segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Até sempre Liedson

A saída hoje anunciada de Liedson levanta vários problemas, não sendo seguramente o maior deles a designação deste blog. Como se costuma dizer, o principal activo de um clube é a sua “marca”. Mas a marca não é uma mera designação ou imagem. Ela remete-nos para um capital identitário, simbólico e, até, afectivo. A marca é melhor ou pior quanto maior ou menor é o número de pessoas que com ela e os seus valores (incluindo, claro está, a história) se identificam. O valor económico de um clube está nisso.

A marca Sporting só tem relevância porque existe um número muito significativo de sócios e simpatizantes que com ela se identificam. E para se identificarem com ela precisam de símbolos. O Liedson era um deles. Se quiser, hoje, comprar uma camisola do Sporting para dar à milha filha, que camisola vou escolher? A do Maniche? A do Postiga?

Sai o Liedson e ficamos todos mais pobres. Não porque ele não tivesse que sair um dia, mas porque não o conseguimos substituir, enquanto avançado e enquanto símbolo do Sporting.

Dizem-nos que é um jogador caro. O Liedson foi sempre um jogador barato quando contrapomos ao seu salário às vitórias que nos proporcionou. Caro é o Maniche, o Paulo Sérgio ou o Grimi.

Parece que nos querem dizer que esta época é para deitar fora. Não há mais nada para jogar. Há e muito. Nesta altura jogamos tudo: o orgulho, a história, o respeito. Se perdermos isso perdemos tudo e para o ano será pior; porque para o ano ainda acreditaremos menos que será possível alterar este estado de coisas e nos mobilizaremos menos para ver jogos do Sporting, comprar as Gamebox e as camisolas. O valor económico do clube continuará a cair.

Entretanto começou a desinformação. Vêm lá o Kléber e o Djalma, como se isso fosse possível. Não é preciso frequentar o Pérola Negra para saber que estão, ambos, contratados pelo Porto. Até me assusto só de pensar que até ao final do dia ainda vão arranjar um Pongolle qualquer para calar a massa associativa.

Se estão de saída, não se importam de estar quietos e sossegados?

Deus existe

Se, como nos diz Clausewitz, “a guerra é a continuação da política por outros meios”, então, o futebol é a continuação da guerra por outros meios. É o que nos procura demonstrar o vídeo abaixo. Diria de outro modo: o futebol é uma forma civilizada de se fazer a guerra.

O segundo golo da Argentina e do Maradona contra a Inglaterra no Mundial de 1986 foi, para mim, o melhor de sempre. Muitos marcaram golos fintando vários adevrsários, mesmo em jogos de grande responsabilidade. O Messi, há uns tempos, marcou um aparentemente igual. Mas a estética deste golo está na velocidade. Só um completo predestinado o pode fazer daquela maneira, em “slow motion”.

Deus, com ou sem mão, não tem a ver com isto, como nos quer fazer crer o locutor; ou tem, mas de outra forma. Se Deus criou o golo era para que um dia pudesse ser marcado assim.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Estúpido? Eu?

Resolvi castigar-me. Fui ver ao café o jogo com o Estoril. O que dizer? Não existimos simplesmente. Quando se pensa que batemos no fundo há sempre mais fundo para além desse fundo.

O Estoril é melhor. Não porque tenha jogado melhor. Não porque tenha melhores jogadores. Mas porque quando sobe com a bola, mesmo a passo, nota-se alguma organização colectiva.

No nosso caso, nada. Dois passes e a bola vai para fora ou é entregue ao adversário. No meio disto tudo, nem se consegue destacar ninguém. Mesmo assim, talvez destacasse o Torsiglieri, parece um jogador seguro e confiante. Depois temos os casos clínicos. O Grimi é uma coisa espantosa. No segundo golo, consegue colocar em jogo um jogador que, de outra forma, estaria quase uma dezena de metros “off side”.

O árbitro foi uma vergonha. Mais outro vigarista. Agora nem pudemos dizer mal dele porque ainda somos piores.

O treinador esteve brilhante como sempre. As declarações finais são um mimo. Já que não o despedem, importam-se de não o deixarem falar? É uma questão de respeito por nós. É que, como dizia Mark Twain, “é melhor manter a boca fechada e parecer estúpido dos que abri-la e dissipar todas as dúvidas”.

A vingança serve-se fria

Quem não se lembra do “para Angola, rapidamente e em força” de Salazar no seu célebre discurso de 13 de Abril de 1961? Inspirado nesse discurso, o coro e orquestra da FNAT (para quem não se lembra, era Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho), interpretou a famosa canção “Angola é Nossa”.

Com a candidatura de Braz da Silva à presidência, parece que as coisas mudaram. Habituem-se. Os angolanos estão agora a dizer “o Sporting é nosso”.

Para nós, sportinguistas, não vejo mal nenhum nisso. Não vem o Roman Abramovich, ficamos com o José Eduardo dos Santos e a filha. Eles é que podem vir a ter problemas. Nós sabemos que os adversários mal ouvem falar no Sporting agigantam-se logo. Assim não se espantem se nas próximas eleições em Angola aparecer o Paços de Ferreira da ordem.

Só temos um problema. Esperemos que não nos obriguem a ficar com o Mantorras também.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O(s) Barroso(s) pondera(m) avançar

O anúncio de Fernando Tavares Pereira, Presidente do Núcleo do Sporting de Midões e ex-presidente do Tourizense, de que pondera a candidatar-se à presidência do Sporting, alterou todos os “timings” da candidatura de Sérgio Barroso. Sérgio Barroso que, até à demissão de Bettencourt, costumava andar por aqui, começou a gerir o seu tabu.

