segunda-feira, 31 de julho de 2017

A melhor contratação do futebol português

O vídeo-árbitro não resolve todos os potenciais erros da arbitragem. Não vale a pena ter grandes ilusões quanto a isso. Os testes até agora não são completamente conclusivos. Tem é a (grande) vantagem de demonstrar, se dúvidas existissem, que o trabalho dos árbitros condiciona e de que maneira os resultados. Em dois jogos, passámos de dois empates para duas vitórias em resultado do funcionamento do vídeo-árbitro (as duas decisões, num campeonato, rendiam quatro pontos).

Os árbitros também já perceberam, e os que não perceberam vão perceber rapidamente, que os erros são muito menos desculpáveis. Vai haver margem para controvérsia na mesma. Mas, agora, sabemos bem que os árbitros antes de tomarem a decisão final têm o recurso a imagens e tempo para ponderarem. Deixaram de existir algumas desculpas, como o ângulo de visão, o bom ou o mau posicionamento. Se errarem, depois de consultado o vídeo-árbitro, deixa de haver desculpas.

Há quem diga que se perde a espontaneidade dos festejos e essa alegria. Quanto à primeira alegria, aos primeiros festejos, que é puramente instintiva, em bom rigor, nada muda. É que ninguém refere a tristeza de ver um golo anulado. No passado, também festejávamos primeiro e só depois é que víamos o árbitro ou o bandeirinha a anular um golo. Isso não muda. Só que agora ficamos um pouco mais descansados e temos menos razões para insultar o árbitro e a sua querida mãezinha.

sábado, 29 de julho de 2017

Brevíssima análise


Peço desde já desculpa mas não vou perder muito tempo a analisar o jogo, jogadores, táticas e desempenhos caso a caso. Estou com pressa.

 Ganhámos carago! Não sofremos golos, carago! O vídeo árbitro é nosso amigo, carago!

Gostei daquele central novo, calmo, senhor da situação, ponderado, sempre no sítio certo, bom domínio de bola e sempre a colocar bem a bola. Não, não estou a falar do Tobias, estou a falar do outro.
Também gostei daquele rapaz que faz justiça ao nome e batalha. Aposto que mesmo algemado de pés e mãos e vendado era capaz de acertar mais na bola e dar mais dinâmica ao jogo do que o Alan Ruiz.
Houve outros jogadores interessantes como o Podence, o Bas, o Bruno F. mas, mais uma vez a minhas desculpas,  tenho que despachar isto para ir ouvir os painéis a falar dos imensos perigos e defeitos do vídeo-árbitro e de como o Arsenal é grande, muito grande.
Fica para a próxima.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Tem lógica

A pré-época futebolística não é apenas aquilo que acontece antes da época futebolística, não, a pré-época futebolística é uma preparação da época futebolística e nesse sentido é parte integrante desta, não um mero apêndice com uma tabuleta a dizer: treinos. O planeamento, a estratégia, a gestão do plantel assentam numa boa pré-época que, começa, naturalmente, com o rescaldo da época anterior. Quando temos o mesmo treinador (e estrutura directiva) durante as últimas duas épocas, já para não falar das duas últimas pré-épocas, sem contar com esta (sem quaisquer resultados), pressupõe-se que a pré-época (esta em que nos encontramos) e o rescaldo das anteriores assumam uma importância ainda maior na gestão da época que se avizinha.

Nesse sentido, poderiam existir outros, ocultos, fiquemo-nos pelo que está à vista, e o que está à vista dos estrategos de trazer por casa como eu é uma navegação à bolina, reiterando estratégias passadas, isto é, não existir estratégia alguma, e fé em deus: regressam jogadores à base (outros vieram no meio da época para fazer número no banco) para voltarem a ser emprestados, compram-se ou alugam-se mais uma dúzia de “craques” bem pagos, alguns com visto gold para a reforma, despacham-se jogadores que no ano anterior renovaram contrato (sem ninguém perceber na altura porquê) por serem apostas do treinador, e junto à linha de meta vão (podem estar certos disso) acabar por ser vendidos dois ou três dos nossos melhores jogadores para equilibrar as contas e servir de álibi a uma (hipotética) má época.

Os resultados são o menos importante. Até quando? 

segunda-feira, 17 de julho de 2017

A lógica oculta das contratações e dispensas: Fábio Coentrão e Jonathan Silva

Contratámos o Fábio Coentrão para lateral esquerdo. Não se sabe se o homem vem inteiro e muito menos se continuará inteiro a época toda. Se continuar, é uma excelente aquisição. Como alternativa fizemos regressar um tal de Jonathan Silva. Se bem me lembro, é um argentino que contratámos na época 2014-2015.

