma amiga, informou-me que o filho de uma prima, o Afonso Reis, tinha decido aceitar o convite para jogar no Sporting e, para que isso fosse possível, tinha-se matriculado na Universidade do Porto. Não me pareceu propriamente entusiasmada. Disse-lhe que qualquer uma das escolhas seria perfeita e em conjunto revelavam superior inteligência, explicando-lhe que, para mim, o meu clube é o melhor do Mundo, jogando com o Miguel Maia, tinha a melhor equipa de voleibol do Mundo e a universidade onde sou professor é a melhor do Mundo também (até por esse facto).
O Paulo, outro amigo e colega (de Espinho), com quem almoço praticamente todos os dias, informou-me que um grande amigo dele, o Hugo Ribeiro, iria jogar para o Sporting. Brincámos com a sua idade (40 anos), uma boa idade para se ter juízo, porque os joelhos não aguentam o jogo de líbero.
Fui vendo um ou outro jogo do Sporting. Nem sempre os vi. Lembro-me de ter visto o Afonso num dos últimos jogos da fase regular e de ter ficado orgulhoso pelos elogios do comentador, afirmando que era um das grandes promessas do voleibol nacional (acabou de ser convocado para a Seleção Nacional). No último fim-de-semana vi o Hugo nos dois jogos contra o Benfica. Quando acabou o primeiro, telefonei ao Paulo para lhe dizer que nunca tinha visto nada assim, um jogador que aos quarenta anos nunca dava um lance por perdido e passava o jogo todo a atirar-se para o chão como se não houvesse amanhã. Quando acabou o segundo estava exausto, jogar pela televisão cerca de três horas não é para meninos, e só tive forças para mandar um SMS a dizer: “A velhice de Espinho não dá hipóteses!”. Nunca mais me vou esquecer da bola que o Hugo sacou no último “set” que podia dar o 9-5 para o Benfica. Foi a partir dessa bola impossível que virámos o “set” e ganhámos o jogo. Daria de bom gosto muito do que fiz na vida em troca para um dia mostrar o vídeo do lance à minha filha ou a um(a) neto(a) que hei de ter.
Embora não os conhecendo, o Hugo e o Afonso passaram a ser meus. No fundo, no fundo queria que perdessem o próximo jogo contra o Benfica, ganhando a negra no Pavilhão João Rocha no dia dos meus anos, para que em êxtase com os adeptos e o orgulho melancólico dos velhos pudesse dizer: “O Hugo e o Afonso ganharam! O Sporting é campeão!”
Esta época o voleibol regressou ao Sporting. Do nada, arranjámos uma equipa. Admiti que nos limitássemos a distribuir umas camisolas ao jogadores do Sporting de Espinho da época passada e a transportá-los fim-de-semana sim, fim-de-semana não, ao Pavilhão João Rocha para fazerem uns jogos. Comecei a ler notícias das contratações e fui ficando hesitantemente esperançado, eram grandes jogadores mas parecia que se estava a contruir uma clínica geriátrica e não uma equipa de voleibol capaz de disputar o título com o Benfica.
Entretanto, a Teresa, uma amiga, informou-me que o filho de uma prima, o Afonso Reis, tinha decido aceitar o convite para jogar no Sporting e, para que isso fosse possível, tinha-se matriculado na Universidade do Porto. Não me pareceu propriamente entusiasmada. Disse-lhe que qualquer uma das escolhas seria perfeita e em conjunto revelavam superior inteligência, explicando-lhe que, para mim, o meu clube é o melhor do Mundo, jogando com o Miguel Maia, tinha a melhor equipa de voleibol do Mundo e a universidade onde sou professor é a melhor do Mundo também (até por esse facto).
O Paulo, outro amigo e colega (de Espinho), com quem almoço praticamente todos os dias, informou-me que um grande amigo dele, o Hugo Ribeiro, iria jogar para o Sporting. Brincámos com a sua idade (40 anos), uma boa idade para se ter juízo, porque os joelhos não aguentam o jogo de líbero.
Fui vendo um ou outro jogo do Sporting. Nem sempre os vi. Lembro-me de ter visto o Afonso num dos últimos jogos da fase regular e de ter ficado orgulhoso pelos elogios do comentador, afirmando que era um das grandes promessas do voleibol nacional (acabou de ser convocado para a Seleção Nacional). No último fim-de-semana vi o Hugo nos dois jogos contra o Benfica. Quando acabou o primeiro, telefonei ao Paulo para lhe dizer que nunca tinha visto nada assim, um jogador que aos quarenta anos nunca dava um lance por perdido e passava o jogo todo a atirar-se para o chão como se não houvesse amanhã. Quando acabou o segundo estava exausto, jogar pela televisão cerca de três horas não é para meninos, e só tive forças para mandar um SMS a dizer: “A velhice de Espinho não dá hipóteses!”. Nunca mais me vou esquecer da bola que o Hugo sacou no último “set” que podia dar o 9-5 para o Benfica. Foi a partir dessa bola impossível que virámos o “set” e ganhámos o jogo. Daria de bom gosto muito do que fiz na vida em troca para um dia mostrar o vídeo do lance à minha filha ou a um(a) neto(a) que hei de ter.
Embora não os conhecendo, o Hugo e o Afonso passaram a ser meus. No fundo, no fundo queria que perdessem o próximo jogo contra o Benfica, ganhando a negra no Pavilhão João Rocha no dia dos meus anos, para que em êxtase com os adeptos e o orgulho melancólico dos velhos pudesse dizer: “O Hugo e o Afonso ganharam! O Sporting é campeão!”
(Fotos simpaticamente cedidas pela Teresa e pelo Paulo
para que pudesse escrever este “post”)
(*) "Breaking news": O Hugo mandou-me uma mensagem a dizer que, se tiver de ser, não se importa de me dar a prenda no dia de anos, mas que prefere dar-ma antecipadamente este fim-de-semana. Respondo-lhe na mesma moeda: tem de ser e que seja já este fim-de-semana. Boa sorte Hugo!
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Rui Monteiro
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terça-feira, 24 de abril de 2018
Vizinhos e conhecidos
Houve um tempo em que acreditava na capacidade de transformação económica e social das ideias que tinha e ensinava ou aplicava no meu trabalho. Escrevi-as abundantemente. Eram boas e originais, só que as boas não eram originais e as originais não eram boas ou, pelo menos, não tinham encontrado o seu tempo. Continuo a escrevê-las por dever de ofício – é para isso que me pagam – mas a crença foi há muito.
Escrever sobre o Sporting e sobre futebol foi a sublimação possível, porque o jeito não dava para mais. Ao escrever, vamos encontrando vizinhos e conhecidos na blogosfera sportinguistas que também têm outras preocupações parecidas com as nossas. De repente, sem nunca nos vermos parecemos pelos menos conhecidos de há muito. Foi o caso do Pedro Correia e do És a Nossa Fé. Convidou-me para escrever no Delito de Opinião. O texto está aqui e ficam os meus agradecimentos ao Pedro Correia pelo amável convite.
Este blogue é sobre futebol e esta é a exceção que confirma a regra, esperando que com este devaneio não passe para a lista dos sportingados ou lá o que é.
Escrever sobre o Sporting e sobre futebol foi a sublimação possível, porque o jeito não dava para mais. Ao escrever, vamos encontrando vizinhos e conhecidos na blogosfera sportinguistas que também têm outras preocupações parecidas com as nossas. De repente, sem nunca nos vermos parecemos pelos menos conhecidos de há muito. Foi o caso do Pedro Correia e do És a Nossa Fé. Convidou-me para escrever no Delito de Opinião. O texto está aqui e ficam os meus agradecimentos ao Pedro Correia pelo amável convite.
Este blogue é sobre futebol e esta é a exceção que confirma a regra, esperando que com este devaneio não passe para a lista dos sportingados ou lá o que é.
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Rui Monteiro
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13:02
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domingo, 22 de abril de 2018
O Natal dos hospitais
Nos jogos do Sporting pouco interessa saber quem marca, dado que é quase certo que seja o Bas Dost, mas quem primeiro se lesiona ou dá o berro. Tinha metido as fichas todas no Acuña. A entrada assassina de um defesa do Boavista transformou uma probabilidade numa certeza. Como não tinha apostado nada no Varíssimo não fiquei despontado por não ter mostrado o vermelho. Ao intervalo, os exercícios de aquecimento do Petrovic pareciam dar-me razão. Na minha cabeça, era a substituição esperada, passando como sempre o Bryan Ruiz para o lado esquerdo. Afinal a primeira baixa foi a do Mathieu. Não me lembrei que o Jorge Jesus andava a treinar o Petrovic a jogar a central.
