Há um amor não correspondido no futebol pós-capitalista. Quanto
mais fanáticos são os adeptos, menos jogadores do clube existem. Tudo isto,
porque ser rico é agora a aspiração natural de todo o jogador moderno, e ser fanático
é o novo normal para os pobres deste colégio interno. Este amor incorrespondido
dissimula-se nas vitórias, mas é uma sarjeta nas derrotas.
As academias são já apenas aviários. Pais & Filhos esperam da engorda uma outra vida, que a puta da vida não lhes deu. Sociedades, como a Vieira & Mendes, esperam apenas embalar estropícios a 15 milhões, couverts com coxas de Gonçalves ou asas de Varela.
O Sporting, por agora, tem apenas uma fábrica de embalar desilusões, onde toda a causa nos querem fazer crer como justa e toda a maçã parece nascer com bicho. Pelo caminho fica um rasto de desamor e traição.
Aurélio, o velho Aurélio, que nem Gepeto, continua a fazer-nos sonhos. Não nos importamos de os vender, desde que fiquem bem colocados no campeonato dos vendidos e alimentem o nosso amor platónico, ronronando numa qualquer rede social. Não gostamos é que nos arranhem, que desapareçam, que fujam para casa da mãe, mesmo que lhes mandem pedras, porque eles são bons é de apanhar.
De todas as implicações deste desencontro, a financeira é a menos importante. Trata-se da morte da nossa identidade comum. Sem ídolos, ela não existe. Sem mitos, já nada temos a dar ao futuro. Explica-se, também por isso, a guerra fratricida que hoje grassa. Calou-se o grito em uníssono pelo “Rui” e já só se ouve um marulhar desavindo. Perdemos o Olimpo e sem Olimpo, não somos Atenienses, nem Gregos. Somos cidadãos sem mundo, estranhos aos nossos comuns. Comuns, aos que nos deviam ser estranhos.
Mas mesmo no futebol pós-capitalista o amor não cessa e também não aprende. Por cada Leão que partir, outro Matheus se levantará. Até que a incúria propicie uma nova deserção, ou o saber e a tenacidade permitam nova riqueza num outro leilão. Mas quando o Matheus se levantar, sei que seremos novamente Atenienses, independentemente de quem se sente na tribuna ou no banco. É o nosso destino coletivo, que renasce a toda a nova época e que nunca acabará.
As academias são já apenas aviários. Pais & Filhos esperam da engorda uma outra vida, que a puta da vida não lhes deu. Sociedades, como a Vieira & Mendes, esperam apenas embalar estropícios a 15 milhões, couverts com coxas de Gonçalves ou asas de Varela.
O Sporting, por agora, tem apenas uma fábrica de embalar desilusões, onde toda a causa nos querem fazer crer como justa e toda a maçã parece nascer com bicho. Pelo caminho fica um rasto de desamor e traição.
Aurélio, o velho Aurélio, que nem Gepeto, continua a fazer-nos sonhos. Não nos importamos de os vender, desde que fiquem bem colocados no campeonato dos vendidos e alimentem o nosso amor platónico, ronronando numa qualquer rede social. Não gostamos é que nos arranhem, que desapareçam, que fujam para casa da mãe, mesmo que lhes mandem pedras, porque eles são bons é de apanhar.
De todas as implicações deste desencontro, a financeira é a menos importante. Trata-se da morte da nossa identidade comum. Sem ídolos, ela não existe. Sem mitos, já nada temos a dar ao futuro. Explica-se, também por isso, a guerra fratricida que hoje grassa. Calou-se o grito em uníssono pelo “Rui” e já só se ouve um marulhar desavindo. Perdemos o Olimpo e sem Olimpo, não somos Atenienses, nem Gregos. Somos cidadãos sem mundo, estranhos aos nossos comuns. Comuns, aos que nos deviam ser estranhos.
Mas mesmo no futebol pós-capitalista o amor não cessa e também não aprende. Por cada Leão que partir, outro Matheus se levantará. Até que a incúria propicie uma nova deserção, ou o saber e a tenacidade permitam nova riqueza num outro leilão. Mas quando o Matheus se levantar, sei que seremos novamente Atenienses, independentemente de quem se sente na tribuna ou no banco. É o nosso destino coletivo, que renasce a toda a nova época e que nunca acabará.
TENHO UM IDOLO ,o BRUNO , QUE NÃO NOS ABANDONA , .
ResponderEliminarSó se for o Bruno César. Bruno Gimenez, Bruno de Carvalho e Bruno Fernandes, todos renegaram o Sporting.
ResponderEliminarCaro Sérgio,
ResponderEliminarNão sei o que é melhor: o “post”, o título do “post” ou a música que não mais parou na minha cabeça depois de o ler. Contrariamente ao que se vai lendo e ouvindo, a ilusão é sempre a mesma e renova-se todos os anos, uma e outra vez.
Quando começa o campeonato e as camisolas listadas entram em campo, nada mais interessa a não ser o momento. A bola que entra ou que não entra, a vitória que se celebra como se fosse a primeira, a derrota que não se digere como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Saiu o Figo, o Quaresma, o Ronaldo. Vão sair outros. Mas quando entrarem no campo os que ficarem e os que ainda vierem, volta tudo ao princípio e é como se fosse a primeira vez. Se o futebol não servir para isto não sei para que serve ou, antes, sei muito bem: não serve para nada. Se o futebol não for o eterno retorno à infância, temos imaginação suficiente para ocuparmos o tempo como adultos que somos.
Um abraço,
Caro Rui,
EliminarÉ por isso mesmo que o mais urgente é a bola começar a rolar de novo. Nunca mais é agosto.
Abraço
Pois. Mas havia um combate a fazer-se contra a batota instalada. Parou o combate a sério. Vai ficar o a fazer de conta, dentro das 4 linhas. Agora só pavilhão. E e ...
EliminarParou o combate a sério? Não pode parar, nem vai parar. Com ou sem Sporting. O Porto não vai parar até impor uma nova ordem. Era bom que tivéssemos uma estratégia mais efetiva de futuro com menos tiros nos pés.
EliminarExcelente texto Sérgio e excelente lembrança.
ResponderEliminarA Geni foi vítima das suas circunstâncias e, mesmo entregando-se e salvando a cidade do Zepelim prateado, não se livrou da sua ingratidão. Por vezes os que servem, bem ou mal, parece que são feitos para apanhar e bons de cuspir.
Abraço
Caro Trindade,
EliminarAos Deuses tudo se lhes permite, menos que nos abandonem (“senhor, porque me abandonaste!”) Mas neste caso, tudo se lhes permite desde que ganhem.
Abraço