domingo, 29 de janeiro de 2012

O matulão, mais uma vez

Esperava ter razão. O que não esperava era ter tanta razão assim. O campeonato é mau. As equipas jogam pouco. A maior parte dos jogos ganham-se ou perdem-se nas bolas paradas. É preciso na defesa um matulão, que ganhe as bolas de cabeça, vá marcando uns golos a partir duns cantos e livre e dissuada os avançados de se tornarem muito afoitos. Nem era preciso sequer um matulão tão matulão como o Onyewu.

Hoje, contra o Beira-Mar, ganhou-se à cabeçada, na sequência de um canto e de um livre. Para se ganhar assim é preciso um matulão. Demorámos uns anos a perceber isso, mas mais vale tarde do que nunca.

Deste jogo não me lembro de muito mais. Foi fraco. O meio-campo continua num mar de equívocos. Entre o Renato Neto e o André Santos, às tantas, prefiro o Carriço. O Beira-Mar é que jogou desconfiado, sempre a duvidar das suas capacidades. Valeu-nos isso e, como disse, o matulão.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Olhanense não perdeu ou a razão porque o Rui Patrício é capaz de ser mesmo o melhor guarda-redes da Europa

Pedia-se ao Domingos que mudasse alguma coisa. Para melhor, de preferência. Mas sobretudo que mudasse. Ele assim fez. Mandou reanimar o Polga e, na falta do Elias e do Schaars, colocou dois matraquilhos no meio campo, o Carriço e o Renato Neto. Como ainda se podia confundir esta equipa com aquela que ganhou dez jogos seguidos, meteu o Jéffren a ponta-de-lança.

A ideia era simples: fazer com o Sporting se parecesse com o Olhanense. O Olhanense jogando contra si próprio nunca perde: ou empata ou mesmo que perca ganha na mesma.

O Olhanense, de Olhão, jogou como se esperava. Apostou tudo nas bolas paradas ou numas biqueiradas para a frente à espera que numa correria qualquer o João Pereira ou o Polga dessem a barraca do costume. O Olhanense, de Lisboa, apostou no mesmo, mas de forma menos convicta. Num caso ou noutro, tentou também umas infiltrações pelas laterais na esperança de servir o magnífico jogo de cabeça do Jéffren.

Tudo correu como se esperava. O Olhanense não perdeu.

Duas últimas notas. Às tantas o Rui Patrício é capaz de ser mesmo o melhor guarda-redes da Europa. Qual Casillas, qual Buffon, qual carapuça. Queria vê-los naquele inferno de Olhão. O Wilson Eduardo é um jogador à Sporting. É rápido, é tecnicista, falha golos e lesiona-se.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Desertificação

Só vi a primeira parte do jogo contra o Moreirense. Vi que chegasse. Só nessa parte o Moreirense dispôs de três oportunidades flagrantes de golo, tendo marcado numa delas. Parecia o Barcelona.

Às 21.30 h tinha que estar no Porto Canal para debater o tema da desertificação do interior do país. Debati esse tema a partir de um documentário sobre Castro Laboreiro, no concelho de Melgaço. Os idosos de Castro Laboreiro conhecem as palavras que, hoje, todos os dias nos gritam: emigração, sofrimento, dignidade, solidão, pobreza.

Esta época, ver os jogos do Sporting parecia uma forma de nos esquecermos dessas palavras que nos afligem. Se nem para isso serve, então, não serve para nada.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Os bons nem sempre são os melhores e os melhores nem sempre são bons

Um dos meus heróis de infância foi o Major Alvega, rebaptizado em português, à conta do Estado Novo, em Major Jaime Eduardo de Cook e Alvega. A história era simples: o Major Alvega era bom piloto de guerra, estava do lado certo, do lado do bem (contra o mal), e por isso era melhor que os pilotos alemães. Ser bom e estar do lado do bem era ser melhor.

As histórias devem ter uma moral. A simplicidade ajuda a encontrar essa moral. Nunca me ocorreu que ele fosse melhor porque os alemães simplesmente não eram bons ou porque as circunstâncias o permitiam (por exemplo, em nenhum momento, procurei saber se os “Spitfires” eram melhores que os “Stukas”).