Com o Petrovic na defesa, o Jorge Jesus, mandou baixar as tropas proibindo terminantemente o Ristovski de voltar a atacar. O Acuña e o Fábio Coentrão iam olhando um para o outro para ver quem caía primeiro na esperança de ser substituído. O Acuña caiu primeiro, mas mesmo assim obrigaram-no a voltar a entrar em campo até se confirmar o óbito pelo Delegado de Saúde. O Misic entrou para o substituir com aquela cara que põe sempre de quem gosta imenso de participar e de jogar com os outros. O Fábio Coentrão só muito depois é que soçobrou, sendo substituído pelo menos que assim-assim Lumor, tendo ficado irritado logo depois pela sua (dele) irreverência ao procurar fazer um lançamento lateral sem demorar os habituais dois minutos e trinta e quatro segundos.
Estava-me a preparar para acabar este “post” quando percebi que não tinha falado do jogo, daquele que se joga com a bola, procurando metê-la na baliza do adversário. É verdade que o Boavista não fez um remate à nossa baliza mas a nossa equipa ainda a tentou meter, metendo-a mesmo uma vez. O “penalty” foi evidente, mas o Varíssimo não viu nada, tendo-nos valido a dobra do verdadeiro vídeo-árbitro. Para a situação ser mais caricata, o Varíssimo ainda mostrou amarelo ao Bryan Ruiz na sequência do lance, dado que só meia-hora depois da manchete do jogador do Boavista e de ter visto e revisto na televisão o lance é que decidiu marcar “penalty”. Em Belém tinha sido o Bas Dost a apanhar com a fava. Hoje foi o Bryan Ruiz. Não sei por que carga de água é que só connosco as leis do jogo se aplicam desta forma que ninguém entende.
Estava-me também a esquecer que o Bruno Fernandes enfiou uma coxinha absolutamente notável a um jogador do Boavista que ficou a esbracejar, tentando agarrá-lo (sem sucesso) para manter a compostura e a dignidade que lhe são devidas. O que fez o Bruno Fernandes não se faz, é contra as Convenções de Genebra e viola grosseiramente a Declaração Universal dos Direitos Humanos. No final do jogo, assistiu-se uma conversa entre esse jogador e o Jorge Jesus, onde se discutiu eventual julgamento e correspondentes sanções. Espera-se que a Comissão de Disciplina não se encha de brios como de costume e tudo se resolva com um passou-bem bem dado.
Com o Petrovic na defesa, o Jorge Jesus, mandou baixar as tropas proibindo terminantemente o Ristovski de voltar a atacar. O Acuña e o Fábio Coentrão iam olhando um para o outro para ver quem caía primeiro na esperança de ser substituído. O Acuña caiu primeiro, mas mesmo assim obrigaram-no a voltar a entrar em campo até se confirmar o óbito pelo Delegado de Saúde. O Misic entrou para o substituir com aquela cara que põe sempre de quem gosta imenso de participar e de jogar com os outros. O Fábio Coentrão só muito depois é que soçobrou, sendo substituído pelo menos que assim-assim Lumor, tendo ficado irritado logo depois pela sua (dele) irreverência ao procurar fazer um lançamento lateral sem demorar os habituais dois minutos e trinta e quatro segundos.
Estava-me a preparar para acabar este “post” quando percebi que não tinha falado do jogo, daquele que se joga com a bola, procurando metê-la na baliza do adversário. É verdade que o Boavista não fez um remate à nossa baliza mas a nossa equipa ainda a tentou meter, metendo-a mesmo uma vez. O “penalty” foi evidente, mas o Varíssimo não viu nada, tendo-nos valido a dobra do verdadeiro vídeo-árbitro. Para a situação ser mais caricata, o Varíssimo ainda mostrou amarelo ao Bryan Ruiz na sequência do lance, dado que só meia-hora depois da manchete do jogador do Boavista e de ter visto e revisto na televisão o lance é que decidiu marcar “penalty”. Em Belém tinha sido o Bas Dost a apanhar com a fava. Hoje foi o Bryan Ruiz. Não sei por que carga de água é que só connosco as leis do jogo se aplicam desta forma que ninguém entende.
Estava-me também a esquecer que o Bruno Fernandes enfiou uma coxinha absolutamente notável a um jogador do Boavista que ficou a esbracejar, tentando agarrá-lo (sem sucesso) para manter a compostura e a dignidade que lhe são devidas. O que fez o Bruno Fernandes não se faz, é contra as Convenções de Genebra e viola grosseiramente a Declaração Universal dos Direitos Humanos. No final do jogo, assistiu-se uma conversa entre esse jogador e o Jorge Jesus, onde se discutiu eventual julgamento e correspondentes sanções. Espera-se que a Comissão de Disciplina não se encha de brios como de costume e tudo se resolva com um passou-bem bem dado.
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Rui Monteiro
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23:48
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quinta-feira, 19 de abril de 2018
Campeões mimados
Algo mudou e não o sei explicar. Não entrámos mal no jogo, mas aos dez minutos o Porto controlava. Jogava-se no nosso meio-campo e não nos parecia possível chegar à frente para criar perigo. O Porto trocava a bola como queria e, quando a perdia, pressionava de imediato os nossos jogadores até a recuperar. Parecia uma repetição dos filmes dos jogos contra o Porto que assistimos esta época. Só que a contundência não era a mesma e parecia que a forma como decorria o jogo era mais permitida do que conquistada. Não sei se é assim ou se, como os jogadores, também começo a acreditar no Jorge Jesus e na sua ideia de jogo ou lá o que é.
Na segunda parte, o jogo começou mais repartido. Começava a perceber-se que alguma coisa estava a mudar e algo se preparava para acontecer. A saída do Piccini e a entrada do Ristovski assinalaram definitivamente o “turnover”. Na lateral direita entrou um ciclista que nunca mais parou e que deixou a cabeça do Brahimi em água e sem possibilidades de se chegar à frente e criar perigo. Quando entrou o Montero e recuou o Bruno Fernandes, o cerco ficou definitivamente montado. O Battaglia ficou sozinho a marcar os três jogadores do meio-campo e o Coates um dos Abomináveis Homens das Neves que o Sérgio Conceição costuma colocar no ataque (foi o Soares primeiro e o Aboubakar depois).
Finalmente, os jogadores tinham ordens para atacar a toda a sela. O Ristovski fez mais uma corrida endiabrada pelo lado direito e o Marcano cortou em desespero para canto. O Bruno Fernandes marcou-o como de costume para a molhada que se concentra na zona de “penalty”, onde estavam os dois monstros do jogo de hoje: Battaglia e Coates. A bola respingou para a frente e o Marcano, em pânico, tentou cortar com o pé que estava mais à mão, enfiando uma rosca na bola que veio direitinha para o Coates fuzilar para o lado direito, contrariando as indicações do “Bardo” (de) Carvalho.
O Jorge Sousa reagiu de imediato. O Battaglia recuperou uma bola e quando se preparava para cavalgar para a área foi inventada uma falta. Logo a seguir, o Herrera entra de pé-em-riste sobre o Gelson Martins e recupera a bola sem que lhe fosse marcada falta. O Porto empurrado reagiu como pôde, estando perto de marcar num cabeceamento na sequência de um canto que foi à trave. O Jorge Jesus mandou acalmar as tropas e preparou o prolongamento.
O prolongamento continuou a ser todo do Sporting, especialmente na primeira parte. Esperava-se o golo a qualquer momento. O Gelson Martins isolado do lado direito esqueceu-se do que aprendeu com o Bas Dost no jogo contra o Belenenses e voltou a fechar os olhos e a rematar de qualquer maneira e sem direção. O Montero procurou dominar uma bola na pequena área quando o mais fácil seria rematar de primeira. O Bruno Fernandes fez uma revienga no lado direito, entortou um defesa, atrapalhou-se com ele e com a bola e acabou por fazer um passe ao Casillas. O Jorge Sousa continuava a ajudar o Porto a respirar e a queimar tempo. Foi comovente a atenção dispensada ao Maxi Pereira, permitindo que lhe fosse estancada uma ferida no couro cabeludo em pleno relvado e evitando que o Porto jogasse alguns minutos com dez. As forças foram-se esvaindo até se chegar aos “penalties”.
Nos “penalties” fomos competentes mesmo por quem menos ser esperava. Esperava-se essa competência do Bruno Fernandes, do Bryan Ruiz e do Mathieu. Quando o Coates se dirigiu para a marca de “penalty” e ajeitou a bola, o coração tremeu. Mas desde que falhou uma vez nunca mais hesitou: voltou a apontar a um canto e a disparar sem hipóteses de defesa. Faltava o enigmático e imprevisível Montero. Quando se olha para o rosto nunca se percebe se está à rasca ou confiante. Quando parte para a bola espera-se tudo: um disparate qualquer ou a frieza de um veterano. A bola entrou e as mãos desataram-me a tremer e só pararam passado duas horas para fazer este escrito.
