domingo, 1 de abril de 2018

Palavras para quê?

Não nos damos bem com o descanso. Não é que tenhamos jogado pior do que quando andávamos a jogar de três em três dias. Só que havia desculpa. A equipa jogava mal, mas os jogadores na sua cabeça sempre tinham essa desculpa: o cansaço. A necessidade de superação permanente e as vitórias épicas quando parecia que os sinos dobravam por nós, geravam alguma crença nos jogadores. Com descanso, a equipa continua cansada de não ter ideias, cansada de jogar mal e tudo isso cansa mais do que o cansaço.

Não começámos mal. Pressionámos alto, condicionámos a saída de bola do Braga mas, pouco a pouco, as forças começam sempre a faltar. É nos pequenos detalhes que se começa a ver o cansaço, a bola que se domina mal, o ressalto que se perde, o passe adiantado. De repente, o meio-campo fica perdido, dado que está sempre em inferioridade numérica e mais fica quando se tem a mosca morta do Bryan Ruiz a jogar em “souplesse” a defender e a atacar. Falta intensidade, como agora é moda dizer-se.

Quando qualquer equipa nos começa a empurrar para trás as dificuldades de se chegar à frente multiplicam-se. O Bas Dost fica como polícia-sinaleiro na frente. O Gelson Martins encosta ao lado direito e apoia tanto a defender, para o Piccini encostar mais dentro, que fica cada vez mais longe da frente e se desgasta ainda mais nas sucessivas investidas que tenta. O Acuña passa a preocupar-se quase exclusivamente a fechar o seu lado também. Ficamos à espera que o Bruno Fernandes tire os coelhos da cartola que forem necessários até que num milagre se chegue ao golo.

Por volta da meia-hora, o Braga tinha tomado conta do jogo, embora sem saber bem o que fazer à bola. Como não criavam oportunidades, decidimos criá-las por eles: o Mathieu atrapalhou-se com o Patrício e deixou o Wilson Eduardo com a baliza aberta e, logo a seguir, perante a incompetência do adversário, resolveu enfiar a bola na sua própria baliza. O árbitro e o vídeo-árbitro resolveram embaralharar-se e anularam o golo sem se perceber razão para isso.

Fomos para o intervalo e respirar por uma palhinha e voltámos na mesma. O Braga queria mas não sabia. Nós, simplesmente não podíamos. Tanto não podíamos que o melhor que o Jorge Jesus arranjou foi meter, primeiro, o Rúben Ribeiro no lugar do Acuña e, depois, o Montero no lugar do moribundo Bryan Ruiz. Sublinha-se a sagacidade do treinador tanto nas substituições como nas escolhas no mercado de Inverno. Precisamos sempre de mais e mais jogadores e nunca chegam, como se viu com estes dois emplastros. Preparávamo-nos para nos arrastar até ao final sem honra nem glória ou à espera de um milagre nos descontos. Desta vez correu mal. A equipa saiu para o contra-ataque, perdeu a bola, ficou descompensada, o Piccini tentou evitar o pior, não evitou e ainda arranjou maneira de nos suicidarmos.

A jogar com dez, o Jorge Jesus, ficou sem saber o que fazer e deixou a equipa à deriva durante cerca de dez minutos. Quando ia meter o Ristovski, levámos um golo de bola parada: não ganhámos a bola ao primeiro poste, não ganhámos ao segundo e a bola entrou no meio para onde se tinha desmarcado um central matulão do Braga. Já não entrou o Ristovski e entrou o Wendel, o tal que só vinha aprender para a próxima época, mas a quem, pelos vistos, lhe queriam dar a responsabilidade de ainda procurar salvar esta em quatro minutos. Palavras para quê? As desculpas seguem dentro de momentos e, como sempre, a necessidade de contratar mais jogadores, dado que o génio da tática, como o outro da economia, nunca se engana e raramente tem dúvidas.

11 comentários:

  1. E é isto...espero que alguemm leia,estes posts, ao JJ que podia aprender alguma coisa.Parabéns.

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    1. Meu caro,

      O Jorge Jesus nunca aprendeu nada e já não vai a tempo de aprender no Sporting. Está na altura do Bruno de Carvalho aprender alguma coisa e nos livrar deste cromo. Se não aprender, seguem os dois o mesmo caminho.

      SL

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    2. Por mim nem tinha entrado...ele veio porque pagaram bem no Sporting não havia cobertura dos padres... limpinho! limpinho!

