quarta-feira, 4 de maio de 2011

Real Madrid – Barcelona, a vitória à força da moralidade

O futebol é um desporto amoral. Ganha quem marca mais golos e é tudo. Não interessa como se marcam, só interessa se se marcam e se se marcam mais do que os adversários. A moral da história é essa.

Os comentadores procuram explicar-nos que a equipa que jogou melhor foi a que ganhou. Explicam-nos uma evidência. Quem ganhou, ganhou e, por isso e só por isso, foi melhor. Como somos racionais, gostamos que nos construam uma narrativa lógica para as coisas serem como são, mas só isso.

Na maior parte das outras modalidades quem joga melhor em tese ganha quase sempre na prática. No futebol não é assim. Os jogos decidem-se por poucos golos e as equipas piores em tese ganham mais vezes do que noutras modalidades. O fascínio e o sortilégio do futebol estão nesta imprevisibilidade.

Se fosse andebol ou rugby, a diferença de qualidade de jogo entre o Barcelona e o Real Madrid determinaria que o Barcelona ganhasse sempre. Mas não é de andebol ou rugby que se está a falar. É de futebol. E, onze contra onze, o Mourinho ganhou. Só não ganhou de facto por influência do árbitro.

Não gosto do futebol praticado pelas equipas do Mourinho. Considero que a melhor equipa de sempre foi a Selecção do Brasil do Mundial de 1982. Mas estou a falar das minhas preferências estéticas. O futebol é outra coisa.

7 comentários:

  1. À excepção do último parágrafo, concordo consigo no essencial do que escreveu.

    Quanto à melhor equipa de sempre deixo-lhe uma pergunta: Não tem idade para ter visto jogar a selecção do Brasil no Mundial de 1970, pois não?

    E há quem me diga que a Hungria do Mundial de 1954 (Puskas, Kocsis, Czibor, etc.)era ainda melhor. Mas essa fui eu que não vi.

    C. Fonseca

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  2. Caro C. Fonseca,

    Nessa altura tinha 6 anos de idade. Só começo a ter uma memória visual e emocional dos Mundias a partir do de 1978. Mas, o que me diz, confirma o que muitos meus amigos me dizem também.

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  3. Só há uma coisa que me continua a fazer confusão em vários artigos que leio.
    E isso é a questão do favorecimento arbitral ao Barcelona nesta sequência de jogos.
    Alguém me consegue explicar porque é que se fala tanto do "golo anulado" (as aspas devem-se ao facto de o árbitro ter apitado antes do remate do Higuaín, ao qual o Valdés nem se atirou, logo quanto muito o árbitro cortou um lance perigoso), esquecendo-se das várias expulsões de jogadores do Real que não aconteceram?
    Só neste último, o Adebayor tinha jogado uns cinco ou dez minutos no máximo, se o Mourinho não tem insistido tanto no tema "Contra o Barcelona é difícil acabar com 11".
    E atenção, não estou a criticar o Mourinho por jogar com as armas que tem (tentar condicionar os árbitros antes do jogo), mas o que é certo é que, a jogar como o Real jogou nestes 4 jogos, é normal não acabar com 11.
    O Pepe, por exemplo, foi expulso 1 vez, mas podia ter sido expulso no jogo do campeonato ou no da Taça do Rei, pelo número absurdo de faltas por trás que foi fazendo, de cada vez que chegava atrasado naquelas trocas de bola típicas do meio campo do Barça.
    Também acho incrível que se fale tanto das "fitas" dos jogadores do Barcelona e da pressão que exerciam quando havia uma falta mais dura. É que parece que ninguém viu o primeiro dos 4 jogos, o do campeonato no Barnabeu, em que foram os jogadores do Real a fazer o mesmo (fita do Di Maria e 5 jogadores do Real a correr a cercar o árbitro).

