Existe por aí uma frase a pairar, desde o tasco mais
lubrificado pelas hostes, até ao cabeleireiro cujo requinte máximo é ser
frequentado por influencers ligados
ao mundo da canalização e esgotos: O Benfica não joga nada. Trata-se de uma
frase reconhecível pela sua endurance mediática, uma frase que representa um
segredo miudinho, já nada bem guardado: O Benfica não joga nada… e isso é
contagioso, pega-se, como se diz na minha terra, como uma lapa aos outros intervenientes,
atravessando portas e janelas como se de um fantasma com ejaculação mística precoce
se tratasse.
Em jogo recente com esse Benfica, o Sporting de Rui Borges
entrou no jogo (durante vinte minutos) em modo Sporting de Rui Borges, não sendo brilhante nem dando para
emoldurar uma lapela, sempre dá para o gasto. Depois o Sporting de Rui Borges
deixou de ser Sporting para passar a ser o Moreirense de Rui Borges, não
sendo de destratar, que as surpresas acontecem, o Moreirense deixou de
acreditar na existência de balizas, duvidando mesmo da existência de um meio do
campo adversário, verdadeiro ateu relativamente ao último terço.
Os adeptos de ambos os clubes que me rodeavam num
qualquer estabelecimento, recomeçaram as suas conversas do costume, a
geopolítica, a importância do cinema Nouvelle Vague no século passado, o
romance Herscht 07769 de László
Krasznahorkai, essa torrente de lava que nos ilumina o caminho para dentro do
mundo, segundo um dos membros da claque, e a discussão infinita da existência
ou não de bilhetes para os The Cure na Maia, próximo Junho de 2026.
E com isto ficamos a cinco pontos do Porto. Nada mau.
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