domingo, 15 de janeiro de 2012

Comunicação Social Desportiva: STOP para uns, Salvo-Conduto para Outros…

Na quarta-feira enquanto regressava a casa ia ouvindo na Antena 1 a segunda parte do Sporting-Nacional. A páginas tantas, Hélder Conduto – um rapaz pago com os impostos de todos nós cuja isenção atinge frequentemente o nível máximo da famosa "escala de Barbas modificada" – começa a salivar compulsivamente: “falta do jogador do Nacional, lá vão os jogadores do Sporting pressionar o árbitro para mostrar o amarelo, vamos ver se o árbitro resiste à pressão, não, não resistiu, mostrou mesmo o amarelo”… Mais tarde, o jogador em causa – Márcio Madeira - faz mais uma falta e é expulso – o nosso Conduto não se consegue conter e vocifera: "o Sporting mais uma vez vai acabar a jogar contra dez"…

A comunicação social poderia contribuir, através da denúncia do que se passa dentro ou fora de campo, para dar alguma credibilidade ao futebol português. Mas, pelo contrário, o famigerado sistema reproduz-se, também, na comunicação social. Os relatores ou comentadores dos jogos, regra geral, adeptos ou ex-jogadores dos nossos principais adversários, não hesitam em demonstrar que vão ao jogo de cachecol e bandeirinha. Já os comentadores de arbitragem, normalmente ex-árbitros, limitam-se a ser tão tendenciosos contra o Sporting como o haviam sido dentro das quatro linhas…
Resultado - a comunicação social, em vez de constituir um ator fundamental para denunciar as “malabarices” (neologismo recentemente inventado que mistura malabarismos e... aldrabices) do futebol português, contribui, não apenas para lavar tudo mais branco, como ainda para nos procurar desestabilizar, quer com notícias encomendadas, quer com análises com uma contundência crítica sem paralelo quando comparada com a que utiliza com os nossos principais adversários.
Que campanha "negra" não estaria em curso se o Sporting tivesse contratado um campeão do mundo (Capdevilla) aparentemente contra a vontade do Treinador e este decidisse não o convocar desde o início da época? Que especulações, críticas e tentativas de entrevistas não se fariam a propósito da situação de Rúbem Amorim – que, bem ou mal, é normalmente convocado para a Seleção Nacional – se este fosse jogador do Sporting e estivesse em conflito aberto com o Treinador, sendo até forçado a treinar-se sozinho? Se atuassem no Sporting, quantas crónicas e editoriais não teríamos a denunciar a sistemática conduta brutal de jogadores como Javi Garcia ou Maxi Pereira - que, em cada jogo, fácil ou difícil, em casa ou fora, fazem questão de dar o seu festival de entradas assassinas e agressões gratuitas? Que análises contundentes e propostas de castigos exemplares não se fariam na comunicação social se o Sporting, em vez de forrar os túneis de acesso aos balneários com cartazes com os seus adeptos em poses ameaçadoras, lá colocasse os próprios em carne e osso disfarçados de stewards? E que alarido - notícias de primeira página, reportagens, horas extras - não faria a comunicação social se esse comportamento violento dos pseudo-stewards nos famigerados túneis fosse denunciado sistematicamente, não apenas pelos adversários, mas também por um dos sócios mais castiços, considerando-os mesmo “uma Gestapo dentro do clube”?

13 comentários:

  1. Post fenomenal! Consegue descrever em palavras o sentimento de cada sportinguista. É esse o seu grande dom. Regalo-me sempre que venho a este blog. Continue

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    1. isto não é sportinguismo, isto é anti benfiquismo e do mais reles que existe. um conselho. querem crescer? esqueçam o benfica. ou então de vez em quando malhem no porto, nem que seja para disfarçar.

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  2. Só podemos responder com vitórias dentro de campo.

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  3. Dos melhores posts que já li da blogosfera leonina, estás de parabéns.SL

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  4. Calimero não diria melhor...

