terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Missão Impossível

Com a saída do Rúben Amorim para o Manchester United instalou-se a [grande] confusão no Sporting em pouco mais de uma semana. É obra! Assiste-se a uma luta de argumentos [mais emocionais do que racionais] entre sócios, adeptos e comentadores [com e sem cartilha]. Ainda não se chegou a consensos, mas para lá se vai caminhando: todos estamos gratos ao Rúben Amorim, aqueles que o queriam como treinador do Sporting e aqueles que simplesmente o abominavam. Não se pretende tanto agradecer-lhe, mas, por oposição, concluir que o João Pereira não serve e o Varandas ainda menos. 

O Rúben Amorim não se portou muito bem. Assumiu o compromisso de levar esta época do princípio ao fim, tendo como objetivo o bicampeonato. Assumiu esse compromisso perante os sócios, os adeptos e, pior do que isso, os jogadores, condicionando as suas opções. Apareceu-lhe uma daquelas propostas que acontece uma vez na vida. É complicada a decisão, todos nós sabemos bem o que isso é. Quantas e quantas vezes assumimos compromissos relativamente aos quais nos arrependemos? Arrependemo-nos, mas cumprimos, é a nossa palavra. 

É que se havia circunstâncias que podiam impedir o cumprimento desse compromisso, então não havia compromisso nenhum e tudo não passava de banha da cobra. Se havia essas circunstâncias e eram do conhecimento da Direção, então, não deveria ter começado a época sequer. Não se pode é constituir uma equipa de futebol para dar resposta às idiossincrasias técnico-táticas de um treinador como o Rúben Amorim e, depois, ficar com a criança nos braços.

A equipa do Sporting é uma obra de autor. No seu contexto, o Rúben Amorim é um género de Manuel de Oliveira do pontapé na bola. Não conheço nenhuma equipa que jogue como o Sporting. Não conheço nenhuma equipa que tenha um plantel como o nosso, constituído por 6 ou 7 defesas centrais, nenhum defesa lateral [mesmo contando com o Esgaio e o Fresneda], extremos que fazem de laterais e de extremos ao mesmo tempo e [só] três jogadores do meio-campo. Com a forma de jogar do Sporting e o seu plantel, que treinador [desempregado] com experiência e curriculum está disposto a pegar na equipa e fingir que é o Rúben Amorim, deixando tudo como está? Esse treinador não existe [ou ainda não existe, podendo ser o Rúben Amorim se continuar a perder jogo sim, jogo também]. 

Não era simples [nem isenta de controvérsia] a substituição do melhor treinador do Sporting dos últimos cinquenta ou sessenta anos. O Varandas devia ter sido claro quanto a isso e às dificuldades que por aí vinham. Não o foi, porventura porque os sócios e adeptos nunca costumam estar disponíveis para ouvir a verdade ou por amizade e deferência com o Rúben Amorim. Preferiu explicar-nos que estava tudo previsto e que o Rúben Amorim estava a ser clonado há muito tempo, como se isso fosse possível. O João Pereira foi corajoso e aceitou o desafio. Parece-me uma missão impossível, mas continuo a pensar que seria uma missão impossível para qualquer outro treinador.

17 comentários:

  1. Caro Rui, Tudo dito ! Forte abraço SL

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    1. Obrigado, meu caro.
      O que não se pode querer é uma equipa à Rúben Amorim sem o Rúben Amorim. Sem o Rúben Amorim vai ser necessário construir tudo de novo como lhe permitimos a ele também. Ninguém no seu juízo perfeito pega numa equipa e num plantel como o Rúben Amorim deixou e tenta fazer o mesmo da mesma maneira. Isso simplesmente não existe.
      SL

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    2. O Ruben Amorim era o projecto desportivo do Sporting....a saída dele no final da temporada já seria algo muito dificil de resolver, a saída neste momento é como diz, uma missão quase impossível . SL

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    3. Caro Gil,
      Completamente de acordo. Se dúvidas existiam, esta saída do Rúben Amorim esclareceu-nos a todos. Saindo o autor, ficam os atores. A representação por si só não ganha jogos e campeonatos.
      SL

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  2. Concordo consigo em tudo, mas acho o João Pereira muito limitado a "ver" o Jogo

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    1. Meu caro,
      Não me parece é que o João Pereira seja o ideal para uma circunstância como esta, absolutamente excecional e muito, muito difícil. Como disse atrás, vai ser necessário construir tudo de novo e isso implica treinador, jogadores, esquema tático e modelo de jogo. O que o Rúben Amorim fez fica no museu. O resto, sem ele, não tem préstimo.
      SL

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  3. Se estava programado que Amorim poderia sair a qualquer momento para um colosso, daí a cláusula com desconto, ele Amorim não devia ter iniciado a presente época. Varandas arriscou em cima do arame, a queda é irreversível. Como foi possível transformar um ataque goleador em inofensivo, uma defesa segura num passadouro? João Pereira chega à equipa principal com meia dúzia de jogos nos sub 23 e equipa B. A que se deveu a promoção; currículo não tem. Acabou a sorte do Varandas.

