Falaremos do Sporting, mais mal do que bem. Falaremos também do Benfica, sempre mal. Falaremos do Porto, conformados.
terça-feira, 31 de outubro de 2017
“No priest, no party”
Quatro jogos na Liga dos Campeões, quatro derrotas, quatro “penalties” contra, dois vermelhos, dez golos sofridos, um marcado, guarda-redes goleador. Como diria Francisco J. Marques, “no priest, no party”.
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Rui Monteiro
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Serviço público
Ontem, com tinha assinalado, estive à conversa com o Zé, o Pedro e o João no Sporting 160. Podem ouvir a conversa aqui.
A conversa não vale tanto pelo que disse mas pela iniciativa do Sporting 160. Trata-se de serviço público puro e simples. O futebol é uma parte muito importante da vida de todos nós e constitui uma dimensão muito significativa da nossa vida em comunidade. Basta ver o tempo que todos nós, uns mais, outros menos, dedicamos a falar de futebol com os nossos amigos, vizinhos e colegas de trabalho. O futebol é um tema fundamental da nossa sociabilização.
Quando o espaço público mediático, nas televisões, nas rádios e nos jornais, é caracterizado pelo mais puro fanatismo e pela insanidade, o Sporting 160 é uma autêntica brisa marítima em tempos de canícula. Fala-se de futebol, como todos os adeptos gostam de falar, e não há muito espaço para a insanidade. Três adeptos organizaram-se para fazer serviço público quando o serviço público pago por todos nós não o faz. O Zé, o Pedro e o João merecem a nossa admiração.
O Fernando Gomes se estivesse atento e com vontade de fazer alguma coisa, talvez, em vez de andar a escrever textos, no mínimo, infantis, devesse salientar esta iniciativa, como evidentemente outras que devem existir e não conheço. Adeptos de um clube organizaram-se não para andar à pancada mas para terem espaço e dar espaço a outros para respirar melhor.
A conversa não vale tanto pelo que disse mas pela iniciativa do Sporting 160. Trata-se de serviço público puro e simples. O futebol é uma parte muito importante da vida de todos nós e constitui uma dimensão muito significativa da nossa vida em comunidade. Basta ver o tempo que todos nós, uns mais, outros menos, dedicamos a falar de futebol com os nossos amigos, vizinhos e colegas de trabalho. O futebol é um tema fundamental da nossa sociabilização.
Quando o espaço público mediático, nas televisões, nas rádios e nos jornais, é caracterizado pelo mais puro fanatismo e pela insanidade, o Sporting 160 é uma autêntica brisa marítima em tempos de canícula. Fala-se de futebol, como todos os adeptos gostam de falar, e não há muito espaço para a insanidade. Três adeptos organizaram-se para fazer serviço público quando o serviço público pago por todos nós não o faz. O Zé, o Pedro e o João merecem a nossa admiração.
O Fernando Gomes se estivesse atento e com vontade de fazer alguma coisa, talvez, em vez de andar a escrever textos, no mínimo, infantis, devesse salientar esta iniciativa, como evidentemente outras que devem existir e não conheço. Adeptos de um clube organizaram-se não para andar à pancada mas para terem espaço e dar espaço a outros para respirar melhor.
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Rui Monteiro
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segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Hoje, no Sporting 160
Conheci o João Castro há um par de anos, como se costuma dizer. Ele era um miúdo e eu ainda tinha cabelo. Conhecemo-nos na casa de família da minha mulher, em Bucos, Cabeceiras de Basto. Namorava, nessa altura, a melhor amiga da minha sobrinha Luísa.
Fomo-nos encontrando uma ou outra vez ao longo destes anos. Sempre que nos encontrámos falámos sem parar do Sporting, até alguém se irritar e nos mandar calar. Convidou-me para conversar hoje no Sporting 160. É um prazer e uma honra ao mesmo tempo. Sinto-me com a angústia do guarda-redes no momento do “penalty”. Espere que passe, de outra forma não sei se acaba bem. Se passar, espero que desta vez ninguém nos mande calar.
Fomo-nos encontrando uma ou outra vez ao longo destes anos. Sempre que nos encontrámos falámos sem parar do Sporting, até alguém se irritar e nos mandar calar. Convidou-me para conversar hoje no Sporting 160. É um prazer e uma honra ao mesmo tempo. Sinto-me com a angústia do guarda-redes no momento do “penalty”. Espere que passe, de outra forma não sei se acaba bem. Se passar, espero que desta vez ninguém nos mande calar.
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Rui Monteiro
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domingo, 29 de outubro de 2017
Vitória de Pirro
Fui ver o jogo a Vila do Conde com o meu amigo Júlio Pereira. Saí desembestado do trabalho, depois de uma trapalhada com um exame da época especial que andava esquecido. O trânsito no Porto estava caótico. Contra o costume, fintei não sei quantas filas de carros e armei-me em parvo. Pelo caminho, fui carregando o telemóvel no computador e combinando o encontro com o Júlio Pereira, que passava por deixar a mochila em casa dele e comer qualquer coisa. A primeira grande surpresa ao chegar ao estádio foi ver tanta gente jovem nortenha do Sporting. A maior parte deles não sabe o que é o Sporting campeão. Somos um grande clube, somos sobretudo os melhores pais do Mundo!
A noite estava magnífica. Uma verdadeira noite de Verão, mas sem incêndios. A bancada tinha de tudo um pouco. Ricos, remediados e pobres. Homens, mulheres e crianças. Barrigudos, tísicos e assim-assim. Altos, médios e baixos. Para espanto meu, havia umas senhoras muito interessantes, que pareciam dialogar furiosamente no “WhatsApp”.
O jogo começou com a história do “ataque posicional” do Jorge Jesus. Cada equipa tentava contrariar o tal “ataque posicional” da outra. Parecia um jogo de xadrez, mas a correr. Falando em correr, a nossa equipa ainda avançou duas ou três vezes para contrariar o tal “ataque posicional” do Rio Ave. De cada vez, ia menos um. A partir da terceira, passaram o Bas Dost e o Podence a fazer papel de tontos. O Rio Ave começou a jogar ao meinho, até o Fábio Coentrão se enervar e sair disparado atrás de um deles até lhe ganhar a bola.
O nosso meio campo continuava a funcionar em modo burocrático, com o Bruno Fernandes sem saber bem se devia avançar ou recuar. As jogadas repetiam-se de forma enfadonha. O William Carvalho recebia a bola e envia-a ao Coates para os “devidos efeitos”, que depois de a trocar com os colegas, na expetativa que algum se “entalasse” e se “atravessasse”, a remetia novamente para o William Carvalho “à consideração superior”. Concordando, devolvia-a para que se procedesse à respetiva “audiência prévia”. O Coates e os seus colegas embaralhavam-se no “contraditório” com os adversários, até que alguém destinava a bola ao “Bas Dost” para “devida sequência”. O Bas Dost procurava dar a sequência possível, mesmo que inconsequente. No Sporting como na administração pública, procura-se avançar passando sempre a bola para trás como no “rugby”. Fomos para o intervalo empatados, graças a São Patrício e à falta de jeito dos avançados do Rio Ave para rematar à baliza.
Voltámos para a segunda parte sem o Podence e com o Battaglia. No meio-campo, os duelos começaram a fiar mais fino. O Bruno Fernandes, mais liberto, começou a pegar no jogo. Só que foi Sol de pouca dura. Por volta dos sessenta minutos a equipa tinha “dado o berro”. Chegava a ser penoso ver o esforço que faziam o Gelson Martins e, sobretudo, o Acuña quando tentavam correr: tentavam é a palavra certa, dado que o Acuña nem correr conseguia, embora parado jogasse melhor que muitos outros a correr. O Rio Ave ficou por cima do jogo e só um milagre nos podia dar a vitória. O milagre aconteceu com o Bruno Fernandes, cerca dos sessenta e nove minutos. Estranhamente, o vídeo-árbitro continuava ligado.