Quando o Jorge Jesus falou do “joguinho” do fim-de-semana passada do Porto não quis desvalorizar o adversário e o resultado contra o Benfica. O que quis dizer ao Sérgio Conceição é que se preparasse para um jogo a sério, contra uma equipa a sério, num estádio a sério com adeptos e claques a sério. Num país a sério e num campeonato sério estas seriam as duas únicas equipas a disputar o título. São as melhores a léguas de distância de todas as outras. Os campeões, os verdadeiros campeões veem-se nestes jogos em que as equipas se olham nos olhos e ganha quem tem mais coração. Hoje fomos campeões.
Na segunda parte, o jogo começou mais repartido. Começava a perceber-se que alguma coisa estava a mudar e algo se preparava para acontecer. A saída do Piccini e a entrada do Ristovski assinalaram definitivamente o “turnover”. Na lateral direita entrou um ciclista que nunca mais parou e que deixou a cabeça do Brahimi em água e sem possibilidades de se chegar à frente e criar perigo. Quando entrou o Montero e recuou o Bruno Fernandes, o cerco ficou definitivamente montado. O Battaglia ficou sozinho a marcar os três jogadores do meio-campo e o Coates um dos Abomináveis Homens das Neves que o Sérgio Conceição costuma colocar no ataque (foi o Soares primeiro e o Aboubakar depois).
Finalmente, os jogadores tinham ordens para atacar a toda a sela. O Ristovski fez mais uma corrida endiabrada pelo lado direito e o Marcano cortou em desespero para canto. O Bruno Fernandes marcou-o como de costume para a molhada que se concentra na zona de “penalty”, onde estavam os dois monstros do jogo de hoje: Battaglia e Coates. A bola respingou para a frente e o Marcano, em pânico, tentou cortar com o pé que estava mais à mão, enfiando uma rosca na bola que veio direitinha para o Coates fuzilar para o lado direito, contrariando as indicações do “Bardo” (de) Carvalho.
O Jorge Sousa reagiu de imediato. O Battaglia recuperou uma bola e quando se preparava para cavalgar para a área foi inventada uma falta. Logo a seguir, o Herrera entra de pé-em-riste sobre o Gelson Martins e recupera a bola sem que lhe fosse marcada falta. O Porto empurrado reagiu como pôde, estando perto de marcar num cabeceamento na sequência de um canto que foi à trave. O Jorge Jesus mandou acalmar as tropas e preparou o prolongamento.
O prolongamento continuou a ser todo do Sporting, especialmente na primeira parte. Esperava-se o golo a qualquer momento. O Gelson Martins isolado do lado direito esqueceu-se do que aprendeu com o Bas Dost no jogo contra o Belenenses e voltou a fechar os olhos e a rematar de qualquer maneira e sem direção. O Montero procurou dominar uma bola na pequena área quando o mais fácil seria rematar de primeira. O Bruno Fernandes fez uma revienga no lado direito, entortou um defesa, atrapalhou-se com ele e com a bola e acabou por fazer um passe ao Casillas. O Jorge Sousa continuava a ajudar o Porto a respirar e a queimar tempo. Foi comovente a atenção dispensada ao Maxi Pereira, permitindo que lhe fosse estancada uma ferida no couro cabeludo em pleno relvado e evitando que o Porto jogasse alguns minutos com dez. As forças foram-se esvaindo até se chegar aos “penalties”.
Nos “penalties” fomos competentes mesmo por quem menos ser esperava. Esperava-se essa competência do Bruno Fernandes, do Bryan Ruiz e do Mathieu. Quando o Coates se dirigiu para a marca de “penalty” e ajeitou a bola, o coração tremeu. Mas desde que falhou uma vez nunca mais hesitou: voltou a apontar a um canto e a disparar sem hipóteses de defesa. Faltava o enigmático e imprevisível Montero. Quando se olha para o rosto nunca se percebe se está à rasca ou confiante. Quando parte para a bola espera-se tudo: um disparate qualquer ou a frieza de um veterano. A bola entrou e as mãos desataram-me a tremer e só pararam passado duas horas para fazer este escrito.
Quando o Jorge Jesus falou do “joguinho” do fim-de-semana passada do Porto não quis desvalorizar o adversário e o resultado contra o Benfica. O que quis dizer ao Sérgio Conceição é que se preparasse para um jogo a sério, contra uma equipa a sério, num estádio a sério com adeptos e claques a sério. Num país a sério e num campeonato sério estas seriam as duas únicas equipas a disputar o título. São as melhores a léguas de distância de todas as outras. Os campeões, os verdadeiros campeões veem-se nestes jogos em que as equipas se olham nos olhos e ganha quem tem mais coração. Hoje fomos campeões.
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Rui Monteiro
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terça-feira, 17 de abril de 2018
Manter amarrado e amordaçado o nosso Assurancetourix do Facebook
“O que hoje é verdade amanhã é mentira e vice-versa”. Esta frase de Pimenta Machado, ex-Presidente do Vitória de Guimarães, está para o futebol português como o “cogito, ergo sum” de Descartes para a filosofia. O Rui Vitória passou de um azougado piloto de Ferraris para um acagaçado incapaz de conduzir uma caranguejola. O Jorge Jesus passou de um egomaníaco para um líder da sua equipa e principal defensor dos seus jogadores. A pressão passou de um lado da segunda circular para o outro em menos de um fósforo.
A participação do Sporting e do Benfica na Liga dos Campeões é crítica. O “derby” dos “derbies” deverá decidir essa participação. Sem ela vem a crise e a instabilidade. É obrigatório ganhar esse “derby”, nem que seja preciso morrer em campo. Ninguém perdoará aos jogadores e ao Jorge Jesus outro resultado. Até lá, é preciso ganhar os dois jogos que faltam e, como se tem visto, isso não é nada fácil; isso e manter amarrado e amordaçado o nosso Assurancetourix do Facebook, dispensando-se também a continuação do desfile da brigada do reumático do costume pelas televisões.
A participação do Sporting e do Benfica na Liga dos Campeões é crítica. O “derby” dos “derbies” deverá decidir essa participação. Sem ela vem a crise e a instabilidade. É obrigatório ganhar esse “derby”, nem que seja preciso morrer em campo. Ninguém perdoará aos jogadores e ao Jorge Jesus outro resultado. Até lá, é preciso ganhar os dois jogos que faltam e, como se tem visto, isso não é nada fácil; isso e manter amarrado e amordaçado o nosso Assurancetourix do Facebook, dispensando-se também a continuação do desfile da brigada do reumático do costume pelas televisões.
(Fotografia encontrada aqui)
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Rui Monteiro
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segunda-feira, 16 de abril de 2018
Um jogo do Var(alho) na SporTv
Entrámos a dormir. Foi assim que nos encontraram os jogadores do Belenenses na primeira vez que atacaram. O Rui Patrício acordou sobressaltado mas ainda a tempo de fazer a primeira defesa. A bola fez um balão e a falta de jeito de um jogador do Belenenses só lhe permitiu enfiar uma carecada que o Coates limpou com facilidade. Entretanto, o Rui Patrício tinha procurado recuperar a bola, tendo dado um encontrão no avançado depois da (dita) carecada. O Rui Pedro Rocha da SporTV viu tudo, inclusivamente uma chapada, e exultou quando o vídeo-árbitro e o árbitro lhe deram razão.
Não sei se pelo golo, pelo árbitro, pelo vídeo-árbitro ou pelo histérico Rui Pedro Rocha, acordámos. O Bryan Ruiz se não estava acordado, acordou quando ganhou um segundo ressalto com a cara, permitindo ao Bruno Fernandes um passe extraordinário de trinta metros que isolou o Bas Dost para marcar um “penalty” em corrida, uma das suas especialidades. Completamente desperto, o Bryan Ruiz marcou rapidamente uma falta, passando-a para o inevitável Bruno Fernandes que fez o mesmo que tinha feito no golo anterior, permitindo ao Gelson Martins fazer o mesmo que o Bas Dost, depois de ter visto como se fazia. Em dez minutos, fizemos a remontada que não tínhamos conseguido contra o Atlético de Madrid durante o jogo todo. A acabar a primeira parte, o Ristovski fez tabelar a bola no cocuruto da cabeça de um defesa do Belenenses para isolar o Acuña que, com o pé que tinha mais à mão, rematou à meia volta para fazer o terceiro golo. O Rui Pedro Rocha voltou a ver tudo e ficou imensamente frustrado por o árbitro e o vídeo-árbitro não lhe terem dado razão desta vez, lamentando-se o resto do jogo como um disco riscado.
