O Sporting está num enorme processo de desalavancagem, como agora se costuma dizer. Tem que fazer mais com muito menos.
O problema não é fazer mais. Na época passada fez-se tão pouco que muito dificilmente não se fará mais e melhor. O problema é se se fará o suficiente face às expetativas. Por muito que nos conformemos, as expetativas nunca serão poucas. O Sporting não é o Paços de Ferreira. As expetativas são fundamentais para a realização do negócio: em parte são autorrealizáveis e, sem elas, não se mobilizam os adeptos. Quais são as expetativas razoáveis? São suficientes para gerar receitas aceitáveis?
Aqui entra o problema do quanto menos é possível. Pode, deve, ser menos. Mas também deve ser suficiente para se cumprirem expectativas razoáveis. É neste balanço que está o problema. E este balanço é tanto mais problemático quando se pretende reduzir drasticamente o endividamento. É preciso reestruturar. Mas reestruturar para reduzir custos pode gerar no curto prazo mais encargos (com indemnizações).
Reduzir custos no futuro implica uma política salarial e de contratações alinhada com esse objetivo. O recurso à formação justifica-se exatamente por essa razão. Mas o recurso à formação não está isenta de riscos e problemas também. Ou vamos fazendo contratos de longa duração com os mais jovens, numa política tão extensiva quanto possível: o que implica enfiar uns tantos barretes por cada jovem que se conseguir promover à equipa principal. Esta política pode ser cara. Ou, então, como hoje, vamos gerindo à vista e descobrimos, tarde demais, que não renovámos contratos com a antecedência devida. Descobrimos que o barato não é tão barato assim.
Como procurámos demonstrar, esta coisa do deve e do haver tem muito que se lhe diga. Não são só os custos que dependem das receitas. As receitas também dependem dos custos. A variável crítica é o tempo. Fazer tudo isto numa época pode ser catastrófico. Deve ser feito ao longo de várias épocas, com base numa política desportiva coerente e persistente. A questão é se dispomos desse tempo. Quanto tempo é que os adeptos vão dar ao atual Presidente? E os credores? O tempo vai depender dos resultados, como sempre.