O Jorge Jesus não foi de modas e meteu o Doumbia, o “joker” do costume. A relação dele com a bola e jogo não é a melhor, mas os adversários ficam desconfiados quando passamos a jogar com dois avançados. Começa-lhes a passar pela cabeça que queremos ganhar o jogo e, assim sendo, o melhor é deixá-lo correr até ao empate final. O Jorge Sousa também entendeu que se tinha negociado este armistício, e ainda parou mais o jogo, com faltas e mais faltas e grandes explicações aos jogadores. Começava a combinar com o Júlio Pereira o sítio onde iríamos beber umas cervejas, quando o Battaglia desobedeceu ao Jorge Jesus: ganhou uma bola no meio-campo e desatou a correr como se não houvesse amanhã, depois de a passar ao Acuña, para a receber mais à frente e cruzar de primeira para o Bas Dost a enfiar lá dentro. O Battaglia é um jogador intelectualmente muito limitado. Só faz o simples e óbvio, ganha bolas aos adversários, passa-as aos colegas, corre até lhas fazerem chegar para as entregar ao Bas Dost, acabando a tirar “selfies” com os adeptos. Até ao final foi um verdadeiro sufoco. Valeu-nos o Patrício que parecia não saber se estava canonizado e fez tudo para sair de Vila do Conde com o São.
A conferência de imprensa foi o “must” habitual do Jorge Jesus. Em vez dele, devia passar a estar o médico, para anunciar as baixas e começar e preparar as baixas seguintes. A continuar assim, com mais uma Vitória de Pirro como esta e estamos perdidos. Não se percebe como é que se esticam jogadores até caírem para o lado, como o Mathieu e o Piccini, ou se andarem a arrastar, como o Acuña, à espera de uma lesão muscular. Espremem-se os uns jogadores para se acabar a lançar outros, como o André Pinto, que não comprometeu, sem tempo de jogo. Ou muito me engano ou o próximo jogo contra a Juventus vai acabar por umas semanas com uns tantos jogadores.
(Nunca tinha presenciado a receção dos jogadores no final. É muito comovente. Os adeptos, sobretudo os miúdos, ficam doidos quando eles se deslocam para o autocarro. Estupidamente, muitos deles reagem de forma muito fria, não se dando ao trabalho de os ir cumprimentar. Salvaram-se o Battaglia, o Bruno Fernandes, o Gelson Martins e o Jorge Jesus. É inimaginável a alegria de um pequenote, que estava às cavalitas do pai, quando se abraçou ao Francisco Geraldes que lhe passava ao lado. Fazem mais os abraços e as “selfies” que toda a banha da cobra da estratégia de comunicação do Sporting. É imperioso rever esta situação. Senti vergonha de alguns jogadores do Sporting, nomeadamente do William Carvalho, que saiu com os auscultadores encafuados nas orelhas. Não lhes custa nada e para os adeptos vale uma vida)
A noite estava magnífica. Uma verdadeira noite de Verão, mas sem incêndios. A bancada tinha de tudo um pouco. Ricos, remediados e pobres. Homens, mulheres e crianças. Barrigudos, tísicos e assim-assim. Altos, médios e baixos. Para espanto meu, havia umas senhoras muito interessantes, que pareciam dialogar furiosamente no “WhatsApp”.
O jogo começou com a história do “ataque posicional” do Jorge Jesus. Cada equipa tentava contrariar o tal “ataque posicional” da outra. Parecia um jogo de xadrez, mas a correr. Falando em correr, a nossa equipa ainda avançou duas ou três vezes para contrariar o tal “ataque posicional” do Rio Ave. De cada vez, ia menos um. A partir da terceira, passaram o Bas Dost e o Podence a fazer papel de tontos. O Rio Ave começou a jogar ao meinho, até o Fábio Coentrão se enervar e sair disparado atrás de um deles até lhe ganhar a bola.
O nosso meio campo continuava a funcionar em modo burocrático, com o Bruno Fernandes sem saber bem se devia avançar ou recuar. As jogadas repetiam-se de forma enfadonha. O William Carvalho recebia a bola e envia-a ao Coates para os “devidos efeitos”, que depois de a trocar com os colegas, na expetativa que algum se “entalasse” e se “atravessasse”, a remetia novamente para o William Carvalho “à consideração superior”. Concordando, devolvia-a para que se procedesse à respetiva “audiência prévia”. O Coates e os seus colegas embaralhavam-se no “contraditório” com os adversários, até que alguém destinava a bola ao “Bas Dost” para “devida sequência”. O Bas Dost procurava dar a sequência possível, mesmo que inconsequente. No Sporting como na administração pública, procura-se avançar passando sempre a bola para trás como no “rugby”. Fomos para o intervalo empatados, graças a São Patrício e à falta de jeito dos avançados do Rio Ave para rematar à baliza.
Voltámos para a segunda parte sem o Podence e com o Battaglia. No meio-campo, os duelos começaram a fiar mais fino. O Bruno Fernandes, mais liberto, começou a pegar no jogo. Só que foi Sol de pouca dura. Por volta dos sessenta minutos a equipa tinha “dado o berro”. Chegava a ser penoso ver o esforço que faziam o Gelson Martins e, sobretudo, o Acuña quando tentavam correr: tentavam é a palavra certa, dado que o Acuña nem correr conseguia, embora parado jogasse melhor que muitos outros a correr. O Rio Ave ficou por cima do jogo e só um milagre nos podia dar a vitória. O milagre aconteceu com o Bruno Fernandes, cerca dos sessenta e nove minutos. Estranhamente, o vídeo-árbitro continuava ligado.
O Jorge Jesus não foi de modas e meteu o Doumbia, o “joker” do costume. A relação dele com a bola e jogo não é a melhor, mas os adversários ficam desconfiados quando passamos a jogar com dois avançados. Começa-lhes a passar pela cabeça que queremos ganhar o jogo e, assim sendo, o melhor é deixá-lo correr até ao empate final. O Jorge Sousa também entendeu que se tinha negociado este armistício, e ainda parou mais o jogo, com faltas e mais faltas e grandes explicações aos jogadores. Começava a combinar com o Júlio Pereira o sítio onde iríamos beber umas cervejas, quando o Battaglia desobedeceu ao Jorge Jesus: ganhou uma bola no meio-campo e desatou a correr como se não houvesse amanhã, depois de a passar ao Acuña, para a receber mais à frente e cruzar de primeira para o Bas Dost a enfiar lá dentro. O Battaglia é um jogador intelectualmente muito limitado. Só faz o simples e óbvio, ganha bolas aos adversários, passa-as aos colegas, corre até lhas fazerem chegar para as entregar ao Bas Dost, acabando a tirar “selfies” com os adeptos. Até ao final foi um verdadeiro sufoco. Valeu-nos o Patrício que parecia não saber se estava canonizado e fez tudo para sair de Vila do Conde com o São.
A conferência de imprensa foi o “must” habitual do Jorge Jesus. Em vez dele, devia passar a estar o médico, para anunciar as baixas e começar e preparar as baixas seguintes. A continuar assim, com mais uma Vitória de Pirro como esta e estamos perdidos. Não se percebe como é que se esticam jogadores até caírem para o lado, como o Mathieu e o Piccini, ou se andarem a arrastar, como o Acuña, à espera de uma lesão muscular. Espremem-se os uns jogadores para se acabar a lançar outros, como o André Pinto, que não comprometeu, sem tempo de jogo. Ou muito me engano ou o próximo jogo contra a Juventus vai acabar por umas semanas com uns tantos jogadores.