Entrámos na segunda parte para controlar o ritmo de jogo, como se costuma dizer em linguagem técnica quando se pretende adormecer o adversário. Como sempre nos acontece, não o adormecemos e acabámos por nos adormecermos. O lateral esquerdo do Belenenses encontrou literalmente a dormir o Ristovski e o Coates, permitindo-lhe entrar na área à vontade e passar a bola para um seu colega fuzilar o Rui Patrício. O jogo estava em aberto, dizia o Rui Pedro Rocha. A nossa defesa fez-lhe a vontade e não se limitou a abrir-se, resolvendo escancarar-se numa biqueirada para as suas costas pela enésima vez, acabando o Acuña por fazer “penalty”. O Rui Pedro Rocha viu tudo e voltou a exultar quando o árbitro e o vídeo-árbitro lhe deram razão. O jogador do Belenenses foi marcá-lo com cara de quem ia para o cadafalso, mas acabou em desespero por conseguir bater o Rui Patrício.
O jogo voltava ao princípio e no princípio era o verbo (apitar). Na sequência de um canto, o Yebda tentou com o cotovelo arrancar os queixos do Bas Dost. Só após o comentador ter sido conclusivo na análise do lance, o Rui Pedro Rocha a contragosto acabou por ver também e não exultou quando o árbitro e o vídeo-árbitro lhe deram razão. O Bruno Paixão não deixou que o Bas Dost marcasse o “penalty” depois de receber assistência médica. É verdade que o Jonas não joga há dois jogos, mas parece excesso de zelo. O Bruno Fernandes aproveitou para molhar a sopa com a paradinha do costume. Logo a seguir, o Bas Dost foi agarrado na área na sequência de outro canto e o Rui Pedro Rocha não viu grande coisa e o árbitro e o vídeo-árbitro também não. Ainda marcámos o quinto golo, mas o Rui Pedro Rocha viu o fora-de-jogo e exultou mais uma vez quando não só lhe deram razão o árbitro e o vídeo-árbitro como o bandeirinha. Entretanto, o Jorge Jesus resolveu meter trancas-à-porta com a entrada do Lumor e do Petrovic, sofrendo-se a bom sofrer até ao último minuto.
Acabado o jogo, o Rui Pedro Rocha continuou desolado por o árbitro e o vídeo-árbitro não lhe terem dado razão no terceiro golo do Sporting. Depois de termos visto durante o jogo trezentas e quatro vezes a repetição do lance desse golo, voltámos a vê-lo, sem que uma palavra ou imagem lembrasse o quarto “penalty” que ficou por assinalar. O vídeo-árbitro ajuda os árbitros, mas o Rui Pedro Rocha ajuda mais, situação que merece reflexão pelos entendidos destas coisas. Espera-se que o Bruno de Carvalho aproveite o Facebook, o WhatsApp ou o Twiter para o mandar para o Var(alho), poupando-nos e aos jogadores desta vez.
Não sei se pelo golo, pelo árbitro, pelo vídeo-árbitro ou pelo histérico Rui Pedro Rocha, acordámos. O Bryan Ruiz se não estava acordado, acordou quando ganhou um segundo ressalto com a cara, permitindo ao Bruno Fernandes um passe extraordinário de trinta metros que isolou o Bas Dost para marcar um “penalty” em corrida, uma das suas especialidades. Completamente desperto, o Bryan Ruiz marcou rapidamente uma falta, passando-a para o inevitável Bruno Fernandes que fez o mesmo que tinha feito no golo anterior, permitindo ao Gelson Martins fazer o mesmo que o Bas Dost, depois de ter visto como se fazia. Em dez minutos, fizemos a remontada que não tínhamos conseguido contra o Atlético de Madrid durante o jogo todo. A acabar a primeira parte, o Ristovski fez tabelar a bola no cocuruto da cabeça de um defesa do Belenenses para isolar o Acuña que, com o pé que tinha mais à mão, rematou à meia volta para fazer o terceiro golo. O Rui Pedro Rocha voltou a ver tudo e ficou imensamente frustrado por o árbitro e o vídeo-árbitro não lhe terem dado razão desta vez, lamentando-se o resto do jogo como um disco riscado.
Entrámos na segunda parte para controlar o ritmo de jogo, como se costuma dizer em linguagem técnica quando se pretende adormecer o adversário. Como sempre nos acontece, não o adormecemos e acabámos por nos adormecermos. O lateral esquerdo do Belenenses encontrou literalmente a dormir o Ristovski e o Coates, permitindo-lhe entrar na área à vontade e passar a bola para um seu colega fuzilar o Rui Patrício. O jogo estava em aberto, dizia o Rui Pedro Rocha. A nossa defesa fez-lhe a vontade e não se limitou a abrir-se, resolvendo escancarar-se numa biqueirada para as suas costas pela enésima vez, acabando o Acuña por fazer “penalty”. O Rui Pedro Rocha viu tudo e voltou a exultar quando o árbitro e o vídeo-árbitro lhe deram razão. O jogador do Belenenses foi marcá-lo com cara de quem ia para o cadafalso, mas acabou em desespero por conseguir bater o Rui Patrício.
O jogo voltava ao princípio e no princípio era o verbo (apitar). Na sequência de um canto, o Yebda tentou com o cotovelo arrancar os queixos do Bas Dost. Só após o comentador ter sido conclusivo na análise do lance, o Rui Pedro Rocha a contragosto acabou por ver também e não exultou quando o árbitro e o vídeo-árbitro lhe deram razão. O Bruno Paixão não deixou que o Bas Dost marcasse o “penalty” depois de receber assistência médica. É verdade que o Jonas não joga há dois jogos, mas parece excesso de zelo. O Bruno Fernandes aproveitou para molhar a sopa com a paradinha do costume. Logo a seguir, o Bas Dost foi agarrado na área na sequência de outro canto e o Rui Pedro Rocha não viu grande coisa e o árbitro e o vídeo-árbitro também não. Ainda marcámos o quinto golo, mas o Rui Pedro Rocha viu o fora-de-jogo e exultou mais uma vez quando não só lhe deram razão o árbitro e o vídeo-árbitro como o bandeirinha. Entretanto, o Jorge Jesus resolveu meter trancas-à-porta com a entrada do Lumor e do Petrovic, sofrendo-se a bom sofrer até ao último minuto.
Acabado o jogo, o Rui Pedro Rocha continuou desolado por o árbitro e o vídeo-árbitro não lhe terem dado razão no terceiro golo do Sporting. Depois de termos visto durante o jogo trezentas e quatro vezes a repetição do lance desse golo, voltámos a vê-lo, sem que uma palavra ou imagem lembrasse o quarto “penalty” que ficou por assinalar. O vídeo-árbitro ajuda os árbitros, mas o Rui Pedro Rocha ajuda mais, situação que merece reflexão pelos entendidos destas coisas. Espera-se que o Bruno de Carvalho aproveite o Facebook, o WhatsApp ou o Twiter para o mandar para o Var(alho), poupando-nos e aos jogadores desta vez.
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Rui Monteiro
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domingo, 15 de abril de 2018
Varalho
(estou a escrever no intervalo para não atrapalhar depois)
Varalho é um termo que inventei hoje.
É uma interjeição futebolística de grande utilidade e fácil de utilizar, por exemplo «este árbitro é um grande varalho!» ou, mais nortenha, «ide para o varalho».
Julgo ser importante aumentar o nosso léxico e actualizá-lo face às novas tecnologias.
Bom resto de jogo...meus varalhos! (desculpem, não resisti)
Varalho é um termo que inventei hoje.
É uma interjeição futebolística de grande utilidade e fácil de utilizar, por exemplo «este árbitro é um grande varalho!» ou, mais nortenha, «ide para o varalho».
Julgo ser importante aumentar o nosso léxico e actualizá-lo face às novas tecnologias.
Bom resto de jogo...meus varalhos! (desculpem, não resisti)
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A. Trindade
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quinta-feira, 12 de abril de 2018
Joguei com eles noventa minutos
Ajudei o Coates a meter o Diego Costa no bolso. Estive em todo o lado com o Battaglia, engolindo o meio-campo. Acelerei vezes sem conta com o Ristovski, esperando receber a bola embalado quando o jogo virasse de flanco. Mantive nervos de aços é pés de veludo com o Petrovic. Vim dentro, fui para fora, recuei para ajudar o Ristovski, estiquei o jogo com o Gelson Martins. Disse ao ouvido do André Pinto para nada recear que este era o jogo dele. Fechei a sete-chaves o lado esquerdo e subi, subi sempre pelo flanco com o Acuña. Ajudei o Bruno Fernandes a ver onde estavam as oportunidades. Fiz a mancha uma e outra vez aos pés do Griezman com o Rui Patrício. Estiquei-me todo com o Montero para meter a bola dentro da baliza. Saí do campo por momentos para gritar com o Jorge Jesus para o Coates avançar. Voltei para dentro para tentar ajudar o Doumbia a dominar a última bola que ressaltou na área.