O clã Barroso está com ele. Eduardo Barroso, Alfredo Barroso, Durão Barroso vão fazer parte do seu núcleo duro; isto sob a supervisão atenta da matriarca Maria Barroso. O cantor Pedro Barroso compôs o hino para a campanha.

Enquanto Rogério Alves anda a negociar uns spreads ridículos com a banca, Sérgio Barroso tem tudo tratado com a Comissão Europeia. Quando o Governo Português negociar o refinanciamento da dívida pública pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira nós vamos atrás. Sócrates deu ordens a Teixeira dos Santos para quando vender mais umas obrigações a uma tríade chinesa qualquer lá meter umas tantas do Sporting também.

Mas não é só a renegociação da dívida que preocupa os Barrosos. A política de investimento é prioritária. O plantel precisa de ser reforçado e não vai ser cá com Pongoles e assim. Está a ser estudada uma linha dedicada do Banco Europeu de Investimento. O Fundo de Coesão, que tem vindo todo a ser aplicado em Lisboa, enquanto a paisagem anda distraída como o Porto, vai ser recentrado em Alvalade. As linhas TGV Porto-Lisboa e Porto-Vigo foram à vida e o Poceirão-Caia vai pelo mesmo caminho. Em Bruxelas equaciona-se para Alvalade uma Acção Integrada de Base Territorial ou uma Parceria para a Regeneração Urbana.

Enquanto Sérgio Barroso não nos apresenta mais detalhes do seu Programa, fica o hino do Pedro Barroso. Atentem no refrão: “Se houver alguém que não goste / não gaste / deixe ficar”, dedicado a Costinha e Paulo Sérgio.



(Esta é uma belíssima música de qualquer modo. Por isso, não perdem nada em a ouvir, muito pelo contrário)

Sermão do Bom Ladrão…


Prossegue cada vez mais renhida a competição entre os árbitros nacionais pelo Titulo “Mancha Negra” da Liga 2010/11. Bruno Paixão, um dos habituais favoritos das apostas, não apitou nem Dragões nem Águias no último mês, tendo que se contentar em fazer “a primeira parte” que antecedeu o espectáculo de hoje das Águias em Vila do Conde. Por seu lado, Elmano Santos tem sido a revelação dos últimos tempos, assinando desempenhos decisivos nos desafios dos Dragões contra os Sadinos e das Águias contra os Estudantes. Apesar de bastante pressionado pelas prestações dos seus colegas, João Ferreira, prossegue, no entanto, tranquilo no frete, perdão, na frente da Tabela, provando que, não apenas continua a ser amigo do seu amigo (como na sua histórica actuação de hoje em Vila do Conde), como, inclusivamente, até consegue ser amigo do seu inimigo (empurrão ao Dragão em Aveiro).
Contava o Padre António Vieira no seu “Sermão do Bom Ladrão” que, certo dia, “navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício: porém o pirata, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres”...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Paulo Sérgio, o desconstrutivista

A metodologia do pim-pam-pum-cada-bola-mata-um-prá-galinha-e-pró-peru-quem-fica-és-mesmo-tu a que o Paulo Sérgio vem recorrendo para formar a equipa tem mais que se lhe diga do que parece à primeira vista. Que o Rui Santos não perceba isto, compreende-se. Que o Freitas Lobo o não compreenda também, compreende-se mal. O que não se perdoa é que nós, aqui, tenhamos tomado a aparência pela realidade, sem nos preocuparmos em utilizar os melhores referenciais analíticos que um assunto desta importância merece.

Como li há dias o “centro é tudo o que preside à ordenação dos elementos de um sistema, mas que não participa da mobilidade das unidades que coordena. Nesse sentido, o centro encontra-se ao mesmo tempo dentro e fora da estrutura. Enquanto elemento interno, explica-se pela sua condição coordenadora; enquanto elemento externo, explica-se por não participar do jogo e dos riscos do movimento inerente à ideia de estrutura”. Agora compreende-se melhor. É descontrutivismo no seu melhor. É pós-estruturalismo, mas não é um pós-estruturalismo qualquer.

Que nos perdoe Paulo Sérgio, Derrida e seus seguidores. É este o pedido de desculpas que aqui queremos deixar pela menor compreensão do trabalho que tem vindo a ser feito no Sporting. A ignorância não nos fica bem. Esperamos que a humildade que aqui revelamos nos fique melhor.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A melhor táctica: colocar os melhores a jogar e nas posições certas

Não vi o jogo. Só comecei a ouvir o relato na fase do grande assédio do Marítimo à nossa baliza, ainda estávamos a ganhar por um a zero. Comecei-o a ouvir no rádio improvisado do telemóvel do Júlio Pereira e acabei no rádio do carro quando conduzia para casa. Nessa parte de maior assédio ouvi o relato com o coração nas mãos. Nada transmite tanta ansiedade em alturas como essas como um belo relato.

O Rui Patrício é o melhor guarda-redes português. Se o Joaquim Rita, esse imparcial benfiquista, o admite, então, ninguém tem dúvidas. É verdade que o admitiu a custo e a contragosto, mas admitiu-o.

O Zapater é capaz de ter lugar no meio campo. Neste momento, leva tantos golos como o nosso avançado revelação da época (Postiga). O segundo de hoje foi um golo de classe pura.

O Valdés é o nosso dez. Jogando no meio e flectindo, sempre que necessário, para alas, desequilibra e cria imensas oportunidades de golo, como foi o caso do nosso terceiro de hoje. Associa a isto, uma capacidade e uma qualidade de remate excepcionais.

