Conforme a época se aproxima do seu final e como perante factos não há argumentos, instalou-se uma certa resignação no futebol português, dando-se o título de campeão por entregue [e não se falando mais nisso]. Vai-se tentando destabilizar a preparação da próxima época do Sporting e pouco mais, com esta ou aquela transferência, incluindo a transferência do Rúben Amorim para o Liverpool [até ver, porque hoje também se falava no West Ham]. Neste jogo de domingo, contra o Vitória de Guimarães, estranhei, portanto, que a equipa não entrasse no estádio de camisola vermelha com publicidade ao Standard Chartered Bank. Percebi, então, que o jogo sempre era em Alvalade [e não em Anfield] e os adeptos continuavam a cantar o “My Way” [e não o “You'll Never Walk Alone”].
O Estádio de Alvalade está a transformar-se na Disneylândia ou na Feira Popular: abanam-se os telemóveis com a lanterna ligada, faz-se a onda ou a “Hola” Mexicana, grita-se, grita-se muito e festeja-se, festeja-se ainda mais, golo após golo até à vitória final. É pena que não se possam fazer piqueniques em Alvalade pois não faltariam famílias deitadas em mantas comendo pasteis de bacalhau e rissóis de camarão e desfazendo paulatinamente uma asa de frango de churrasco atrás de outra. Há alegria, mas é uma alegria tranquila, sem ansiedades. Há uma normalidade tão, mas tão normal, que até o Gyökeres resolveu molhar a sopa outra vez [duas vezes, aliás] para que essa normalidade fosse a mais normal possível. Não, não há notícias e essa é a boa notícia.
Os primeiros vinte e vinte cinco minutos ainda ameaçaram coisa um pouco diferente. A bola parecia que não queria andar e os jogadores também não. O torpor sportinguista foi de tal forma que o Vitória de Guimarães foi a primeira equipa a rematar com perigo à baliza [do Sporting]. O Bragança irritou-se com este arrojo vimaranense [não me lembrava de alguma vez ter recorrido a esta expressão] e resolveu fazer das suas [das dele, salvo seja]. Foi à esquerda do ataque fazer um centro tenso ao segundo poste, onde apareceu o Geny Catamo a receber a bola, a simular, a rematar e a acertar num defesa que estava especado na linha de baliza. Pediu a bola dentro da área, recebeu-a com o pé, atrapalhou-se com dois defesas e ressaltou para o Pedro Gonçalves a encostar para o primeiro golo. A acabar a primeira parte, o “tiki-taka” entre o Hjulmand, o Pedro Gonçalves e o Bragança acabou com uma bojarda do Gyökeres para o segundo golo.
No início da segunda parte, o Pedro Gonçalves desmarcou o Trincão dentro da área que, depois de uma receção excecional, passou para o Gyökeres empurrar a bola para a baliza e fazer o três a zero. O Vitória de Guimarães rendeu-se. O jogo estava resolvido, mas os adeptos e espectadores tinham adquirido bilhete para o tempo todo, para toda a segunda parte também. Como não havia necessidade de continuar a jogar à bola como se disso dependesse o resultado, a festa ficou ainda mais bonita [estava para acrescentar o “pá” do Chico Buarque]. Não faz sentido continuar a analisar a segunda parte, pois seria uma análise sobre a festa e as suas sociabilidades sportinguistas. Importante, importante é não nos confundirmos e confundirmos a festa dos adeptos com a festa dos jogadores e da equipa técnica. Esta festa [ainda] não tem razão de ser. Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes. É preciso continuar jogo a jogo, crónica a crónica, pois nada está decidido até tudo estar decidido.
Aqui há uns tempinhos atrás marcava-se mão à recepção do Trincão. Livre indirecto, suponho. Sem justificar cartão amarelo.
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarNem mais. Tenho dúvidas quanto ao cartão amarelo, mas concedo desta vez. Com o Pinheiro o Coates apanhou um por muito menos.
Abraço,
RM
É verdade! O Coates teve o desplante de respirar enquanto lhe apertavam os calos...
EliminarOlá Rui, é isso mesmo, crónica a crónica, até ao Marquês! Abraço
ResponderEliminarCaro Paulo,
EliminarIsto sem sofrimento não tem o mesmo interesse. Estou a pensar ir a Londers um dia destes também.
Abraço,
RM
Há que dizer que poucos contávamos com esta não notícia da ida do treinador a West End ver o Rei Leão em musical. Que tenha voltado ainda mais inspirado para o continuar a fazer sentir aos adversários em recital de bola.
ResponderEliminarCaro Miguel,
EliminarHá uns anos atrás, ir ao West End era só para alguns. Agora, volta e meia, as pessoas vão lá como vão ao Parque Mayer ou às Amoreiras.
Abraço,
RM