Pouco a pouco, subtil e pacientemente, a filosofia militar do Mestre Pal Hu vai-se impondo e fazendo escola no Reino de Alvalade.
A sua estratégia militar baseia-se, como já aqui dissemos, na Arte Oriental da Guerra e é genialmente simples: o inimigo deve desconhecer sempre a zona chave que Pal Hu pretende atacar, porque, ao não a conhecer, terá de se dividir e, consequentemente, de dispersar cavaleiros por todo o campo de batalha. Ora, se o inimigo tiver que cobrir todos os pontos, em todos os pontos ficará fraco, resultando daqui que Pal Hu, ao concentrar a sua força de ataque numa determinada zona chave, encontrará muito poucos cavaleiros a defendê-la.
Para se transformar no senhor do destino do seu adversário, Mestre Pal Hu, antes de cada batalha, oculta totalmente as suas ideias para que ninguém as note, conservando-se calado para que ninguém o ouça. Depois, de forma súbita e imprevisível, decide, por vezes, utilizar cavaleiros para atacar onde o inimigo menos espera, outras vezes recorre a besteiros e arqueiros para tomar um ponto chave aparentemente insignificante, para agitar a sua direita, ultrapassar a sua esquerda, alarmá-lo na vanguarda e, finalmente, golpear furtivamente pela retaguarda. Durante o dia, confunde o inimigo, agitando freneticamente bandeiras e guiões de um lado para o outro. De noite, perturba-o com bombos e vuvuzelas. Temeroso e a tremer, o inimigo divide as suas forças a fim de tomar precauções.
Segundo o Mestre, com esta estratégia “o inimigo não descobrirá onde surgirão os meus carros, de onde virá a minha cavalaria, para onde irá a minha infantaria, pelo que se dispersará e se dividirá, tentando defender-se de mim em todos os lados. Com as forças espalhadas e enfraquecidas e a sua força dissipada e quebrada, no local em que eu atacar, poderei servir-me de uma grande hoste para vencer então as suas pequenas unidades isoladas”.
Infelizmente, nestes cinco meses do seu comando, esta estratégia não tem dado os resultados esperados. Geralmente, seguindo o exemplo do General Inglês William Forbes Gatacre na Guerra dos Boers, Pal Hu decide efectuar uma marcha nocturna seguida de um ataque de surpresa pela madrugada. Normalmente, não só desconhece o caminho, como também consegue esquecer-se de trazer alguém que o conheça. Como resultado, a madrugada encontra-o, frequentemente, a ele e ao seu exército, atrás dos montes à frente dos quais deveria estar.
Após alguns momentos de confusão, durante os quais perde completamente o sentido de orientação, Mestre Pal Hu conduz o seu exército, regra geral, na direcção errada, com as costas voltadas para o inimigo. Este último, recobrando-se da nova experiência de ser atacado por um exército que parece mover-se em sentido contrário, lá acaba por abrir fogo, geralmente com resultados tão devastadores que, em apenas 45 minutos, a tropa de Pal Hu está em debandada. Quando o exército se reagrupa, Pal Hu fica normalmente encantado ao verificar que apenas sofreu 2 baixas – geralmente, Maniche e Pedro Mendes. A euforia dura, no entanto, pouco, porque uma segunda contagem revela afinal que, por mero equívoco, 3 soldados - Postiga, Liedson e Valdés - são frequentemente deixados para trás, nos montes dominados pelo inimigo. Uma vez que ninguém lhes disse para retirar, ficam geralmente prisioneiros do inimigo. No final, forja-se uma história com o intuito de preservar a reputação do Mestre – ou é o azar de ter atirado muitas bombardas a rasar os alvos inimigos, ou é o terreno de combate que estava irregular, ou, então, são os prometidos reforços que afinal não chegaram”…
Enfim, parece que finalmente estes sucessivos desastres estão definitivamente ultrapassados e, agora sim, promete Mestre Pal Hu que “O melhor está para vir!”. Suspeito é que, infelizmente, ontem não tenha sido a véspera desse dia…
(*) Adaptado de “A Arte da Guerra” de Sun Tzu e “A Psicologia da Incompetência dos Militares” de Norman Dixon
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