Soou o apito final do árbitro. Caí para o lado, exausto e com a sensação que Mundo tinha acabado e que não tinha feito tudo para o salvar. A boca ainda me sabia a sangue. Olhei em volta, todos se levantavam para fazer o “haka viking” com os adeptos. De repente fiquei baralhado, não sabia se estava dentro ou fora de campo. Parecia estar fora, mas era capaz de jurar que estive dentro durante noventa minutos.
Soou o apito final do árbitro. Caí para o lado, exausto e com a sensação que Mundo tinha acabado e que não tinha feito tudo para o salvar. A boca ainda me sabia a sangue. Olhei em volta, todos se levantavam para fazer o “haka viking” com os adeptos. De repente fiquei baralhado, não sabia se estava dentro ou fora de campo. Parecia estar fora, mas era capaz de jurar que estive dentro durante noventa minutos.
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Rui Monteiro
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terça-feira, 10 de abril de 2018
Revista à portuguesa
Toda a gente sabe que a cultura europeia tem uma origem
greco-latina, a cujo berço, a Grécia, somos todos devedores. Recentemente, o
presidente de um clube grego (PAOK de Salónica) interrompeu um jogo (no seu
estádio) armado de fusca, ameaçando a equipa de arbitragem, clamando por
justiça. Na capital, Atenas, mais concretamente no Pireu, mora o eterno campeão
Olimpiakos. O seu presidente, descontente com os resultados da equipa (terceiro
a nove pontos do AEK), decidiu multar o plantel em 400.000 Euros, enviando-o de
férias antecipadas. A equipa jogará o resto da temporada com os putos. Ali
perto, na sede do Panathinaikos, optou-se por uma solução menos original: os
jogadores encontram-se de greve por (supostamente) não receberem quaisquer
honorários desde Outubro de 2017. Poderíamos continuar com outros bons exemplos
de gestão futeboleira, na Itália, por exemplo, ou na Roménia, ou até na
Bulgária, mas aqui já estaríamos (embora não totalmente) a afastarmo-nos da
matriz greco-latina
.
São laços invisíveis os que nos unem a estes (e outros
países), embora no nosso caso, a matriz dos (supostamente) brandos costumes,
nos obrigue a um certo jogo de cintura, de aparências, de conluios, sacos com
cores e outras criatividades (não apenas as contabilísticas). Não basta (nem
interessa) ser mas parecer a mulher de César. Assim sendo,
não percebendo (nem desculpando) a desmesura e o despropósito de certos
comportamentos (e atitudes) do presidente do Sporting, também não percebo a indignação
e o clamor de alguns (falsos) moralistas, sem memória recente e passada. As
equipas de Hóquei e Andebol foram igualmente “atacadas” e, não só lideram os respectivos
campeonatos, como não reagiram como coitadinhos ou vítimas. E, mais importante, pouco se falou do assunto.
Mas existem coisas que nem eu, com a minha vaga ideia do que
se passa (vejam só), consigo entender. Desde logo, nunca consegui perceber como
se lidera (qualquer coisa) com farpas nas redes sociais. Não existem sítios adequados
em Alvalade para dar umas farpas? Pois, construam-se alguns, como se fez (e bem
com o pavilhão). Para quê agendar assembleias gerais (no início do ano) e plebiscitos
logo a seguir? Ainda por cima com a equipa nos primeiros lugares e o processo
e-toupeira (já para não falar dos emails) na berra. Qual terá sido a intenção:
desviar atenções da crise do Benfica? Semear a discórdia em vésperas de jogos importantes
(na altura ainda íamos ao Porto, por exemplo)? Pois olhem que parece isso
mesmo
.
Posteriormente, numa altura em que a equipa (e o clube)
precisa(va) de se concentrar nas competições que restam, após uma derrota do
Porto com o Belenenses (que logo ficou esquecida), após um jogo (fraco) com o
Atlético de Madrid (equipa que foi empatar a seguir com o Real Madrid e está 4 pontos à sua frente),
com investigações e processos ao rival do lado, qual será afinal a intenção de
tudo isto? Haverá alguma? Temo que, desta vez, a estratégia não seja possível
de descortinar nem nos nossos devaneios mais irónicos.
Enquanto os nossos adversários se deliciam com esta revista
à portuguesa, alguns dos roedores habituais já começaram a abandonar o navio, ou a mudar de
embarcação. Nada de novo. Cheira-me que em vez de a caminho de um pacemaker caminhámos
para uma cova. E bem funda. Não há palco como este, pois não?
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Gabriel Pedro
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segunda-feira, 9 de abril de 2018
Tão grandes que somos os maiores
Hoje, no trabalho, tive duas conversas muito interessantes com um portista e com um benfiquista.
O portista queixava-se do “penalty” inventado a favor do Benfica e do jogador que tinha efetuado a (suposta) falta, aparentemente ainda tem os salários pagos pelo Benfica apesar de ser jogador do Setúbal. Queixava-se deste roubo, mas queixava-se sobretudo de ninguém falar dele e do clássico do próximo fim-de-semana. Disse-lhe que quando o tema é o Sporting não há espaço para mais nenhum clube. Os “media” só noticiam o que é importante e se não noticiam é por que não é importante. Também me espantava como é que sempre nos quiseram ganhar fora das quatro linhas, para acabarem a queixar-se de ganharmos o campeonato que se joga fora das quatro linhas e que é o campeonato preferido dos portugueses.
O benfiquista procurou compreender o meu estado de espírito recorrendo à sua experiência. Disse-me que também sofreram com as vigarices do Vale e Azevedo, o alegado alcoolismo do Jorge de Brito e do Manuel Vilarinho e a capela da mulher do Manuel Damásio. Só depois de passarem por estas agruras é que, finalmente, tinham alguém a fazer um bom trabalho. Disse-lhe que não era trabalho, era trabalhinho. O trabalhinho até já tinha dado tantos nomes de código à Polícia Judiciária como os que recorreu o George Smiley em toda a sua vida (para quem não leu, recomenda-se “A Toupeira” de John le Carré). No Sporting não esperamos que a justiça condene (ou não) o trabalhinho, bastam uns “posts” mal-amanhados no Facebook e são postos a andar.
O portista queixava-se do “penalty” inventado a favor do Benfica e do jogador que tinha efetuado a (suposta) falta, aparentemente ainda tem os salários pagos pelo Benfica apesar de ser jogador do Setúbal. Queixava-se deste roubo, mas queixava-se sobretudo de ninguém falar dele e do clássico do próximo fim-de-semana. Disse-lhe que quando o tema é o Sporting não há espaço para mais nenhum clube. Os “media” só noticiam o que é importante e se não noticiam é por que não é importante. Também me espantava como é que sempre nos quiseram ganhar fora das quatro linhas, para acabarem a queixar-se de ganharmos o campeonato que se joga fora das quatro linhas e que é o campeonato preferido dos portugueses.
O benfiquista procurou compreender o meu estado de espírito recorrendo à sua experiência. Disse-me que também sofreram com as vigarices do Vale e Azevedo, o alegado alcoolismo do Jorge de Brito e do Manuel Vilarinho e a capela da mulher do Manuel Damásio. Só depois de passarem por estas agruras é que, finalmente, tinham alguém a fazer um bom trabalho. Disse-lhe que não era trabalho, era trabalhinho. O trabalhinho até já tinha dado tantos nomes de código à Polícia Judiciária como os que recorreu o George Smiley em toda a sua vida (para quem não leu, recomenda-se “A Toupeira” de John le Carré). No Sporting não esperamos que a justiça condene (ou não) o trabalhinho, bastam uns “posts” mal-amanhados no Facebook e são postos a andar.
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Rui Monteiro
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A teoria do caos e a vitória contra o Paços de Ferreira
Há fenómenos difíceis de explicar e por isso é que são fenómenos, pelo menos num primeiro momento. Por exemplo, é difícil compreender como é que um simples bater de asas de uma borboleta no Japão pode originar um tufão nos Estado Unidos. Mas até o caos tem uma teoria que o explica, transformando-o em algo que se pode entender, desde que se conheça o início e o fim de tudo. No início foi o Facebook; no fim a vitória por dois a a zero contra o Paços de Ferreira. Sabendo isto, a sucessão de acontecimentos obedece a uma ordem, a uma teoria, que não determina o caos mas que o explica.
