terça-feira, 31 de março de 2015

VEM

Quando o tédio é muito, até ver Portugal contra Cabo Verde pode ser uma boa forma de o matar. O jogo foi muito revelador. Foi tão revelador que percebi o alcance do programa VEM lançado recentemente pelo governo.

Mesmo sem o VEM, já o Fernando Santos tinha vindo. Com o VEM, o Rui Águas virá mais depressa do que ele próprio esperava.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Seleção nacional

Tenho as mais sérias dúvidas sobre o interesse desportivo das competições das seleções nacionais de futebol. O que não tenho dúvidas nenhumas é sobre o interesse das fases de apuramento. Cada vez são mais as seleções que passam à fase final. A fase final dessas competições transformaram-se em grandes empreendimentos comerciais.

Ontem, acordei cedo e fui fazer uma caminhada nas terras de Basto. Cheguei a casa cansado. Ainda tentei ver o jogo da nossa seleção contra a Sérvia. Começámos praticamente a ganhar. Se o jogo já tinha todas as condições para ser uma chatice, então, depois do golo, tornou-se completamente sonolento. Dormitei o tempo todo. Ainda entreabri os olhos para ver um ou outro lance.

O golo do Matic acordou-me definitivamente. Grande mérito do Matic que apanhou o Eliseu a dormir. Logo a seguir fizemos a única jogada decente e marcámos o segundo golo. Ainda me mantive acordado mais uns minutos. Mas vi logo o que é que o jogo ia dar. Continuei a dormitar. Só entreabri novamente os olhos para confirmar o resultado final.

O Fernando Santos é especialista neste tipo de apuramentos. Nada de entusiasmos. Jogam sempre os mesmos. De preferência os mais maduros. No fim, com sangue suor e lágrimas, lá se consegue o apuramento. Na fase final segue-se mais do mesmo. Não acontece nenhum desastre, mas também ninguém se chega a empolgar. Acaba a competição e renova para a próxima e assim sucessivamente até a malta se aborrecer em definitivo.

terça-feira, 24 de março de 2015

A normalidade e o campeonato

A nossa classificação reflete erros próprios. Demorámos uma eternidade para encontrar uma dupla de centrais decente. Empatámos uns jogos em casa que não lembram ao menino jesus. Entusiasmámo-nos nas competições europeias e não fizemos a necessária gestão da equipa. Muitos erros podem ser apontados.

Agora, os nossos principais adversários não têm um percurso isento de erros. Só que, em certas circunstâncias, acabou sempre alguém por os salvar e, noutras, por não os enterrar. Esta dualidade é completamente visível no que ao Benfica diz respeito. O Benfica tem uma equipa que não é brilhante, destacam-se dois ou três jogadores, jogou mal em muitos jogos e, apesar disso tudo, lá foi somando os pontinhos do costume.

Num campeonato normal não estaríamos a nove pontos do primeiro. Estaríamos provavelmente a seis. E esse primeiro não seria o Benfica. Nos jogos disputados com os principais adversários, só o Porto, e por uma vez, demonstrou que era melhor equipa do que a nossa. É neste contexto também que temos de avaliar o atual desempenho do Sporting.

domingo, 22 de março de 2015

Contas saldadas

Havia umas contas para resolver com o Guimarães. O jogo da primeira volta ainda não estava completamente digerido. Aviámo-los na Taça da Liga com uma equipa de miúdos. Mas era pouco. Era preciso resolver estas contas em definitivo. As contas estão saldadas e não se fala mais nisto. Na próxima época há mais.

O jogo começou meio repartido. O Guimarães até aparecia mais no nosso meio-campo. Só que o Guimarães não deixa de ser a típica equipa portuguesa: com a bola nos pés fica sem a noção de onde fica a baliza. Na primeira oportunidade, grande cruzamento de Carrillo e cabeceamento do João Mário para o fundo da baliza. O último golo que o João Mário marcou de cabeça foi com o ombro. Há uma melhoria que se assinala.

