segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Nunca pior

 

Existe por aí uma frase a pairar, desde o tasco mais lubrificado pelas hostes, até ao cabeleireiro cujo requinte máximo é ser frequentado por influencers ligados ao mundo da canalização e esgotos: O Benfica não joga nada. Trata-se de uma frase reconhecível pela sua endurance mediática, uma frase que representa um segredo miudinho, já nada bem guardado: O Benfica não joga nada… e isso é contagioso, pega-se, como se diz na minha terra, como uma lapa aos outros intervenientes, atravessando portas e janelas como se de um fantasma com ejaculação mística precoce se tratasse.

Em jogo recente com esse Benfica, o Sporting de Rui Borges entrou no jogo (durante vinte minutos) em modo Sporting de Rui Borges, não sendo brilhante nem dando para emoldurar uma lapela, sempre dá para o gasto. Depois o Sporting de Rui Borges deixou de ser  Sporting para passar a ser o Moreirense de Rui Borges, não sendo de destratar, que as surpresas acontecem, o Moreirense deixou de acreditar na existência de balizas, duvidando mesmo da existência de um meio do campo adversário, verdadeiro ateu relativamente ao último terço.

Os adeptos de ambos os clubes que me rodeavam num qualquer estabelecimento, recomeçaram as suas conversas do costume, a geopolítica, a importância do cinema Nouvelle Vague no século passado, o romance Herscht 07769 de László Krasznahorkai, essa torrente de lava que nos ilumina o caminho para dentro do mundo, segundo um dos membros da claque, e a discussão infinita da existência ou não de bilhetes para os The Cure na Maia, próximo Junho de 2026. 

E com isto ficamos a cinco pontos do Porto. Nada mau.

 

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