quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Capel(a)

Nunca tantos dependeram tanto de uma só vogal. Se é verdade que o Capel desequilibra muito o jogo a favor da sua equipa; também não é menos verdade que o Capela desequilibra muito mais.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pedro Henriques e os Gato Fedorento

Mal acabou o Benfica-Sporting, iniciou-se, de imediato, o processo de condicionamento da opinião pública. Todos os canais informativos tinham preparado programas de debate sobre o jogo. Tivemos benfiquistas na qualidade de simples adeptos. Tivemos benfiquistas na qualidade de especialistas em questões técnico-tácticas e de arbitragem. Tivemos benfiquistas na qualidade de jornalistas. Também sempre aparece nestas alturas um ou outro sportinguista a fazer papel de idiota útil.

Mas o que mais me impressionou foi um comentário do Pedro Henriques. Para ele, o “agarranço” do Jardel ao Onyewu foi um “penalty de televisão”. Este tipo inovador de penalties caracteriza-se pelo facto de só ser visível pela televisão. A realidade não é para aqui chamada, pelos vistos. É que as imagens demonstram que o árbitro estava exactamente a olhar para o local onde a falta ocorreu. Também não nos esclareceu porque é que essas faltas são marcadas de quando em vez, sempre em benefício dos mesmos.

Parafraseando a rábula dos Gato Fedorento a propósito das posições de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o referendo à lei do aborto, Pedro Henriques é contra a liberalização do “agarranço” dos adversários dentro de área, mas, simultaneamente, é a favor da despenalização dos defesas que assim procedem.

sábado, 26 de novembro de 2011

Há dias que não são dias

O jogo começou com o rapaz Capela ao ataque. Boas combinações com os rebolanços e ares doridos dos jogadores do Benfica. Muito melhor nesta fase do que na segunda parte. Aí resolveu trocar um penalty por uma expulsão. Nada mau, apesar de tudo. Podia ter trocado o penalty por coisa nenhuma, como o costume.

O Sporting jogou bem. O que é se pode dizer mais? Atacámos, criámos oportunidades, rematámos, só que a bola não entrou. Há dias assim. Há dias que não são dias de ganhar.

O Domingos esteve bem. A melhor maneira de jogar contra o Benfica é apostar tudo nos matraquilhos que têm cá atrás. Apostando tudo neles, a bola não sai como deve. Um pouco pior na entrada do André Santos. Quando precisávamos de alguém que jogasse depressa e com assertividade, as coisas emperraram. Fez-nos falta o Rinaudo.

Podiam era dispensar-nos dos comentários do Freitas Lobo e do Miguel Prates. Tudo o que é de mais é doença. O Miguel Prates é como se estivesse a jogar com a camisola vestida. O Freitas Lobo é ou porque está ressabiado com alguma coisa ou porque quando vê o Onyewu desata a salivar. Talvez não seja má ideia continuar o boicote à SporTv da última conferência de imprensa.

Quando acabou o jogo, os jogadores e treinadores do Benfica festejaram como se tivessem ganho a Liga dos Campeões; como os percebo muito bem. Mas não ganharam. Ganharam um só jogo, que estiverem sempre mais próximos de perder. Em Alvalade esperamos por eles.

Os Cisnes Negros do Benfica-Sporting

Antes de iniciar, o Benfica-Sporting joga-se na Curva de Gauss. Lá, a vitória do Sporting fica a um canto, numa das abas do sino. Depois de iniciar, joga-se no campo. Tudo o que sabemos até aí, deixa de ser importante. O que se passar, passar-se-á independentemente do que pensamos que sabemos sobre o que se vai passar.

Só é preciso não ter medo, nem de ganhar, nem de perder. Tudo o resto é de uma imprevisibilidade irredutível. A história faz-se aos ziguezagues. O seu curso muda, exactamente, porque o que se não previu acontece.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um Líder com problemas de comunicação...