O jogo ficou decidido. O Guimarães não tem capacidade para assumir as despesas de um jogo e jogar em ataque continuado. Era uma questão de tempo para aparecerem mais golos. O segundo resultou de uma remate espantoso do Miguel Lopes à barra, seguido de uma defesa ainda mais espantosa do guarda-redes depois de uma remate do Nani que, após um bom passe do João Mário, rematou mais uma vez, tendo um defesa cortado a bola com o braço. O penalty é dos modernos. Fico sempre na dúvida. É daqueles que os árbitros marcam conforme lhes dá na real gana. O Adrien fez o serviço de costume. Há quem goste e quem não goste do Adrien. As opiniões são irreconciliáveis. Só há consenso sobre a competência do rapaz para marcar penalties.

O terceiro resultou de uma jogada notável do Miguel Lopes que, depois de ganhar a linha, centrou para o sítio certo e com velocidade adequada, permitindo o golo de cabeça do costume do Slimani. Sempre que alguém contraria o Princípio da Incerteza de Heisenberg e a bola vai para a cabeça do Slimani o resultado é sempre o mesmo.

Na segunda parte havia duas hipóteses. Ou a rapaziada do Sporting se enchia de brios e tentava a goleada ou, então, fazia o que fez, deixava correr o marfim, enquanto o Guimarães fazia de contas que ainda estava a disputar o jogo. A segunda hipótese era a mais plausível. A rapaziada do Sporting está em modo de fim-de-época e, portanto, está toda a pensar se o Jorge Mendes ou outro do género lhe arranja qualquer coisa. Se o Rojo foi para o Manchester, qualquer outro jogador tem aspirações a chegar ao Barcelona, ao Bayern ou ao Real Madrid.

Assim, a segunda parte foi uma seca. Andámos a fazer de contas que estávamos a jogar. O Guimarães cumpriu a sua parte também, fazendo de conta que também estava a tentar fazer alguma coisa. Só houve dois momentos. O penalty, resultante de uma trapalhice do Mané e do defesa do Guimarães. Mais uma vez, tenho as minhas dúvidas sobre a decisão. O Nani pediu para marcar e marcou bem. O golo deve servir para uma estatística qualquer que lhe permita regressar ao campeonato inglês ou a qualquer outro onde se jogue, de facto, à bola. O golo do Guimarães. Não tem mal nenhum sofrermos uns golos de vez em quando. Devíamos era evitar sofrer golos ridículos.

Este jogo não deu para tirar grandes conclusões. O Miguel Lopes esteve bem. Esteve nos três primeiros golos. Parece mais lúcido que o Cédric, que põe os olhos no chão e corre como se não houvesse amanhã. O Ewerton esteve bem também. O William Carvalho esteve ao seu nível. É aproveitar que, ou muito me engano, ou, para o ano, estará noutro lado qualquer. O Adrien atrapalhou sempre que teve oportunidade. O Nani não esteve brilhante. O Carrilo esteve intermitente. Agora, no primeiro golo, fez um cruzamento só alcance dos predestinados. O Slimani esteve lá para fazer os estragos do costume. Agora, neste jogo, contrariamente a outros, cada vez que o cântaro ia à fonte ficava lá sempre a asa (esta “punch line” está ao nível de um acórdão de um tribunal superior em qualquer lado do Mundo).

(O árbitro mostrou amarelos como se estivéssemos em presença de uma batalha campal. O segundo amarelo ao Paulo Oliveira e o do Mané são ridículos)

sábado, 21 de março de 2015

Mais ou menos um

Jogar contra onze é mais difícil do que jogar contra dez. Pelas mesmas razões, jogar com dez é mais difícil do que jogar com onze. Daqui se conclui que, mesmo por pouco tempo, mais ou menos um pode fazer a diferença. O Benfica sabia isso, mas não o valorizava devidamente. Hoje, valorizará muito mais.

quarta-feira, 18 de março de 2015

O feito estava feito

Depois de ler o “post” de ontem, o meu amigo Júlio Pereira chamou-me à atenção para a injustiça que estava a cometer. Na época de 2009/2010 o Benfica jogou 17 jogos contra dez num total de 30 partidas para o campeonato. Nessa época disputaram-se 480 jogos com 86 expulsões, o que dá uma média de expulsões por jogo de aproximadamente 18%.

