quarta-feira, 28 de outubro de 2015

5 Milhões

Caiu o Carmo e a Trindade porque o Sporting paga 5 milhões/ano a um treinador. Classificava-se a opção de Bruno de Carvalho como "um desastre", "uma mudança de rumo" e até os nossos Eurodeputados pareciam mais preocupados com o sítio de "onde vinha o dinheiro" do que em saber como resolver a crise humanitária que temos à porta ou o crescimento anémico da Europa.

Ora de acordo com a capa de um jornal desportivo de ontem o Benfica tem na bancada jogadores que custaram o suficiente para pagar isso a um treinador durante quase 4 épocas. Há uns anos comprámos um inútil Elias por uma pipa de massa. Nestes casos não há tanta "indignação" e muito menos políticos a querer saber "de onde vinha o dinheiro".

Não sei se o treinador merece ou não ganhar 5 milhões. Isso é outra conversa. O que sei é que a época do Sporting até agora mostra claramente como o treinador faz mesmo a diferença. Curiosamente, no ano passado tínhamos um jogador que parece que ganhava 5 milhões por mês. Fez muita diferença e deixou saudades, mas penso que é justo reconhecer que este ano estamos a outro nível.

Estar em primeiro e acabar em primeiro

Com as brincadeiras do “kit” Eusébio e do Rui Vitória até nos vamos esquecendo do essencial. Estamos em primeiro. O Porto borregou contra o Braga. Mesmo com o melhor plantel do campeonato, os entusiasmos da Liga dos Campeões pagam-se caro. A rapaziada depois de beber do fino não quer outra coisa. Não quer voltar à piolheira nacional.

O Jorge Jesus é mais realista. Sabe, como o Woody Allen, que a realidade é dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife. A realidade regressa todos os fins-de-semana. Jogo após jogo, contra os Estoris ou os Tondelas desta vida.

O Jorge Jesus sabe tudo isto. Espero que os jogadores também saibam ou, se não sabiam, que ele lhes explique. Vem agora o jogo contra o Estoril, sem competições europeias e outras distrações pelo meio. De nada valem os golos contra o Benfica para se ganhar esse jogo. Não há pássaros nos ninhos do ano passado; que é uma outra forma de dizer que estar em primeiro não é a mesma coisa do que acabar em primeiro.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Jorge Jesus, o nosso “ai Jesus”

[Comparação]
O Sporting não tem melhor equipa do que a da época passada. O Benfica não tem pior equipa do que a da época passada. Na época passada, em dois jogos, empatámos duas vezes. Esta época, em dois jogos, ganhámos duas vezes. No primeiro, o resultado ficou aquém da exibição. No segundo, o resultado e a exibição não deixam dúvidas.

[Eficácia]
Há quem diga que o jogo se decidiu na eficácia. Há jogadas de perigo e jogadas de perigo. O Sporting criou quatro jogadas de golo e marcou três. Os quatro lances, incluindo o da perdida do Jéfferson, resultam de jogadas colectivas, defensivas e ofensivas. Dificilmente o Sporting não teria marcado pelo menos dois golos. O Benfica teve um lance de golo que nasce por acaso de um disparate do Naldo.

[Gestão da equipa]
O Jorge Jesus marimbou-se, e bem, para a Liga Europa. O Rui Vitória leva a sério a Liga dos Campeões. Um conhece as limitações da sua equipa. O outro não. O Sporting esteve sempre melhor física e animicamente. O Téo e o Ruiz, embora à beira de um esgotamento, concluíram o jogo vivos. Os jogadores do Benfica estavam de rastos fisicamente e ainda pior ficaram com o avolumar do resultado.

[Treinador faz a diferença]
Havia muito para dizer sobre este ponto. Fica para melhor oportunidade. No entanto, ninguém tem dúvidas: se os papéis dos treinadores se invertessem o resultado seria ao contrário. Não sairíamos vencedores da Luz com o Rui Vitória a treinador. Nem neste nem em qualquer outro jogo sairíamos vencedores se, para além disso, do outro lado estivesse o Jorge Jesus.

domingo, 25 de outubro de 2015

Ai Jesus!...

Foi uma “ai Jesus” permanente. “Queres ver, queres ver que o Téo ainda marca. Ai Jesus!” Ó Luisão olha o Slimani! Ai Jesus!” Não deixes ir o Slimani, vai, vai-te a ele! Cuidado com o Ruiz! Ai Jesus!”

