domingo, 17 de março de 2013

Não há vitórias pequenas.


É possível e não é de envergonhar, torcer, sofrer, gozar, num jogo assim. Fazer a contabilidade das hipóteses, dos remates, dos centros, das bolas ao poste, à trave, das defesas. Deve ser possível achar isto “um jogão”! Mesmo que do outro lado, estivesse “apenas” o valoroso Vitória de Setúbal. Dirão outros, tanto sofrimento, tanta felicidade apenas por ganhar em casa ao Setúbal e, quando feitas as contas, estamos apenas provisoriamente em nono lugar.


E não está mal assim. Afinal isto é apenas um jogo. Como quando jogávamos à bola sob chuva fria, a meia luz, com velhas chuteiras deformadas, ostentando os mais coloridos e díspares equipamentos. O público substituído por um qualquer eucaliptal uivante, o relvado por uma qualquer superfície mais ou menos plana. Obrigatórias apenas as imensas e intimidantes balizas. Encharcados e suados, ardentes em cada disputa de bola, fosse lá em que parte do campo fosse, avançávamos efusivos com a mais mediana das jogadas, em que o sucesso mais não era do que fazer chegar a bola ao destino, fosse o mais complexo ou o mais simples. Três passes certos, uma sinfonia! Um centro para o ataque, meio golo. Um canto ganho, uma espécie de penálti, (espécie rara naquelas pelejas onde os árbitros eram um luxo dispensável, se calhar como agora). O Golo: o santo graal.

A longa e penosa caminhada que tem sido o nosso desempenho neste campeonato, fez-me recuar no tempo. Quando durante muitos anos só ligamos ao futebol de primeira divisão e somos em exclusivo adeptos de um clube de topo, habituados a ficar sempre acima do quinto lugar e a disputar e a ganhar diferentes troféus, os mais natural é esquecermos as lutas dos outros, as suas vitórias suadas, o seu esforço e a sua dedicação. Outros experimentaram fracassos mais continuados, outros ainda experimentaram outras classificações e até outras divisões. Arrogantemente cegos nós, muitas vezes, só olhamos para o pódio, para as taças, para o brilho da vitória. A nós, adeptos, esta arrogância faz-nos mesmo duvidar da razão de ser de muitos clubes. Para que servem estes clubes de meio da tabela. Por que razão lutam? Para que existem eles? Será só para sofrerem? Para que querem eles os pontos? Mas, afinal, o campeonato é deles. Mais, o campeonato são eles, os outros, os grandes sempiternos vencedores é que são afinal a aberração.

Já não me lembrava desta tão desesperada luta pelo “pontinho” para coisa quase nenhuma, dos objetivos “pequenos”, desde que ainda jovem sofria pela Associação Desportiva de Oeiras, no hóquei patins, e, mais tarde, no andebol pelo Académico Basquete Clube. Se outras lições não tirarmos deste ano, pelo menos que este banho de humildade nos engrandeça. Que se perceba de novo como é lindo e justo ficar feliz por jogarmos bem, com alma e garra, contra um adversário, seja ele qual for. Que um jogo é para jogar e ganhar, seja para ser campeão, para ganhar a taça  ou apenas para subir um lugarzinho na tabela classificativa. Que essa humildade esquecida nos faça crescer e que este miserável ano nos permita ganhar respeito por todos os adversários e não apenas pelos do costume, que se calhar não o merecem tanto quanto julgam.

1 comentário:

  1. Foi um sofrimento desnecessário, nada a que nos leões não estejamos mais do que habituados anaha
    Esperemos que o novo presidente ponha fim a este calvário. Vejam os argumentos e digam de vossa justiça quem merece vencer: http://palavrasaoposte.wordpress.com/2013/03/18/esmiucar-o-sufragio-leonino/

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