“Com a saída do Villas Boas, é preciso reforçar a aposta no Vítor Pereira” – escreveu o Grande Líder no seu tom oracular. Mas o Antero não entendeu bem a bula e foi o que se viu. Como diz o bom povo, para mau entendedor, meia pala basta.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Self-fulfilling prophecy

A época seguinte aquela em que o Peseiro perdeu tudo o que tinha a perder numa semana começou muito mal. No jogo que precedeu o seu despedimento, que por arrastamento deu origem à demissão do Dias da Cunha, os jogadores já tinham atirado a toalha ao chão. Simplesmente, não acreditavam no treinador e anteciparam uma inevitabilidade: o seu despedimento.

Quando assim acontece, não há muito a fazer. Os jogadores passam a acreditar que com aquele treinador não vão lá e essa é uma profecia que se auto-realiza. Não acreditam, não se empenham devidamente, não fazem o que lhes é pedido, interpretam qualquer contrariedade durante os jogos como a confirmação dessa sua profecia.

O Porto encontra-se na mesma situação. Podem sempre tentar encontrar umas tantas maçãs podres, mas as condições que levam ao fracasso estão instaladas, e quanto a isso pouco há a fazer. Estão a demorar a decidir mais do que devem. Pode ser que o Sporting aproveite.

domingo, 20 de novembro de 2011

Adolescência e existencialismo na vitória contra o Braga

A minha filha fazia anos hoje. Passei o fim-de-semana com ela e mais doze adolescentes numa aldeia, em Cabeceiras de Basto. Não tive tempo para quase nada a não ser para transportar pizzas, rissóis, batatas fritas e garrafas de Coca-Cola. Quando cheguei a Braga, tinha uma “reprise” à espera, agora com a família.

Quando tudo acabou é que pude ir ver o resto do jogo contra o Braga ao café. Estava quase tudo resolvido. Ganhávamos por dois zero e o Braga estava com menos um jogador. Nada se passou de especial durante os trinta minutos que vi. Muitos ataques mal finalizados por nós; havia sempre alguém que demorava mais tempo a passar a bola do que devia ou a passava mal. Um ou outro contra-ataque do Braga, mais por dever de ofício do que por qualquer outra razão.

Mesmo assim, nunca me canso de ver o entusiasmo adolescente que o Polga coloca nas suas arrancadas para a área contrária nos lances de bola parada. Movimenta-se, desmarca-se e chega mesmo a pedir a bola aos colegas. A minha experiência deste fim-de-semana diz-me que a adolescência perturba muito os adultos, sejam eles os defesas ou os pais da aniversariante.

A entrada do Nuno Gomes é sempre um momento empolgante também. Os treinadores, o Leonardo Jardim e todos os outros anteriores, quando o metem nestas alturas esperam sempre o grande salto em frente. Como na República Popular da China, nunca acontece, mas dá origem a um intenso debate intelectual. Não temos o Jean-Paul Sartre, mas o Freitas Lobo ou o João Rosado disfarçam bem.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tempo Extra – Pergunta da Semana

"Se o Sporting tratou de arranjar os jogadores e o treinador, se o Benfica tratou de arranjar um campo onde portugueses e bósnios coubessem à larga, quem é que ontem se esqueceu de tratar do árbitro?"

Demasiado Sporting para a Bósnia

Os bósnios resistiram a quase tudo. Ao primeiro “scud” do Ronaldo. Ao segundo “scud” do Nani. À correria estonteante do Ronaldo. À estúpida expulsão de um seu jogador. Mas quando sofreram um golo do Postiga foram-se a abaixo. Não sei se a Bósnia recuperará alguma vez de um trauma destes.

Quanto ao resto, foi Sporting a mais e Bósnia a menos. A nove dos catorze jogadores utilizados pela selecção - Patrício, João Pereira, Miguel Veloso, Moutinho, Ronaldo, Nani, Postiga, Carlos Martins e Quaresma - une-os um só clube: o Sporting. As coisas chegaram a um tal extremo, que foi preciso que nós transformássemos uma abóbora numa abóbora com rodas para que a selecção pudesse dispor de uma avançado-centro.

Como acontece sempre nestas alturas, o país reviu-se em nós, e nós, por momentos, fomos o país.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Treinador & os Bons Conselhos (*)

Nasrudin começou a construir uma casa. Os seus amigos "Shadi" Freitas Lobo, "Abdul" Luís Campos e "Gamal" Rui Santos rodearam-no de bons conselhos. Nasrudin estava radiante. Um após outro, e às vezes todos juntos, os amigos disseram-lhe o que fazer. Nasrudin seguia docilmente as instruções que cada um lhe dava.


