O jogo [do Sporting] contra o Santa Clara para os oitavos de final da Taça de Portugal deixa-nos excelentes tópicos [para reflexão] que nos permitem perspectivar e [até] construir o futuro. Há um tópico obrigatório. É necessário repensar a forma como se insulta o árbitro. Insultar a mãe do árbitro não é a forma mais adequada de insultar o árbitro. Mãe é mãe, filho é filho. A galderice não é [necessariamente] má e aproveita à própria e a mais ninguém. Quando insultamos como insultamos [o árbitro] recorremos à galderice da mãe por que razão? Quando o árbitro é um choninhas, devemos tratá-lo assim e deixar a mãe em paz e sossego, ponto final.
Há um outro tópico incontornável. Aparentemente, a nossa equipa sofre de melancolia depois da saída do Rúben Amorim para o Manchester United [para não mais voltar]. Ninguém tem a certeza ou, pelo menos, tenho as mais sinceras dúvidas [não me passa pela cabeça o Harder a cantar: “Vais partir naquela estrada. Onde um dia chegaste a sorrir. Vais deixar abandonada. Essa flor que era amor a florir”]. Tenho é as maiores reservas quanto aos conhecimentos de psicanálise e de Freud dos comentadores da RTP1 para efetuarem o diagnóstico [mais correto]. Impressiona um pouco ouvir o Rui Malheiro ou o Bruno Prata a insistirem na ansiedade coletiva [doença com um quadro clínico complexo, imagina-se] para explicar um passe errado, um remate mal feito ou um frango.
Mais uma corrida, mais uma viagem, mais um tópico. É possível que o melhor jogador seja exatamente aquele que não tenha sequer jogado? Até ao jogo [do Sporting] contra o Santa Clara, não, não era possível ou pensámos que não era possível, melhor dizendo. Depois deste jogo, se tivesse de escolher o melhor jogador em campo, escolheria o Esgaio sem qualquer hesitação, sem dúvida alguma [sim, o melhor jogador em campo, apesar de não ter jogado]. O Esgaio fez a sua melhor exibição de sempre. Podia ter efetuado uma exibição ainda melhor se não fossem quatro calmeirões a agarrá-lo com o árbitro a fazer vista grossa [e a pôr-se a milhas, não fosse o diabo tecê-las].
Os árbitros podem ser os melhores jogadores ou o melhor treinador de uma equipa? Mais um tópico que dá que pensar [profundamente]. Dois jogos [do Sporting] contra o Santa Clara e quatro “penalties” [reconhecidamente] por assinalar. Os dois árbitros tiveram mais influência no resultado do que os jogadores do Santa Clara. Os dois árbitros tiveram mais influência, muito mais influência do que o próprio treinador do Santa Clara [o que não é simples, tratando-se, como se trata, do (re)conhecido Jürgen Klopp das regiões ultraperiféricas marítimas, como nos foram explicando enquanto os jogos decorriam]. Se o Varandas tivesse juízo [que não tem] tinha aqui várias opções para substituir o João Pereira [a dez milhões de euros cada, mais IVA].
Ganhámos. Ganhámos por dois a um. Estamos nos quartos de final da Taça de Portugal. Foi injusto, muito injusto, perante uma equipa que jogou muito, muito mais e muito melhor. O azar é que o Conrad Harder e o Viktor Gyökeres não ligam ao que diz um Malheiro ou um Prata, uns ignorantes, uns boçais é o que estes escandinavos parecem. Quem não os conhecesse, podia julgar que não respeitam nada nem ninguém, que comem de boca aberta e estão sempre a lançar perdigotos. No entanto, quem os conhece, sabe que não é assim, sabe é que eles estão atrasados nas aulas de português. Mal compreendam o Malheiro ou o Prata, nunca mais deixarão as benzodiazepinas ou as fluoxetinas.