No futebol os resultados permitem construir essa (falsa) moral também: os bons são sempre os melhores e os melhores são sempre bons. Infelizmente na vida, e no futebol, as coisas não são tão simples assim. É-se melhor em certas circunstâncias e é-se melhor porque os outros são piores. Ser-se bom nem sempre é condição necessária, e muito menos suficiente, para se ser melhor.

Isto para dizer que não consigo analisar a “performance” do Sporting sem atender às suas circunstâncias e à “performance” dos adversários (que resulta das suas circunstâncias também). Não consigo fazer essa análise sem contar com o autêntico roubo de início de época (e, ainda, à forma como esses resultados foram influenciando o comportamento da equipa nos jogos subsequentes). Não consigo fazer essa análise sem contar com o facto de os principais adversários não terem sido roubados de igual forma.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ciclotimia

A malta é dada à ciclotimia. Quando ganhámos dez jogos seguidos éramos os maiores e o maior dos maiores era o Domingos. Ficámos a onze pontos do primeiro e somos os piores e o pior dos piores é o Domingos.

Como diria o Gabriel Alves, o Domingos é o Domingos e a sua circunstância. É que nesta altura todos se esquecem da bandalheira das arbitragens. Há profecias que se cumprem a si mesmas, sobretudo quando é a rapaziada do apito que as faz.

domingo, 15 de janeiro de 2012

João Pereira -2 Quim – 1

É sempre injusto atribuir uma derrota a um só jogador. A culpa, em qualquer dos golos, não é só do João Pereira. Mas é verdade que nenhuma equipa com aspirações pode ter um jogador que dê duas buracadas daquelas.

O Braga pareceu sempre mais perigoso, mais equipa. Nós continuamos com a questão do meio-campo mal resolvida. O Schaars sai melhor com a bola mas não pressiona tão bem, sobretudo na zona central. A equipa continua partida em muitas fases do jogo. Os que jogam mais à frente ficam muito entregues a si mesmos.

Salvaram-se o Matias, o Carrillo e o Quim; o Quim especialmente. Aliás, se o João Pereira vai ao Europeu, parece-me injusto que o Quim também não vá.

Comunicação Social Desportiva: STOP para uns, Salvo-Conduto para Outros…

Na quarta-feira enquanto regressava a casa ia ouvindo na Antena 1 a segunda parte do Sporting-Nacional. A páginas tantas, Hélder Conduto – um rapaz pago com os impostos de todos nós cuja isenção atinge frequentemente o nível máximo da famosa "escala de Barbas modificada" – começa a salivar compulsivamente: “falta do jogador do Nacional, lá vão os jogadores do Sporting pressionar o árbitro para mostrar o amarelo, vamos ver se o árbitro resiste à pressão, não, não resistiu, mostrou mesmo o amarelo”… Mais tarde, o jogador em causa – Márcio Madeira - faz mais uma falta e é expulso – o nosso Conduto não se consegue conter e vocifera: "o Sporting mais uma vez vai acabar a jogar contra dez"…

A comunicação social poderia contribuir, através da denúncia do que se passa dentro ou fora de campo, para dar alguma credibilidade ao futebol português. Mas, pelo contrário, o famigerado sistema reproduz-se, também, na comunicação social. Os relatores ou comentadores dos jogos, regra geral, adeptos ou ex-jogadores dos nossos principais adversários, não hesitam em demonstrar que vão ao jogo de cachecol e bandeirinha. Já os comentadores de arbitragem, normalmente ex-árbitros, limitam-se a ser tão tendenciosos contra o Sporting como o haviam sido dentro das quatro linhas…
Resultado - a comunicação social, em vez de constituir um ator fundamental para denunciar as “malabarices” (neologismo recentemente inventado que mistura malabarismos e... aldrabices) do futebol português, contribui, não apenas para lavar tudo mais branco, como ainda para nos procurar desestabilizar, quer com notícias encomendadas, quer com análises com uma contundência crítica sem paralelo quando comparada com a que utiliza com os nossos principais adversários.
Que campanha "negra" não estaria em curso se o Sporting tivesse contratado um campeão do mundo (Capdevilla) aparentemente contra a vontade do Treinador e este decidisse não o convocar desde o início da época? Que especulações, críticas e tentativas de entrevistas não se fariam a propósito da situação de Rúbem Amorim – que, bem ou mal, é normalmente convocado para a Seleção Nacional – se este fosse jogador do Sporting e estivesse em conflito aberto com o Treinador, sendo até forçado a treinar-se sozinho? Se atuassem no Sporting, quantas crónicas e editoriais não teríamos a denunciar a sistemática conduta brutal de jogadores como Javi Garcia ou Maxi Pereira - que, em cada jogo, fácil ou difícil, em casa ou fora, fazem questão de dar o seu festival de entradas assassinas e agressões gratuitas? Que análises contundentes e propostas de castigos exemplares não se fariam na comunicação social se o Sporting, em vez de forrar os túneis de acesso aos balneários com cartazes com os seus adeptos em poses ameaçadoras, lá colocasse os próprios em carne e osso disfarçados de stewards? E que alarido - notícias de primeira página, reportagens, horas extras - não faria a comunicação social se esse comportamento violento dos pseudo-stewards nos famigerados túneis fosse denunciado sistematicamente, não apenas pelos adversários, mas também por um dos sócios mais castiços, considerando-os mesmo “uma Gestapo dentro do clube”?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Follow up