Não recebemos “kit” Eusébio. Se recebêssemos, vínhamos com uma camisola do Benfica e quatro “vouchers”. Viemos com três “vouchers” que o limite da UEFA não dá para mais. Viemos com o “kit” Jesus. O Luisão ainda tentou. Deixou o Júlio César desconjuntado. Vão ser necessários mais uns tantos emplastros espalhados pelo corpo todo para o rapaz se refazer para os próximos jogos.

A segunda parte chegou a ser deprimente. O Sporting fazia de contas que pressionava a defesa e o meio-campo. O Benfica trocava a bola até o Samaris se lembrar de lançar o Rui Vitória pela linha lateral, como quem diz: “o que é que eu faço com esta coisa? Diz qualquer coisa. Faz qualquer coisa. Desmarca-te, corre, pelo menos”. O Rui Vitória, nada.

Até agora, o Sporting tinha gerado grandes danos reputacionais ao Benfica, segundo a sua Direcção. Danos de quarenta milhões de euros pelo menos. Depois deste jogo, os danos reputacionais não têm preço.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Nada disto interessa

Vieram uns pândegos da Albânia participar num jogo-treino connosco. Rapaziada esforçada e consciente das suas obrigações. Rapidamente arranjou maneira de ficar a jogar com dez e de nos oferecer dois golos.

Precisávamos de inventar um novo Carrillo. Parece que está inventado. Não é tão enleante nas fintas e a passar pelos adversários, mas sabe estar no sítio certo e passar e rematar quando é preciso. O Matheus Pereira é miúdo para nos dar umas tantas alegrias. Hoje deu-nos duas, tantas quantas os golos. O Gélson Martins parece um pouco mais verde, mais ansioso. Quando recebe a bola quer sempre construir a jogada da sua vida. É preciso mais calma.

Gostei do Bruno Paulista. Aprecio o estilo: alto, disputa as bolas como se não houvesse amanhã, pé esquerdo com mira telescópica. Se fosse possível dispor dele e do William Carvalho no meio-campo ao mesmo tempo, construíamos um autêntico muro. Vamos ver se o Jorge Jesus consegue fazer esse milagre.

O resto foi mais do mesmo. Demos a enésima oportunidade ao André Martins para ele demonstrar que desta é que era. Não foi, como de costume. O Montero correu como se estivesse a fazer jogging e jogou como quem está numa pelada com os amigos. Consegue irritar o mais ferrenho adepto. Mesmo assim, arranjou dois penalties. Não foi bem ele que os arranjou. Foram mais os adversários que os ofereceram.

Descansámos os jogadores quer tínhamos que descansar. Treinámos a rapaziada mais nova, que se começa a afirmar como alternativa. Ganhámos. Goleámos. Sofremos um golo parvo a acabar o jogo. Nada disto interessa. O que interessa é o derby.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Gastronomias

Ou o Museu Cosme Damião e o Museu da Cerveja começam a servir vários tipos de “kebap” ou as competições europeias não vão ser a mesma coisa. É preciso alargar a ementa, considerando a vasta e rica gastronomia internacional.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A pergunta de um milhão de dólares

No próximo fim-de-semana joga-se o derby dos derbies. Há uma pergunta que vale um milhão de dólares. Não, não é sobre o resultado. Também não é sobre o eventual cataclismo da estrutura do Benfica e do Rui Vitória caso o Sporting ganhe, passando-se a atribuir definitivamente todo o merecido mérito ao Jorge Jesus pelas vitórias do Benfica nos últimos campeonatos.

Há uma, uma só pergunta cuja resposta vale um milhão de dólares. O Benfica vai oferecer o “kit” Eusébio aos árbitros e observadores? É que se o tem vindo a fazer ao longo dos últimos anos e não vê inconveniente nisso, então não há nenhuma razão para deixarem de oferecer.

Se assim for, os árbitros escusam de vir dizer que fumaram mas não inalaram, isto é, que ficaram com a camisola e deitaram fora as refeições oferecidas no Museu Cosme Damião e no Museu da Cerveja. Se, como até agora, também não virem inconveniente nessa oferta e não for muita a maçada, podem mesmo fazer a devida referência no relatório.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Nós e eles

Para ser sportinguista, preciso do Benfica. Qualquer benfiquista, para o ser, precisa do Sporting. A identidade forma-se também por oposição à identidade dos outros.

