segunda-feira, 30 de novembro de 2015

É sempre possível tornar tudo mais difícil ainda

O Jorge Jesus anda paranoico com a gestão da equipa. É verdade que muitos deles não aguentam o jogo todo. Outros, andam a desfazer-se, como é o caso do Bryan Ruiz. A equipa está a superar as suas melhores expetativas e não larga competição nenhuma, apesar de o Jorge Jesus os ir industriando para acabarem com a brincadeira da Liga Europa.

A equipa não dá para tudo, é um facto. Mas dá à vontadinha para este Belenenses que nem um remate à baliza para amostra conseguiu fazer.

A primeira parte serviu para cumprir calendário. Apostou-se em se entediar o adversário de tal forma que, ao adormecer, permitisse uma jogada extraordinária do Bryan Ruiz. A jogada foi extraordinária por ter sido realizada em “slow motion”. Para azar, o guarda-redes não tinha adormecido e fez uma defesa que está para além do seu nível de competência.

Na segunda parte, procurou-se jogar um pouco mais depressa. Primeiro entrou ou Gélson Martins. Depois o Matheus Pereira. Por fim o Tanaka. Meteu-se o João Mário no meio. Nada parecia resultar, apesar do Matheus Pereira ter entrado com fogo na biqueira das botas.

Estava toda a gente a fazer contas de cabeça, quando o Tonel resolveu o jogo. Reconheço que tenho um fraquinho pelo Tonel, da sua passagem pelo Sporting. O homem teve que aguentar com o Polga durante uma série de época. Não é para todos. Algumas sequelas tinham que aparecer mais tarde ou mais cedo.

O Slimani agarrou na bola para ser o herói do jogo. O Jorge Jesus mandou-o virar-se para Meca e deu ordens ao William Carvalho para marcar o penalty. Tive medo. Veio-me à memória um penalty pior que o do Panenka marcado pelo William Carvalho na final do Campeonato da Europa. Mas o rapaz estava com a braceira no braço. Foi sempre com essa braçadeira que o Clark Kent se transformava no Super-homem.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Houston we have a problem

A meio da tarde de ontem, liga-me uma colega a lembrar-me que tínhamos combinado ir à Universidade Católica ouvir Luigino Bruni no lançamento da edição portuguesa do seu livro “Redescobrir a árvore da vida. Um economista lê o livro de Génesis”. Tinha-me esquecido, de facto.

Cheguei a casa e, a meio de um telejornal qualquer, fico a saber que o Sporting tinha jogado com o Lokomotiv de Moscovo. Tinha-me esquecido também deste jogo. A memória está cada vez pior. Mesmo assim penaliza-me mais o esquecimento da conferência do professor italiano.

Pelo que vi, a rapaziada entusiasmou-se. O Montero fez finamente os passes e as assistências que toda gente dizia que fazia e não me lembrava de ter visto. Marcámos quatro com duas cuecas pelo meio. Moral da história: arranjámos um problema que não tínhamos nem desejávamos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Borda d´Água

Em novembro, com o fim da castanha chega o Astana. Entradas em dezembro, com a primeira neve chega o Kiev.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Tantas vezes quantas forem precisas até aprenderem

[Ataque]
O Benfica perdeu três vezes e três vezes mereceu perder. Nos três jogos, o Benfica foi praticamente inconsequente no ataque. Ninguém se lembra de uma jogada bem construída com um avançado a aparecer isolado perante o Rui Patrício.

[Meio campo]
O Sporting foi sempre muito superior ao Benfica no meio campo. O Sporting circula melhor a bola e perde-a menos vezes em zona de perigo. Em contrapartida, reage com grande rapidez à perda da bola, dando com frequência uma imagem que está a sufocar o Benfica. O Benfica raramente consegue sair para o ataque de forma organizada. Invariavelmente acabam numa biqueirada para a frente.

[Defesa]
A defesa do Benfica está sempre mais desprotegida. A defesa não é pior que a do Sporting. Concede mais oportunidades porque está com frequência mal posicionada relativamente ao meio campo ou vice-versa. Há sempre muito espaço para explorar. Quando o meio campo avança a defesa não avança o suficiente.

