Algumas pessoas descobriram
recentemente, não sem espanto, que o título de campeão nacional ainda não
estava (nem tinha sido ainda) entregue. Percebe-se a perplexidade: segunda-feira,
dia 7 de Abril, por volta as 22h35, mais coisa menos coisa, após o jogo entre
Sporting e Braga, terminado empatado, e com os jogadores (pelo menos os do
Sporting) e os adeptos sonolentos, tinha sido decretada, não se sabe bem por
quem, a decisão do campeonato. O Benfica tinha goleado no dragão e o Sporting
marcava passo, ficando a uns intransponíveis dois pontos da onda vermelha,
facto corroborado por vários comentadores a serviço (já para não falar do jogo seguinte
nos Açores contra a equipa sensação e filial da onda).
Sucede que o Sporting ganhou o
jogo contra o Santa Clara, ultrapassando à cabeça uns intransponíveis dois pontos de vantagem. Essa vitória foi alcançada
com a sabedoria tática de Rui Borges: não marcar muito cedo para eles não
pensarem que somos superiores, nem tentar acabar com o jogo depois de marcar, fazendo
de Vitória, ou mesmo de Moreirense, para os convencer que não conseguíamos
fazer mais. É brilhante: a tática convence mesmo os jogadores do Sporting, como
se pode apurar mesmo não assistindo aos jogos.
No dia seguinte, com as faixas a
fazerem de águia vitória, o Benfica entrou em campo para fazer valer a sua
superioridade e os tais pontos verdadeiramente intransponíveis, coisa que fez
brilhantemente, não fosse do outro lado o adversário armar ao pingarelho e
empatar o jogo perto do fim. Não se pode atingir o cume da iminência sem que
não haja alguém a estorvar o processo: a equipa adversária, que teima em jogar
futebol, e o árbitro que não se deixa pastorear com o resto do rebanho, não arbitrando
de acordo com os trâmites legais, nem respeitando as transmissões televisivas
da BTV e respectiva orgânica festiva. Alguns comentadores pasmaram perante o
inexplicável. Mas não foram os únicos.
Existe, toda a gente sabe, uma
indústria de faixas de campeão antecipado. É uma indústria quase tão importante
como a indústria dos comunicados à pressão, esta última muito desenvolvida cá
no burgo, como ficou demonstrado através da rapidez supersónica com que o
comunicado do Benfica saiu cá para fora após o jogo (note-se que era dia
festivo), ainda o Rui Costa não tinha chegado ao túnel para conversar
amigavelmente com o arbitro (não tinha sido entregue o voucher?) e com os jogadores.
Talvez o comunicado tenha saído com a sua assinatura mas sem o seu conhecimento,
como usual por aquelas bandas.
Tratava-se de um comunicado que
comunicava a impossibilidade do resultado final, onde a vitória do Benfica era descomunicada com um empate, consequência
de uma arbitragem não conforme com o roteiro e o cartaz da festa. Tudo isto
fica devidamente demonstrado através de uma imagem na CNN em que no rodapé se
podia ler: Benfica ganha 2-2.
Nota: ontem à noite, enquanto procurava o Seinfeld para mais uma revisão, dei de caras com uma notícia no canal dissidente (só pode) A Bola, onde se afirmava que os Leões foram prejudicados em 14 lances e Águias em 7 ao longo do campeonato. Vale o que vale, mas ainda estou à espera do comunicado.
DIVINAL!!!
ResponderEliminarParabéns!
Obrigado, meu caro
EliminarGabriel,
ResponderEliminarUma delícia. Está aqui tudo. Quem quiser saber o que aconteceu na futebolândia nacional na última semana, não precisa de ir a outro lado.
Abraço,
RM
Obrigado Rui,
Eliminarpor vezes é necessário descomunicar.
Um abraço
Como dizia um amigo meu: "se não tivessem que jogar, eram sempre os maiores. O problema é que têm que jogar"
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarO problema é quando os outros também jogam. Não faz parte do programa.
SL