O Coates não se desconcentrou e o Mathieu também não. O Coentrão não jogou para não levar amarelo. O Bas Dost jogou mas não fez falta nenhuma, embora se não tivesse aparecido no primeiro golo tivéssemos sentido a sua falta. O Gelson não entortou o corpo e nem sequer rematou, com medo de rematar para a direita. O Bryan Ruiz só rematou uma vez e fuzilou de imediato para a esquerda. Nos minutos finais, apesar de estarmos a jogar contra dez e contra um guarda-redes improvisado, não atacámos para o Montero não falhar nenhum golo de baliza aberta. Mancomunado com outros jogadores e os adeptos, o Rui Patrício bloqueou todos os remates e cruzamentos do Paços de Ferreira, manipulando a equipa no seu conjunto. Por uma vez, o Jorge Jesus não falou só dele e defendeu igualmente os seus jogadores.
Assobios? O mais possível. Meninos mimados? Sempre que necessário? Insultos? Insultos é que não. É necessário voltar de imediato ao Facebook. Só com nova teoria do caos somos capazes de passar a eliminatória contra o Atlético de Madrid na próxima quinta-feira e não há tempo a perder se pretendermos que os acontecimentos se sucedam de forma adequada a esse resultado.
O Coates não se desconcentrou e o Mathieu também não. O Coentrão não jogou para não levar amarelo. O Bas Dost jogou mas não fez falta nenhuma, embora se não tivesse aparecido no primeiro golo tivéssemos sentido a sua falta. O Gelson não entortou o corpo e nem sequer rematou, com medo de rematar para a direita. O Bryan Ruiz só rematou uma vez e fuzilou de imediato para a esquerda. Nos minutos finais, apesar de estarmos a jogar contra dez e contra um guarda-redes improvisado, não atacámos para o Montero não falhar nenhum golo de baliza aberta. Mancomunado com outros jogadores e os adeptos, o Rui Patrício bloqueou todos os remates e cruzamentos do Paços de Ferreira, manipulando a equipa no seu conjunto. Por uma vez, o Jorge Jesus não falou só dele e defendeu igualmente os seus jogadores.
Assobios? O mais possível. Meninos mimados? Sempre que necessário? Insultos? Insultos é que não. É necessário voltar de imediato ao Facebook. Só com nova teoria do caos somos capazes de passar a eliminatória contra o Atlético de Madrid na próxima quinta-feira e não há tempo a perder se pretendermos que os acontecimentos se sucedam de forma adequada a esse resultado.
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Rui Monteiro
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sábado, 7 de abril de 2018
Eu é que sou o Presidente (da Junta)*
O futebol é o assunto mais sério de todos os assunto não sérios. Não sei quem disse isto ou se alguma vez alguém o disse. Se disse, concordo, se não disse, fica dito. Este “blogue” é, assim, escrito para tratar de forma não séria o assunto mais sério de todos os não sérios. Para tratar de forma séria os assuntos sérios, basta-nos a nossa vida pessoal e profissional.
Neste "blogue", raramente se falou do presidente, deste ou de outros. O futebol vive do momento, do presente, enquanto a direção de uma instituição vive do futuro, que quando se tornar presente será avaliada pelo passado. Se este Presidente for bom ou mau, o futuro, quando passar a passado e presente, o dirá. Hoje, consideramos que foi um ato de justiça atribuir o nome de João Rocha ao novo pavilhão. É o reconhecimento pelos sportinguistas pelo trabalho desse presidente pelo que fez em benefício do clube e dos seus associados. É a avaliação no futuro daquilo que foi presente e se transformou em passado.
Este presidente não começou mal. Manteve nervos de aço em todo o processo de reestruturação financeira e nos casos Bruma e Ilori. Estava toda a gente à espera que borregasse e se espalhasse ao comprido nesses primeiros tempos. Gerou uma onda de entusiamo nos adeptos e criou uma agenda mediática centrada na bandalheira em que se transformou o futebol português. O foco da comunicação encontrava-se fora da equipa e dos jogadores, procurando criar condições para que pudessem jogar de igual para igual com os seus adversários dentro de campo. Bastava ler uma célebre entrevista do Rui Jorge para se perceber como os jogadores do Sporting se sentiam por não os deixarem bater-se com as mesmas armas dos adversários.
Nunca apreciei muito o estilo. Há excessos de linguagem que são desnecessários e que não qualificam quem os profere, mas compreendi-os. Os terramotos são medidos na Escala de Richter, que vai até à magnitude 10. Depois dessa magnitude, não se sabe como avaliar. No futebol português, essa magnitude tinha sido ultrapassada há muito, muito antes de chegar este presidente. Sendo assim, nunca percebi como é que os comentadores e a opinião pública ordenavam a magnitude do Pinto da Costa, do Luís Filipe Vieira e do Bruno de Carvalho. Estavam todos para além da Escala de Richter do futebol. Se era preciso uma magnitude igual ou superior à dos outros clubes para se jogar de igual para igual, então que viesse o correspondente terramoto.
Começaram, entretanto, a surgir sinais de alguma patologia no comportamento deste presidente. Nunca os valorizei muito, dado que se trata de assuntos a que não ligo importância e aos quais estou muito pouco atento. Aparentemente, havia sinais de alarme, como a última Assembleia Geral. Na última quinta-feira, depois do jogo contra o Atlético de Madrid, deu-se um passo em frente do qual não é possível voltar atrás. Não há inocentes, neste tipo de embrulhadas, nunca os há. Mas as responsabilidades não são comparáveis.
Quando se chega ao ponto a que se chegou, não se pode falar de forma não séria do assunto mais sério dos não sérios. É preciso falar de forma séria de um assunto sério, que está para além do futebol. As pessoas definem-se de muita formas mas a mais relevantes, neste tipo de sociedade em que se vive, é pelo que fazem como profissionais. Temos nomes, mas somos sobretudo agricultores, informáticos, professores, engenheiros ou jogadores de futebol. Não há maior desqualificação de uma pessoa quando se a desqualifica pelo que faz como profissional, como trabalhador. O Coates, o Mathieu, o Coentrão, o Gelson Martins e o Bas Dost são grandes jogadores de futebol. Chegaram longe nas suas equipas e seleções pelo seu mérito e pelo seu trabalho.
Uma organização onde, de forma gratuita, se desqualificam os seus trabalhadores pelo que fazem enquanto profissionais, não tem futuro. O presidente de uma organização que o faça ou a organização não tem futuro, se se aceitar que o possa fazer, ou então não tem futuro na organização. Por mim, a porta é a serventia da casa: rua!
Aborrecem-me ainda duas coisas.
Que o Jorge Jesus acabe por passar incólume entre os pingos da chuva. Como se viu, sem colinho, dos árbitros e do seu conselho de arbitragem, dos jornalistas ou dos cometdaores, é igual aos outros se não pior. Este enredo permite-lhe arranjar as desculpas mais adequadas para ressuscitar noutro clube qualquer, como se a culpa fosse toda do Bruno de Carvalho e ele continuasse a ser o génio da tática.
Que, com este imbróglio, ninguém mais se recorde das vigarices do futebol português, dos emails, aos “vouchers”, convites e toupeiras. Se houvesse vergonha neste país, este campeonato nem se teria iniciado, como o disse aqui e aqui. O Bruno de Carvalho prestou um mau serviço ao Sporting e ao futebol português, ou, pelo menos, a quem pensa que o futebol deve ser jogado dentro das quatro linhas dependendo exclusivamente os resultados dos jogadores, individual e coletivamente.
(*) Designação de um antigo e memorável "sketch" humorístico do Herman José.
Neste "blogue", raramente se falou do presidente, deste ou de outros. O futebol vive do momento, do presente, enquanto a direção de uma instituição vive do futuro, que quando se tornar presente será avaliada pelo passado. Se este Presidente for bom ou mau, o futuro, quando passar a passado e presente, o dirá. Hoje, consideramos que foi um ato de justiça atribuir o nome de João Rocha ao novo pavilhão. É o reconhecimento pelos sportinguistas pelo trabalho desse presidente pelo que fez em benefício do clube e dos seus associados. É a avaliação no futuro daquilo que foi presente e se transformou em passado.
Este presidente não começou mal. Manteve nervos de aço em todo o processo de reestruturação financeira e nos casos Bruma e Ilori. Estava toda a gente à espera que borregasse e se espalhasse ao comprido nesses primeiros tempos. Gerou uma onda de entusiamo nos adeptos e criou uma agenda mediática centrada na bandalheira em que se transformou o futebol português. O foco da comunicação encontrava-se fora da equipa e dos jogadores, procurando criar condições para que pudessem jogar de igual para igual com os seus adversários dentro de campo. Bastava ler uma célebre entrevista do Rui Jorge para se perceber como os jogadores do Sporting se sentiam por não os deixarem bater-se com as mesmas armas dos adversários.
