Existe um “dilema do prisioneiro” sempre que os agentes ao privilegiarem os seus interesses próprios não conseguem o melhor resultado possível nas suas interações. Vamos admitir que os jogadores do Sporting têm o firme propósito de não negociar, incentivados pelo Mendes e pelo Sindicato no contexto das embrulhadas que tanto caraterizam o futebol português e pelo dinheiro que vão ganhar em outros clubes entre salários e prémios de assinatura (muito superior ao que seria se se tratasse de uma transferência). Do outro lado estava o Bruno de Carvalho no estilo “quantos são?!” que caracterizava o Valentim Loureiro, disponível a levar estes processos até às últimas consequências, esmifrando os jogadores e os clubes que os contratassem até ao último cêntimo para resgatar a honra sportinguista. O jogo pode ser sistematizado no quadro abaixo.
SCP/Jogadores
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Negociar
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Não negociar
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Negociar
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(100, 100)
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(0,150)
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Não negociar
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(150,0)
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(0,0)
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O resultado seria o de todos os envolvidos rejeitarem a negociação, perdendo todos. O Sporting veria arrastar a situação nos tribunais sem fim à vista, com prejuízos na sua situação patrimonial e financeira e na liquidez no curto e médio prazos e na constituição de uma equipa competitiva para disputar o campeonato. Os jogadores, por sua vez, apanhariam com os Sérvulos Correias desta vida que não brincam às “minutas” e ficariam sempre com uma espada sobre o pescoço que os poderia levar à suspensão da atividade e ao pagamento de elevadas indemnizações. Este seria o “equilíbrio de Nash” ou, mais concretamente, o “equilíbrio de Bruno de Carvalho”.
Vamos admitir, agora, que os jogadores estavam de boa-fé e que a rescisão resultava exclusivamente de se sentirem vítimas de assédio moral do Bruno de Carvalho e de violência dos encapuçados e das claques. Sabiam que, saindo o Bruno de Carvalho, tinham todas as razões para negociar com o Sporting. Mesmo que o Sporting não quisesse negociar ficaria clara a sua boa-fé e a sua razão para a rescisão e em qualquer tribunal ser-lhe-ia reconhecida efetiva justa causa. Admite-se que o Sporting estava de boa-fé também e que, com a saída do Bruno de Carvalho, estava disposto a garantir a segurança dos jogadores e a eliminar comportamentos de assédio moral. Também sabiam que ao se disponibilizar para assegurar estas condições, os jogadores estariam em muito más condições para vencerem o contencioso que não seria do seu interesse. Nestes termos, o jogo pode ser sistematizado no quadro abaixo.
SCP/Jogadores
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Negociar
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Não negociar
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Negociar
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(100, 100)
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(0,0)
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Não negociar
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(0,0)
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(0,0)
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O resultado agora seria a cooperação entre os agentes e o estabelecimento de um acordo que assegurasse a resolução do potencial contencioso jurídico, ganhando ambos os lados. Os jogadores poderiam seguir a sua carreira no Sporting ou noutro clube tranquilamente e o Sporting com esses jogadores ou com os recursos das suas vendas asseguraria uma equipa competitiva para disputar o campeonato. Este seria o novo “equilíbrio de Nash” ou, mais concretamente, o “equilíbrio de Sousa Cintra”.
Vistas as coisas deste modo, é preferível o “equilíbrio de Sousa Cintra” ao “equilíbrio de Bruno de Carvalho”. No entanto, o que se dispensa é um “equilíbrio de Jorge Mendes”, em que ficamos atolados em pernetas que só geram prejuízos. Se é para ser assim, é preferível deixar sair o Gelson Martins a custo zero a ter de ficar com uns tantos Andrés Moreiras para a troca. É que esse tipo de teoria de jogos é tão complexo que nem o John Nash seria capaz de formular um qualquer equilíbrio em condições.
O que não faltam são pernetas resultantes do "equilíbrio de Bruno Carvalho". É só ver o jogo de ontem. Tantos jogadores contratados para nadas!