A nossa defesa é o susto do costume. O Carriço não é como o pintam. Precisa de andar muito e muito para dar um bom central. Tenho dúvidas que até o venha a ser. Não é nem muito alto, nem muito forte, nem muito rápido. Fica a meio caminho disto tudo. O Polga, bem, o Polga está como vem estando, em plano inclinado conforme as épocas se vão passando.

O nosso treinador andava muito preocupado com o ânimo e a motivação da equipa e dos jogadores. De facto, não há jogadores e equipa que resistam animicamente a um treinador que precisa de andar mais de meia época para perceber quem são os melhores jogadores do plantel e em que posições devem jogar. Aliás, só percebe que são os melhores quando estão para ser dispensados.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Ainda não é desta

Ontem era dia de reflexão, e reflecti. Hoje era dia de ir votar, e votei. Não havia muito para pensar e menos por onde votar. Quase quarenta e oito horas para pensar em quem votar. Até me ficou a doer a cabeça.

Os candidatos são os de sempre. Um vem da banca ou tem para lá uns amigalhaços. Outro é da linhagem directa do Visconde de Alvalade. Outro é um primo direito. Outro é um primo afastado, da província. Outro ainda é filho de um antigo caseiro dele. Por fim, tínhamos o Jorge Gonçalves, mas sem unhas.

Dizem-nos que ganha o da banca. Nada que não esperássemos. Os da banca ganham sempre, como estamos habituados. Alguma coisa é capaz de mudar. Sai o Couceiro e o Costinha e entra o Carlos Janela. No final, teremos pior equipa e estaremos mais endividados.

Ainda não é desta que elegemos alguém que aposte nas camadas jovens e ponha a equipa a jogar bom futebol. Continuamos a olhar o futuro pelo espelho retrovisor.

sábado, 22 de janeiro de 2011

3ª proposta para o Programa do futuro Presidente do Sporting

Seja, como a Norte, sorvendo uns comendadores xexés, seja, como a Sul, aspirando o pó que o diabo amassou, precisamos que o próximo Presidente tenha ou saque “graveto” suficiente para tornar mais razoáveis as condições de negociação do Sporting com a banca. Basta, portanto, de Presidentes assalariados da banca a brincarem ao quem quer ser milionário. Como dizia o Woody Allen (ou seria a Lili Caneças?), ser rico é melhor que ser pobre, nem que seja por razões financeiras. É verdade que, no futebol como na vida, dinheiro não traz felicidade, mas provoca uma sensação tão parecida que é preciso um especialista muito avançado para descobrir a diferença.
Como é evidente, em Portugal isto é condição necessária, mas não suficiente. Dizia e bem o Rui Monteiro, é preciso conhecer por dentro os chamados meandros do futebol português. É preciso ser frequentador assíduo dos locais onde se sabem ou se decidem as coisas realmente importantes do futebol nacional, do "Lima 5" a Canal Caveira, de "O Barbas" ao "Sapo", do "Pérola Negra" ao "Calor da Noite". É preciso ter bons fígados para resistir às tais “tainadas” com os dirigentes da Liga Orangina, mas também ao “halterocopismo” [levantamento de copo] com os “jornaleiros” desportivos, ou ainda às "saladas de fruta e chocolates" com os árbitros e empresários. Mas é preciso, igualmente, ter maus fígados para, quando necessário, organizar um Mega Arraial “Moche”, tornando mais próximos tipos que, por manifesta infelicidade, tenham tropeçado connosco. Enfim, a triste máxima do actual futebol português é, antes temido, que amado e, na dúvida, mais vale comprado, que apalavrado.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O jogo da época

Este transformou-se no jogo da época. O Penafiel parecia um gigante à altura do Paço de Ferreira. Fomos para estágio e tudo, não fosse o diabo tecê-las.

Do jogo sei pouco. Ouvi a parte final do relato a caminho de casa. Quando o comecei a ouvir ainda estávamos a ganhar um a zero. A coisa parecia tremida, tanto mais quando me apercebi que estava a jogar o Grimi e que o árbitro era aquele que tem a mania de andar à pancada com os guarda-redes.

Acabou por correr bem. Com o Valdés e sem o Moutinho, os pénalties, agora, são canja. Ainda houve tempo para dois golos do Zapater. Ninguém percebe porque não lhe dão mais oportunidades. Não é mais perneta do que alguns que lá andam.

Oxalá que este jogo não seja o prelúdio da vergonha que ainda podemos passar nas meias-finais com o Benfica. Oxalá…

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

2ª proposta para o Programa do futuro Presidente do Sporting

É preciso conhecer os presidentes dos outros clubes de futebol, sobretudo dos mais humildes. Não basta conhecer os da Liga Sagres, é preciso também os da Liga Orangina; é que, parecendo que não, eles votam. Muitos deles são de locais tão obscuros para um lisboeta como Arouca, Oliveira de Azeméis ou Moreira de Cónegos.

Começa-se por combinar uma “tainadas” com eles; nada daquelas coisas de reuniões de trabalho e assim. As “tainadas” são nas terras deles. Nada de jantaradas no Gambrinus pagas com as nossas quotas. Eles conhecem sítios onde se come melhor e mais barato. E, muita atenção, portem-se como dever ser. Não vão para lá vestidos com os fatos de passeio que levam para o Estoril Open. Vão vestidos como eles e comportem-se como eles. Não se ponham com conversas parvas sobre viagens, acções e por aí fora. Não só nada disso os impressiona como ficam a pensar que são de algum banco. Falem sobre os assuntos que eles falarem e digam os palavrões que eles disserem.