"Are you talking to me?", made in Júlio Pereira
(Nunca tinha presenciado a receção dos jogadores no final. É muito comovente. Os adeptos, sobretudo os miúdos, ficam doidos quando eles se deslocam para o autocarro. Estupidamente, muitos deles reagem de forma muito fria, não se dando ao trabalho de os ir cumprimentar. Salvaram-se o Battaglia, o Bruno Fernandes, o Gelson Martins e o Jorge Jesus. É inimaginável a alegria de um pequenote, que estava às cavalitas do pai, quando se abraçou ao Francisco Geraldes que lhe passava ao lado. Fazem mais os abraços e as “selfies” que toda a banha da cobra da estratégia de comunicação do Sporting. É imperioso rever esta situação. Senti vergonha de alguns jogadores do Sporting, nomeadamente do William Carvalho, que saiu com os auscultadores encafuados nas orelhas. Não lhes custa nada e para os adeptos vale uma vida)
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Rui Monteiro
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sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Rio Ave - Sporting
Com uma grande exibição do guarda-redes leonino, perdão, do
Real Madrid, Svilar, o Sporting, perdão, o Real Madrid, acabou por ganhar o jogo
ao Rio Ave, perdão, ao Sporting, com um golo ao cair do pano de Bas Dost,
perdão, de Benzema. Afinal sempre temos a nossa liga dos campeões. Obrigado.
PS: o Cristiano Ronaldo não saiu do banco.
PS: o Cristiano Ronaldo não saiu do banco.
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Gabriel Pedro
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quinta-feira, 26 de outubro de 2017
E se aos sessenta e seis minutos o VAR...
Ontem falou o homem forte da Federação Portuguesa de Futebol.
Falou e disse. Fundamentalmente que andava desatento. A reboque da vitória da selecção
no europeu e do Ronaldo The Best,
entreteu-nos com um discurso digno de um
extra-terrestre. Tivesse o senhor Gomes um pé no futebol do burgo, saberia que
nada das banalidades do que disse era realmente novo. Aparecer na TV com um cabaz
cheio de boas intenções remete-nos para a incredulidade dos felizes. Violência,
claques (des)organizadas, pressão sobre os árbitros. O senhor anda a reboque das aparições
de nossa senhora do Correio da Manhã. Não fosse o nosso rival da segunda
circular olhar para cima, e outros valores se levantariam. As falhas de comunicação
do VAR dão nisto: um tremendo nada.
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Gabriel Pedro
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21:30
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segunda-feira, 23 de outubro de 2017
A-gu-en-ta! A-gu-en-ta!
Nunca estamos preparados para ver um jogo do Sporting. Preparava-me para ver 45 minutos de engonha, sustentados numa tática marada do Jorge Jesus, seguidos de mais uns tantos minutos de nervoseira e de uma ponta final em modo de desespero com o Doumbia e o Bas Dost no ataque. Até cheguei a imaginar o ar displicente e de autossatisfação com o que os jogadores do Sporting iriam entrar em campo depois de quase terem conseguido qualquer coisa no jogo contra a Juventus.
O Jorge Jesus e os jogadores supreenderam-me. O Alan Ruiz apareceu mais rápido e mais baixo e com as trocas de posição com o Gelson Martins baralhou a defesa do Chaves. Ainda há pouco tempo atrás diria que colocar na mesma frase Alan Ruiz e trocas de posição seria impossível. Está-lhe a fazer bem a dieta. Mas tudo se resolveu porque o Bas Dost resolveu resolver, nas duas primeiras vezes que tocou na bola. Ainda aproveitou para molhar a sopa mais uma vez, fazer um passe notável para a desmarcação do Gelson Martins que originou o terceiro golo e assistir o Acuña para o quarto. Foi pena estar fora-de-jogo na assistência para o Doumbia se enrolar com a bola e metê-la lá dentro aos tropeções. Precisamos de um Teo e o Doumbia é o que mais se assemelha.
O golo do Chaves não devia contar. Há falta de “fair play” do seu jogador. Naquela altura, ninguém queria saber do jogo para nada, embora para quem não queria saber o Bruno César não tenha feito grande figura, contrariamente ao Mathieu que fez de conta que se quisesse podia cortar o lance mas, na dúvida, o que não queria era fazer “penalty”. É a experiência. Também ninguém me tira da cabeça que em condições normais, depois do dois a zero, teríamos deixado de jogar à espera que o jogo acabasse. Os restantes golos foram para embirrar com o árbitro..
Se os Jorge Jesus e os jogadores nos surpreendem por vezes, os árbitros, esses sim, nunca param de nos surpreender. Apreciei a forma como o árbitro foi conduzindo o jogo sem mostrar amarelos aos jogadores do Chaves, continuando a avisá-los que para a próxima é que era quando se ia na décima oitava falta. A coisa foi tão longe que admito que alguns deles tenham ficado aborrecidos, dado que têm uma reputação a defender que não é compatível com esta situação. Quem não viu o jogo ainda pode começar a pensar que são uns frouxos e deixar de os respeitar em campo. Foi bastante interessante ver mostrar o primeiro amarelo a um jogador do Chaves a acabar o jogo não por antijogo mas por querer jogar mais depressa (embora se tenha esquecido de o expulsar numa falta que fez logo a seguir). É o hábito ou a falta dele, mais propriamente.
Mas a parte mais deliciosa foi quando mesmo com o recurso às imagens continuou a ver o que ninguém viu, a simulação do Gelson Martins, e a não ver o que toda a gente viu, a falta e o “penalty” cometido pelo jogador do Chaves. Se bem percebi, o vídeo-árbitro (VAR) também viu o que havia para ver, o “penalty”, dado que de outro modo o jogo não teria sido interrompido. Imagino que o árbitro lhe deve ter dito: “A-gu-en-ta! A-gu-en-ta! Falta muito tempo e isto ainda pode virar”. Esta semana andaram quatro magistrados do Ministério Público, dois juízes de instrução e vinte e oito elementos da Polícia Judiciária, incluindo inspetores e peritos financeiros e contabilísticos e informáticos, à procura de umas coisas que o Benfica terá escondido. Não percebo a razão de tanto aparato e de se andar à procura de coisas que estarão escondidas quando basta ir aos estádios e ver o que lá se passa enquanto se bebe uma mini e se avia um pires de tremoços.
O Jorge Jesus e os jogadores supreenderam-me. O Alan Ruiz apareceu mais rápido e mais baixo e com as trocas de posição com o Gelson Martins baralhou a defesa do Chaves. Ainda há pouco tempo atrás diria que colocar na mesma frase Alan Ruiz e trocas de posição seria impossível. Está-lhe a fazer bem a dieta. Mas tudo se resolveu porque o Bas Dost resolveu resolver, nas duas primeiras vezes que tocou na bola. Ainda aproveitou para molhar a sopa mais uma vez, fazer um passe notável para a desmarcação do Gelson Martins que originou o terceiro golo e assistir o Acuña para o quarto. Foi pena estar fora-de-jogo na assistência para o Doumbia se enrolar com a bola e metê-la lá dentro aos tropeções. Precisamos de um Teo e o Doumbia é o que mais se assemelha.
O golo do Chaves não devia contar. Há falta de “fair play” do seu jogador. Naquela altura, ninguém queria saber do jogo para nada, embora para quem não queria saber o Bruno César não tenha feito grande figura, contrariamente ao Mathieu que fez de conta que se quisesse podia cortar o lance mas, na dúvida, o que não queria era fazer “penalty”. É a experiência. Também ninguém me tira da cabeça que em condições normais, depois do dois a zero, teríamos deixado de jogar à espera que o jogo acabasse. Os restantes golos foram para embirrar com o árbitro..