    Vamos lá ser honestos e imparciais: Mourinho abriu a caixa de Pandora quando, ainda antes do primeiro jogo, lançou as suas tiradas, habituais nele e que tantos resultados lhe trazem. Em campo, o Real começou desde cedo no primeiro jogo a mostrar que estava disposto a parar o Barcelona com todos os meios. É apenas natural que o Barcelona fizesse o mesmo, já que ninguém é de ferro.
    Ninguém está inocente nisto, mas não vamos agora usar uma entrada perigosíssima do Pepe que por acaso parece que não acerta no Daniel Alves (na minha opinião o vermelho até é bem mostrado) como argumento para o "fomos tão roubados" quando na realidade ambas as equipas têm razão de queixa (veja-se entradas de Pepe nos outros jogos, Adebayor ou Diarra neste, Arbeloa no anterior, etc...)

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  4. Caro Miguel Ferreira,

    Não me intreprete mal. Não sei se o Mourinho tem razões de queixa ou não. Acho que a expulsão resulta de uma grande fita do Daniel Alves. O Pepe não lhe tocou e ele rebolou como se lhe tivessem rachado uma perna. Essa fita foi fundamental no resultado. O árbitro foi fundamental nessa decisão.

    Depois, o Barcelona ganhou. Os nossos comentadores tenderam a analisar o resultado sem terem em consideração essa decisão. Ora, essa decisão, passe a redundância, é que decidiu a eliminatória. Não foi o facto de aprentemente o Barcelona ter jogado melhor.

    O Barcelona jogou melhor porque ganhou. Só que para ganhar precisou de uma decisão do árbitro que lhe foi extremamente favorável. Para os comentadores o Barcelona jogou melhor e por isso ganhou. Nada de mais errado, quanto a mim.

    Cumprimentos e volte sempre.

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  5. Rui, (permita-me a familiaridade)

    Até aceito que a expulsão é "discutível", o que é diferente de ser "um roubo".
    Pessoalmente, considero a entrada muito perigosa e na realidade, alguns centímetros de diferença podiam representar uma lesão grave. Mas um amarelo também podia ser aceite, o que também é diferente de dizer que expulsar o Pepe foi uma decisão "extremamente favorável".

    Aquilo que afirmo é que houve erros de arbitragem para os dois lados ao longo dos quatro jogos, erros igualmente prejudiciais para as duas equipas. Analisemos as entradas consecutivas de Pepe sobre jogadores do Barcelona e podemos ver "quantas vezes" podia ter sido expulso durante a final da Taça do Rei, que o Real acaba por ganhar.

    Eu sou grande admirador do Barcelona enquanto clube há muitos anos, e nele vejo muitos paralelismos com o nosso Sporting, pois como está expresso no seu lema "Mais do que um clube". Sou ainda mais admirador hoje em dia, devido ao futebol que praticam.

    Mas independentemente disso, acho injusto que se diga que foi a expulsão do Pepe que tudo mudou, e que essa expulsão foi vergonhosa.
    Seria a decisão de dar um vermelho directo numa entrada claramente perigosa assim tão discutida se fosse num qualquer outro jogo?

    Voltarei sempre, como volto há já algum tempo. Sou admirador do vosso blog e da forma clara como expressam as vossas opiniões (mesmo quando discordo), apenas não tenho comentado até agora.

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  6. Caro Miguel Ferreira,

    O Real Madrid procurou a melhor maneira de parar o Barcelona. Pensou que a melhor mneira fosse intimidá-los. Os do Barcelona também não foram anjinhos e anteciparam bem essa estratégia. Com uma estretágia destas, a arbitragem, para bem ou para o mal, seria sempre decisiva, conforme concedesse maior ou menor tolerância aos jogadores do Real Madrid. Nisto estamos os dois de acordo.

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  7. Miguel Ferreira, desculpa la meter-me na discussão, mas não posso deixar de pensar que aposto em como foste um dos que (tal como eu) disseram que aquela entrada do joão pereira, no jogo contra os lampiões nos primeiros minutos do dérbi, não era para vermelho...e se dizes que não foste um desses só posso duvidar do teu sportinguismo. Assim sendo, como é que algum sportinguista pode dizer que aquela entrada do Pepe era para vermelho? Só mesmo alguem que põe o barça à frente do sporting..

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