Nada de se emborracharem que nem uns perdidos logo à abrir e acabarem a abanar maracas e a cantar o “Viva o Sporting” da Maria José Valério (e, por amor de Deus, não levem o Dias Ferreira). Bebam bem, seja lá o que vos puserem à frente, e aguentem-se que nem uns homens. Acabem a noite que nem uns senhores numa casa de passe turca a beber um whiskey marado e a ver umas brasileiras a dançar cancan. Se alguém vos pedir que lhe paguem uma Magos, não se ponham a falar de Möet & Chandon. Uma Magos é uma Magos e ponto final, nada de armar ao fino.

Repetem e repetem este “roteiro da carne assada” tantas vezes quantas forem necessárias. Quem não tem fígado para isto não se candidata. Isto não é para meninos. Os sportinguistas estão fartos de ser enganados.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

1ª proposta para o Programa do futuro Presidente do Sporting

Não podemos permitir que, em Alvalade, um árbitro todo catita marque contra nós um penalty ridículo e perdoe um outro evidente efectuado pelo adversário; ao mesmo tempo que assistimos a um golo do Benfica, que decidiu o resultado num jogo fora, marcado por um jogador que estava parado em fora de jogo há meia hora, ainda por cima com a mão.

Não, não se está a falar da mão de Deus (que tem andado muito ocupado a falar com o Medina Carreira). Pelo contrário, “o Diabo está nos detalhes”, como refere um ditado popular alemão (aliás, os alemães sabem do que falam, ou não fossem eles os autores de umas cláusulas em letra muito pequenina do Tratado de Maastricht com que agora nos querem tramar).

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

As lições do Professor: Como conjugar o verbo responsabilizar (*)

De acordo com a imprensa desportiva de hoje, o Prof. Queiroz responsabiliza o seu adjunto Agostinho Oliveira pelos maus resultados da Selecção Nacional nos jogos de apuramento para o Euro 2012, frente ao Chipre e à Noruega. Anteriormente, o Prof. Queiroz responsabilizara o Secretário de Estado do Desporto Laurentino Dias pelo seu afastamento da FPF. Poucos meses antes, o Prof. Queiroz havia responsabilizado o dirigente da FPF Amândio de Carvalho pelos maus resultados da selecção nacional no Mundial 2010 da África do Sul. Há uns anos atrás, o Prof. Queiroz responsabilizou Luís Filipe Scolari por este ter atribuído – depreende-se que indevidamente - a braçadeira de capitão da selecção nacional a Cristiano Ronaldo.

Enfim, ao longo da sua carreira, o Senhor Professor, apesar do seu imenso talento, teve que ir responsabilizando, de forma sistemática, mas sempre elegante, os seus dirigentes, os jogadores ou, agora, os adjuntos pelas sucessivas infelicidades das equipas que dirigia. Quando não havia mais nenhum ombro vizinho para o qual transferir o fardo da responsabilidade, o Senhor Professor teve, então, que o descarregar, com ar pesaroso, em cima do seu (e principalmente nosso) triste fado.

A enorme capacidade do Senhor Professor, quer para assumir  as suas responsabilidades de líder, quer para ser solidário com os seus dirigentes e subordinados,  recorda-me uma fantástica fábula de Ambrose Bierce. Contam os velhos sábios que, um dia, há muitos e muitos anos, ia um "Magnífico Professor" a subir pensativamente a "Montanha do Sucesso", quando se cruzou com um “Homem Simples do Futebol" que ia a descer. O "Homem Simples do Futebol" suspendeu a sua caminhada e interpelou-o:

- Se sigo esta direcção não é por ter gosto nisso, mas por me dar menos trabalho. Peço-lhe, "Magnífico Professor", que me ajude a chegar ao topo.

- Com o maior prazer – respondeu o "Magnífico Professor", cujo rosto se iluminou com a glória irradiante do seu pensamento. – Sempre considerei a minha força um dom sagrado, que devo conservar para socorrer os meus semelhantes. Fique, portanto, tranquilo, caro amigo, que eu assumo a responsabilidade de levá-lo comigo até ao topo. Ora ponha-se atrás de mim, e empurre.

(*) Baseado na Fábula "Economia de Forças" de Ambrose Bierce

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cai o Bettencourt, levanta-se o Sporting

A Bloomberg (ou lá como isso se chama) anunciou que as acções da SAD do Sporting subiram 16,13% na bolsa Euronext Lisboa, esta segunda-feira, depois do anúncio da demissão de Bettencourt.

Nestas coisas do futebol penso como o Greenspan, os mercados têm sempre razão e auto-regulam-se. Imaginem o que acontecerá quando despedirmos o Paulo Sérgio, o Costinha e o Couceiro? É inimaginável, então, o que acontecerá quando contratarmos um treinador decente.

Mais, o que é que o Sócrates anda a fazer no Qatar? Se querem colocar a dívida pública, falem connosco.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O KO de Bettencourt – Sporting, um Clube diferente

Nos Clubes de futebol normais, quando há problemas graves de resultados, despede-se o Treinador, dispensam-se uns jogadores e contratam-se outros. No Sporting não é assim. Quando a coisa corre mal, ou os Dirigentes e o Treinador caem em simultâneo (Dias da Cunha vs Peseiro e Paulo Abreu vs Materazzi), ou o Presidente é o último a saber que o Treinador vai embora (Paulo Bento vs Bettencourt), ou, agora, de forma pioneira, o Presidente dá "às de Vila-Diogo" e deixa o Treinador como herança para o Senhor que se segue. Além disso, nesses momentos difíceis, não há dispensas, nem reforços futebolísticos. Por aqui, fazemos cooptações e reestruturações orgânicas, contratamos mais uns Directores Gerais e dispensamos outros. O Sporting é mesmo um Clube diferente.