Se os Jorge Jesus e os jogadores nos surpreendem por vezes, os árbitros, esses sim, nunca param de nos surpreender. Apreciei a forma como o árbitro foi conduzindo o jogo sem mostrar amarelos aos jogadores do Chaves, continuando a avisá-los que para a próxima é que era quando se ia na décima oitava falta. A coisa foi tão longe que admito que alguns deles tenham ficado aborrecidos, dado que têm uma reputação a defender que não é compatível com esta situação. Quem não viu o jogo ainda pode começar a pensar que são uns frouxos e deixar de os respeitar em campo. Foi bastante interessante ver mostrar o primeiro amarelo a um jogador do Chaves a acabar o jogo não por antijogo mas por querer jogar mais depressa (embora se tenha esquecido de o expulsar numa falta que fez logo a seguir). É o hábito ou a falta dele, mais propriamente.
Mas a parte mais deliciosa foi quando mesmo com o recurso às imagens continuou a ver o que ninguém viu, a simulação do Gelson Martins, e a não ver o que toda a gente viu, a falta e o “penalty” cometido pelo jogador do Chaves. Se bem percebi, o vídeo-árbitro (VAR) também viu o que havia para ver, o “penalty”, dado que de outro modo o jogo não teria sido interrompido. Imagino que o árbitro lhe deve ter dito: “A-gu-en-ta! A-gu-en-ta! Falta muito tempo e isto ainda pode virar”. Esta semana andaram quatro magistrados do Ministério Público, dois juízes de instrução e vinte e oito elementos da Polícia Judiciária, incluindo inspetores e peritos financeiros e contabilísticos e informáticos, à procura de umas coisas que o Benfica terá escondido. Não percebo a razão de tanto aparato e de se andar à procura de coisas que estarão escondidas quando basta ir aos estádios e ver o que lá se passa enquanto se bebe uma mini e se avia um pires de tremoços.
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Rui Monteiro
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sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Está lá? É o inimigo?
Há uma componente da coreografia futebolística nacional que não acompanho. Vou recebendo umas mensagens do meu amigo Júlio Pereira e fico-me por aí. Se bem percebi do que li, as entidades competentes, seja lá o que isso for, queriam fazer uma busca às instalações do Benfica para ver se encontravam os emails que o Diretor de Comunicação do Futebol Clube do Porto anda a revelar. Resolveram anunciar ao Mundo que se não as agarrassem (as ditas entidades competentes) iam mesmo lá. O Benfica, e muito bem, telefonou-lhes a dizer que estavam à espera delas (as ditas entidades competentes).
Podia imaginar o diálogo. Mas muito antes de mim e muito melhor do que eu, o Raúl Solnado escreveu-o e representou-o. Aprecio especialmente esta parte:
“-Quando é que nos pretendem atacar?
- Sábado não, que fazemos fim-de-semana à inglesa.
- Sexta-feira a que horas?
- Ainda estamos a dormir. Vocês não podiam vir depois do almoço? Atacavam pela fresquinha. Depois jantavam cá connosco.
- Quantos é que vêm?
- Ena que brutos! Não sei se temos cá balas que deem para todos”
Podia imaginar o diálogo. Mas muito antes de mim e muito melhor do que eu, o Raúl Solnado escreveu-o e representou-o. Aprecio especialmente esta parte:
“-Quando é que nos pretendem atacar?
- Sábado não, que fazemos fim-de-semana à inglesa.
- Sexta-feira a que horas?
- Ainda estamos a dormir. Vocês não podiam vir depois do almoço? Atacavam pela fresquinha. Depois jantavam cá connosco.
- Quantos é que vêm?
- Ena que brutos! Não sei se temos cá balas que deem para todos”
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Rui Monteiro
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14:30
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quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Jogámos bem exatamente para quê?
Não tenho uma visão utilitarista de toda a atividade humana. A arte é arte e ponto final. O futebol não é arte é competição. Se se perde, nada fica. Também não interessa se se perde por um ou por dois. Se se perde, perde-se. Tudo o resto são explicações que devem ser guardadas para uma comissão científica designada pela Assembleia da República.
A alegoria do David contra o Golias é isso mesmo, uma alegoria. O David enganou Golias com uma fisga. A alegoria hoje seria o David com uma “Flobert” a enganar o Golias armado com um “Tomahawk”. Alguém acredita nisso por um momento sequer? Os grandes existem para que existam os pequenos e vice-versa. Os grandes fazem “bullying” sobre os pequenos. Nós, sportinguistas, sabemos muito bem isso a custas próprias. Nas últimas duas épocas jogámos seis jogos contra quatro das melhores equipas do Mundo (Real Madrid, Barcelona, Juventus e Dortmund) e perdemos sempre pela margem mínima. É azar? É incompetência? Nada disso. Foi assim porque os grandes quiseram que assim fosse. Não levam muito a sério os jogos contra nós. É necessário gerir esforços, porque sabem que vão resolver os jogos quando for preciso, se não se resolverem por si.
Hoje foi evidente que íamos perder. Na parte final do jogo e empatados a um o destino estava traçado. A qualquer momento íamos sofrer um golo. A culpa é do Jonathan Silva, como de costume. Mas se não fosse dele era de outro qualquer. Se não marcassem de cabeça teriam marcado com um remate de fora de área ou com um “penalty” inventado pela proteção civil equipada de calções, apito e bandeirinha que está no campo para que nada de mal aconteça. Eles são melhores. São tão melhores que se podem permitir que pensemos que somos melhores do que somos. A diferença foi evidente em todos os pormenores. A acabar o jogo, o Doumbia falhou a interseção da trivela do Bruno Fernandes. Se fosse do outro lado aconteceria o mesmo? Certamente que não.
Se é assim, se é sempre assim, de que vale o esforço? Perdemos e jogámos bem. Teríamos perdido se jogássemos mal. Teríamos perdido também se jogássemos assim-assim. Teríamos sempre perdido por poucos. Com os italianos, mais do que um é goleada. As equipas assentam em sólidos princípios de desenvolvimento sustentável: não gastam energia se não for estritamente necessário. Têm medo também de se desconcentrarem se ficarem a ganhar por mais do que um.
Podia o esforço não ter servido para nada. Não era bom, mas também não era necessariamente mau. O problema é que é mau. Começam os malucos das contas a achar que podemos ganhar por dois em casa e continuar com a passagem desta fase de grupos em aberto. Não podemos. Entretanto, perde-se foco, os jogadores perdem foco, contra o Chaves e o Rio Ave passam a ser jogos que não interessam para nada. Perde-se foco e perde-se frescura física. Ou não se rodam os jogadores e andam alguns a arrastar-se em campo ou rodam-se no campeonato quando deviam ser rodados na Liga dos Campeões.
Não queremos servir de animadores em jogos-treino das equipas grandes na Liga dos Campeões. Queremos ser campeões nacionais e nada mais. É pedir muito?
A alegoria do David contra o Golias é isso mesmo, uma alegoria. O David enganou Golias com uma fisga. A alegoria hoje seria o David com uma “Flobert” a enganar o Golias armado com um “Tomahawk”. Alguém acredita nisso por um momento sequer? Os grandes existem para que existam os pequenos e vice-versa. Os grandes fazem “bullying” sobre os pequenos. Nós, sportinguistas, sabemos muito bem isso a custas próprias. Nas últimas duas épocas jogámos seis jogos contra quatro das melhores equipas do Mundo (Real Madrid, Barcelona, Juventus e Dortmund) e perdemos sempre pela margem mínima. É azar? É incompetência? Nada disso. Foi assim porque os grandes quiseram que assim fosse. Não levam muito a sério os jogos contra nós. É necessário gerir esforços, porque sabem que vão resolver os jogos quando for preciso, se não se resolverem por si.