A probabilidade de ocorrência desta série de jogos a jogar contra dez é de aproximadamente 0,0002%. Não vale a pena fazer aqui os cálculos. Em 2009/2010, eram necessários cerca de 1,7 jogos para haver uma expulsão dos adversários do Benfica. Esta época, este rácio vai em 2,3 jogos. É uma diferença significativa, apara além do facto de nessa época a probabilidade de ocorrerem expulsões ser também menor (18% contra 21%).

Matematicamente ainda é possível bater o recorde da época 2009/2010? Claro que sim. Era necessário que se registassem mais dez expulsões nos nove jogos que faltam. Não basta uma expulsão por jogo. São necessárias 1,1 expulsões por jogo.

É necessário continuar a tentar, jogo a jogo, até ao final da época. Mas não quero gerar falsas expetativas. Não me parece que seja possível bater recorde de 2009/2010. Outras épocas virão. Outras tentativas se irão fazer. Não tenho nenhumas dúvidas quanto a isso.

terça-feira, 17 de março de 2015

O Benfica contra as estatísticas

O facto de o Benfica jogar sistematicamente contra dez tem-me deixado intrigado. Lancei o desafio à minha filha de calcular a probabilidade de tal acontecer. A minha filha disse-me que isso se resolvia com uma distribuição binomial e mandou-me à fava. Tive que voltar aos livros de estatística.

No campeonato, até ao momento, registaram-se 98 expulsões em 450 jogos. Admitindo alguns pressupostos simplificadores, como a existência de uma só expulsão por jogo, determinando uma probabilidade de ocorrência de aproximadamente 21%, e de, nos jogos contra o Benfica, as expulsões serem sempre da equipa adversária (o que corresponde praticamente à verdade), verifica-se que a probabilidade de o Benfica jogar contra dez em 11 dos 25 jogos disputados é dada pela seguinte expressão:

[25!/(11!x14!)]x0,21^11x0,79^14 

O resultado é o que esperava. Nada mais, nada menos do que 0,75%. Isto é, a probabilidade não chega a 1%.

Os grandes feitos da humanidade fizeram-se contra todas as estatísticas. Amundsen descobriu o Polo Sul e regressou para contar a história contra todas as probabilidades. Cavaco Silva foi dez anos Primeiro-ministro e dez anos Presidente da República quando a única coisa que desejava era fazer a rodagem de um Citroen até à Figueira da Foz.

Os benfiquistas, e com toda a razão, estão orgulhosos da sua história. Estão orgulhosos do belíssimo campeonato que estão a fazer. Mas o grande feito, aquele que fica para a história da humanidade, é jogar 11 em 25 jogos contra dez. Ninguém no Mundo os igualou ou igualará. Eu, como português, estou orgulhoso também.

domingo, 15 de março de 2015

O Sporting, o Marítimo e o Comissário Maigret

Georges Simenon coloca Maigret, no seu primeiro caso, a tentar desvendar um homicídio há muito ocorrido e que tinha sido dado como encerrado no 36, quai des Orfèvres. Sempre empenhado e sagaz o futuro comissário é chamado ao seu superior que lhe transmite que a descoberta do suposto homicida não interessa a ninguém; nem ao morto interessa.