ResponderEliminarCaro Jaime Mota,
EliminarCom o "equilíbrio do Carvalho" ficamos com os pernetas e batemos nos que jogam à bola até se irem embora.
Mais uma reflexão de referência
ResponderEliminarMesmo sem saber as comissões que andam no ar...
2,5 M pelo Ronaldo é pouco... devíamos ter negociado com o PSG ganhava o RM e o SCP
Mendes 1 - scp - 0
17 M (menos 7 para o Mendes) pelo Rui
Não parece mau de todo
Mendes 2 - scp - 1
Tribunal pelo podence, parece-me causa ganha.... alguém vai ter que pagar e bem...
Mendes 2 - scp - 2
31 M pelo William?
Nem nos melhores delírios do BC
Resto do mundo 0 - scp - 1
Gelson? Tem que gerar mais que William
O que anda a fazer o voluntário Futre?
E em Dezembro volta por empréstimo
Leão 5 M? Só podem estar a brincar
Ribeiro? Pagamos para alguém levar... vai ter que empenhar o cabelo...
Dost? Volta estás perdoado
O equilíbrio não está fácil mesmo com o CM a jogar pelos advogados julgo que nem tudo vai mal
Deixem os srs trabalhar...
Caro António,
EliminarPara quem se preparava para não receber nada ou receber algum quando os jogadores estivessem na reforma, não está mal. O Mendes ou a simples hipótese do Mendes é que irrita.
Um abraço
Mais uma abordagem interessante e diferenciada.
ResponderEliminarPois. "Equilíbrios a 3" nunca funcionaram. Alguém vai ficar com a vassoura.
SL
Meu caro,
EliminarNão quero parecer e muito menos ser ordinário mas o único equilíbrio a três é esse mesmo o famoso "á trois". Com o Mendes isto não funciona.
SL
Uma muito boa abordagem. Será que este Carnaval tem alguma intenção? http://misterdocafe.blogspot.com/2018/07/afinal-as-mensagem-nao-estavam.html
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarA invasão de Alcochete foi lamentável e parece que a história está para lavar e durar. Ainda há muito por esclarecer. A teoria de um conjunto de atrasados mentais se juntarem e decidirem andar à pancada com os jogadores porque sim ou porque se lembraram, é curta.
Totalmente de acordo consigo, Rui Monteiro. Mas debates, sobre alegadamente uma fake news, durante horas, provavelmente não prejudicarão (muito) BdC, pois este é uma carta fora do baralho, mas podem prejudicar o Sporting, e é isso que me custa! Sobre uma verdade façam horas de debate, sobre uma alegada fake news é que não. No fim quem é o prejudicado?
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarTem razão. Estamos condenados a ser notícia mesmo quando não há notícia. Como disse, quando não há notícia, inventa-se.
fantastica abordagem, muitos parabens pela criatividade! Porem nao concordo com o primeiro quadro nomeadamente no cenario Nao negociar/Nao Negociar. Na minha optica, porque acredito que nao existe justa causa nenhuma e prova disse são os recuos dos jogadores/empresarios, onde se lê (0,0) deveria se ler (300,0). BdC tinha de sair por varios motivos, mas nenhum deles inclui a sua posição negocial "à la" Valentin Loureiro, mas gostos nao se discutem.
ResponderEliminarSL
RF
Caro RF,
EliminarOs números são arbitrários. A teoria dos jogos de Nash pressupõe uma só ronda se jogadas simultâneas em que cada jogador só tem em consideração o seu interesse próprio. Sendo assim, o equilíbrio seria nenhuma das partes estar disponível para negociar e não haver negociação.
Mesmo que o Sporting ganhasse em tribunal não saberia quanto iria ganhar e quando iria ganhar. Isto é, perderia sempre alguma coisa. Com os jogadores acontece exactamente o mesmo. Assim, perderiam ambos os jogadores.
SL