quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Dão-se alvíssaras

O Porto parece ter encontrado uma solução para o Izmailov. Aparentemente será emprestado ao FC Gabala do Azerbeijão. No entanto, uma coisa é encontrar uma solução para ele, outra é encontrá-lo. A primeira sem a segunda não faz sentido. Sendo assim, dão-se alvíssaras a quem o encontrar e indicar ao Porto o seu paradeiro.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O mérito, ou a falta dele, é relativo

O mérito no futebol é relativo. No fim do campeonato, ganha a equipa que fez mais pontos. Mas fazer mais pontos pressupõe que outras fizeram menos pontos. As condições que permitiram que uma fizesse mais pontos e outras menos são relevantes para esse alinhamento (relativo).

Nos jogos de sábado o Sporting foi prejudicado duas vezes; em contrapartida, o Porto foi beneficiado duas vezes também. Ao Sporting não foi marcada uma grande penalidade e ao Porto foi. Se o mérito não fosse relativo, diríamos que o Sporting foi prejudicado uma vez e o Porto não foi beneficiado nem prejudicado.

Por isso é que os erros de arbitragem são muito mais graves do que parecem. Quando uma equipa perde um jogo por erros de arbitragem não perde três pontos; é, muitas vezes, como se tivesse perdido seis, mesmo que as equipas com quem esteja a competir mais directamente na classificação não tenham sido beneficiadas em termos absolutos. Não tendo sido beneficiadas em termos absolutos, foram-no em termos relativos.

Isto para não falar do desfasamento dos jogos. Essa parte faz parte da bandalheira que o futebol português se transformou desde há muito. Se isso não acontecesse é que era de estranhar.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Nos detalhes é que está o ganho

Um remate, um chouriço e o Penafiel a ganhar. O Leonardo Jardim percebe que tem de mudar e depressa. Tira o Vítor Silva e mete o Wilson Eduardo. O Sporting começa a apertar. O Penafiel defende-se como pode. Livre, ressalto na barreira, classe pura de William Carvalho e golo do puto Mané. Custou, mas foi.

Na segunda parte mais do mesmo. Sporting sempre a apertar. Montero a jogar notavelmente a dez. Recua, arrasta a defesa, avança com a bola, desmarca o Carrillo, que centra para o golo do Wilson Eduardo. Nada muda. O Sporting continua a empurrar o Penafiel. O Dier estava cheio de vontade. Avança com a bola, passa-a, desmarca-se, vai buscá-la mais à frente e é derrubado. Penalty e golo de Adrien.

O Sporting podia finalmente descansar. O trabalho estava aparentemente feito e bem feito. Pelos vistos não estava. O futebol português é assim mesmo. Os jogos supostamente em simultâneo do Porto e do Sporting estavam ligeiramente desencontrados.

O Porto empata. A seguir marca num penalty de difícil juízo. Os comentadores aceitam a decisão. No jogo que tinha acabado houve um lance cortado com a mão pelo defesa do Penafiel. Lance de difícil juízo, dizem os comentadores, mas que aceitam a decisão também.

O Sporting acabava de ser eliminado. Foi eliminado por dois lances de difícil juízo. Os dois lances foram decididos contra o Sporting (nem vale a pena sequer falar do quarto golo marcado pelo Porto contra o Penafiel em claro fora-de-jogo). Como se vê, os campeonatos ou as ligas, mesmo as do Lucílio, ganham-se nos detalhes e nos detalhes ganham sempre os mesmos.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Por que razão os árbitros são maus?

Há dias o Adelino Cunha escreveu aquilo que sempre pensei, mas que não encontrava as palavras adequadas. Os árbitros são maus por simples desalinhamento dos incentivos e assimetria na distribuição do poder no sistema do futebol português.

A relevância social de um árbitro é diretamente proporcional à sua controvérsia, para não dizer incompetência. Um árbitro exerce poder; poder de dirimir conflitos de acordo com as leis do jogo e a sua interpretação em cada caso. Um árbitro só é conhecido e reconhecido socialmente se puder influenciar os resultados. Se um árbitro fosse discreto e arbitrasse com correção ninguém o conheceria.

Se o problema fosse só esse, as coisas podiam não correr muito mal. Os gostos e preferências dos diferentes árbitros poderão ser, em tese, aleatórias. Sendo assim, os seus erros poderiam tender a anular-se. O problema é que o exercício do poder dos árbitros se confronta com o exercício do poder de outros agentes. Por isso é que a sua incompetência é mais grave. Independentemente dos gostos e preferências, os árbitros tendem a errar menos contra aqueles que têm mais poder do que eles (individual e coletivamente).