Nunca apreciei muito o estilo. Há excessos de linguagem que são desnecessários e que não qualificam quem os profere, mas compreendi-os. Os terramotos são medidos na Escala de Richter, que vai até à magnitude 10. Depois dessa magnitude, não se sabe como avaliar. No futebol português, essa magnitude tinha sido ultrapassada há muito, muito antes de chegar este presidente. Sendo assim, nunca percebi como é que os comentadores e a opinião pública ordenavam a magnitude do Pinto da Costa, do Luís Filipe Vieira e do Bruno de Carvalho. Estavam todos para além da Escala de Richter do futebol. Se era preciso uma magnitude igual ou superior à dos outros clubes para se jogar de igual para igual, então que viesse o correspondente terramoto.
Começaram, entretanto, a surgir sinais de alguma patologia no comportamento deste presidente. Nunca os valorizei muito, dado que se trata de assuntos a que não ligo importância e aos quais estou muito pouco atento. Aparentemente, havia sinais de alarme, como a última Assembleia Geral. Na última quinta-feira, depois do jogo contra o Atlético de Madrid, deu-se um passo em frente do qual não é possível voltar atrás. Não há inocentes, neste tipo de embrulhadas, nunca os há. Mas as responsabilidades não são comparáveis.
Quando se chega ao ponto a que se chegou, não se pode falar de forma não séria do assunto mais sério dos não sérios. É preciso falar de forma séria de um assunto sério, que está para além do futebol. As pessoas definem-se de muita formas mas a mais relevantes, neste tipo de sociedade em que se vive, é pelo que fazem como profissionais. Temos nomes, mas somos sobretudo agricultores, informáticos, professores, engenheiros ou jogadores de futebol. Não há maior desqualificação de uma pessoa quando se a desqualifica pelo que faz como profissional, como trabalhador. O Coates, o Mathieu, o Coentrão, o Gelson Martins e o Bas Dost são grandes jogadores de futebol. Chegaram longe nas suas equipas e seleções pelo seu mérito e pelo seu trabalho.
Uma organização onde, de forma gratuita, se desqualificam os seus trabalhadores pelo que fazem enquanto profissionais, não tem futuro. O presidente de uma organização que o faça ou a organização não tem futuro, se se aceitar que o possa fazer, ou então não tem futuro na organização. Por mim, a porta é a serventia da casa: rua!
Aborrecem-me ainda duas coisas.
Que o Jorge Jesus acabe por passar incólume entre os pingos da chuva. Como se viu, sem colinho, dos árbitros e do seu conselho de arbitragem, dos jornalistas ou dos cometdaores, é igual aos outros se não pior. Este enredo permite-lhe arranjar as desculpas mais adequadas para ressuscitar noutro clube qualquer, como se a culpa fosse toda do Bruno de Carvalho e ele continuasse a ser o génio da tática.
Que, com este imbróglio, ninguém mais se recorde das vigarices do futebol português, dos emails, aos “vouchers”, convites e toupeiras. Se houvesse vergonha neste país, este campeonato nem se teria iniciado, como o disse aqui e aqui. O Bruno de Carvalho prestou um mau serviço ao Sporting e ao futebol português, ou, pelo menos, a quem pensa que o futebol deve ser jogado dentro das quatro linhas dependendo exclusivamente os resultados dos jogadores, individual e coletivamente.
(*) Designação de um antigo e memorável "sketch" humorístico do Herman José.
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Rui Monteiro
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In hoc signo vinces
Primeiro Sporting, depois Sporting e finalmente Sporting. Incondicionalmente com a equipa por uma equipa incondicionalmente Sporting. Depois acertamos as contas.
Publicada por
Sergio Barroso
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15:21
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Muro das lamentações
«Nos
indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos,
nas épocas, é regra.»
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A. Trindade
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sexta-feira, 6 de abril de 2018
É só fumaça!
Depois do jogo de Braga, o Presidente disse que estava na altura de baixar a cabeça. Os jogadores quiseram-lhe fazer a vontade. Mal começou o jogo, o Coates estava de cabeça tão baixa que nem viu o Diego Costa e passou-lhe a bola. O Diego Costa ainda começou por se atrapalhar com ela mas lá a conseguiu passar ao Koke que, na cara do Rui Patrício, não falhou. Logo a seguir, na sequência de um canto, o Rui Patrício salvou o segundo golo com grande defesa.
Não é nada fácil jogar com a cabeça baixa. Só o Gelson Martins o consegue fazer com algum jeito, mas precisa de alguém com a cabeça levantada para marcar golo. O William Carvalho não sabe e não quer jogar de cabeça baixa e, portanto, começou a levantá-la. Quando fez dois “cabritos” seguidos a dois jogadores do Atlético de Madrid, sendo o segundo com a coxa, pensei que todos iriam levantar a cabeça. Levantaram um pouco a cabeça, mas não levantaram cabelo. Até que o Mathieu de tanto estar com a cabeça baixa, tropeçou na bola e isolou o Griezmann, que acelerou para a área e na cara do Rui Patrício marcou o segundo.
Como o William Carvalho se lesionou e teve de ser substituído ao intervalo, deixámos de ter alguém com a cabeça levantada e que ajudasse os colegas a levantar as suas (deles) cabeças. Foi um autêntico arraso. Nem chegávamos à área do Atlético de Madrid, enquanto o Rui Patrício ia safando tudo e mais um par de botas. Quando menos se esperava, o Montero falhou um golo de baliza aberta para que se cumprisse o destino do Sporting: ser eliminado das competições europeias depois de falhar ou sofrer um golo no último minuto e ficarmos com a sensação que tivemos azar.
Para o Jorge Jesus a diferença entre as duas equipas esteve nos erros que deram origem aos dois golos. Com estas duas exceções, teremos jogado ao mesmo nível do adversário. Espero nunca ver um jogo em que estejamos abaixo do nível do adversário. Em 2010, com o Carlos Carvalhal, empatámos com o Atlético de Madrid a zero, acabando a jogar com nove jogadores e jogando com dez mais de uma hora. A equipa tinha esta constituição: Patrício, Abel, Tonel, Polga, Grimi, Pedro Mendes, Miguel Veloso, Pereirinha, Moutinho, Izmailov e Liedson. Nessa altura, tínhamos a mania que a culpa era sempre do treinador.
(O Presidente voltou a escrever no Facebook e disse umas coisas em direto para CMTV. Há qualquer coisa de Pinheiro de Azevedo nestes comportamentos. Mas mesmo o Pinheiro de Azevedo mandava serenar o povo quando só via fumaça)
Não é nada fácil jogar com a cabeça baixa. Só o Gelson Martins o consegue fazer com algum jeito, mas precisa de alguém com a cabeça levantada para marcar golo. O William Carvalho não sabe e não quer jogar de cabeça baixa e, portanto, começou a levantá-la. Quando fez dois “cabritos” seguidos a dois jogadores do Atlético de Madrid, sendo o segundo com a coxa, pensei que todos iriam levantar a cabeça. Levantaram um pouco a cabeça, mas não levantaram cabelo. Até que o Mathieu de tanto estar com a cabeça baixa, tropeçou na bola e isolou o Griezmann, que acelerou para a área e na cara do Rui Patrício marcou o segundo.
Como o William Carvalho se lesionou e teve de ser substituído ao intervalo, deixámos de ter alguém com a cabeça levantada e que ajudasse os colegas a levantar as suas (deles) cabeças. Foi um autêntico arraso. Nem chegávamos à área do Atlético de Madrid, enquanto o Rui Patrício ia safando tudo e mais um par de botas. Quando menos se esperava, o Montero falhou um golo de baliza aberta para que se cumprisse o destino do Sporting: ser eliminado das competições europeias depois de falhar ou sofrer um golo no último minuto e ficarmos com a sensação que tivemos azar.
Para o Jorge Jesus a diferença entre as duas equipas esteve nos erros que deram origem aos dois golos. Com estas duas exceções, teremos jogado ao mesmo nível do adversário. Espero nunca ver um jogo em que estejamos abaixo do nível do adversário. Em 2010, com o Carlos Carvalhal, empatámos com o Atlético de Madrid a zero, acabando a jogar com nove jogadores e jogando com dez mais de uma hora. A equipa tinha esta constituição: Patrício, Abel, Tonel, Polga, Grimi, Pedro Mendes, Miguel Veloso, Pereirinha, Moutinho, Izmailov e Liedson. Nessa altura, tínhamos a mania que a culpa era sempre do treinador.