[Com papas e bolos se enganam os tolos]
Está-se mesmo a ver que a culpa é dos árbitros. Não passa pela cabeça de ninguém que o Rui Vitória não é treinador de clube grande. Ninguém consegue reparar que o Benfica não dispõe de um sistema de jogo coerente. O alarido no final dos jogos impede que se veja o que está à frente do nariz de qualquer um e ainda bem.

domingo, 22 de novembro de 2015

A caminho do hospital

Se bem me lembro, o Benfica foi a primeira equipa portuguesa que conseguiu estar a ganhar esta época à equipa principal do Sporting. É um feito, sem dúvida. Mas este não foi o feito maior do Benfica neste jogo da Taça de Portugal. O maior feito foi ter perdido contra o Sporting B da época passada. Acabámos o jogo com o Esgaio, o Tobias Figueiredo e o Gélson Martins.

A rapaziada do Benfica está com um forte ataque de azia. Estão todos a caminho do hospital. Depois de mais este banho de bola, a ala psiquiátrica do Santa Maria vai ser pequena para tanto trauma. Vai demorar a curar tanta doença. Serão necessárias várias sessões de psicoterapia e de terapia de grupo. Para já e para aguentarem esta semana, vão ser necessárias umas tantas doses de Lexotan. Mas não basta. É preciso arrebitar um pouco também. O Lexotan terá de ser acompanhado pelo seu amigo Prozac.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Não pode ser uma metadona qualquer

Nos dois últimos dias escrevi sobre a necessidade de nos arranjarem um substituto para a falta de bola a sério. Mas não pode ser um substituto qualquer. De outra forma, ainda acabamos todos a ver telenovelas ou a passear a família nalgum centro comercial.

O jogo de hoje da selecção nacional contra a selecção do Luxemburgo visava exactamente o quê? Os titulares do jogo contra a Rússia passaram a suplentes e os suplentes a titulares. Parecia um daquelas peladas entre amigos em que todos têm de jogar para que ninguém fique aborrecido e se recuse a aparecer na próxima. Se os amigos vão ficando aborrecidos e deixam de aparecer, um dia corre-se o risco de nem dez aparecem para o tradicional futebol de cinco.

Este jogo só tem uma razão de ser. Justificar a existência de um treinador e de toda uma estrutura técnico-logística que ganha o ano inteiro, embora o seu trabalho só seja verdadeiramente necessário durante um ou dois meses. Depois da vitória da Dinamarca no Europeu de 1992, quando à última hora substituiu a ex-Jugoslávia e os seus jogadores regressaram das férias para jogarem praticamente de imediato, fiquei sempre com grandes dúvidas sobre a necessidade dos treinos das selecções e, no limite, da existência de um seleccionador a tempo inteiro.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Mais metadona

Sem futebol, restam-nos as aquisições para não começarmos a ressacar. Desta vez, vieram aos pares. Vieram o Bruno César e o Marvin Zeeglaar.

Não faço a mais pálida ideia de quem seja este Marvin Zeeglaar. A sua aquisição só tem uma justificação. Definitivamente, o Jonathan Silva foi uma contratação fracassada. O rapaz não é mau a atacar. Centra bem. O problema é que defende mal e recupera pior. Ao fim de meia hora já não pode com uma gata pelo rabo. Na América do Sul, onde o futebol se joga parado e a passo, talvez sirva. Na Europa, onde o futebol se joga a correr, não serve.

Tenho “mixed feelings” relativamente ao Bruno César. Precisamos de alguém que desequilibre no ataque. Que seja mais vertical e vá para a baliza e para o golo sem medo. Que faça os defesas hesitar, sem saberem se devem sair ao jogador ou não. Tem vários senãos. Não é mau, mas também não é um titular indiscutível. É a atirar para o gordo, sem ser um Taarabt. Não é velho, mas não vai para novo. Pode progredir, embora tenha idade suficiente para ter progredido o que tinha para progredir. Não parece caro, apesar de se encontrar mais barato na formação. Enfim, não é carne nem peixe.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Metadona

Fim-de-semana sem campeonato não é fim-de-semana a sério. À falta de bola a sério para chutar, tivemos que nos contentar com a metadona que nos deram.