Pelos vistos, este jogo contra o Marítimo também não interessava a ninguém. O interesse em participar na Liga Europa é pouco ou nenhum. Para a maior parte das equipas, como o Marítimo, é uma ruína. O Sporting precisava de ganhar por dever de ofício. Depois do golo, o resultado passou a interessar a ambas as equipas. O tempo, solarengo, também convidava a alguma preguiça. O comentador da SportTV era o único que mostrava ansiedade com o desenrolar do jogo. Por ele, aquilo não ficava assim.

Não há muito a registar, portanto. Grande defesa do Patrício na única oportunidade de golo do Marítimo. O João Mário faz tudo bem menos rematar à baliza. O Nani deu um nó no defesa direito que o deixou a coxear. O Rosell não é o William Carvalho, mas, hoje, deu para disfarçar. O Adrien fez uma coisa bem feita. Aliás, a única coisa que sabe fazer bem, que é marcar penalties. Não desgostei do Ewerton. Não parece ainda em forma, mas, na parte final, quando o Marítimo decidiu jogar à biqueirada para a frente, limpou tudo o que havia para limpar.


(Os treinadores costumam divulgar com antecedência o onze titular. Contra o Benfica, devem começar a divulgar não o onze mas o dez titular. Ninguém tem dúvidas que dão ordens explícitas a um dos seus jogadores para arranjar maneira de ser expulso. Depois do meu último “post” e dos comentários que recebi, só se pode entender esta sequência de jogos a jogar contra dez desta forma)

sábado, 14 de março de 2015

Um cisne negro que parece mas não é

Os cisnes negros, para Nassim Taleb, são fenómenos completamente imprevisíveis. A probabilidade de ocorrência não é possível de determinar, porque não existe inferência estatística que nos proteja do que não conhecemos, mas que pode sempre existir ou acontecer.

Jogar contra dez, de acordo com os dados disponíveis, não é um acontecimento altamente provável. No entanto, existe uma probabilidade não negligenciável. Jogar sistematicamente contra dez, é altamente improvável, mas, mesmo assim, previsível. Só que a probabilidade de ocorrência é praticamente nula. Não é, pois, um cisne negro.

Hoje o Benfica jogou contra dez outra vez. A probabilidade de ocorrer neste jogo não era negligenciável. A probabilidade de ocorrer depois de todas as outros jogos a jogar contra dez era praticamente nula. Só que os acontecimentos deste tipo não se devem ao acaso. Aliás, nada é deixado ao acaso.

terça-feira, 10 de março de 2015

Um mau filme

Este jogo contra o Penafiel teve tudo o que costuma ter um mau filme. O argumento foi péssimo, os atores deploráveis, os realizadores piores do que maus.

Quando cheguei ao Flávio, estávamos a ganhar por dois a uma e a jogar com menos um. O Tobias Figueiredo foi um passarinho. Bastava ter acompanhado o tal de Guedes. Esse rapaz arranjaria sempre maneira de não marcar golo. Aliás, o Sarr, no jogo em Penafiel, depois de uma barracada monumental, em que deixou a bola passar-lhe por cima, limitou-se a pressionar o rapaz e ele acabou em desespero por nos ganhar um pontapé de baliza. Mas adiante.

Depois da expulsão o Marcos Silva ficou hesitante. A ideia de recuar o William Carvalho, contra uma equipa como a do Penafiel, não é má. Só o é porque entrega a cobertura defensiva do meio-campo ao Adrien. O Adrien consegue sempre a proeza de não estar no sítio certo quando é preciso. Levámos o empate depois de uma carambola na nossa área e no segundo remate à nossa baliza.

O Marcos Silva demorou a aprender, mas a muito custo lá tirou o inútil do Adrien. A equipa ganhou algum controlo de jogo e procurou pressionar mais à frente. Só que não havia velocidade. Muita troca de bola, mas pouca agressividade e vontade de marcar. Sai o Mané e entra o Carrillo. A substituição habitual. O Carrillo tira da manga um cruzamento notável para a entrada do Nani que, de cabeça, coloca-nos na frente.