O Sporting tem, desde há muito tempo, muito pouco poder. É simples, não é?! Qual é a solução? Porventura, podem ser duas. Ou socialmente são penalizados pelos seus erros (já que ninguém acredita que a Comissão de Arbitragem o faça), o que implica maior escrutínio público (o que não é fácil, face a uma aparelho mediático que reproduz as próprias lógicas de poder do sistema do futebol português); ou, então, é necessário (re)criar uma sistema com menos assimetrias de poder.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Reviver o passado em Belém



Foi linda a cerimónia. A bandeira verde esvoaçando sobre o palácio. A comitiva verde, convidada a pedido do agraciado, toda aperaltada com a farda do clube. É certo que faltaram os meninos das escolas primárias e os populares com as bandeirinhas de Portugal, mas o resto seguiu as mais belas e ancestrais tradições do rito político português. Muita gravata, muita laca, muito sorriso cerâmico, muito protocolo (ignorado apenas pela Dª. Maria que, em nome da cunha nacional, decidiu apresentar o agraciado à família de todos nós). A melhor pompa e circunstância que se fabrica em Portugal. Mas o melhor mesmo foi o discurso do Senhor Presidente, aí não faltou nada. Estava lá a pose de Chefe de Estado, a dicção a lembrar outros homens de Estado que por ali andaram, até a métrica do discurso paternalista de outros tempos. No entanto, o âmago residia no conteúdo do discurso. Destaco comovido a referência feita pelo Senhor Presidente à altura em que Ronaldo homenageou o pai (a Família) olhando o céu (Deus) após ter marcado um golo ao serviço da seleção (Pátria). Mais, lembrou ainda o Senhor Presidente que Ronaldo «não tem apenas prestigiado o nome de Portugal no mundo, mas  feito "qualquer coisa única", que é trazer alegria a milhares de pessoas» nesse aspeto, arrisco afirmar, tal como o Senhor Presidente. O Ronaldo merece esta  homenagem e não tenho dúvidas que nós, cada vez mais, merecemos este presidente.

domingo, 19 de janeiro de 2014

A luta continua

O Piris lutou, o Maurício lutou, o Rojo marcou, o William jogou, o Adrien lutou, o Martins lutou, o Wilson lutou, o Capel tentou, o Montero lutou, o Jefferson centrou e o Slimani marcou. O Cosme apitou. E o jogo acabou.

Estamos em primeiros. À condição, é verdade. Só quer dizer que vão ter que continuar a levar connosco. A malta não desarma.

Foi um jogo terrível. Nos primeiros minutos os jogadores não perceberam que aquele jogo não estava para brincadeiras. Chovia. O campo parecia um batatal. A bola não andava. Não havia mais nada a fazer do que pontapé para a frente, muita luta e fé em Deus. O Leonardo Jardim procurava explicar que só podia ser essa a táctica. Só que os jogadores demoraram a entendê-la. Talvez não os tenha avisado de início para o que se ia passar.

Tardou a entrada do Slimani. Porventura, em jogos destes tem que entrar de início. Mesmo assim, entrou a tempo. Deu um golo cantado ao Montero. Chateou os defesas até mais não. Até que na primeira oportunidade parou-a no peito e meteu-a lá dentro com o pé que tinha mais à mão. De raiva. Com a força toda que tinha. Quando o Joaquim Rita disse que iríamos ter dificuldades em campos pesados esqueceu-se dele. Ele é um todo terreno. À chuva, ao sol, com campo seco ou molhado, lá está ele a chatear toda a gente e a lutar por cada lance como se fosse o último.

A arbitragem foi manhosa, como de costume. A expulsão do jogador do Arouca foi, no mínimo, excesso de zelo. Depois disso, havia que equilibrar as forças. A expulsão do Rojo foi completamente ridícula. A partir desse momento, os amarelos e as faltas passaram a ser aleatórias.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

As vantagens de se ter o Pedro Proença no Mundial

O Pedro Proença vai ao Mundial. Alguns dos nossos jogadores também. Pelo menos os portugueses têm a vantagem de não terem que apanhar com ele.