(O Presidente voltou a escrever no Facebook e disse umas coisas em direto para CMTV. Há qualquer coisa de Pinheiro de Azevedo nestes comportamentos. Mas mesmo o Pinheiro de Azevedo mandava serenar o povo quando só via fumaça)
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segunda-feira, 2 de abril de 2018
A camisola
Ontem, Domingo de Páscoa, ofereci uma camisola do Sporting ao meu sobrinho, que tem seis anos. Vestiu-a de imediato e foi jogar à bola. Mal fez dois remates, disse-me logo: “Tio, com esta camisola jogo muito melhor!” De facto, com aquela camisola joga-se melhor. Os melhores de Portugal jogaram com ela.
É na camisola, naquilo que representa como passado coletivo e símbolo de milhões de portugueses, que está o segredo para se ser melhor. Não há nenhum treinador que se possa substituir a ela. Sem ela, todos são muito pequenos, mais pequenos do que os pequenos que a vestem porque querem ser tão grandes como os maiores.
É na camisola, naquilo que representa como passado coletivo e símbolo de milhões de portugueses, que está o segredo para se ser melhor. Não há nenhum treinador que se possa substituir a ela. Sem ela, todos são muito pequenos, mais pequenos do que os pequenos que a vestem porque querem ser tão grandes como os maiores.
(Não tenho razões para duvidar do
compromisso dos jogadores para com a camisola que vestem. Se assim não fosse,
não teriam obtido vitórias épicas quando as táticas tinham ido para o galheiro
e só esse compromisso os podia ainda fazer acreditar. Temos um treinador que se
acha maior do que a camisola. É tão, mas tão pequeno que nem chega a perceber o
pequeno que é quando olha para a camisola que os seus jogadores vestem)
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Rui Monteiro
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domingo, 1 de abril de 2018
Palavras para quê?
Não nos damos bem com o descanso. Não é que tenhamos jogado pior do que quando andávamos a jogar de três em três dias. Só que havia desculpa. A equipa jogava mal, mas os jogadores na sua cabeça sempre tinham essa desculpa: o cansaço. A necessidade de superação permanente e as vitórias épicas quando parecia que os sinos dobravam por nós, geravam alguma crença nos jogadores. Com descanso, a equipa continua cansada de não ter ideias, cansada de jogar mal e tudo isso cansa mais do que o cansaço.
Não começámos mal. Pressionámos alto, condicionámos a saída de bola do Braga mas, pouco a pouco, as forças começam sempre a faltar. É nos pequenos detalhes que se começa a ver o cansaço, a bola que se domina mal, o ressalto que se perde, o passe adiantado. De repente, o meio-campo fica perdido, dado que está sempre em inferioridade numérica e mais fica quando se tem a mosca morta do Bryan Ruiz a jogar em “souplesse” a defender e a atacar. Falta intensidade, como agora é moda dizer-se.
Quando qualquer equipa nos começa a empurrar para trás as dificuldades de se chegar à frente multiplicam-se. O Bas Dost fica como polícia-sinaleiro na frente. O Gelson Martins encosta ao lado direito e apoia tanto a defender, para o Piccini encostar mais dentro, que fica cada vez mais longe da frente e se desgasta ainda mais nas sucessivas investidas que tenta. O Acuña passa a preocupar-se quase exclusivamente a fechar o seu lado também. Ficamos à espera que o Bruno Fernandes tire os coelhos da cartola que forem necessários até que num milagre se chegue ao golo.
Por volta da meia-hora, o Braga tinha tomado conta do jogo, embora sem saber bem o que fazer à bola. Como não criavam oportunidades, decidimos criá-las por eles: o Mathieu atrapalhou-se com o Patrício e deixou o Wilson Eduardo com a baliza aberta e, logo a seguir, perante a incompetência do adversário, resolveu enfiar a bola na sua própria baliza. O árbitro e o vídeo-árbitro resolveram embaralharar-se e anularam o golo sem se perceber razão para isso.
Fomos para o intervalo e respirar por uma palhinha e voltámos na mesma. O Braga queria mas não sabia. Nós, simplesmente não podíamos. Tanto não podíamos que o melhor que o Jorge Jesus arranjou foi meter, primeiro, o Rúben Ribeiro no lugar do Acuña e, depois, o Montero no lugar do moribundo Bryan Ruiz. Sublinha-se a sagacidade do treinador tanto nas substituições como nas escolhas no mercado de Inverno. Precisamos sempre de mais e mais jogadores e nunca chegam, como se viu com estes dois emplastros. Preparávamo-nos para nos arrastar até ao final sem honra nem glória ou à espera de um milagre nos descontos. Desta vez correu mal. A equipa saiu para o contra-ataque, perdeu a bola, ficou descompensada, o Piccini tentou evitar o pior, não evitou e ainda arranjou maneira de nos suicidarmos.
A jogar com dez, o Jorge Jesus, ficou sem saber o que fazer e deixou a equipa à deriva durante cerca de dez minutos. Quando ia meter o Ristovski, levámos um golo de bola parada: não ganhámos a bola ao primeiro poste, não ganhámos ao segundo e a bola entrou no meio para onde se tinha desmarcado um central matulão do Braga. Já não entrou o Ristovski e entrou o Wendel, o tal que só vinha aprender para a próxima época, mas a quem, pelos vistos, lhe queriam dar a responsabilidade de ainda procurar salvar esta em quatro minutos. Palavras para quê? As desculpas seguem dentro de momentos e, como sempre, a necessidade de contratar mais jogadores, dado que o génio da tática, como o outro da economia, nunca se engana e raramente tem dúvidas.
Não começámos mal. Pressionámos alto, condicionámos a saída de bola do Braga mas, pouco a pouco, as forças começam sempre a faltar. É nos pequenos detalhes que se começa a ver o cansaço, a bola que se domina mal, o ressalto que se perde, o passe adiantado. De repente, o meio-campo fica perdido, dado que está sempre em inferioridade numérica e mais fica quando se tem a mosca morta do Bryan Ruiz a jogar em “souplesse” a defender e a atacar. Falta intensidade, como agora é moda dizer-se.
Quando qualquer equipa nos começa a empurrar para trás as dificuldades de se chegar à frente multiplicam-se. O Bas Dost fica como polícia-sinaleiro na frente. O Gelson Martins encosta ao lado direito e apoia tanto a defender, para o Piccini encostar mais dentro, que fica cada vez mais longe da frente e se desgasta ainda mais nas sucessivas investidas que tenta. O Acuña passa a preocupar-se quase exclusivamente a fechar o seu lado também. Ficamos à espera que o Bruno Fernandes tire os coelhos da cartola que forem necessários até que num milagre se chegue ao golo.
Por volta da meia-hora, o Braga tinha tomado conta do jogo, embora sem saber bem o que fazer à bola. Como não criavam oportunidades, decidimos criá-las por eles: o Mathieu atrapalhou-se com o Patrício e deixou o Wilson Eduardo com a baliza aberta e, logo a seguir, perante a incompetência do adversário, resolveu enfiar a bola na sua própria baliza. O árbitro e o vídeo-árbitro resolveram embaralharar-se e anularam o golo sem se perceber razão para isso.
Fomos para o intervalo e respirar por uma palhinha e voltámos na mesma. O Braga queria mas não sabia. Nós, simplesmente não podíamos. Tanto não podíamos que o melhor que o Jorge Jesus arranjou foi meter, primeiro, o Rúben Ribeiro no lugar do Acuña e, depois, o Montero no lugar do moribundo Bryan Ruiz. Sublinha-se a sagacidade do treinador tanto nas substituições como nas escolhas no mercado de Inverno. Precisamos sempre de mais e mais jogadores e nunca chegam, como se viu com estes dois emplastros. Preparávamo-nos para nos arrastar até ao final sem honra nem glória ou à espera de um milagre nos descontos. Desta vez correu mal. A equipa saiu para o contra-ataque, perdeu a bola, ficou descompensada, o Piccini tentou evitar o pior, não evitou e ainda arranjou maneira de nos suicidarmos.
A jogar com dez, o Jorge Jesus, ficou sem saber o que fazer e deixou a equipa à deriva durante cerca de dez minutos. Quando ia meter o Ristovski, levámos um golo de bola parada: não ganhámos a bola ao primeiro poste, não ganhámos ao segundo e a bola entrou no meio para onde se tinha desmarcado um central matulão do Braga. Já não entrou o Ristovski e entrou o Wendel, o tal que só vinha aprender para a próxima época, mas a quem, pelos vistos, lhe queriam dar a responsabilidade de ainda procurar salvar esta em quatro minutos. Palavras para quê? As desculpas seguem dentro de momentos e, como sempre, a necessidade de contratar mais jogadores, dado que o génio da tática, como o outro da economia, nunca se engana e raramente tem dúvidas.
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Rui Monteiro
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