O jogo estava arrumado e ainda mais arrumado ficou com a expulsão do lateral direito do Penafiel. Há um grande erro nessa expulsão. Esse jogador devia ter sido expulso quarenta minutos antes. Quando leva o primeiro amarelo, devia estar a levar o segundo. Na segunda parte corta um lance com o braço com o árbitro a fazer de conta que não viu.

Mas o pior estava para vir. A minuto e meio do fim, com o Penafiel a jogar com nove, o pateta do João Mário, em vez de segurar a bola e a trocar com os seus colegas, resolve fazer um remate à baliza de fora da área. Pontapé de baliza, disputa de bola entre um jogador do Sporting e outro do Penafiel, livre contra o Sporting, biqueirada para dentro da área, o ai-jesus do costume e por pouco o Penafiel não empatou. Valeu-nos São Patrício.

A insistência no Adrien, associada ao desplante de tentar marcar um golo de calcanhar, o remate disparatado do João Mário, que ainda sorriu, leva-me cada vez mais a pensar que o Marco Silva não tem mão no balneário. Jogam os que jogam porque são eles que fazem a equipa. Uma asneira como a do João Mário devia dar direito a banco no próximo jogo. O Adrien há muito que devia estar no banco também. Não há competitividade na equipa. Jogam sempre os mesmos, independentemente do momento de forma. A equipa arrasta-se cada vez mais e falta ânimo.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Será que perdi algo relevante?

Ao longo dos últimos dias afazeres profissionais têm-me impedido de ver os jogos do Sporting. Parece que não tenho perdido nada.

Ao ver os resumos e ao ler o que se vai escrevendo pelos blogs parece-me claro que aquele golo no último minuto contra o Benfica afectou muito a equipa, que quis responder com o Wolfsburgo mas não conseguiu. Não era o adversário mais fácil para o fazer.

Também me parece que o Porto não está para brincadeiras na Liga, algo que nós pagámos bem caro, já que andámos a brincar na Liga Europa e não tínhamos pernas nem motivação para a Liga. Já a Liga continua a brincar com quem paga bilhete e investe no futebol. Já não interessa muito ao Sporting, mas o que se está a passar este ano é uma farsa.

Posto isto importa focar os jogadores na extrema necessidade de ficar em 3º - hoje temos um jogo decisivo - e continuar a querer ganhar a Taça. Talvez o único ponto positivo dos últimos dias tenha sido mesmo o empate conseguido contra um Nacional moralizado e um Xistra também em boa forma. (Por falar em boa forma, diz que o Capela ontem esteve em grande... estou desejoso do ver num jogo nosso!)

SL

domingo, 8 de março de 2015

Benfica sim, Benfica não

Parabéns ao Nélson Évora. Grande marca e título de Campeão Europeu do triplo salto em pista coberta. Só um grande campeão é que continua a fazer grandes marcas e a ganhar títulos, depois de tudo o que tem passado com as lesões.

O Benfica continua a ganhar contra dez. O recorde, tanto quanto recordo, pertence-lhes desde a época 2009-2010. Estão embalados para conseguirem uma grande marca e mais um título. Só que jogar contra dez não depende do Benfica. Depende da equipa adversária e dos árbitros. Inclino-me mais para o facto de os jogadores das equipas adversárias jogarem de forma diferente contra o Benfica com a intenção, mais ou menos manifesta, de serem expulsos.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Desorientação Profissional



Ontem, mais uma vez, não consegui ver o jogo. Desta vez foi uma pequena palestra sobre vocação e orientação profissional. Quando cheguei a casa vi o resumo do jogo. Somando os resultados das duas experiências dessa noite, daquilo que me foi dado a ver e a ouvir posso concluir que alguns profissionais do Sporting precisam de uma urgente reflexão sobre as suas verdadeiras vocações e orientações profissionais.

segunda-feira, 2 de março de 2015

A gestão da equipa

Na época passada, o Leonardo Jardim pegou nos cacos que lhe tinha deixado e construiu uma equipa. Inventou jogadores, como o William Carvalho, ensinou a equipa a defender (de repente, o Maurício e o Rojo pareciam muito melhores do que eram) e cultivou o cinismo.