Hoje foi evidente que íamos perder. Na parte final do jogo e empatados a um o destino estava traçado. A qualquer momento íamos sofrer um golo. A culpa é do Jonathan Silva, como de costume. Mas se não fosse dele era de outro qualquer. Se não marcassem de cabeça teriam marcado com um remate de fora de área ou com um “penalty” inventado pela proteção civil equipada de calções, apito e bandeirinha que está no campo para que nada de mal aconteça. Eles são melhores. São tão melhores que se podem permitir que pensemos que somos melhores do que somos. A diferença foi evidente em todos os pormenores. A acabar o jogo, o Doumbia falhou a interseção da trivela do Bruno Fernandes. Se fosse do outro lado aconteceria o mesmo? Certamente que não.
Se é assim, se é sempre assim, de que vale o esforço? Perdemos e jogámos bem. Teríamos perdido se jogássemos mal. Teríamos perdido também se jogássemos assim-assim. Teríamos sempre perdido por poucos. Com os italianos, mais do que um é goleada. As equipas assentam em sólidos princípios de desenvolvimento sustentável: não gastam energia se não for estritamente necessário. Têm medo também de se desconcentrarem se ficarem a ganhar por mais do que um.
Podia o esforço não ter servido para nada. Não era bom, mas também não era necessariamente mau. O problema é que é mau. Começam os malucos das contas a achar que podemos ganhar por dois em casa e continuar com a passagem desta fase de grupos em aberto. Não podemos. Entretanto, perde-se foco, os jogadores perdem foco, contra o Chaves e o Rio Ave passam a ser jogos que não interessam para nada. Perde-se foco e perde-se frescura física. Ou não se rodam os jogadores e andam alguns a arrastar-se em campo ou rodam-se no campeonato quando deviam ser rodados na Liga dos Campeões.
Não queremos servir de animadores em jogos-treino das equipas grandes na Liga dos Campeões. Queremos ser campeões nacionais e nada mais. É pedir muito?
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Rui Monteiro
à(s)
09:00
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domingo, 15 de outubro de 2017
De arromba
Não me interessa se é uma exigência das televisões. Ou se
resulta da visão (ímpar) dos dirigentes (sempre dos clubes mais pequenos). Os
campos são aquilo que são. Sempre foram. Ainda me lembro dos pelados. Dos batatais
ainda reza por aí muita história. Na taça as equipas pequenas tinham a oportunidade
de receber clubes de outra liga e dimensão. Tinham a oportunidade de os receber
bem e de mostrar a sua terra. A festa era isso. E às vezes ganhavam. Não
entendo as capas com alusões à festa da taça este fim-de-semana. O esquecido
Lusitano de Évora mostrou a sua terra em Lisboa. Quantas pessoas estavam no
estádio no jogo com o Porto? O que ganhou o clube com isso? E o Olhanense, na
impossibilidade de receber o Benfica na Luz, lá teve que jogar no estádio do
Algarve. Uma festa de arromba, sem dúvida.
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Gabriel Pedro
à(s)
14:17
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quinta-feira, 12 de outubro de 2017
A festa da taça
No jogo com o Oleiros para a taça de Portugal, o Sporting
joga em Oleiros, num sintético. Foi necessário uma grande empreitada de ultima
hora para o jogo ser possível. O Sporting questionou as condições, mas acordou
jogar em Oleiros. A comunicação social andou a bradar sobre o assunto,
naturalmente.
No jogo com o Olhanense para a taça de Portugal, o Benfica
não joga em Olhão. O jogo será no estádio do Algarve. Naturalmente. Ainda se
pensou em realizar o jogo no estádio da luz, mas tal não foi possível. A
comunicação social foi assobiando para o lado. Segundo o treinador do
Olhanense, o relvado só não serve para o Benfica. E quando não serve, não serve
mesmo.
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Gabriel Pedro
à(s)
10:25
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terça-feira, 10 de outubro de 2017
O tiki-taka do apuramento para o Mundial com recurso ao vídeo-árbitro (*)
20.18h
RM: Os suíços estão a jogar melhor. Mais uns tansos que o Santos leva ao engano.
20.29h
RM: Eu bem dizia. Aos trambolhões como deve ser. Foi cedo de mais. O Danilo vai ter de começar a aquecer.
20.34h
RM: Com o Danilo e o Adrien na segunda parte o jogo estava no papo. Só com o Danilo pode ser curto O Battaglia está inscrito na FIFA. Vamos ver se entra também.
20.45h
JP: Vinha no carro a pensar: na lógica divina do Santos quem é que fará o papel do Éder neste jogo decisivo? O único que me ocorreu foi o Eliseu. Não pensei num golo às três pancadas. Devia ter desconfiado que a recuperação da lesão do centralão da Suíça – um rematado nabo que jogava no Arsenal – tinha o dedo do Santos.
20.46h
RM: Vamos ter de jogar com o Danilo a seis. O William Carvalho passa a jogar a seis também. O Moutinho fica entre os dois, a seis igualmente. Mais tarde, o Cristiano Ronaldo passa a jogar a oito para sair com a bola e a levar ao Cristiano Ronaldo.
20.59h
RM: Surpreendemos completamente os suíços. Marcámos um golo a jogar à bola com o Moutinho à mistura e tudo. É um escândalo.
21.05h
JP: O João Mário está a levar a equipa demasiado para a frente. Para o que sabe, o Moutinho arriscou demasiado no lance do golo. Em breve, teremos o André Gomes ou o Renato Sanches a espalhar magia no nosso meio-campo.
21.12h
RM: O amarelo estúpido do Eliseu a acabar a primeira parte pode revelar-se decisivo. A saída de campo foi de uma enorme dignidade, simulando uma lesão conveniente.
21.16h
JP: Protestos de um suíço. “Porra! Uma coisa é ganharem-nos, outra bem diferentes é ganharem-nos com o André Gomes”.
21.19h
RM: Enquanto estiver a jogar o Seferovic, não deve entrar o Danilo. Em equipa que ganha não se mexe. O problema é se, estando na Luz, não entra o Mitroglou. Ainda acabamos em sofrimento.
21.33h
RM: Entra o Danilo e sai o Seferovic para a ovação da noite. Jogo esforçado e de sacrifício em prol da selecção.
21.41h
RM: Acabou tudo em bem. A família do Cristiano Ronaldo gostou do passeio a Lisboa e o William Carvalho está em condições de jogar contra o Oleiros.
21.44
JP: Uma coisa é acabar com olés ao adversário, outra é acabar com o André Gomes em campo. Os suíços não mereciam esta falta de “fair play”.
(*) Conversa no "WahtsApp" entre Rui Monteiro (RM) e Júlio Pereira (JP) enquanto decorria o jogo Portugal-Suíça de apuramento para o Mundial na Rússia.
RM: Os suíços estão a jogar melhor. Mais uns tansos que o Santos leva ao engano.
20.29h
RM: Eu bem dizia. Aos trambolhões como deve ser. Foi cedo de mais. O Danilo vai ter de começar a aquecer.
20.34h
RM: Com o Danilo e o Adrien na segunda parte o jogo estava no papo. Só com o Danilo pode ser curto O Battaglia está inscrito na FIFA. Vamos ver se entra também.
20.45h
JP: Vinha no carro a pensar: na lógica divina do Santos quem é que fará o papel do Éder neste jogo decisivo? O único que me ocorreu foi o Eliseu. Não pensei num golo às três pancadas. Devia ter desconfiado que a recuperação da lesão do centralão da Suíça – um rematado nabo que jogava no Arsenal – tinha o dedo do Santos.
20.46h
RM: Vamos ter de jogar com o Danilo a seis. O William Carvalho passa a jogar a seis também. O Moutinho fica entre os dois, a seis igualmente. Mais tarde, o Cristiano Ronaldo passa a jogar a oito para sair com a bola e a levar ao Cristiano Ronaldo.
20.59h
RM: Surpreendemos completamente os suíços. Marcámos um golo a jogar à bola com o Moutinho à mistura e tudo. É um escândalo.