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  2. Não estou de acordo. O jogo vira de facto a partir dos 35 minutos quando os do braga começaram a dar pau em tudo o que mexia com a conivência do padre de serviço (não era só o Viana que devia ter sido expulso pelo "porradão" no Gelson, vuksevic também devia ter sido expulso pelo ataque de histerimo, levou só amarelo). Mas para mim é simples, concordem ou discordem, gostava que alguém comparasse as estastisticas do jogo da 1a para (ou até aos 35 minutos) a 2a parte e depois digam-me qualquer coisa. O que "passou-se" no tunel durante o intervalo? Quantas faltas fez o braga na 1a parte e quantas fez (foram assinaladas...) na 2a parte, vejam o tempo de posse de bola na 1a e na 2a parte e percebem que o padre resolveu deixar de apitar ao intervalo.
    O jogo de ontem foi, a partir dos 35 minutos uma grande farsa...

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    1. A culpa da classificação e do mau jogo constante da equipa é dos padres. Heréticos e ateus!!!

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    2. Caro Vasco,

      Acho que essa é só uma parte da verdade. A equipa não tem alma. A equipa não acredita. Sobretudo não acredita no treinador e nas tácticas e pseudo-tácticas que vai inventado e vai metendo para dentro de campo envoltas em perdigotos.

      SL

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    3. Mas será que não tens olhos na cara???? Será que achas mesmo que a culpa é sempre dos outros???
      Tens um treinador que ganha mais de 500 mil por mês e só inventas desculpas???

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  3. Pode ser. Não me surpreenderia se a equipa tenha deixado de acreditar. Já duvido que a equipa não acredite no treinador. Continuo a acreditar que sim.
    Para mim para além de tudo que nos afastou do caminho do título, de erros próprios a erros alheios, passando pelos "desastres naturais" da tragicocómica liga portuguesa, para mim já começa a ser incompreensivel que certos jogadores (como compreendo Adrien, João Mário, para mencionar os casos mais recentes...) de verdadeira classe como o RP, o WC, o GM, o BF ( estes são os portueses) mas também Mathieu, o Coates, até o Doumbia, o Coentrão, que apesar de português vem do RM, queiram representar a camisola verde e branca, porque há-de chegar o dia que vão recusar porque sabem que em Portugal só ganha quem joga nos rivais porque o Sporting não PODE, porque está tudo feito para que NÃO GANHE...
    Um abraço e SL.

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    1. Meu caro,

      Em Portugal, o Barcelona não ganhava o campeonato. Outra coisa bem diferente é vermos, ou não, uma equipa com alma. A equipa não tem alma. Os jogadores dão o que têm e o que não têm. Não acredito que acreditem que a jogar assim vão a lado algum. São suficientemente bons e experientes para acreditarem em balelas.

      Um abraço

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  4. Caro Rui,

    Mais uma vez, uma análise certeira. A equipa precisa de algo a que se agarrar para, em desespero, conseguir libertar os (bons) jogadores que tem e ganhar jogos. O cansaço tem sido bom a fazer isso. Sem cansaço ficam a tentar perceber o que o treinador diz, sem se perceber se conseguem ou não.

    O desastre não foi termos perdido as hipóteses de ganhar o campeonato. Isso não é novidade nem culpa do Jesus (aliás com outros essas hipóteses tendiam a esfumar-se ainda antes da primavera). O desastre é que nos andamos a arrastar em várias competições, mas sem jogar um caracol e sem ponta de alma. A equipa parece que faz o máximo para adiar o seu destino, mas não mostra acreditar que o pode mudar.

    SL

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    1. Caro João,

      Como disse na resposta anterior, em Portugal, o Barcelona não ganhava o campeonato. Nem o Barcelona, nem o Real Madrid, nem o City, nem o Bayern. Desse ponto de vista, nunca responsabilizo muito as direcções e os treinadores. A maior parte das vezes, fazem o que é possível. Também dava esse benefício da dúvida ao Jorge Jesus. Ninguém acredita que, sem favores, teríamos na mesma perdido o campeonato de há dois anos.

      A equipa sabe que o seu destino está traçado e, de facto, vem-no a adiar jogo atrás de jogo. Tanto é assim que em Braga houve algum conformismo. Por exemplo, a forma como os jogadores reagiram ao golo que depois veio a ser anulado é sintomático disso. Parece que estavam à espera do que veio a acontecer.

      Um abraço

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