O Polga acabou e acabou há muito. Foi um bom jogador, mas já não é. O pior dos finais é o que se adia. Temos tendência natural para procrastinação, para adiar para amanhã o que se pode fazer hoje. É humano. Mas nem tudo o que é humano é bom.

O Bojinov começa a ser um caso clínico. Não se mexe, não se motiva, não aparenta confiança, a bola parece sempre atrapalhar. É um corpo estranho na equipa. Dito isto, mete-me confusão a aposta no Bojinov em detrimento do Rubio. Não sei se é melhor. Não sei se é bom. Mas a verdade é que o rapaz quase não teve oportunidades.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Continuar a conjugar o verbo despachar e no plural

Foi preciso andarmos às aranhas no princípio da época para despacharmos o Postiga e o Djaló. Não o tendo conseguido o Domingos, foi preciso que o Freitas tratasse do assunto.

Agora, é (quase) necessário que aconteça uma desgraça na Taça de Portugal para que alguém se decida a despachar o Polga e o Bojinov. O Domingos, pelos vistos, não o consegue novamente. Vai ter que ser o Freitas a fazer o que é preciso.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Fazer o que nos compete

Nos últimos jogos as coisas pioraram. Mérito dos adversários, mas não só. A eficácia na conclusão das jogadas (no último passe e na finalização), que foi o nosso grande mérito quando iniciámos a grande arrancada, tem vindo a piorar. O Wolfswinkel e o Capel têm vindo a decrescer de forma, nada de anormal. Sem o Rinaudo a equipa sai pior com a bola, fica mais partida e, sobretudo, não revela capacidade para, em certas alturas do jogo, empurrar para trás os adversários e asfixiá-los.

Agora, não me lembro de um único jogo a sério em que o Sporting tenha sido pior que os adversários. Nem sempre ganhámos. Até perdemos. Mas nunca fomos inferiores. Fosse o campeonato um pouco mais sério e a classificação refletiria isso mesmo. Resta-nos continuar a fazer o que nos compete, que é fazer bem aquilo que depende de nós. Não sei se chega, mas sem isso, então, é que não chega de todo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Este já está no papo

A última vez que perdi os óculos na bola, foi a 8 de Setembro de 2001. Contra toda a  lógica (o Sporting vinha de derrotas com o Alverca e o Belenenses), resolvi ir de propósito a Leiria ver a estreia do Jardel (gordo que nem um perú). O resultado foi um empate num jogo bem fraquinho em que o árbitro era o Pedro Proença. No final o Sporting foi campeão. Ontem, repetiu-se a cena. Está bom de ver como é que isto vai acabar. Fica caro, mas os Sportinguistas merecem.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Massa com frango

Estes jogos começam-se a ganhar ou a perder antes de se iniciarem. Se o Sporting tem chegado a este jogo com os pontos que devia ter, o jogo teria sido outro; ou mesmo que tivesse sido como foi a importância deste empate para o futuro seria percepcionada de outra forma por ambas as equipas.

A partir de certa altura, tornou-se evidente que o jogo só se decidiria a favor do Sporting ou do Porto em função de uma jogada mais ou menos pontual. Na dúvida, o Pedro Proença foi sempre evitando que tivéssemos essa jogada. Quando a tivemos, falhámos.

