Ontem, fui ao Theatro Circo ver “O Desprezo”, realizado por Jean-Luc Godard, com a inesquecível Brigitte Bardot. Anteontem, no domingo, vi o jogo [do Sporting] contra o Arouca. Em dois dias seguidos, vi duas obras de autor. Sim, sem dúvida, o Ruben Amorim [também] pertence à “nouvelle vague”, não a dos anos sessenta do século passado, mas a que inclui o Jürgen Klopp ou o Pep Guardiola. O jogo foi pensado como se de um guião de um filme se tratasse e os atores representaram os papeis que deles se esperava, tanto os do Sporting, como os do Arouca. Impressiona a capacidade de determinar o [próprio] jogo da sua equipa e, ao determiná-lo, determinar o jogo da equipa adversária. Enquanto uns [os do Sporting] representaram voluntaria e conscientemente, outros [os do Arouca] fizeram-no de forma involuntária e inconsciente ou como de simples figurantes se tratassem. O guião não podia deixar de considerar ainda o cenário, aquele campo [de futebol] elegível às ajudas agroambientais da Política Agrícola Comum.
A equipa do Sporting entrou a pressionar e a procurar marcar um golo enquanto o campo permitisse um futebol [razoavelmente] funcional. Marcou [pelo inevitável Gyökeres] e entregou a bola ao Arouca, para evitar contra-ataques e outros males [maiores]. Sem as habituais transições ofensivas, o Arouca tentou, porfiou, mas inconseguiu. Em todo o jogo, a equipa do Sporting cometeu uma falha, concedeu uma única abébia, que permitiu uma grande defesa ao Franco Israel. Essa capacidade de condicionar o jogo ofensivo do adversário e, assim, do expor aos sucessivos contra-ataques constituiu o essencial do guião. O resultado [só] ficou definido nos descontos, mas muito golo se desperdiçou e muita falta e fora-de-jogo preventivo se assinalou. E não, não esquecer o estado do campo: com um John Deere ou um Massey Ferguson na frente não precisávamos de esperar até ao último minuto para, enfim, descansar.
[Depois do jogo, qualquer sondagem daria o Sporting como campeão. Como ficámos a saber no domingo também, as sondagens têm margens de erro e, portanto, prognósticos só final, parafraseando o João Pinto. No final, alguém ganhará ou talvez não. Portanto, é preciso continuar jogo após jogo, crónica após crónica, mesmo quando a inspiração falta ou a vontade é pouca ou nenhuma]
Vim aqui comentar só para dar um pouco de ânimo e assim continuar com as crónicas.
ResponderEliminarVejo as suas publicações através do Feedly e é o blog que mais anseio por uma publicação após um jogo o Sporting.
Jogo a jogo, crónica a crónica até à vitória final! ;)
Saudações Leoninas
Obrigado, meu caro.
EliminarÉ preciso ânimo e os incentivos dos leitores ajudam e não é pouco.
SL
Subscrevo o que disse o outro comentador. O fiutebol não é so ganhar. É beleza, é harmonia, é comunicação de uma equipe com os adeptos, é momento familiar (ou o seu contrário) é até a discussão taberneira de quem "a" tem maior... e, por tudo isso e mais, é inspiração para a criação. E para o sorriso do ler o bem escrito.
ResponderEliminarPodemos ir jogo a jogo até ao final, mas por amor da santa, vamos nos divertindo também. Com boas jogadas, com a explosão do golo e com as crónicas. No fim, ganham realmente, aqueles que se preencheram melhor a vida. Logo, já vê, suas crónicas são obrigatórias.
S.Carvalho
PS: Nos aqui por Africa nao temos aquela adrenalina que o estádio nos dá. Temos o Geny (do Catano) e a TV. E as suas crónicas...
Caro Sol Carvalho,
EliminarO que interessa, o que verdadeiramente interessa não é só a vitória, mas o quanto nos divertimos até à vitória. Se não nos divertirmos, a vitória só por si pouco ou nada representa. As crónicas também são uma forma de me divertir e de ajudar os outros a divertir-se ou a evitar tristezas. Continuaremos, então.
Abraço,
RM
"Em todo o jogo, a equipa do Sporting cometeu uma falha, concedeu uma única abébia, que permitiu uma grande defesa ao Franco Israel."
ResponderEliminarSe o outro, após remate de alívio ao poste, argumentou que foi para não ceder canto, a nossa "abébia" foi para dar rotina, andamento e mais jogo ao redes Uruguaio. Guião é guião...
Ah, eu não venho cá dar animo nenhum, que isto já está mais que em velocidade de cruzeiro.
EliminarMeu caro,
EliminarTem razão. Eu próprio tinha muitas dúvidas quanto a estes Franco Israel. Depois deste jogo, confio mais.
Abraço,
RM
[Tem sido um excelente estímulo para continuar a escrever. Volte uma e outra vez, volte sempre]
thumbs up!
EliminarE contra a Atalanta vai ser igual!
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarEspero que sim. Espero que seja como este jogo do Arouca, que passou todo na cabeça do Ruben Amorim antes de passar na televisão. Ele imaginou o jogo e transformou-o em realidade.
SL
RM