Não gostamos deles, porque são o contrário de nós. Eles não gostam de nós, porque somos o contrário deles. Mas vamos ter de viver juntos. Nós não somos nada sem eles. Eles não são nada sem nós.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Fernando Santos, um treinador invulgar

Não é um treinador qualquer que consegue sete vitórias em sete jogos realizados; que, para além disso, o consegue com uma dupla de centrais que soma setenta anos de idade e um trinco que, antes dos jogos, tem de ir deixar os netos no infantário.

Impossível, impossível mesmo, é consegui-lo com um golo de cabeça do Miguel Veloso e dois golos do João Moutinho resultantes de dois remates à entrada da área em dois jogos seguidos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A seleção e o “kit” Eusébio

A minha filha foi estudar para fora. Mais de uma década e meia depois, descobrimos de quem era a responsabilidade da desarrumação e da agitação permanente da casa. Estou ilibado finalmente. Está tudo mais calmo, mas temos saudades dos tempos antigos.

Eu e a minha mulher parecemos um casal de reformados. À noite ou ao fim-de-semana, qualquer programa é um bom programa. Ver a seleção em Braga pareceu-me um bom programa. Admiti ir ao Continente comprar umas fatias de fiambre e qualquer coisa mais para ter direito a uma borla no bilhete.

Não fui ao Continente. Não fui ver o jogo ao estádio. Vi-o na televisão, em casa. Não me arrependi. Para ir ao estádio, ver aquele jogo, a borla do Continente é curta. A continuarem a jogar assim, nem que o Continente me ofereça o “kit” Eusébio.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Todos temos um limite

Sem querer entrar em demasia pelo comentário político neste blogue penso que o país aguenta estar sem Governo umas semanas, meses e até quem sabe anos (a Bélgica não se deu mal com isso). O país até mostrou que aguenta um dia de eleições com bola, ainda que não fossem precisas sondagens nem arbitragens encomendadas para saber quem ia ganhar este peculiar derby.


Agora o que o país não aguenta é estar semanas sem governo a sério e sem bola a sério, ao mesmo tempo. Assim, sem debater sequer o conteúdo, acho que devemos reconhecer o serviço prestado à nação por Bruno de Carvalho. Com o Carrilho no Perú, sem Governo nem Troika, depois de Porto e Sporting golearem e do Benfica nem sequer jogar, com dois enfadonhos jogos da selecção de Santos pelo meio e Cavaco a assumir-se como o grande protagonista da nossa política, iam ser semanas difíceis. Obrigado Bruno por nos poupares a isso e por seres a grande figura da nossa "agenda mediática" neste momento tão difícil. Todos temos um limite e eu já temia que o meu se estivesse a aproximar.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

De papo cheio

Finalmente ganhámos como deve ser: de papo cheio e com um “hat-trick” do Slimani. O homem já merecia e nós também.

Há um antes e um depois de William Carvalho. Com ele, a equipa está tranquila a atacar e a defender. Não há transições ofensivas do adversário que lhe resistam. Os defesas centrais deixam de estar entregues à sua sorte. Os laterais sobem sem estarem a olhar pelo retrovisor. O Adrien pode perder as bolas que lhe der nas ganas que não há problemas. Todos os jogadores têm um porto seguro a quem passar a bola. Ele não a perde e encontra sempre o melhor destino para ela.

O jogo não teve muita história. Atacámos, atacámos e atacámos. Dominámos, dominámos e dominámos. O Guimarães nunca conseguiu sair do meio-campo. As oportunidades de golo sucederam-se. Ao intervalo o resultado de dois a zero era tremendamente injusto. No final, os cinco a um sabem a pouco.

Duas ou três notas finais.

O Bryan Ruiz desatarraxou-se definitivamente. A cada jogo que passava, o risco de se desmembrar era cada vez maior. Tinha de acontecer o que aconteceu. Aconteceu numa das suas melhores jogadas da época. Partiu os adversários e partiu-se a si próprio, tudo em câmara lenta.

A paciência para o Teo Gutiérrez começa a esgotar-se. O homem não é carne nem peixe. Parece ter técnica, mas não tem. Parece ser rápido, ou intenso, como agora se diz, mas não é. Parece ser perigoso, mas é um cabo dos trabalhos para marcar um golo. Tem o defeito de desaparecer do jogo ao fim de meia-hora, depois de ficar com os bofes de fora com duas corridas.

A alternativa ao Carrillo é o João Mário, como esperava. Não é bem o João Mário. É o João Mário e o Esgaio. O primeiro joga melhor por dentro. O segundo é um excelente ciclista. Não revela é ainda grande confiança na hora da decisão.