21.05h
JP: O João Mário está a levar a equipa demasiado para a frente. Para o que sabe, o Moutinho arriscou demasiado no lance do golo. Em breve, teremos o André Gomes ou o Renato Sanches a espalhar magia no nosso meio-campo.
21.12h
RM: O amarelo estúpido do Eliseu a acabar a primeira parte pode revelar-se decisivo. A saída de campo foi de uma enorme dignidade, simulando uma lesão conveniente.
21.16h
JP: Protestos de um suíço. “Porra! Uma coisa é ganharem-nos, outra bem diferentes é ganharem-nos com o André Gomes”.
21.19h
RM: Enquanto estiver a jogar o Seferovic, não deve entrar o Danilo. Em equipa que ganha não se mexe. O problema é se, estando na Luz, não entra o Mitroglou. Ainda acabamos em sofrimento.
21.33h
RM: Entra o Danilo e sai o Seferovic para a ovação da noite. Jogo esforçado e de sacrifício em prol da selecção.
21.41h
RM: Acabou tudo em bem. A família do Cristiano Ronaldo gostou do passeio a Lisboa e o William Carvalho está em condições de jogar contra o Oleiros.
21.44
JP: Uma coisa é acabar com olés ao adversário, outra é acabar com o André Gomes em campo. Os suíços não mereciam esta falta de “fair play”.
(*) Conversa no "WahtsApp" entre Rui Monteiro (RM) e Júlio Pereira (JP) enquanto decorria o jogo Portugal-Suíça de apuramento para o Mundial na Rússia.
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Rui Monteiro
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23:10
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segunda-feira, 9 de outubro de 2017
O foco
A atender em alguns programas desportivos(?) que ontem visitei de forma fugaz, o foco das atenções, não é,
pasme-se, a selecção nacional, mas sim o Sporting. Não nos admiramos nada com o
incómodo causado por estarmos vivos. E bem vivos. Mas há quem não consiga
disfarçar de forma alguma. Recuemos então à semana que antecedeu esta paragem
para as selecções.
Será interessante analisarmos essa semana de três jogos sob a perspectiva (hoje muito utilizada) do foco. O foco, como motor oculto da
excelência, para nos socorrermos do Goleman, não é nada fácil de explicar e
muito menos de potenciar. Mas parece. O foco é jogo a jogo, dizem-nos. Nesse caso o foco do Sporting seria o
Moreirense, o Barcelona e depois o Porto. Alguns seres humanos julgaram ser
possível esta sequência focal. Digamos assim.
Lamentamos desanimá-los, mas o foco deveria ser o
campeonato. Ganhar o título nacional. Nesse sentido, ganhar em Moreira de
Cónegos revestia-se de importância capital. O Sporting partiria para o jogo com
o Barcelona como primeiro do campeonato e assim chegaria ao jogo com o Porto.
Duas ou três batatas não fariam mossa. Afinal era o Barcelona em pleno PREC
Catalão, como estupidamente li algures. Com o Moreirense empatámos por falta de
comparência, e não sou eu quem o digo. Muitas almas presentes no jogo confirmaram-me
isso mesmo sem quaisquer rodeios: pagaram bilhete e o Sporting só apareceu a
meio da segunda parte para comer bolo. Qual era o foco então? Nem sequer o jogo
a jogo. É isso que jogo a jogo quer dizer: nada. Às vezes a cabeça voa e já
está noutro lado.
Com o Barça ganhámos…moral. Destas vitórias anda o inferno
cheio. A liga dos calmeirões é uma competição digna de um conto de fadas, mas
cheia de sapos que dificilmente serão príncipes. Quem escreve o guião não está
para aí virado, basta ver os nossos jogos contra equipas alemãs noutros anos.
Contra o Barça perdemos o jogo e voltamos à confraria do quase. Perdemos, igualmente, o Doumbia e meio joelho do Coentrão. O
resto da equipa ficou feita numa compota de músculos a despedir-se dos adeptos.
Foi essa compota de músculos que entrou em campo no jogo
seguinte. O jogo seguinte é sempre o foco, não é? O Porto focou-se mais na
nossa baliza e não respeitou o nosso grande esforço contra o Barcelona. Ficamos
a saber que um joelho do Coentrão vale mais que o Silva completo. Ficamos a
saber que grande parte dos jogadores que não jogam, estão lá para não jogar. Ficamos
a saber que vamos ter que ir ao mercado (diz-nos JJ) pele centésima décima
quarta vez. Ao contrário de outros anos, tivemos sorte e ficamos vivos. A
compota de músculos agradeceu aos adeptos. Os focos desligaram-se ao saberem
que numa semana não ganhámos nenhum dos jogos, a não ser um: moralmente.
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Gabriel Pedro
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17:27
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sexta-feira, 6 de outubro de 2017
Luís Filipe Vieira compra um resultado e dá-o a Rui Vitória
Na última Assembleia Geral do Benfica, o seu presidente, Luís Filipe Vieira, num vernáculo que teria feito corar o Capitão Haddock, afirmou que nunca tinha comprado um resultado. Mesmo não comprando, não deixou de assumir, pelo menos de forma implícita, que tal coisa se vende. Ele lá saberá. Eu não faço a mínima ideia: não sabia sequer que tal coisa se vendia.
O facto de não saber, não me impede de imaginar a forma como tal coisa pode ser transacionada. Vamos admitir que o Luís Filipe Vieira queria comprar o resultado do Basileia. Imagino que para o comprar se desloque ao talho do Continente ou do Pingo Doce do costume.
“Tirando a senha, esperou pacientemente a sua vez, enquanto a esposa ia comprando os legumes e os restos das necessidades da semana. Chegada a sua vez, pediu:
- Queria um bom resultado com o Basileia, do lombo de preferência.
- Ó senhor Vieira, já vendemos quase tudo. Só temos um cinco a zero. É duro. Aconselho-o a não levar. Se levar, só serve para guisar.
- Tenho de levar um resultado seja ele qual for. Se fosse com a Liga ou com a FPF ainda vá, com a UEFA tenho de levar alguma coisa mesmo que não goste.
- Vou-lhe aviar o cinco a zero que temos, mas depois não se queixe. Uma vez o senhor Vale e Azevedo veio cá comprar um resultado com o Celta de Vigo. Só tínhamos um sete a zero. Disse-lhe para não levar. Insistiu e depois ficou a remoer naquilo uma eternidade. Por essas e outras nunca mais foi o mesmo. Não quero que fique assim também depois de uma indigestão.
Cabisbaixo, foi ter com a esposa para colocar o cinco a zero no carrinho das compras. Informou-a que só havia um cinco a zero e que era melhor guisá-lo. A esposa, que tinha pensado servir o resultado no almoço de domingo com a família, ficou furiosa como só as mulheres conseguem ficar furiosas quando os maridos não compram o que lhes mandam. Explodiu, dizendo:
- Ó Luís, um cinco a zero nem os cães o querem!
- Deixa lá, dá-o à mulher do Rui Vitória. Pode ser que ela o queira. Se não quiser, o Rui dá-o ao Varela ou ao Júlio César que, educados como são, não o hão-de recusar.
E assim os dois, marido e mulher, empurrando o carrinho das compras, dirigiram-se para a caixa mais próxima, enquanto o Luís Filipe Vieira tentava tirar um banco do bolso para pagar as compras da semana”.
O facto de não saber, não me impede de imaginar a forma como tal coisa pode ser transacionada. Vamos admitir que o Luís Filipe Vieira queria comprar o resultado do Basileia. Imagino que para o comprar se desloque ao talho do Continente ou do Pingo Doce do costume.
“Tirando a senha, esperou pacientemente a sua vez, enquanto a esposa ia comprando os legumes e os restos das necessidades da semana. Chegada a sua vez, pediu:
- Queria um bom resultado com o Basileia, do lombo de preferência.
