sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Dier ou a história mil vezes contada

Explicar a saída do Dier não implica nem juízos morais do atleta e do seu representante nem juízos de inteligência e sportinguismo de qualquer direção. Os incentivos estão alinhados para que estes casos se desenvolvam sempre da mesma maneira.

A formação só tem interesse para um clube se permitir reduzir os custos salariais da equipa principal de futebol. Só que ninguém sabe de ciência certa quais dos jogadores promissores são eleitos para a equipa principal. Por outro lado, nenhum clube está interessado em ter uma folha salarial que nunca mais acaba com contratos por muitos e bons anos.

Como a incerteza é elevada, os clubes tendem a renovar contrato com um número de jovens jogadores superior ao que é aproveitado para a equipa principal. Esta opção só faz sentido se os contratos forem de curta/média duração envolvendo níveis salariais estandardizados. De outra forma, os custos associados aos dispensados tenderiam a não compensar a redução da massa salarial da equipa principal.

Os jogadores de futebol ficam numa encruzilhada. Este modelo beneficia os que vão vingando e penaliza os que não vão vingando. Os que vão vingando sabem que o tempo corre a seu favor. Os que não vão vingando sabem que o tempo corre contra os seus interesses.

Os clubes, ao distribuírem os recursos disponíveis por o maior número de contratos possível, como forma de reduzir o risco, ficam numa encruzilhada também. Dificilmente conseguem renovar contrato com aqueles que vão vingando.

 Esta situação é mais crítica no Sporting do que em qualquer outro clube por uma simples razão: é a equipa que mais jovens jogadores da formação promove à equipa principal. Esta razão é aditivada pela notoriedade da formação do Sporting. Não há perneta nenhum que ao ser promovido à equipa principal não seja visto como um futuro Ronaldo, Quaresma, Nani, Figo ou Moutinho.

O negócio da venda dos jogadores da formação é tão bom como a venda de jogadores jovens adquiridos a outros clubes. O Porto que o diga. Só é necessário mais dinheiro à cabeça. Sendo assim, sem alteração da legislação atual, só aposta na formação quem é parvo.

Em síntese, o jogador e o seu representante fizeram o que se esperava. Esta direção e a anterior fizeram o que puderam. Moral da história: nenhuma ou, se quiserem, esperemos que o Ryan Gauld nos compense da saída do Dier.

6 comentários:

  1. Caro Rui,

    A actual direcção, estará a combater o problema, de uma forma no minimo arriscada.
    Qualquer puto da academia, que saiba o que é uma bola, leva com um contrato de 5 ou 6 anos, e uma clausula de rescisão de 45M€.
    A ideia é obvia, qualquer pérola que queira sair, está sempre sujeito á vontade do clube, o poder negocial passa todo para o lado da direcção leonina.
    O problema, como bem explica o Rui, ocorre quando em vez de um Cristiano Ronaldo, sai um Salomão. Problema que deixa de o ser, se o salario de base, é baixo o suficiente para ser suportado na sua totalidade pelo clube que receber a pseudo-estrela.
    Não deixa de ser no entanto assustador, ver o Bruno Carvalho, todos os anos a firmar contratos de 5 ou 6 anos, com 10 "crianças" da Academia, sabendo que metade deles nem na I divisão virão a ter lugar...

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    1. Meu caro,

      A alternativa a ver sair o Dier ou o Ilori é essa. Só que tenho dúvidas que compense.

      SL

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  2. Sim... o facto do SCP deixar escapar os melhores frutos de cada colheita anual já se transformou numa espécie de tradição da silly season... Uma Never ending story com mais capítulos que o soap Dallas...

    Bom post!.SL

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