Catita, pá!

Este jogo foi uma vigarice. Mal começa e três falta seguidas sobre o Vukcevic, culminadas com um tackle por trás. Nada, nenhum cartão amarelo. Se não sabíamos ficámos a saber o que nos esperava.

Começámos a perder o meio campo. O Maniche no seu melhor, nem atrás, nem à frente, e sempre a passo. Até que levamos um golo de chouriço. Tudo nos acontece. O Patrício parece um pouco mal batido.

Custa a reagir, até que o Valdés pega na equipa. O guarda-redes do Paços de Ferreira parece que defende tudo, umas vezes com mérito outras porque lhe acertam com a bola. Até que defende para a frente uma bola rematada pelo Valdês e o Liedson fez-nos lembrar o que já foi. Mas não passa muito tempo sem que o árbitro Catita explique, para quem não tinha percebido, ao que vinha. Um dos pénalties mais ridículos que me foi dado ver marcar. Vamos a perder para o intervalo.

Na segunda parte continuam as dificuldades em pressionar o adversário. O Salomão começa a aparecer e explode finalmente quando o Valdés lhe faz um passe notável. O nosso treinador, que é como uma pedra, tira o Maniche e, em vez de meter o Zapater (que ninguém percebeu, depois do jogo com o Braga, como é que não foi titular), mete o inconsequente Saleiro.

O jogo fica partido. Passámos a ter ainda mais dificuldades em controlar o meio campo. O Valdés, o nosso mais perigoso avançado, tem que recuar.

O árbitro Catita continua a brilhar. Não marca um pénalti evidente por falta sobre o Saleiro. Não expulsa, com segundo amarelo, um jogador do Paços de Ferreira depois de uma entrada violenta sobre o Liedsosn, mas mostra o amarelo quando Liedson faz o mesmo.

Os jogadores do Sporting já tinham dado o berro quando o Paços de Ferreira marca o terceiro. Só aí é que o nosso treinador mete o Zapater, recolocando o Valdês mais à frente outra vez. Entra também o Grimi. A história repete-se, agora como farsa.

E o jogo não podia acabar sem mais um caso catita. Quando o João Pereira se ia a isolar o Catita marca um livre por um falta que aconteceu dois passes antes, não dando a lei da vantagem. A falta de vergonha deve ser levada até ao fim. Ou muito me engano ou vamos ter mais um catita árbitro português a internacional.

Jogámos mal? Jogámos. Perdemos por causa disso? Não sei. O árbitro foi uma vergonha? Foi. Vai ser penalizado por isso? Não. Vai a internacional? Vai. Porque é que continuamos a ver jogos destes? Não sei.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A Primeira Caderneta de Cromos do João...

Cheio de orgulho, o meu filhote João mostrou-me a sua primeira caderneta de cromos “Futebol 2010 – 2011” da Panini:
- “Olha, papá! Já tenho o Liedson e mais dez jogadores do Sporting. Faltam-me o Maniche, o Pedro Mendes, o André Santos, o Polga, o Nuno André Coelho, o Djáló e o Postiga. Olha lá, aqui debaixo dos cromos, diz qualquer coisa. No Maniche diz “ esclarecido”; no André Santos, “vigilante e a assumir despesas atacantes”… ; e no Pedro Mendes, “todo o futebol leonino passa por este cerebral médio centro”… Que é que isto quer dizer?
- Aaah, hum, no caso do Maniche quer dizer que passa bem a bola de primeira e sempre para a frente. Já o André Santos, está sempre disponível para defender com garra e atacar com talento. O Pedro Mendes, pensa bem na organização da equipa, enquanto vai passando a bola aos… colegas… – disse-lhe eu.
- Papá e aqui no Polga diz que “dá a bola jogável”. Epa e esta do  Nuno André Coelho é fixe: “imponente pelo ar, com velocidade de reacção e nada meigo”… – insistiu o petiz.
- Pois, confesso que nesses dois casos não estou a ver bem o que querem dizer com isso…  – respondi um pouco angustiado.
- E no Djaló e no Postiga? Diz aqui no Djaló “slalons de trajecto incerto”… E no Postiga, hum, “atingiu a maturidade competitiva e vêm aí golos em catadupa” – continuou ele.
- Bem, João e que tal irmos jogar PSP? Sim, ao PES 2010 [Pro Evolution Soccer]… Está bem, pronto, desta vez deixo-te escolher o Barcelona… - suspirei eu.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O nosso meio campo já deu o que tinha a dar

Temos um meio campo com jogadores de características muito diferentes. O Pedro Mendes (Júlio Pereira) é um geómetra. Com ele a bola sabe o seu destino. Flanqueia bem para a esquerda e para a direita. Faz as transições ofensivas (como diz o Freitas Lobo) com a propósito, quer com passes curtos, quer com passes em profundidade, principalmente com esses. Mas, e há sempre um mas, não se mexe.

O Maniche (Sérgio Barroso) é um jogador temperamental. Com ele sabemos que as canelas do adversário nunca estão sossegadas. Pode ser expulso, agora o adversário nunca fica sem troco. Está é com peso a mais e, por isso, não aguenta o ritmo de jogo.

Sobra o André Santos (neste caso, eu próprio). Cansa só de o ver jogar. Vai à frente, vem atrás. Pressiona os adversários. Conduz a bola para o ataque em velocidade. Remata quando tem oportunidade. O problema é que o André Santos está exausto.