Quando era miúdo e vivíamos crises com responsáveis e motivos diferentes da actual, a gestão doméstica da minha mãe mais se parecia com uma verdadeira economia de guerra. Volta e meia, comíamos frango, quase sempre com massa. Comíamos tantas vezes assim, que tudo me sabia ao mesmo e o mesmo sabia-me a nada. Este jogo soube-me assim: a massa com frango.

Ser do Sporting, uma definição

Nunca encontrei uma definição que caracterizasse plenamente os sportinguistas. Um adepto de Parambos, Carrazeda de Ansiães, iluminou-me. Diz ele que: "nós aqui [em Parambos] não somos simpatizantes do Sporting por ser".

Ora aí está uma excelente definição. Não se é do Sporting por ser. É-se para além do ser.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Conduzindo a olhar pelo espelho retrovisor

Somos o único ser vivo que tem a noção do tempo. Por isso nos preocupamos muito com o futuro. Agora, tendemos a encontrar padrões no comportamento passado para, a partir deles, prevermos o futuro. É como se conduzíssemos sempre a olhar pelo espelho retrovisor.

É por essa razão que é importante ganhar ao Porto no próximo fim-de-semana. Nesse jogo estão em causa mais do que os três habituais pontos. Depois dele, passaremos a encontrar no passado mais uma boa razão para acreditarmos no futuro.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Resoluções de Ano Novo

Para 2012 proponho que os jogos do Sporting passem a ser transmitidos na Benfica TV.

Estou certo que com esta decisão vamos conseguir ter comentadores e comentários aos jogos mais isentos do que os da SIC. Pior do que ouvi ontem é impossível.

Se alguém souber do paradeiro do Joaquim Rita avise por favor para eu lhe dar os parabéns pela verborreia imbecil com que ele nos brindou, é certamente recorde do Guiness.

Saudações Leoninas,

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Empatar é melhor que perder, porque perder é o contrário de ganhar

Demos vinte e cinco minutos de avanço. Nada mal. Contra a Académica e o Marítimo demos mesmo a primeira parte. Começa-se a transformar num (mau) hábito. Também começa a ser um (mau) hábito falhar golos feitos. O Elias deve andar a aprender a rematar com o André Santos. A primeira parte acaba com o árbitro (Cosme Machado) a apitar para marcar um livre perigoso a favor do Sporting e a lembrar-se depois que talvez fosse ainda melhor ideia acabar o jogo.

A segunda parte começou por prometer mais. Então quando voltámos a jogar com onze, após a saída do André Santos, parecia que mais minuto menos minuto iriamos marcar. Aí o Domingos resolveu inventar. Meteu o Izmailov a jogar a dez e colocou o Matias Fernandez do lado direito. O nosso jogo piorou. Em desespero o Onyewu acabou a metê-la lá dentro, dando-me humildemente alguma razão. Contra certas equipas e em determinadas circunstâncias, é preciso jogar com dois avançados.

O Rio Ave parecia estar apalavrado pelo Porto. Só assim se compreende a forma violenta como alguns jogadores entraram sobre os do Sporting, principalmente sobre o Wolfswinkel. A complacência do árbitro, essa compreende-se. Faz parte do pacote habitual.

O resultado não foi bom, mas podia ser pior. Como alguém um dia disse, “perder é o contrário de ganhar e vice-versa”. Agora, o Domingos deu sinais de desorientação. Na primeira parte, vi, com estes que a terra há-de comer, o Polga a marcar um livre directo. A aposta no Izmailov a dez, quando está a jogar o Matias, só pode ser uma brincadeira. Aliás, aquele meio campo, agora que temos o Matias e o Izmailov, precisa de ser repensado.

Uma última nota, mais uma vez, para o Onyewu. Irrita-o perder um jogo e isso nota-se. Não me posso esquecer de um lance dele na primeira parte junto à lateral direita. A forma como foi atropelando os jogadores adversários que lhe foram aparecendo pela frente fez-me lembrar, por momentos, o Jonah Lomu, com a desvantagem de não poder levar a bola com a mão. É sempre engraçado ver os comentadores a engasgarem-se, tal é a velocidade com que têm de engolir tudo o que sobre ele vão dizendo.