Porém, quando terminou, aquilo não se parecia em nada com uma casa.- Que curioso! - disse Nasrudin para os seus amigos – e, contudo, eu fiz exactamente aquilo que cada um de vocês me tinha dito para fazer!

(*) Adaptada de Nasrudin e os Bons Conselhos

domingo, 13 de novembro de 2011

Um Domingo a malhar no Benfica

Não sou o Santos Silva do Sporting, mas se há coisa que gosto é de malhar no Benfica. Mais do que malhar no Benfica, gosto de nos ver, em qualquer modalidade, a malhar neles.

Demos-lhes 26-17 em andebol. Marcaram 9 golos na primeira e 8 golos na segunda parte, apesar de termos facilitado um pouco no final. A nossa defesa transformou-se numa autêntica parede. Mesmo quando era furada, lá estava o Hugo Figueira.

Os comentários, embora não atingindo o fanatismo do futebol, foram os do costume. Para os comentadores só estava a jogar uma equipa: o Benfica. O resultado foi só demérito deles. Em nenhum momento, se lembraram que do outro lado estava uma equipa que lhes foi muito superior. Essa foi tão-só a causa da desgraça.

sábado, 12 de novembro de 2011

Boquiaberto de boca aberta

Tinha uma consulta marcada no dentista às 19.00h. Tinha-me esquecido das quatro últimas consultas. Costumam-me ligar do consultório no próprio dia para não me esquecer. Desta vez ligaram-me duas vezes: de manhã e uma hora antes da consulta. Desta vez não podia faltar.

Não falhei a consulta; falhei o jogo da selecção. Mesmo assim, o Nuno ainda me ligou a televisão no consultório para que pudesse ver o jogo enquanto me esburacava um dente. Vi pouco, mas vi o suficiente. A um dado momento, na primeira parte, um cruzamento do lado direito ia deixar o Moutinho em posição de rematar sem oposição e com grandes possibilidades de marcar golo. Eis se não quando, surge o Postiga e se intromete, tentando um pontapé de bicicleta. Aliviou a bola e evitou um golo à Bósnia.

Se já não estivesse de boca aberta ainda teria ficado mais boquiaberto. Senti um misto de sentimentos: nostalgia, por um lado, e alívio, por outro. Nostalgia, porque tinha saudades de ver o estarola do Postiga a jogar e de escrever sobre ele. Alívio, porque nunca mais teremos de o suportar no Sporting.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Terapia Motivacional para Hoje & Amanhã…


- Hoje em Angola- “Humilhação não é levar um pontapé: é merecê-lo...” (J. Verdoevem)

- Amanhã em Portugal - “Humilhação é o estágio de um Vencedor!” (Paulo Lutzoff)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vendendo pechisbeque aos Beduínos

Tão interessantes como os jogos são as narrativas que se constroem a partir deles. O Manuel Cajuda, um autêntico Oliveira da Figueira do futebol português, decretou solenemente no final que a União de Leiria tinha realizado um grande jogo. A parte das forças ocultas que tinha impedido a vitória foi desmentida pelos factos, mas a estória do grande jogo do Leiria ficou.

Aqui, ninguém se lembrou de analisar os factos. O Sporting jogou nas piores circunstâncias possíveis. A defesa é mais do que uma defesa de recurso. Qualquer equipa com aquela defesa do meio da tabela para baixo descia sempre de divisão. O meio campo estava em testes. À falta de melhor, jogou o Pereirinha (sim, o Pereirinha) no ataque. O Capel jogou com a junta da colaça queimada. Fisicamente, depois de um jogo a menos de três dias, a equipa estava de rastos.

No meio desta desgraça toda, o Leiria só conseguiu criar uma única oportunidade de golo. Atenção: o golo não é uma oportunidade é um auto-golo. Para a troca, sofreram três golos; no segundo com o Matias a desfazer-se. Se isto é um grande jogo, então, o do Sporting está para o futebol como a estátua de David está para as artes plásticas.

domingo, 6 de novembro de 2011

Domingos, o sobrevivente

É preciso urgentemente voltar a atarraxar as peças dos jogadores que não jogaram. Provavelmente, vai ser preciso atarraxar também as de alguns que jogaram hoje. A equipa está a desfazer-se.