Ou se muda a táctica e passamos para um 4x4x2 ou um 4x5x1 e se arranja um ou dois Zapateros; ou o Pedro Mendes e o Maniche passam a correr mais; ou vamos ter mesmo que fechar a loja. Ninguém aguenta ver tantos jogos do Sporting, dar sentido às notícias estapafúrdias que a televisão, a rádio e os jornais nos transmitem como se fossem pérolas jornalísticas, pensar em personagens tão densas e interessantes como o Djaló, o Postiga, o Paulo Sérgio ou aquele tipo que veste uns fatos amaricados a quem tratam por ministro.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Qual é o segundo melhor avançado do Sporting?

Ontem dois leitores interpelaram-me, e muito bem, sobre a qualidade dos nossos avançados. Existem consensos e opiniões mais desencontradas. Mas qualquer comparação é por definição relativa, tem por referência um determinado contexto. Eu sou o melhor avançado do meu prédio, a barriguinha dos meus vizinhos não engana, mas isso não faz de mim titular do Sporting (ou às tantas faz). Mas vamos por partes.

Todos estamos de acordo que o Liedson ainda é o melhor. Já não é o que era, mas não tem substituto; o que tendo em consideração a sua idade não deixa de ser grave. O Saleiro é o pior. É o pior e ponto final, nem vale a pena discutir mais o assunto.

Sobram o Dajló e o Postiga. Aqui as coisas são mais renhidas. O Djaló é mais rápido e corre mais. A bola é que atrapalha. O Postiga tem mais estilo. Vem atrás buscar jogo, recebe a bola, pára, olha para vários lados, rodopia sobre si mesmo e acaba por perder a bola ou por a passar para trás.

Sendo assim e jogando o Sporting com dois avançados, então, deve ser o Djaló ou o Postiga a acompanhar o Liedson na frente? Certo? Errado. Quem o deve acompanhar deve ser o Vukcevic ou, no limite, o Valdés. É que, parecendo que não, saber chutar à baliza e marcar golos ajuda quando se é avançado. Não acham?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Bons augúrios

Informam-me que o Djaló e o Postiga estão lesionados. Um tem para quatro semana, o outro para duas. Começam a estar reunidas as condições para consolidarmos o terceiro lugar.

Aguardo com grande ansiedade e expectativa notícias sobre o estado de saúde do Polga e do Maniche. Se dessa frente vierem boas notícias (ou más, dependendo da perspectiva) e derem alta ao Izmailov, ainda podemos lutar, no mínimo, pelo segundo lugar.

Fora de brincadeiras, esta ideia de por o médico a fazer a convocatória, a constituir a equipa titular e a dar a táctica é excelente. Ninguém me tira da cabeça que isto já tem o dedo do Director Geral Couceiro.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Zapater(o), o outro

A vinda do Zapater para o Sporting teve uma consequência imediata na minha vida. Passei trocar o nome do primeiro-ministro espanhol. Não é grave, mas incomoda sempre um bocadinho. É da idade.

Do Zapater jogador vêm-me à memória duas ou três coisas. Resultou do pagamento em espécie efectuado pelo Génova de uma parte do passe do Miguel Veloso. De imediato, fizemos-lhe um contrato com uma cláusula de rescisão de 20 milhões de euros. Nestas coisas é sempre importante jogar pelo seguro. É que andam para aí uma série de clubes interessados em comprar o primeiro Zapater que lhes apareça por 19 milhões de euros, mais coisa menos coisa.

Jogou uns bocados e não me recordo de nada em especial que tenha feito. Parece um jogador pesadão, que precisa de jogar com regularidade para não perder ritmo. É um pouco lento mas, pelo menos, tem cara de homem, o que numa equipa de meninos não é despiciendo. Tem aspecto de jogador de futebol, o que contrasta vivamente com a barriga proeminente e a papada do Maniche, que ocupa o lugar que podia ser dele.

No último jogo, no sábado, jogou a titular e, a meu ver, jogou bem. Dizem-me que na Bola, hoje, era dado como dispensado. Pode ser que se trate de mais um caso Vukcevic: no momento que é dado como dispensado passa, de imediato, a titular.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Jogámos o que o jogo deu

A expressão “jogámos o que o jogo deu”, a que muito recorre o nosso treinador no fim dos jogos, constitui a mais completa assumpção de impotência a que me foi dado assistir. Pelo contrário, espera-se que cada jogo dê aquilo que um treinador planeou que desse. É verdade que o adversário também joga. É verdade que há muitos imponderáveis; o futebol é um jogo de sorte e azar. Mas também é verdade que qualquer jogo se prepara tendo em consideração o adversário em concreto que o irá disputar. Também é verdade que uma equipa deve ser preparada para reagir aos infortúnios que acontecem durante os jogos.

Quando um treinador afirma que “jogámos o que o jogo deu” está, implicitamente, a reconhecer que o seu trabalho durante a semana não serviu para nada. Quando o afirma constantemente, nega-se a si próprio e ao seu trabalho. Para que serve um treinador assim?

