O jogo de ontem, contra a Académica, foi demasiado fácil e foi exatamente por isso que se tornou difícil. A Académica entrou à Paulo Sérgio, de caras. Vimos aquele filme várias vezes em Alvalade. Os jogadores a tentarem pressionar alto, correndo que nem uns malucos atrás da bola. Com dois, três toques os jogadores do Sporting estavam isolados no meio-campo com a defesa completamente desequilibrada. Os lances de ataque com perigo sucediam-se a uma ritmo elevado. Marcou-se um golo. Podiam-se ter marcado mais dois ou três.
Por volta da meia hora o Sporting baixa o ritmo. A Académica respira fundo. O árbitro começa a colocá-los próximo da nossa área. Falta de um lado, falta do outro e a Académica foi despejando umas bolas para dentro da área. Do outro lado não havia faltas. De repente, sem se saber porquê, o Sporting viu-se a ter que defender. A dúvida começou-se a instalar na cabeça dos jogadores. Todos sabemos como é, quem não marca sofre.
A segunda parte voltou ainda mais embrulhada com a saída do Cédric. O Sporting ainda foi criando oportunidades. Mas, por isso ou por aquilo, não marcou. A Académica tem o primeiro lance de golo com um cabeceamento ao lado. De repente, o William Carvalho faz uma falta estúpida e leva o segundo amarelo. As dúvidas adensam-se.
A Académica continua sem grande jeito. Umas biqueiradas para a área à espera que numa molhada alguma coisa pudesse acontecer. Numa dessas molhadas, um nabo qualquer chuta com o pé que tinha mais à mão e a bola, às três tabelas, só é parada pelo Patrício.
Foi nesta fase que o Sporting me surpreendeu. Fomos uns passarinhos. Continuámos a jogar o jogo pelo jogo. Ninguém procurou segurar a bola e ganhar a falta. Quando havia falta, ninguém se rebolava pelo chão aos gritos. O André Martins leva uma calcadela e, em vez de se rebolar no chão aos gritos, limita-se a calçar a chuteira, que lhe tinha sido arrancada, e a voltar a entrar em campo. Ninguém pressionou o árbitro. O lateral direito fez meia dúzia de faltas e não levou amarelo.
O lance mais caricato deu-se aos oitenta e cinco minutos. O Carrillo segura a bola na frente. Espera a desmarcação do Rosell, dá de calcanhar, o Rosell centra de primeiro, o Montero remata e o guarda-redes meio com as mãos meio com a cabeça cede canto. Quando se esperava que o Jéfferson viesse do outro lado do campo a passo, demorando pelo menos meio minuto, para marcar o canto, eis que o Carrillo coloca a bola para a bater. Quando se esperava também que a atrasasse para alguém e que a procurassem manter em conjunto, ganhando uma falta, um novo canto ou um lançamento, perdendo-a na pior das hipóteses para a lateral, faz o centro para a área. O bandeirinha diz que a bola saiu. Um lance que devia ter permitido que o Sporting mantivesse a bola dois ou três minutos no campo do adversário e que este, para sair, tivesse que recuar a equipa, deu origem rapidamente a um ataque do adversário.
O último lance da partida ainda é mais caricato. O lateral faz três faltas seguidas. O árbitro, a custo, lá marcou falta. O Capel, em vez de parar o jogo e esperar que os centrais e a restante equipa subisse para dentro da área, resolve passá-la de imediato permitindo que o árbitro desse o jogo por terminado.
O que impressionou no treinador não foram as substituições. O André Martins estava morto e o Carrillo também. Era difícil dizer qual deles estava mais morto. O Carrillo estava um pouco mais vivo, como se viu. O problema não foram as substituições, altamente condicionadas pela lesão do Cédric. O problema foi que o Sporting continuou a jogar o jogo pelo jogo após a expulsão do William Carvalho. O Marco Silva está habituado ao Estoril. No Estoril isso é possível. No Sporting não é. É mais difícil jogar o jogo pelo jogo quando se joga sempre a subir e o adversário sempre a descer.
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