domingo, 23 de abril de 2023

Central de lança

Nunca fui apreciador de vitórias morais, ainda menos de derrotas imorais. O futebol, para mal de alguns dos nossos pecados, tem balizas. No meu bairro, quando era puto, não raro, fazíamos olhos moucos às balizas, deixando de fora até as pedras que as desenhavam, ficando a bola para nosso eterno deleite.

No final do jogo em Turim não faltaram panegíricos (elogios exacerbados) ao Sporting Europeu de Amorim. Finalmente o Sporting batia-se de igual com grandes colossos do futebol (sequência do Arsenal). Vindos do espaço, pensaríamos que o Sporting teria ganho o jogo, não apenas (supostamente) uma equipa. Sou dos que reconhece o dedo de Amorim no Sporting europeu. Forçosamente teremos, igualmente, de reconhecer o dedo de Amorim no Sporting nacional, ou para consumo interno. O jogo com o Arouca foi mais uma posta suculenta a juntar a um ano verdadeiramente embaraçoso (o orçamento do Braguinha não chega a metade do Sporting), tão bem planeado que em Janeiro já estávamos em serviços mínimos.

O jogo desta semana com a Juventus veio dar continuidade ao Sporting europeu, versus, está muito difícil marcar golos, embora os Italianos o façam sem saber ler e muito menos escrever. Está muito difícil marcar golos, ou, que porra, não se consegue introduzir a bola na baliza do adversário, a não ser com penáltis ou um coelho saído do Pote, não é uma questão nova. Aliás, para provar a sua antiguidade clássica, lá terminamos o jogo com o velho Coates a arfar na grande área adversária. O homem começa a não ter idade para tamanha discrepância posicional. Se calhar não precisamos de um ponta de lança, mas de um novo (ou mais novo) central de Lança.

 

Nota: finalmente ultrapassamos os 45 000 espectadores num jogo em casa, embora a direção do clube tivesse anunciado com pompa lotação esgotada dias antes. A média para o campeonato é mais um embaraço desta época, pouco mais de 25 000, ou seja, pouco mais de 50% de taxa de ocupação, pese o anúncio (mais uma vez com pompa) no início da época de record na venda de game box. Talvez esteja na altura de pararmos com divisionismos e da direção “tentar” apagar os fogos injetando gasolina 98. É só uma ideia.