Existem mais vantagens na seleção do Pedro Proença. No Brasil vai estar uma canícula do pior. Com ele em campo, os jogadores vão estar mais tempo parados do que a correr. É bom para a saúde. Mais do que isso, os jogadores e o público em geral poderão beneficiar de preleções prolongadas sobre o local de marcação das faltas, a necessidade de não se andar à canelada, isto é, sobre a forma como deve decorrer o jogo sem se correr qualquer risco de a bola ainda entrar numa baliza (ou, pelo menos, na baliza errada).

Não há neste comentário qualquer ponta de ironia. O Pedro Proença é um visionário. O que faz é antecipar-nos o futuro. No futuro, o futebol dispensará os jogadores e os espectadores. Será jogado exclusivamente jogado na "playstation" ou noutra plataforma qualquer. As probabilidade de vitória em cada jogo e no campeonato estarão definidas. O "software" incorporá também os comentários à arbitragens do Pedro Henriques, à táctica das equipas do Freitas Lobo e ao sistema do futebol português do Rui Santos.  

Autarcas, economistas e quatrocentos e setenta e oito jogos sem sofrer golos

Eu e o Júlio Pereira estivemos num animado debate sobre competitividade e desenvolvimento local. Aquelas discussões onde se diz que os autarcas são as causas de todos os males da humanidade e os professores de economia dispõem dos conhecimentos necessários para se chegar ao Santo Graal do crescimento económico. Na dúvida, prefiro autarcas a professores de economia. Por boas ou más razões, os autarcas ainda sabem que existem pessoas.

A discussão nunca mais acabava e, à conta disso, perdemos o jogo contra o Marítimo. Como costumo dizer, o trabalho prejudica, em muito, o futebol. Mesmo assim, como o debate estava tão animado como um Estoril-Sporting apitado pelo Pedro Proença, acabámos por ir acompanhando o resultado. Exultámos com o golo do Carlos Mané. Se o Carlos Mané marca um golo, então nem tudo está perdido. Da exultação passámos para o espanto quando soubemos do golo Vítor Silva. Se o Carlos Mané marca e o Vítor Silva também, é porque somos fortes candidatos ao título.

Regressei a casa e revi o jogo. Isto diz bem da forma entediada como ainda me encontrava. O Carlos Mané fez um grande jogo nos primeiros trinta minutos. Dentro de uns anos temos outro para Bola de Ouro. Começa a ser enfadonho até. O Slimani estava com uma fome de bola e de golos que levava toda a gente ao desespero: os adeptos e os adversários. O William Carvalho é classe pura. Fiquei na dúvida se a defesa, em certas fases do jogo, estava a passar pelas brasas ou a testar o Marcelo. O Marcelo é que não estava com sono nenhum.

No final ganhámos três a zero. O Marítimo não merecia. A tão falada crise de golos marcados acabou (de golos validados pelos árbitros). Estamos ainda há quatrocentos e setenta e oito jogos sem sofrer nenhum.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Inconseguimento



Lamentavelmente não vi o jogo do Sporting, apenas vi resumos, não me arrisquei por isso em análises ou comentários. Tomei como certas as minhas fontes, do que li do Rui Monteiro, do que me disseram outros amigos e das palavras do nosso treinador, tal como os anteriores, sempre muito realista e autêntico nas suas análises, e aceitar que foi um jogo muito combativo num campo difícil e com um adversário de muito mérito. O resultado foi por isso justo. 
Quanto ao árbitro, é o que é, tenho a minha opinião sobre o trabalho dele e mais ainda sobre alguns lances (como o do Montero) mas acho que não vale a pena dizer nada. Falar sobre arbitragens, além de não ser politicamente correto, parece não valer muito a pena. Não é pedagógico. Não dá frutos.
Ainda hoje no jogo da Luz, o senhor Artur Soares Dias, um dos nove árbitros profissionais, não sei qual dos clubes mais prejudicou, obviamente tenho a minha opinião mas, mais uma vez, não vale a pena expressá-la, do que tenho a certeza é que prejudicou o futebol e, se ainda fosse possível, a arbitragem portuguesa. Pelo que me foi dado ver, fez uma arbitragem ao nível da “valente bosta” mas não vale a pena dizer nada. Como em muitas profissões de grande destaque mediático, a arbitragem, mesmo a profissional, parece não se reger por questões de competência. Fica portanto a aparência, o sorriso de Albarran, como dizia o Rui, ou o de Gioconda estrábica, irredutível, inalcançável, intocável. Em suma, o elogio à presença estética, mesmo que vazia e à incompetência. E sim! Estou a falar de arbitragens e não de um qualquer congresso partidário.
Chris M_ Bancroft