domingo, 9 de janeiro de 2011

Odontóstomo

A maioria vê os jogos no sofá e fala das arbitragens a partir das repetições nas grandes áreas. Talvez por isso, essa apreciação se reduza a uma contabilidade saloia do deve e haver, sem compreender que existe uma absoluta incompatibilidade entre as regras e os meios para as fiscalizar. Já quem vê o enredo ao vivo dá conta da sistemática desconcórdia entre os auxiliares e o árbitro, da incerteza titubeante do gajo da bandeira que no mesmo instante aponta aos quatro pontos cardiais, do gajo do apito que apita a pedido, da decisão contrária só por implicância, do um-dó-li-tá-quem-está-livre-livre-está-agora-apito-para-aqui-e-depois-para-lá. Perde-se o detalhe dos pequenos factos, mas ganha-se a compreensão de todo o argumento. Só aí se percebe que mesmo a corrupção dificilmente medra em gente tão errática, tão incerta e impreparada. Grande parte dos árbitros portugueses são aquilo a que se convencionou chamar “de merda”. Qualificativo apropriado para tudo aquilo que fede a incompetência. Neste fedor ninguém ganha a Bruno Paixão. Nem me dou ao trabalho de enumerar o rol de imbecilidades que presenteou em todos os jogos da sua carreira. Só me pergunto é a quem serve uma fetidez assim?

sábado, 8 de janeiro de 2011

Paulo Sérgio, ao fim da primeira volta, coloca-nos à frente da “grande maior parte" dos adversários

Foi melhor do que o costume, sobretudo a defender. Estivemos mais compactos. Não consigo perceber se isso se deve a uma melhoria táctica sustentada ou a circunstâncias do jogo.

A saída do Postiga foi providencial. Deixámos de ter um avançado que faz de conta que é médio centro e passámos a ter um médio centro (Valdês) a fazer de médio centro, quando costuma andar perdido nas alas. Ainda por cima marcou um golo (que devia ser atribuído a meias com o Liedson). O miúdo Diogo Salomão, apesar de alguma intermitência, fez um jogo muito interessante e marcou um golo espectacular.

Os dois médios defensivos também jogaram muito bem. Saíram sempre bem aos jogadores do Braga, impedindo-os de construir jogo. O André Santos confirma-se, cada vez mais, como a grande revelação deste ano. O Zapater merece outras oportunidades.

A defesa esteve bem. Os laterais subiram menos do que o costume. Talvez por isso a equipa tenha defendido melhor e tenha parecido mais compacta. O Rui Patrício, então, esteve sublime. Defendeu tudo o que tinha para defender. É, para mim, o melhor jogador do Sporting e o melhor guarda-redes português.

Mesmo assim, para evitar surpresas o nosso treinador não foi de modas e tirou o miúdo Salomão para meter o Nuno André Coelho. Quando estamos a perder, tira defesas e jogadores de meio campo e mete avançados. Quando estamos a ganhar, tira avançados e jogadores de meio campo e mete defesas. Neste caso e como ele próprio afirmou, foi para compensar o défice de altura dos jogadores do Sporting relativamente “à grande maior parte dos adversários”.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Bruno Paixão: uma imagem que vale por mil palavras

Este fim-de-semana calha-nos o Bruno Paixão no jogo contra o Braga. Sempre que nomeiam este árbitro para um jogo nosso lembro-me, sempre, de um outro arbitrado por ele na época de 2003-04 no Bessa. Já aqui falei sobre essa partida contra o Boavista, mas vou repetir-me.

Esse jogo interessava, para além de nós e do Boavista, ao Benfica e ao Porto. O Porto estava à nossa frente com alguns pontos de distância (5-6 pontos). O Benfica estava atrás de nós a, penso eu, cinco pontos. Se não ganhássemos e, sobretudo, se perdêssemos o Porto ficava mais à vontade (tanto mais que estava fortemente envolvido na Liga de Campeões, que veio a ganhar) e o Benfica ainda podia ficar à nossa frente (como veio a acontecer) e aceder à pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

Bruno Paixão compreendeu, como ninguém, este alinhamento dos astros. A arbitragem foi de ir às lágrimas. Estávamos a ganhar 1-0 e, depois de várias incidentes, entre eles uma expulsão ridícula do Rui Jorge, acabámos por perder nos últimos 15 minutos por 2-1.

Juntos na bancada, assistiam ao jogo Valentim Loureiro, Pinto da Costa, Carolina Salgado e Cunha Leal (ex-dirigente do Benfica e, à época, Director da Liga). É uma imagem que vale por mil palavras.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mais Sporting, mais Cipolla

Os nossos inteligentes leitores interpelaram-nos sobre a aplicação que fizemos aqui das categorias e das leis fundamentais de Carlo M. Cipolla. Vamos ver se conseguimos uma relação virtuosa (“win-win”) com eles.

De facto, a relação entre o Costinha e o Izmailov foi vista num só sentido. Para não parecer sectário, é preciso efectuar a análise em sentido inverso. E aí verificamos que o Izmailov e o seu empresário também não foram propriamente inteligentes, para não lhes chamar aquilo que Cipolla lhes chamaria.

Este tipo de relações e análises podem ser estendidas dentro do universo do Sporting Clube de Portugal.

A relação entre o Bettencourt e o Costinha gera dois perdedores. Está na altura de lhes explicarem que, quando assim é, Cipolla costuma chamar-lhes um nome. O Couceiro veio para resolver isto, vamos lá ver se consegue.

A relação entre o Sporting, considerado como o conjunto dos seus adeptos e, fundamentalmente, sócios (vamos esquecer essa coisa dos accionistas, que, pelos vistos, também já não existem), e o Bettencourt é do tipo “lose-win”, a meu ver. Isto faz de nós ingénuos. Mas, como no caso da relação entre o Costinha e o Izmailov, é preciso fazer esta análise em sentido inverso. Nesse caso, estamos em presença de uma relação “win-lose”. De acordo com o que nos ensina Cipolla, então, Bettencourt também seria provável vencedor em mais um dos prémios "Insustentáveis 2010". Deixo-vos a escolha desse prémio, que estou a ficar baralhado com este raciocínio que para aqui arranjei. É que não consigo equiparar o Bettencourt, e ainda bem, ao Filipe Vieira e ao Pinto da Costa.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Perspectivas para o ano de 2011

Só agora o meu amigo João Paulo Bessa me enviou o seu cartão de Ano Novo. Assim, só agora vos possa desejar um bom ano. Nunca é tarde demais para isso.