Não fiquei a saber muito bem qual era o júnior da defesa. Parecia, toda ela, uma defesa de juniores, tal a tremedeira. O meio-campo já tinha entregue a alma ao criador ainda faltava mais de meia-hora para acabar o jogo. Salvou-se o Elias. Foi o único com fibra para os calmeirões do Leiria.

O Domingos fez tudo bem. Dos que sobravam, arranjou os melhores. Colocou o Pereirinha a jogar de início, para ter o Carrillo no banco como alternativa, caso fosse necessário agitar o jogo. Quando as coisas se começaram a complicar e ninguém se conseguia mexer, tirou o Capel, que estava naqueles jogos que nem para trás nem para a frente lhe saía nada de jeito. O André Santos entrou naquele seu jeito a correr em bicos-de-pés, saltando de nenúfar em nenúfar. Quando o Matias estava a entrar em coma - no segundo golo já tinha visto esvair-se o seu último sopro de vitalidade -, entrou o Arias e muito bem.

Mesmo assim, com excepção de um lance, o Leiria não teve oportunidades de golo. O perigo vinha mais das tremedeiras de uma defesa em permanente estado de ansiedade do que das jogadas do adversário. Como previa, o Wolfswinkel não podia acabar o jogo sem fazer o gosto ao pé.

Fazendo umas contas rápidas, estamos a um ponto da liderança; isto num campeonato pouco sério. Imaginem se fosse sério.

sábado, 5 de novembro de 2011

O regresso dos Bentos

Fui ver uma sessão de dança contemporânea coreografa pelo Paulo Ribeiro. É o que dá o Sporting não jogar às sextas-feiras também. Ou porque estava a perceber o que via ou, pelo contrário, porque não estava, veio-me à cabeça a lesão do Rinaudo outra vez.

A sua substituição não é fácil. Não há ninguém na equipa do Sporting com as mesmas características. Ninguém leva a sério o André Santos sozinho à frente da defesa. Também ninguém no seu juízo perfeito pensa no Carriço como alternativa; mais depressa lá colocava qualquer um dos outros centrais.

A solução muito dificilmente não implicará uma alteração táctica da equipa. Porventura, passará pela reposicionamento do meio campo actual, qualquer coisa como o Schaars e o Elias a jogarem mais atrás. Não é a mesma coisa que estamos habituados, mas quem ganhou um campeonato com o Paulo Bento e o Rui Bento a fazerem este (triste, na altura) papel, não pode deixar de ter esperança.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nada é definitivo

Não vi o jogo contra o Vaslui. Ouvi o relato no comboio de regresso a casa, depois de mais uma deslocação a Lisboa em trabalho. Após a lesão do Rinaudo e o golo do Vaslui desisti.

Há dias assim. Há dias em que nada corre bem. Mas o pior de tudo é a lesão do Rinaudo. Sem o Rinaudo vamos ter que nos reinventar. Escusam de continuar a fazer contas de cabeça aos amarelos cirúrgicos que lhe iriam mostrar para que não jogasse os jogos que mais interessavam.

Lembro-me do título que ganhámos com o Inácio depois do grande jejum. O infortúnio do Delfim permitiu (re)descobrir o Vidigal, que, com a ajuda do Duscher, se transformou numa autêntica parede. Essa foi a equipa mais solidária que conheci. Hoje, como nessa época, é dessa solidariedade entre os jogadores que vamos precisar. Aí está um desafio à altura deles e do Domingos.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Portices...

Na 2ª feira ouvia Freitas Lobo na TSF a explicar como é que a saída amarga de Hulk no jogo da última jornada, seria transformada pelo porto num momento único e especial e que permitiria a Hulk explodir já no próximo jogo.

Dizia Freitas Lobo que o porto é um máquina oleada como nenhuma outra e que, à semelhança do que sucedeu com moutinho, esta saída de Hulk era parte de um elaborado esquema motivacional, com vista a retirar Hulk da actual mediania exibicional, numa espécie de psicologia invertida.