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    1. Parabéns. Análise tão certeira como útil. Este texto deveria ser estudado nos cursos superiores de comunicação social...mas não será... grande parte dos artificies convidados para leccionarem são esses seres rastejantes de que o texto fala, assim se garantindo a reprodução do mal, a perpetuação da asneira.
      SL

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    2. a isto não se chama analise certeira, chama-se complexo de inferioridade. esqueçam o vermelho, olhem para dentro de casa ou então de vez em quando falem mal do porto, nem que seja só para disfarçar.

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  5. Brilhante análise. Sugiro que todos nós enviemos este texto, se o Júlio autorizar, às redacções e directores de jornais e televisões.

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  6. Caríssimos Leão Verde, A. Trindade, Dasmi, Manuelo, Mike Portugal e Cantinho de Morais,

    Agradeço as amáveis palavras sobre o "post", mas apenas procurei retratar com alguns casos práticos os sistemáticos de "dois pesos e duas medidas" que a generalidade da comunicação social utiliza connosco e com os nossos principais adversários - em particular, e sem margem para dúvidas, com o grande beneficiário - o Benfica. É certo que o Porto, a bem ou a mal, também tem a comunicação social do norte a seu lado (JN, Jogo, Bruno Prata, grande parte dos relatores ou comentadores dos jogos no Porto...), mas a sua expressão não tem comparação com a gigantesca máquina de propaganda que o Benfica tem sempre a seu favor. Um destes dias procurarei voltar ao assunto.

    E, já agora, havia mais, muito mais casos a acrescentar à lista de situações de tratamento desigual pelos media entre Benfica e Sporting. Só esta época, por exemplo, com que escândalo não seria tratado o caso "Enzo Perez" no Sporting - contratado por um valor superior ao Ricky VW - e atualmente "a monte" algures nas "pampas"... E que extrapolações e análises das consequências jurídicas não se fariam se os dois "pivots" do Pedro Proença, delicadamente extraídos por um simpático adepto benfiquista, tivessem sido retirados por um sportinguista?

    No entanto, como bem diz o Mike Portugal, com esta onda recente de maus resultados - em larga medida, por erros ou limitações próprias - bem sei que estamos a pregar no deserto... Melhores dias virão...

    Saudações leoninas,

    Caros Anónimos Benfiquistas,

    Concordo que os sportinguistas têm que deixar de ser Calimeros e passar a tratar estes assuntos da comunicação social ou da arbitragem, utilizando as boas práticas que Porto e Benfica certamente nos podem ensinar sobre esta matéria... Como diria o Octávio Machado vocês sabem do que eu estou a falar... Ou como diria o Jesus, a falar vocês sabem do que eu estou...

    E sim, posso confirmar - tal como indica a assinatura do blogue - que "falaremos sempre mal do Benfica". Mas se fizerem o favor de pesquisar (por exemplo, por Pinto da Costa), o Porto também já teve o que mereceu...

    Um abraço,

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    1. sabem o que diz a minha mãe? a inveja é pior que a feitiçaria. sabem o que digo eu?
      cada vez tenho mais a certeza. só há dois clubes grandes em portugal. o benfica e o anti benfica. é só ver esses programas de futebol por essa noites fora, qualquer canal serve,.existe uma aliança entre o azul e verde contra o benfica. será isto a maquina de propaganda do benfica?

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  7. Caro nuno slb4ever,´

    Como eu já confessei, do que eu tenho mesmo inveja é de não ter uma máquina de propaganda como a do Benfica. Aliás, escrevi mesmo que até queria que o Sporting seguisse as suas boas práticas de comunicação. Sem exageros, é certo – eu não quero obrigar o António Pedro Vasconcellos leonino a recitar de cor os artigos da lei da arbitragem, nem da legislação da Liga. Um abraço,

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    1. Caro Julio Pereira
      Acha mesmo que o sr. Antonio P vasconcelos, o sr. Fernando Seara, o sr. Rui Gomes Da Silva defendem o meu clube. Aquilo é carne para canhão. Se existisse mesmo essa maquina, esses individuos seriam logo postos de parte. Um abraço. É bom encontrar pessoas com quem discordar amigavelmente.

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