Por muito bem arranjadinha que a equipa estivesse, o plantel era curto. O abaixamento de forma de um ou outro jogador e os castigos deixavam-nos à beira do inconseguimento, como diria a nossa Presidente da Assembleia da República. À falta de melhor, até o Magrão e o Vítor entravam nas contas.

O Leonardo Jardim foi-se embora e deixou-nos um onze base formado. O Marco Silva, que não tem nada de estúpido, aproveitou. Entretanto, fizeram-se umas tantas contratações de qualidade duvidosa. A maior parte, eram mais jovens promessas do que jogadores feitos. As alternativas ao onze base não continuavam a ser muitas. Pelo caminho, o centro da defesa desfez-se e foi preciso inventar outro.

Com o Marco Silva a equipa joga melhor, mas desgasta-se mais. A este desgaste, resultante do modelo de jogo adotado, junta-se o que resulta da participação nas competições europeias e de uma participação na Taça de Portugal mais bem-sucedida. Impunha-se ir encontrando alternativas ao onze base para gerir melhor os momentos de forma e os castigos.

É verdade que as contratações não foram um primor. Não existem alternativas aos magotes. Mas há algumas: o Wallyson, o Gauld, o Geraldes, o Tanaka, o Miguel Lopes (pior que o Jonathan não faria de certeza absoluta), o André Martins. O Marco Silva não tem grandes alternativas, não tem jogadores para um plano B. Mas tem algumas, que permitiriam gerir melhor a equipa.

domingo, 1 de março de 2015

Colapso

Perdeu-se este jogo contra o Porto muito antes de se ter iniciado. O que esperava aconteceu: a equipa estoirou fisicamente. Quando não há rotatividade na equipa e se joga contra o Wolfsburg, um jogo a feijões, como se se estivesse a jogar uma final, cerca de setenta e duas horas depois não se pode esperar muito. Faltou definição de prioridades e, portanto, faltou planeamento.

Tirando o William Carvalho e o João Mário, que também estoirou na segunda parte, do meio-campo para a frente estava tudo morto. Quase todos por cansaço; o Montero porque já entra morto para dentro de campo. Os laterais não estavam melhor. O Cédric, que passou o jogo todo contra o Wolfsburg, a fazer sprints atrás de sprints, hoje nem se conseguia mexer. O Jonathan não se consegue mexer sejam quais forem as circunstâncias. Reage sempre tarde e a más horas, não consegue mudar de velocidade e, cerca da meia hora, bastava olhar-lhe para a cara para se ver que estava em risco de apoplexia. Aliás, a única dúvida é se era ele ou o Adrien a cair fulminado no campo primeiro.

Ainda aguentámos vinte minutos a pressionar o ponto mais fraco do Porto, que é a saída de bola da defesa para o ataque. Alguns daqueles rapazes são uns autênticos passarinhos. É só esperar que façam asneira. Ainda fizeram uma ou duas. Mas, a partir desses vinte minutos, deixámos simplesmente de ter qualquer tipo de capacidade de pressionar a saída da bola.

A diferença de velocidade e de ritmo de jogo era por demais evidente. Ninguém ganhava um ressalto, uma bola dividida. O Porto, mal ganhava a bola, tinha autênticas avenidas para correr com ela. Foram três, mas podiam ter sido mais. A rapaziada do Porto ainda foi dada a cerimónias. 

Agora vem a meia-final da Taça de Portugal. Voltamos a jogar cerca de setenta e duas horas depois de mais um jogo difícil e intenso. A equipa, que não estava bem fisicamente, ainda piorou animicamente. O Marco Silva corre o risco de deitar a perder toda uma época em menos de uma semana.