- Ó senhor Vieira, já vendemos quase tudo. Só temos um cinco a zero. É duro. Aconselho-o a não levar. Se levar, só serve para guisar.
- Tenho de levar um resultado seja ele qual for. Se fosse com a Liga ou com a FPF ainda vá, com a UEFA tenho de levar alguma coisa mesmo que não goste.
- Vou-lhe aviar o cinco a zero que temos, mas depois não se queixe. Uma vez o senhor Vale e Azevedo veio cá comprar um resultado com o Celta de Vigo. Só tínhamos um sete a zero. Disse-lhe para não levar. Insistiu e depois ficou a remoer naquilo uma eternidade. Por essas e outras nunca mais foi o mesmo. Não quero que fique assim também depois de uma indigestão.
Cabisbaixo, foi ter com a esposa para colocar o cinco a zero no carrinho das compras. Informou-a que só havia um cinco a zero e que era melhor guisá-lo. A esposa, que tinha pensado servir o resultado no almoço de domingo com a família, ficou furiosa como só as mulheres conseguem ficar furiosas quando os maridos não compram o que lhes mandam. Explodiu, dizendo:
- Ó Luís, um cinco a zero nem os cães o querem!
- Deixa lá, dá-o à mulher do Rui Vitória. Pode ser que ela o queira. Se não quiser, o Rui dá-o ao Varela ou ao Júlio César que, educados como são, não o hão-de recusar.
E assim os dois, marido e mulher, empurrando o carrinho das compras, dirigiram-se para a caixa mais próxima, enquanto o Luís Filipe Vieira tentava tirar um banco do bolso para pagar as compras da semana”.
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Rui Monteiro
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quarta-feira, 4 de outubro de 2017
O cansaço
As equipas do Jorge Jesus são sempre espremidas até ao tutano. Não é só assim no Sporting. Foi assim no Benfica. O lote de fieis é sempre reduzido, aparentemente pelo facto de ser muito difícil a todos os jogadores do plantel interpretarem o modelo de jogo preconizado pelo treinador. Esta é a justificação que nos vai sendo apresentada e tem alguma lógica.
Quem tem responsabilidades de liderar um grupo de trabalho ou uma organização, sabe que tem de contar com todos (os treinadores – uns mais do que outros - ainda têm a possibilidade de andarem sempre a dispensar jogadores e a contratar outros). A falta de motivação de uns contamina os outros. Uma organização ou um grupo de trabalho é muito mais do que a soma das partes, isto é, tem de gerar processos produtivos com rendimentos crescentes à escala. Recorrendo ainda mais ao economês, chama-se a isto a divisão social do trabalho, na linguagem mais da escola marxista, ou as economias de escala dinâmicas, na linguagem mais dos neoclássicos.
Não consigo compreender como é que os treinos podem ser intensos e intensamente trabalhados se uma parte dos jogadores sabe que pouco conta. Como é que os jogadores dessa parte podem entrar em campo, quando faltam os outros, sabendo que o treinador não confia neles, por mais que lhes diga o contrário antes de jogarem?
Não percebo nada de futebol como profissional, sou um simples adepto, mas pratico e ensino coisas destas há umas décadas. A experiência também me ensinou que as pessoas são todas diferentes, têm as suas idiossincrasias, sejam jogadores de futebol ou secretárias de uma repartição pública. É preciso saber falar com cada uma delas. Com umas conversa-se de uma maneira com outras de outra. No final, o discurso tem de ser coerente e justo para com todos. Não há nada que mine mais uma organização que a perceção dos que lá trabalham da injustiça (e a injustiça que mina mais não é absoluta é a relativa, a que tem por referência os outros).
A profundidade do plantel e o cansaço de alguns, físico e psicológico (que é o mesmo porque não existe corpo sem espírito e vice-versa), numa equipa como a do Sporting, não resulta tanto da qualidade individual dos seus jogadores mas, sim, da falta de concorrência saudável para uns e da sensação de exclusão do grupo para outros.
Não sabemos o que se passa nos treinos do Sporting e na relação do dia-a-dia entre o treinador e os jogadores. Só conhecemos, pelo menos eu, o que é visível durante os jogos. O Jorge Jesus não tem autodomínio. Grita com os jogadores e humilha-os, fazendo-o mais com os que têm menos estatuto e são mais jovens (não me parece que os temos da relação que estabeleceu com o Coates ou com o Mathieu, por exemplo, sejam os mesmos da que mantém com o Gelson Martins, o Iuri Medeiros ou o Palhinha). Há jogadores que reagem a isso de uma maneira e outros de outra. A reação não pode ser boa para todos, porque cada um é uma pessoa diferente.
O que acabei de escrever é especulativo e resulta do simples facto de neste momento, antes de me deitar, não ter nada de mais interessante para fazer. Mas se o diagnóstico tiver alguma ponta de verdade, então o Jorge Jesus tem de mudar alguma coisa. Não tem mal nenhum. Aprendemos todos os dias e mudamo-nos em resultado dessa aprendizagem. Os jogadores têm de perceber de que forma devem jogar para o treinador se sentir mais confortável com o modelo de jogo que quer adotar. O treinador tem de adaptar o seu modelo de jogo para que os jogadores se sintam mais confortáveis a pô-lo em prática. Se nessa frente tudo correr bem, as vitórias farão o resto (embora as vitórias dependam de imponderáveis que nem os jogadores nem os treinadores controlam).
Quem tem responsabilidades de liderar um grupo de trabalho ou uma organização, sabe que tem de contar com todos (os treinadores – uns mais do que outros - ainda têm a possibilidade de andarem sempre a dispensar jogadores e a contratar outros). A falta de motivação de uns contamina os outros. Uma organização ou um grupo de trabalho é muito mais do que a soma das partes, isto é, tem de gerar processos produtivos com rendimentos crescentes à escala. Recorrendo ainda mais ao economês, chama-se a isto a divisão social do trabalho, na linguagem mais da escola marxista, ou as economias de escala dinâmicas, na linguagem mais dos neoclássicos.
Não consigo compreender como é que os treinos podem ser intensos e intensamente trabalhados se uma parte dos jogadores sabe que pouco conta. Como é que os jogadores dessa parte podem entrar em campo, quando faltam os outros, sabendo que o treinador não confia neles, por mais que lhes diga o contrário antes de jogarem?
Não percebo nada de futebol como profissional, sou um simples adepto, mas pratico e ensino coisas destas há umas décadas. A experiência também me ensinou que as pessoas são todas diferentes, têm as suas idiossincrasias, sejam jogadores de futebol ou secretárias de uma repartição pública. É preciso saber falar com cada uma delas. Com umas conversa-se de uma maneira com outras de outra. No final, o discurso tem de ser coerente e justo para com todos. Não há nada que mine mais uma organização que a perceção dos que lá trabalham da injustiça (e a injustiça que mina mais não é absoluta é a relativa, a que tem por referência os outros).
A profundidade do plantel e o cansaço de alguns, físico e psicológico (que é o mesmo porque não existe corpo sem espírito e vice-versa), numa equipa como a do Sporting, não resulta tanto da qualidade individual dos seus jogadores mas, sim, da falta de concorrência saudável para uns e da sensação de exclusão do grupo para outros.
Não sabemos o que se passa nos treinos do Sporting e na relação do dia-a-dia entre o treinador e os jogadores. Só conhecemos, pelo menos eu, o que é visível durante os jogos. O Jorge Jesus não tem autodomínio. Grita com os jogadores e humilha-os, fazendo-o mais com os que têm menos estatuto e são mais jovens (não me parece que os temos da relação que estabeleceu com o Coates ou com o Mathieu, por exemplo, sejam os mesmos da que mantém com o Gelson Martins, o Iuri Medeiros ou o Palhinha). Há jogadores que reagem a isso de uma maneira e outros de outra. A reação não pode ser boa para todos, porque cada um é uma pessoa diferente.