Só um comentador de grande gabarito como Freitas Lobo conseguia preconizar tal explosão.
Fiquei verdadeiramente rendido ao futebol de fino recote que o porto exibiu ontem em Chipre, em especial a sua estrela maior Hulk.

Para a semana proponho a Freitas Lobo que nos explica como o porto acertou em cheio nas suas contratações para 2011/12, em especial os milhões por pagar por atletas únicos como são Mangala e Defour, ou ainda o sucesso esmagador da contratação Kleber.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Se ainda não fomos suficientemente prejudicados desta vez, sê-lo-emos para a próxima

Já se instalou no inconsciente colectivo que somos prejudicados. A situação normal não é a de o não sermos. A situação normal é de o sermos permanentemente. Quando aparentemente o não somos, então, beneficiaram-nos. A narrativa que se constrói a partir de cada arbitragem não é mais do que a preparação da próxima. Os famosos comentadores de arbitragem, todos eles ex-árbitros do famoso período dourado do futebol nacional, cumprem esse seu papel à risca.

O programa da TVI de Domingo com o Pedro Henriques foi o exemplo mais acabado da construção dessa narrativa. A primeira imagem analisada foi a de um fora-de-jogo mal assinalado a um jogador do Feirense. A jogada é completamente inócua e o que se salienta dela é a falta de jeito do jogador para dominar a bola com a canela, tendo-a atirado para fora. Para que é que serviu esta imagem? Para demonstrar que o Feirense tinha sido prejudicado, equiparando de forma implícita esta jogada a outras verdadeiramente relevantes decididas contra o Sporting.

Depois vem o penalty sobre o Elias. O penalty é claro e há muito pouco a dizer sobre ele. Nesse tipo de jogadas, quando vão dois jogadores à bola, o que chega mais tarde acaba sempre por derrubar o adversário. O árbitro viu muito bem o lance. De outra forma, teria assinalado canto e não pontapé de baliza. Para Pedro Henriques as coisas são muito mais complicadas. Só com imagens televisivas é que vê que é penalty e a grande maioria dos árbitros, incluindo ele, não o teriam marcado.

Na expulsão do jogador do Feirense, para Pedro Henriques, trata-se de uma falta negligente e sobre um jogador que ainda tinha vários adversários pela frente. Ficámos a saber duas coisas. O qualificativo é que determina o amarelo (ninguém explica porque é negligente e não estúpida, por exemplo, ou porque sendo negligente não determina a amostragem do amarelo). Em nenhum momento se diz que o jogador do Feirense teve uma conduta anti-desportiva. É que, num contexto de uma jogada de ataque perigosa, não teve outra intenção que não fosse a de derrubar o adversário. A falta é uma simples placagem e ponto final. Por outro lado, ficámos a saber que sempre que um jogador tem adversários pela frente pode ser derrubado de qualquer forma sem que isso justifique o amarelo.

Em relação à entrada do jogador do Feirense sobre o Jéffren, o comentador comenta-se a si próprio. Não foi falta para vermelho porque quando da expulsão do Rinaudo no jogo contra o Guimarães também considerou que a falta era para amarelo. Esqueceu-se foi de nos explicar porque é que as faltas são equiparáveis e porque é que o Rinaudo foi para a rua e o jogador do Feirense não.

O comentário sobre o amarelo ao Rinaudo, então, foi risível. A falta não foi para amarelo, diz Pedro Henriques. Mas qual falta? Uma de duas: ou é falta e o Rinaudo só pode ver o amarelo; ou não é falta. O que não quis dizer Pedro Henriques foi que o árbitro errou duas vezes. Não só marcou mal um livre perigoso contra o Sporting como, não contente com isso, mostrou mal também o inevitável cartão amarelo ao Rinaudo.

Por fim, o que Pedro Henriques não viu, não quis ver ou não quis comentar, foi o sistemático anti-jogo da equipa do Feirense premiado pela arbitragem através da não amostragem de qualquer amarelo na primeira parte. O jogo foi um mau jogo, antes de mais, porque o árbitro tudo permitiu à equipa do Feirense.