Deram-nos a selecção nacional num jogo a feijões contra a Rússia. A selecção nacional do Fernando Santos é sempre um mau produto. Em modo jogo-treino, ainda pior. Deram-nos a pior metadona possível para um viciado de bola. É fumar sem inalar. É fazer bolhinhas de vapor de água com patéticos cigarros eléctricos.

Perdemos, mas estivemos para empatar. Ganhar não teria sido possível. Para ganhar é preciso levar a bola até à área do adversário e tentar marcar golo, rematando para a baliza. Nem perto estivemos de marcar um golo para amostra.

Safou-se o Patrício, com duas grandes defesas. Foi bom voltar a ver jogar o Pepe. Os anos passam, mas continua a ser o melhor defesa-central da selecção. O William Carvalho recuperou bolas e passou-as com acerto e asserto, já agora. Gostei do Gonçalo Guedes. Não parece mau. Fica por demonstrar se é bom, embora, para a imprensa indígena, meia dúzia de pontapés na bola em meia dúzia de jogos lhes permita encontrar o que procuram incessantemente: o regresso do Eusébio ou do Rui Costa numa noite de nevoeiro.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Só a tiro

Ficámos a saber que a entrada em campo de um treinador e a agressão de um jogador da equipa adversária vale 40 euros de multa. Nem quero imaginar a quanto sairia a brincadeira a esse treinador se tivesse abatido o jogador com um tiro à queima-roupa com uma caçadeira de canos serrados. Para aí uma fortuna de 100 ou 120 euros. A ruína do treinador, por outras palavras.

Coisa diferente é a resposta do jogador à agressão com um empurrão ao treinador. Por uma coisa destas o jogador na pior das hipóteses é somente “irradiado”. É com penas como esta que a justiça desportiva praticamente incentiva à violência dos jogadores de futebol contra os treinadores das equipas adversárias.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Slimani e mais nove

O futebol português nunca pára de nos surpreender. Há jogos em Aveiro e em Arouca, conforma a vontade do freguês. A isto estávamos habituados. Um treinador entrar dentro de campo para agredir um jogador adversário é que ainda não tínhamos visto. O Sporting foi o principal prejudicado. Ficou a jogar com dez, com a resposta do Naldo à agressão. Está encontrada uma nova forma de indrominar os resultados dos jogos.

Mas esse momento gerou uma dúvida insanável na cabeça dos rapazes de Arouca: estando a jogar contra dez, continuamos a defender e a perder tempo como pudermos e como nos pediram ou comportamo-nos como uma equipa de futebol? Esse momento de dúvida foi fatal. O Ruiz teve tempo e espaço para lançar a bola para o Montero, que, mais uma vez, tentou marcar em estilo. Valeu-nos o Slimani que, aos noventa minutos, ainda é que capaz de fazer um “sprint” marado à procura de uma oportunidade que nem sequer sabia se a ia ter. Às três tabelas a bola chegou-lhe e fez o que costuma fazer com toda a simplicidade do mundo: empurrou-a lá para dentro sem tentar um domínio impossível, uma finta desnecessária ou um remate artístico.

O jogo foi mais do mesmo. O Sporting sempre controlar e, a pouco e pouco, a asfixiar o adversário. Só que a falta de jeito no ataque não ajuda. Nos últimos trinta minutos o Arouca estava encostado às cordas. Aparentemente, era só esperar pelo inevitável. Só que, por isto ou por aquilo, o inevitável não acontecia.