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    1. Caro RCL,
      Pouco me importa o que estava previsto no contrato. O Rúben Amorim comprometeu-se. A palavra conta. Está fora de moda, mas a palavra conta até para efeitos contratuais. Admito que se tenha comprometido com a Direção a não sair. Se não se comprometeu, então, não deveria ter iniciado a época.
      O João Pereira é o menos culpado disto tudo. Se não fosse o João Pereira e fosse outro qualquer o resultado seria mais ou menos o mesmo. Não é possível substituir o Rúben Amorim e a equipa continuar a jogar como se o Rúben Amorim ainda lá estivesse. Vai ser necessário mudar tudo: treinador, jogadores, sistema tático, modelo de jogo. Não há nenhum treinador que consiga por esta equipa a jogar como jogava com o Rúben Amorim.
      SL

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    2. Rui Monteiro
      Varandas perdeu o seu seguro de vida, Amorim, poderia ter feito outro noutra companhia . Não fez e abraçou o tal “erro de Casting “, tentou resolver o problema com a prata da casa , fraca prata. Teve tempo de contratar um treinador a sério. Já começa a ser tarde. Nem a vitória contra o Boavista vai mudar o panorama. Há um descontentamento generalizado.
      Mas, como dizia um ilustre Sportinguista : o futebol é a maior das minhas pequenas preocupações,
      Bom Fim de Semana

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    3. Meu caro,
      Hoje é o tira-teimas. Ou ganha ou ganha, não tem alternativa.
      SL

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  4. Tudo dito!

    Um discurso diferente talvez comprasse algum tempo ao JP mas acredito que seria sempre sol de pouca dura. O seu percurso na B já não era brilhante. Por outro lado, sendo verdade que os sócios não costumam estar disponiveis para ouvir a verdade, se havia momento em que se podia arriscar a fazê-lo era este.

    Já todos percebemos como é que isto vai acabar, o que ainda não sabemos é se vai acabar com tudo perdido ou com a ilusão de ainda se poder ganhar alguma coisa.
    De rolo compressor a preparar o futuro em 3 semanas....Impressionante...até para o Sporting.

    (No meio disto tudo, ao menos voltámos a ter o prazer de ler os seus textos. )

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    1. Obrigado, Jorge.
      Ainda estamos à frente mas já estamos com a conversa de que para o ano é que é. É obra! Se não confiamos na nossa equipa e no nosso treinador, confiemos, então, na equipa do Benfica. Esses não nos vão desiludir, espero eu [que já não espero nada].
      SL

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  5. Ora bom dia!!
    Andamos no meio de um negrume tão denso q só agora me apercebi deste raiozinho de luz. Um gajo acabrunha e perde a atenção...

    Venho só para dizer q estou de acordo q seria missão impossível replicar o futebol do Amorim. Principalmente em tempo nenhum.

    Quem percebesse alguma coisa disto da bola imaginava que quando saísse o amorim isto se dava. Sem tempo isto dava-se. E não eram poucas as vozes a dizer isto mesmo. Mas o lunático não acreditou. Vive na bolha dele.

    O Amorim não traiu nem deixou de trair: foi autorizado contractualmente a sair a meio. Quem traiu foi quem achou que esse contracto era bom para o futebol do Sporting.

    Quanto aos jogadores, produzem em função dos treinadores. Sabem que vão ter vários, diferentes, nas suas carreiras.
    Sabem que se lhes aparecer à frente um treinador que saiba o que anda a fazer eles também saberão. Até poderão fazer coisas que nunca tinham feito antes.
    Mais uma vez quem traiu foi o varandas, porque isto só se consegue com tempo. E tempo foi o que ele não soube ser capaz de prever e planear.

    O João Pereira está para a equipa como o varandas está para o clube! E provavelmente estou a tratar injustamente o João Pereira...

    No fundo, e resumindo, o presidente não consegue perceber q não percebe nada disto.
    O culpado, o verdaddeiro traidor, foi quem o convenceu de q percebe..

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    1. Só agora li comentários...

      "Pouco me importa o que estava previsto no contrato. O Rúben Amorim comprometeu-se. A palavra conta"

      Foi mesmo por a palavra contar que a clausula acabou escarrapachada no contracto! imagino - mesmo! - a choraminguisse e patranhada mirabolante do varandas mesmo depois de mais que avisado!! o outro continuou a construir, à responsabilidade do chefe, nas condições acordadas (porque o chefe não fazia, nem faz, a mínima ideia do que fazer...!). O outro andou a fazer TODO o trabalho do chefe!!! o outro aceitou poder perder a face enquanto já esfregava com o lenço o ranho da cara do chefe em choradeira copiosa por se ver descalço. E bem descalço porque lhe desapareceu TUDO.

      Eu também não gosto de me lembrar, agora, daquele mic drop, mas a responsabilidade cai inteirinha no presidente que o não sabe ser.

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    2. Obrigado pela visita, meu caro. O Varandas andou a dormir, mas o Amorim também se revelou um garotelho.
      SL

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    3. Garotelho era se se deixasse ficar para salvar a pele ao garotelho mor e perder uma enorme oportunidade (Não é todos os dias q se apanha um MU na situação em que actualmente se encontra q para o RA é mel!!). Se o Amorim fosse Sportinguista ainda percebia o rancor, agora assim? ele mede pros e contras e chega a uma conclusão, fria e lúcida. Podemos queixar-nos é de quem não fez qualquer exercício de previsão nem tentou ver consequências de nada, para além do seu preguiçoso bem estar. Esse não anda a dormir, não. Anda a viver a sua vida de sonho.

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