Não conseguiu ser titular indiscutível, sendo mais vezes segunda opção, atrás do Jéfferson (que acabámos de emprestar), do que primeira para essa posição. Ao fim de meia hora estava sempre com os bofes de fora. Para a frente as coisas não corriam muito mal. O problema era mesma a defender. Ao pé dele, até o Marvin Zeegelaar parece o titular da seleção italiana. Quem tiver dúvidas pode sempre rever o jogo em que perdemos três zero contra o Porto. Resta-nos acreditar que, dois anos depois, esteja como o Vinho do Porto.

sábado, 15 de julho de 2017

A lógica oculta das contratações e dispensas: Francisco Geraldes e Bruno Fernandes

Na época passada, houve muitas dificuldades em se enquadrar o Francisco Geraldes no sistema tático da equipa. De acordo com o treinador, o rapaz não era nem oito nem dez, podendo ser um género de extremo à João Mário. Acabou, praticamente o tempo todo, no banco, na bancada e a jogar pela Equipa B.

Este ano contratámos o Bruno Fernandes. Também se diz que o rapaz não é bem um oito nem um dez, podendo ser uma outra coisa qualquer em função das opções táticas do treinador. Como custou 8 milhões de euros, o seu posicionamento tático parece não importar. Se viesse à borla, tudo seria diferente. É um género de “a acavalo dado…” mas ao contrário.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Tainadas

Parece que uns secretários de estado do actual governo saíram, um ano depois, diga-se, em consequência de algumas actividades (supostamente) incompatíveis com o cargo que exerciam. O facto de terem aceitado (ou pediram mesmo?) uns convites da EDP (com quem a tutela mantém ligações,) na forma de bilhetes e viagens, para assistirem a jogos da selecção portuguesa no último europeu de futebol, seria (supostamente) indicativo de relações impróprias ou menos transparentes, isto para utilizar uma linguagem eufemisticamente adequada. Seriam?

Ora este seriam, encerra todo um programa que desagua na necessidade (segundo a Assembleia da República) de se repensar estas situações, incluindo, por exemplo, a possibilidade de se definir um tecto máximo para estas prendas. Tecto esse que, por exemplo, no parlamento europeu é de … 150 Euros. Poucochinho, não acham?

Nesta perspectiva, será assim tão irrelevante pensar num tecto desse tipo para os brindes oferecidos pelos clubes? Pensar em controlar (a sério) ofertas como vouchers, bilhetes, passeatas, viagens, a árbitros, delegados, ou outros agentes desportivos, será assim tão descabido? É que, como recentemente assistimos no caso dos vouchers, havia muito boa gente a declarar a inocência destes (supostos) brindes. Como se existissem tainadas grátis. Ou mesmo almoços no vegetariano, com fruta e tudo…


quinta-feira, 13 de julho de 2017

A lógica oculta das contratações e dispensas: Schelotto

O Schelotto chegou na época de 2014-2015 por um período de seis meses. Não vou fazer grandes análises à valia do jogador. Desde sempre, foi como o algodão: não enganou ninguém. Ao fim de meia época, o Jesus viu-lhe as virtudes necessárias para lhe fazermos um contrato de quatro temporadas.

Finda a época seguinte, queremos ver-nos livre do homem a qualquer preço, não o integrando sequer no lote dos convocados para fazer a pré-época. Quando um jogador conclui o período de experiência, convém que, pelo menos na cabeça do treinador, a experiência seja conclusiva. O arrependimento sai caro.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

A lógica oculta das contratações e dispensas: Iuri Medeiros

Só estamos disponíveis para vender o Iuri Medeiros por 20 milhões de euros. Comprámos o Alan Ruiz por 8 milhões e agora queremos comprar um outro argentino qualquer por um preço dessa magnitude também. Em termos relativos, estamos a considerar que o Iuri Medeiros é melhor do que qualquer um destes argentinos. O que nos diz a simples lógica é que devíamos ter ficado (e devíamos ficar) com o Iuri Medeiros, não contratando argentinos ou de outra nacionalidade qualquer para um lugar que pudesse ser o dele.

Não foi isso que aconteceu na época passada e, ou muito me engano, também não vai acontecer nesta. Esta opção só se explica por decisão do Jorge Jesus, por razões de natureza tática, admite-se. É importante encontrar táticas mais baratas. Em regra, o caro sai caro e o barato sai barato, por muito que se pense o contrário, e nem sempre o caro é melhor do que o barato.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Aberto até de madrugada

Num destes dias um amigo dizia-me ter saudades da bola a sério, isto é, de ver jogar o Sporting. Até meteu uns vídeos no telemóvel com cânticos e tudo. “Espero em Setembro ou Outubro não estar a desejar que a coisa acabe depressa”, acrescentou. “Há duas formas distintas de desejar que a coisa acabe depressa”, disse-lhe eu. Ele percebeu e a conversa foi para outro lado.

Vamos lá ver então quais são essas duas formas de sentir a coisa. A boa: começarmos bem o campeonato e estarmos na fase de grupos da champions com a massa no bolso; a má: ao pesadelo de uma (hipotética) eliminação da champions juntarmos um mau início de campeonato e… desejar que tudo acabe depressa.