Este cartão, ironicamente elaborado por um benfiquista, adapta-se a nós como uma luva. Se nós não somos optimistas, então, o que é ser optimista. Se assim não fosse, o que teria sido de nós, sportinguistas, e do clube depois de quase vinte anos de seca, só quebrados pelo Augusto Inácio.

Desejo-vos um bom ano de 2011. Quem sabe se não regressa numa manhã de nevoeiro um Augusto Inácio outra vez…

O caso Izmailov visto por Cipolla

Carlo M. Cipolla (1922-2000), historiador económico e professor universitário, qualificava as pessoas em quatro categorias, recorrendo, para esse efeito, a um plano cartesiano (cada quadrante corresponde a uma dada categoria): os inteligentes (Quadrante I), os ingénuos (Quadrante II), os estúpidos (Quadrante III) e os bandidos (Quadrante (IV). Os inteligentes são os que estabelecem com outros relações “win-win”. Os ingénuos são os que, ingenuamente, beneficiam os outros, prejudicando-se (“lose-win”). Os estúpidos são os que, estupidamente, prejudicam os outros e prejudicam-se a si próprios (“lose-lose”). Os bandidos ganham quando se relacionam com os outros, saindo estes a perder (“win-lose”).

Vistos os indivíduos à luz desta teoria, perigosos são os bandidos e os estúpidos. Mas, mesmo assim, os estúpidos são muito mais perigosos para a sociedade do que os bandidos. Um bom carteirista (daqueles que nos rouba sem darmos por isso e devolve a carteira com os documentos) quando rouba 20€ não altera o bem-estar social. Isto é, a sociedade no seu conjunto fica igual: o ladrão fica com mais 20€ e quem foi assaltado com menos 20€.

Aplicando isto tudo ao que nos interessa, verifica-se que o Costinha prejudicou pessoal e profissionalmente o Izmailov sem que daí tenha retirado qualquer benefício para ninguém, pelo contrário, gerando prejuízos a si próprio e ao Sporting também. Estas são as pessoas que Cipolla qualificava como …… Pois, isso mesmo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Reforços de Inverno

Manifestei as minhas desconfianças quanto ao método da mudança organizacional. Sou um pouco antiquado, admito. Estou mais habituado à chicotada psicológica ou aos reforços de Inverno. Mas começo a ficar rendido.

Os resultados começam a falar por si. Com um Director Geral ganhámos à Naval. E ganhámos na competição mais importante para nós. Neste momento, a Taça da Liga está para nós como a Liga dos Campeões e o Campeonato Espanhol estão para o Mourinho.

As perguntas ficam. Se nos reforçarmos ainda mais na área da gestão até onde podemos ir? E se, de preferência, for com alguém que não tenha dado boa conta de si em anteriores passagens pelo Sporting? Enfim, se vier o Samaras é bom, mas se vier o Carlos Janelas é melhor.


[Não vi o jogo. Parece que, mais uma vez, o Vukcevic fez a diferença e resolveu o jogo. No próximo vai para o banco e daqui a algum tempo para a rua, com ou sem Director Geral. Entretanto, renovamos com o Postiga e o Abel. São jogadores esforçados e amigos dos seus amigos. Merecem estar não só no Sporting como nos escuteiros]

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Manuel Fernandes: o herói dos 7-1

Praticamente durante toda a década de oitenta morei em Lisboa. Foi lá que frequentei a universidade. Foi lá que tive o meu primeiro emprego, depois de me licenciar. Depois veio o serviço militar obrigatório e o meu destino nunca mais se cruzou com o da capital, a não ser por muitos breves momentos, a propósito de umas reuniões de trabalho, de umas aulas que lá vou dar ou de umas visitas fugazes para matar saudades.

Os meus anos mais felizes em Lisboa foram quando morei a seguir ao Lumiar, na Rua Quinta das Lavadeiras. Todos os dias de manhã, apanhava o deprimente trinta e seis, na não menos deprimente Calçada da Carriche, fazia toda a Alameda das Linhas de Torres dentro de um autocarro atafulhado no pára-arranca e lá seguia para a universidade. Passava todos os dias pelo Estádio de Alvalade. Olhava sempre para o campo pelado, que ficava ao lado, para ver se via alguém a treinar. Era raro acontecer. Só me aconteceu uma vez. Sai na paragem mais próxima e fui ver o treino.

Isto tudo para dizer que morava perto do Estádio de Alvalade. Durante esse tempo todo, não fui ver muitos jogos. No dia em que demos sete a um ao Benfica estive à porta para comprar bilhete. Não comprei. Custava 500$00 e não tinha dinheiro para isso. Não era bem assim. Tinha dinheiro para o bilhete. Agora, se o comprasse, não tinha dinheiro para a semana que se avizinhava.

Nunca mais me perdoei por não ter comprado o bilhete. Muitas vezes, quando estou irritado principalmente, revisito esse jogo. Nessas alturas, várias coisas me vêm à memória. Mas a principal é a imagem do Manuel Fernandes, especialmente naquele momento em que esteve para ser substituído. Chegou a estar próximo da linha lateral. Só que o Fernando Mendes estava lesionado e teve que sair. Não saiu o Manuel Fernandes e fez-se história.

Com a idade, temos cada vez menos heróis. Ficam os da infância e da juventude. Não me ficaram muitos, mas o Manuel Fernandes ficou.