O que acabei de escrever é especulativo e resulta do simples facto de neste momento, antes de me deitar, não ter nada de mais interessante para fazer. Mas se o diagnóstico tiver alguma ponta de verdade, então o Jorge Jesus tem de mudar alguma coisa. Não tem mal nenhum. Aprendemos todos os dias e mudamo-nos em resultado dessa aprendizagem. Os jogadores têm de perceber de que forma devem jogar para o treinador se sentir mais confortável com o modelo de jogo que quer adotar. O treinador tem de adaptar o seu modelo de jogo para que os jogadores se sintam mais confortáveis a pô-lo em prática. Se nessa frente tudo correr bem, as vitórias farão o resto (embora as vitórias dependam de imponderáveis que nem os jogadores nem os treinadores controlam).
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Rui Monteiro
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13:30
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segunda-feira, 2 de outubro de 2017
Perdemos o Barreiro mas salvámos Almada por uma unha negra
“Never was so much owed by so many to so few. We shall never surrender”. Deve ter começado assim o discurso de Jorge Jesus ao intervalo. Tínhamo-nos salvado graças à pronta intervenção de Rui Patrício e Mathieu que, nos seus Spitfires, aguentaram os Messerschmitts do Marega e do Aboubakar, depois da nossa Linha Maginot, do Battaglia e do William Carvalho, ter sido destroçada, tendo-se assistido à debandada dos restantes jogadores rumo a Dunkerque. Reuniu-se o que restou das tropas e procurou-se resistir na segunda parte, esperando que os frios das estepes parassem os adversários, apesar dos nossos já estarem a sofrer de escorbuto.
Com efeito, na primeira parte, fomos simplesmente arrasados. Os do Porto tinham muito mais intensidade no jogo, pressionando sempre em todo o campo e ganhando todas as bolas que havia para ganhar. Quando a ganhavam, desatavam à desfilada para a nossa área e nem se davam ao trabalho de fintar os nossos jogadores, limitando-se a atropelá-los. O Brahimi fazia sempre a mesma jogada e a malta caia sempre, fletindo da esquerda para o meio e ganhando superioridade no meio e no lado direito. Enquanto isso, o Marega ia tropeçando na bola e no Jonathan Silva com enorme convicção até deixar o Mathieu com os seus poucos cabelos em pé. Mesmo eriçado, ele, o Rui Patrício e a barra foram os nossos melhores jogadores.
Só equilibrámos o jogo na segunda parte, quando começaram a faltar as forças aos do Porto e o Jorge Jesus acordou de um sono profundo e colocou o Acuña, um esquerdino, a fechar o lado de dentro do Piccini, impedindo que as jogadas do Brahimi se repetissem. O Gelson Martins do outro lado começou a desesperar o Layún e o Marega teve que recuar para ajudar, avançando o Jonathan Silva. O jogo passou a ficar equilibrado e alguns jogadores do Porto, passada a fase da alucinação, em que estavam a jogar acima das suas possibilidades, voltaram a ser o que nunca deixaram de ser, oferecendo-nos o Danilo dois golos que desperdiçámos. Para não lhes ficarmos atrás, oferecemos-lhes um golo também, mas o Marega não tropeçou da melhor maneira na bola e o Rui Patrício defendeu.
Quando pensávamos que finalmente íamos para cima deles, não fomos. As forças não davam para mais e os suplentes não davam garantias. O Bruno César não entrou mal mas, nesta fase da vida, não atrasa nem adianta. O medo de nos desequilibrarmos numa transição era tanto, que o Podence só entrou nos descontos.
Assim se continua a escrever o planeamento desta época. As contratações foram melhores que as da época passada, mas o plantel continua a não ter profundidade. Jogam os mesmos até morrerem. O Jorge Jesus não gera alternativas e, pelo contrário, até as vai queimando (em contrapartida, o Sérgio Conceição até os mortos vai ressuscitando). Ninguém percebe por que razão não jogaram na Taça da Liga os juniores ou os da Equipa B. Não se percebe muito bem como é que nesses jogos, que não interessam a ninguém, o Gelson Dala não tem lugar. Só se for para evitar, à treinador português, que o rapaz faça uma grande exibição e passe a ser concorrente de um outro que é o preferido. O Iuri Medeiros pode ser um jogador pouco intenso e com lacunas defensivas, mas ninguém tem dúvidas sobre a sua qualidade técnica. O nível de massacre nos treinos deve ser de tal ordem que quando entra em campo até parece que aprendeu a jogar futebol no dia anterior. Entretanto, vamo-nos entretendo a brincar aos crescidos na Liga dos Campeões, sem proveito nenhum e a perder pontos para o campeonato.
Com efeito, na primeira parte, fomos simplesmente arrasados. Os do Porto tinham muito mais intensidade no jogo, pressionando sempre em todo o campo e ganhando todas as bolas que havia para ganhar. Quando a ganhavam, desatavam à desfilada para a nossa área e nem se davam ao trabalho de fintar os nossos jogadores, limitando-se a atropelá-los. O Brahimi fazia sempre a mesma jogada e a malta caia sempre, fletindo da esquerda para o meio e ganhando superioridade no meio e no lado direito. Enquanto isso, o Marega ia tropeçando na bola e no Jonathan Silva com enorme convicção até deixar o Mathieu com os seus poucos cabelos em pé. Mesmo eriçado, ele, o Rui Patrício e a barra foram os nossos melhores jogadores.
Só equilibrámos o jogo na segunda parte, quando começaram a faltar as forças aos do Porto e o Jorge Jesus acordou de um sono profundo e colocou o Acuña, um esquerdino, a fechar o lado de dentro do Piccini, impedindo que as jogadas do Brahimi se repetissem. O Gelson Martins do outro lado começou a desesperar o Layún e o Marega teve que recuar para ajudar, avançando o Jonathan Silva. O jogo passou a ficar equilibrado e alguns jogadores do Porto, passada a fase da alucinação, em que estavam a jogar acima das suas possibilidades, voltaram a ser o que nunca deixaram de ser, oferecendo-nos o Danilo dois golos que desperdiçámos. Para não lhes ficarmos atrás, oferecemos-lhes um golo também, mas o Marega não tropeçou da melhor maneira na bola e o Rui Patrício defendeu.
Quando pensávamos que finalmente íamos para cima deles, não fomos. As forças não davam para mais e os suplentes não davam garantias. O Bruno César não entrou mal mas, nesta fase da vida, não atrasa nem adianta. O medo de nos desequilibrarmos numa transição era tanto, que o Podence só entrou nos descontos.
Assim se continua a escrever o planeamento desta época. As contratações foram melhores que as da época passada, mas o plantel continua a não ter profundidade. Jogam os mesmos até morrerem. O Jorge Jesus não gera alternativas e, pelo contrário, até as vai queimando (em contrapartida, o Sérgio Conceição até os mortos vai ressuscitando). Ninguém percebe por que razão não jogaram na Taça da Liga os juniores ou os da Equipa B. Não se percebe muito bem como é que nesses jogos, que não interessam a ninguém, o Gelson Dala não tem lugar. Só se for para evitar, à treinador português, que o rapaz faça uma grande exibição e passe a ser concorrente de um outro que é o preferido. O Iuri Medeiros pode ser um jogador pouco intenso e com lacunas defensivas, mas ninguém tem dúvidas sobre a sua qualidade técnica. O nível de massacre nos treinos deve ser de tal ordem que quando entra em campo até parece que aprendeu a jogar futebol no dia anterior. Entretanto, vamo-nos entretendo a brincar aos crescidos na Liga dos Campeões, sem proveito nenhum e a perder pontos para o campeonato.
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Rui Monteiro
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20:04
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