O ataque é o Slimani. Está em todo lado ao mesmo tempo. Recua para os apoios frontais. Desmarca-se para as laterias, para fugir às marcações dos centrais e para os arrastar. Arranca para a área depois de tabelar com os colegas à espera que a bola lhe chegue. Só que não há mais ninguém. Não há ninguém que remate de fora da área, que ataque os espaços deixados livres na área, que vá para a a baliza com fogo nos olhos e nas botas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Boa aposta

Volto a referir, pela enésima vez, que as competições europeias só valem pelo “guito”. Na Liga Europa o “guito” é pouco. Mal dá para o gasto e para a chatice.

Os albaneses perceberam isto há muito. Vieram uns tantos excursionistas fazer uma pelada a Alvalade. Pelo caminho, fizeram umas apostas e indrominaram o jogo. Ganharam umas massas com esta brincadeira.

O Jorge Jesus já tinha percebido que a Liga Europeia é uma brincadeira para entreter meninos. O que o Sporting ainda não tinha percebido é que a brincar também podia sacar algum. Hoje percebeu. Como disse ontem, o jogo resolvia-se nas apostas e resolveu-se. Espero que, pelo menos, tenha dado para a viagem.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A táctica para amanhã

A participação dos clubes portugueses nas competições serve para “sacar algum” e dar ares de mundividência aos jogadores, treinadores e dirigentes. Se não fossem as tochas e a pancadaria das claques, até permitiria melhorar a relação entre os portugueses e os restantes países desta Europa alargada, contribuindo para a paz no Mundo e outras coisas do género. À falta de melhor programação televisiva, também se entretém a malta a meio da semana.

Hoje, o Sporting, o Benfica e o Porto estão para as competições europeias como a Tonicha, o José Cid ou a Manuela Bravo estavam para o Festival da Eurovisão.

Dito isto, a táctica do Sporting para o jogo de amanhã só pode ser a do: pim-pam-pum-ca-da-bo-la-ma-ta-um-pa-ra-a-ga-li-nha-e-pa-ra-o-pe-rú-quem-fi-cas-és-mes-mo-tu. As apostas farão o resto. Domingo volta-se a jogar a sério contra o Arouca.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Jogar e ganhar sempre contra catorze milhões adeptos

No sábado, estive em Chaves. Estive na Feira dos Santos. A razão para lá ir não foi a feira. Fui convidado pela Confraria de Chaves para falar sobre marketing de vinhos. A razão também não foi bem essa. A razão foi mais prosaica. Ofereceram-me um jantar absolutamente notável, regado com Quinta de Arcossó, a troco de conversas várias sobre marketing.

Não vi o jogo contra o Estoril. Recebi um telefonema do Júlio Pereira a dar conta do resultado. Nesse momento, o meu parceiro do lado, um arqueólogo, entornou-me um copo de vinho tinto nas calças. Não sei se foi por acaso ou se foi por mau perder.

Vi o jogo ontem, em diferido. Gostei do que vi. O Sporting tem pior equipa do que no ano passado. No ano passado, tinha o Nani e o Carrillo. Este ano tem o Gélson Martins e o Bryan Ruiz. Por vezes, até dou por mim a ter saudades do Cédric. Gostei do que vi face a estas circunstâncias.

O Estoril jogou bem, sobretudo na primeira parte. Ao intervalo, o Jorge Jesus corrigiu o que tinha de corrigir e fizemos uma excelente segunda parte. Falta sempre alguma coisa na finalização. Há sempre uma hesitação, um mau passe ou um mau remate. Não é brilhante a nota artística. No entanto, a intensidade da equipa é notável. A certa altura, o adversário sente-se asfixiado. São ataques atrás de ataques, sem qualquer possibilidade de respirar um segundo e sair a jogar.

Vão-se repetir mais jogos como este, plenos de sangue, suor e lágrimas. Até por que iremos sempre jogar contra equipas com catorze milhões de adeptos. Esses adeptos podem-se dissipar depois do jogo. Durante o jogo, estão lá todos. Sabemos isso quando vemos o Jorge Ferreira a mostrar o amarelo ao Jéfferson ou a permitir todas as faltas possíveis e imaginárias ao Estoril no fim do jogo.