Nos dois últimos dias escrevi sobre a necessidade de nos arranjarem um substituto para a falta de bola a sério. Mas não pode ser um substituto qualquer. De outra forma, ainda acabamos todos a ver telenovelas ou a passear a família nalgum centro comercial.
O jogo de hoje da selecção nacional contra a selecção do Luxemburgo visava exactamente o quê? Os titulares do jogo contra a Rússia passaram a suplentes e os suplentes a titulares. Parecia um daquelas peladas entre amigos em que todos têm de jogar para que ninguém fique aborrecido e se recuse a aparecer na próxima. Se os amigos vão ficando aborrecidos e deixam de aparecer, um dia corre-se o risco de nem dez aparecem para o tradicional futebol de cinco.
Este jogo só tem uma razão de ser. Justificar a existência de um treinador e de toda uma estrutura técnico-logística que ganha o ano inteiro, embora o seu trabalho só seja verdadeiramente necessário durante um ou dois meses. Depois da vitória da Dinamarca no Europeu de 1992, quando à última hora substituiu a ex-Jugoslávia e os seus jogadores regressaram das férias para jogarem praticamente de imediato, fiquei sempre com grandes dúvidas sobre a necessidade dos treinos das selecções e, no limite, da existência de um seleccionador a tempo inteiro.
Caro Rui,
ResponderEliminarEssa história da Dinamarca não é correcta e já foi esclarecida.
Existam rumores de que a ex Jugoslávia ia ser retirada da competição e os dinamarqueses estavam em estágio para os substituírem. A historia da praia foi depois uma brincadeira de alguns jogadores.
No entanto relativamente ao restante post, estamos de acordo.
Vinha dizer exactamente o mesmo...
EliminarMeus caros,
EliminarPenso que a história está no meio das duas versões. É verdade que a Dinamarca ficou de sobreaviso sobre a possibilidade de ter de participar no Europeu em substituição da ex-Jugoslávia. É diferente saber que se vai participar ou saber-se que se pode ter que participar. Tem reflexos nos treinos e na atitude mental da equipa.
A Dinamarca ganhou como se ganha sempre: tinha excelentes jogadores, entre eles, o nosso Schmeichel. Ganho também porque tinha pouca obrigação de ganhar face à situação de substituto. Foi evidente nesse Europeu a forma descontraída e sem pressão como a Dinamarca jogou. Esse foi um trunfo forte.
SL
Na falta de bola a sério sempre se pode ler um livro... recomendo o livro do Peyroteo, do qual destaco esta passagem:
ResponderEliminar"(...) Ficou assente que o resultado financeiro líquido (das deslocações do Sporting a Espanha (para defrontar Barcelona e Real Madrid) reverteria a meu favor, no caso de chegarem a bom porto as negociações com os dois clubes espanhóis.
Como é fácil de calcular, não cabia em mim de contente. Primeiro, porque me era dada a possibilidade de envergar a camisola do Sporting por mais uma época e, em segundo lugar, porque via resolvidas as minhas dificuldades."
"Infelizmente, as coisas correram de maneira contrária ao nosso desejo e, por isso, vamos, então tratar de fazer a sua festa aqui..."
Fui informado pela direcção do Sporting que na verdade, o Sporting iria a Espanha fazer os dois jogos mas com poucas ou nenhumas possibilidades de êxito financeiro.
(...) Eu já sabia que as deslocações do Sporting lhe trariam um lucro aproximado de 60 a 70 contos...Adivinhem pois como ouvi a comunicação, não é verdade?"
"- Você terá a melhor festa de todos os tempos, homem! Não se preocupe com isso (...)"
"Enfim, abandonei o futebol para nunca mais tomar parte em jogos oficiais. Mas a organização da mnha festa de despedida tem tanto de contar como a Nau Catrineta".
"(Presidente do Sporting) - Então o que o traz por cá?
Respondi: - Venho tratar do que ficou assente e combinado: a minha festa de despedida!
- Lamento muito mas não posso agora tratar disso. Tenho muito que fazer.
Logo no primeiro embate com a direcção do meu clube fiquei com a impressão que dali por diante, as coisas tomariam feição desagradável."
"Agradeci muito a oferta e saí a caminho da Associação de Futebol de Lisboa. Sentia-me tão desorientado com o que se estava a passar que desci a Travessa Larga completamente inconsciente. Tive a sorte de encontrar no corredor o Vice-Presidente do Benfica, Sr.Francisco Retorta. Pedi-lhe alguns minutos em particular, que acedeu gentilmente como sempre.
(Francisco Retorta) - Essa data está, contudo tomada pelo Benfica. Se não for para jogar com o Barcelona será para qualquer outra organização desportiva do clube. Mas se você estiver interessado em fazer a sua festa no dia 5 de outubro e se o Barcelona não vier a Lisboa, estou crente que o Benfica lhe cederá a data que lhe está reservada. Prometo-lhe que o Benfica, além de lhe ceder a data, não realizará em 5 de outubro qualquer festival desportivo.
- Mas senhor Francisco Retorta, lembro-lhe que essa data só me será concedida se o Benfica desistir dela a tempo de eu tratar dos pormenores da minha festa...
- Vá descansado, Peyroteo. Trate de tudo porque o Benfica o ajudará no que necessitar. Você bem merece."
"O contraste que surge no choque da minha amargura pelo caminho que a direcção do meu clube estava a fazer seguir a efetivação da minha festa, e a radiante alegria que de mim se apoderou ao ouvir a promessa do Vice-Presidente do Benfica - DO BENFICA...promessa que era a garantia de poder realizar a minha festa - o choque, o contraste, não me permitem por delicadeza e pelo respeito que me merecem os dois grandes clubes e as suas massas associativas, agradecer ao Benfica, como seria meu desejo. Que o leitor pense o que me apetece dizer..."
"Agradeci ao Sr.Francisco Retorta. Mas que palavras encontrarei para gravar, nestas páginas humildes do meu livro de memórias, o agradecimento que devo ao Benfica representado pelo seu Vice-Presidente (...)""
Meu caro,
EliminarO Peyroteo foi um grande jogador do Sporting. Aparentemente, o Sr. Francisco Retorta foi um gentleman. Parabéns aos dois.
se o eusebio não fosse um bebado incorrigível seguramente que teriamos fabulosas passagens nos livros biograficos sobre a forma como foi escorraçado do benfica quando os seus joelhos ja nao serviam para mais nada! Vai lamber os tomates do teu avô oh imitador de Pedro Guerra!
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