Na verdade, acreditar num destes acontecimentos não é, de todo, um desvario. Sabemos das nossas recentes ausências participadas na Europa, tanto na Liga dos Campeões como na Liga Europa, esta última, repasto bem interessante para clubes pequenos como o Manchester United de Mourinho, que a ela se agarrou como única liana possível de salvação. E temos alguns tubarões a rondar a costa, todos eles ansiosos por Europa e carcanhol: Liverpool, Nápoles, Ajax, Lyon, Sevilha (cito de cor, provavelmente não são todos cabeças de série), entre outros. Com a postura do costume o melhor é adoptar um santinho (na selecção costuma resultar), ou contratar um bruxo.

Para além disso, temos, mais uma vez,  que contar com um defeso de quase três meses, mas apenas no que toca ao mercado. Isto é, a bola começa a rolar em final de Julho em termos europeus e início de Agosto a nível interno, mas o mercado fica aberto até de madrugada. Sabemos bem o que aconteceu o ano passado. Este ano a procissão ainda vai no adro, a agitação ainda está flat, com toda a gente à espera das marés vivas. Pelo meio ainda nos divertimos com a silly season das transferências, como aquela da Napachacha Selevava. Valha-nos isso. 

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Quatro, logo quatro!

Este fim-de-semana, o Expresso informou-nos que o Benfica contratou quatro sociedades de advogados. Não só nos informou como fez dessa notícia capa do jornal. A notícia estava cheia de fontes que disseram coisas, mas fiquei mais ou menos na mesma.

Fiquei sobretudo sem perceber a razão de ser do número. Quando nos sentimos culpados contratamos quatro sociedades? Ou é quando nos sentimos inocentes? E quatro porquê? Quatro porque sim? Quatro por que é um número maior do que três e menor do que cinco? É que as sociedades contratadas atuam praticamente em todas as áreas do direito.

Vamos admitir, por hipótese, que o Benfica está a precisar de quatro advogados. É preferível quatro advogados de uma mesma sociedade ou quatro de quatro diferentes sociedades? Sem qualquer explicação, acabamos por voltar ao por “200 euros é o tempo que se quiser […] se for a três são 400 euros”. Estamos sempre em presença de funções de produção que não apresentam rendimentos crescentes à escala.

Aparentemente, esta função de produção não depende da atividade económica. Depende do clube de futebol. Com o Benfica, é igual quer se trate de advogados e de sociedades de advogados ou da mais velha profissão do mundo, isto é, estamos sempre em presença de funções de produção homogéneas. Só esta é que pode ser a notícia. A ser, então devia estar no caderno de Economia.

sábado, 8 de julho de 2017

“Matéria Amativa”



Há uma nova versão do “amor à camisola”. Esse amor só existe se for amor à camisola do Benfica. É concebível que se troque uma outra camisola pela do Benfica, isso é amor. Pode ser até paixão, se vier do Sporting. Já quem se apaixonar por outras camisolas abandonando o Benfica, trata-se de um ser ignóbil, de um eunuco, de um fingidor, um interesseiro, um ogre incapaz de amar.
Antigamente, num país ainda mais atrasado, minado pela ignorância, pelo sexismo e pela tolerância (quase legal) face à violência doméstica, dizia-se com bonomia machista e autoritária que “quem não era do Benfica não era bom chefe de família”. Hoje, mais evoluídos, o que parece vigorar é que “quem não ama o Benfica, não ama de todo”.
Não tenho um medidor de “matéria amativa”, utilizando o conceito poético do meu amigo Virgílio, mas acho que cada um é livre de amar o que quiser. Até o Benfica.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Reflexões de Verão

Ao longo das últimas semanas muito se tem escrito sobre saídas e entradas no plantel do Sporting. É um desporto de Verão com muitos seguidores. Para já, confirma-se a chegada de uma mão cheia de jogadores e outras tantas saídas. O que surpreende mesmo é a falta de entusiasmo dos Sportinguistas.

Já me perguntei se o problema está na valia dos que chegam ou dos que partem, se está na falta de um nome que dê verdadeiras garantias, por um exemplo, um Nuno Cabral, um Adão Mendes ou até um Paulo Gonçalves.

Bruno de Carvalho não aprende. Depois de ter contratado três treinadores de inegável qualidade (Leonardo Jardim, Marco Silva e Jorge Jesus), vários jogadores com nomes sonantes (para mencionar apenas alguns, Nani, Coates, Slimani ou Bas Dost) o Presidente do Sporting insiste em não fazer da 'estrutura' uma verdadeira mais-valia, daquelas capazes de mobilizar os sócios e adeptos.

Enfim, resta-nos fazer votos para que o casamento traga mais lucidez a Bruno de Carvalho, que ele perceba que investir em Jogadores e Treinadores é para garotos, e que até 31 de Agosto possam chegar reforços com nível suficiente para escolher e ordenar padres, encartilhar jornalistas e comentadores ou até quem sabe gerir de forma mais 'estratégica' convites para jogos do Sporting, jantares, visitas a museus e atividades afins.