É
possível e não é de envergonhar, torcer, sofrer, gozar, num jogo assim. Fazer a
contabilidade das hipóteses, dos remates, dos centros, das bolas ao poste, à
trave, das defesas. Deve ser possível achar isto “um jogão”! Mesmo que do outro
lado, estivesse “apenas” o valoroso Vitória de Setúbal. Dirão outros, tanto
sofrimento, tanta felicidade apenas por ganhar em casa ao Setúbal e, quando
feitas as contas, estamos apenas provisoriamente em nono lugar.
E não está mal assim. Afinal isto
é apenas um jogo. Como quando jogávamos à bola sob chuva fria, a meia luz, com
velhas chuteiras deformadas, ostentando os mais coloridos e díspares
equipamentos. O público substituído por um qualquer eucaliptal uivante, o
relvado por uma qualquer superfície mais ou menos plana. Obrigatórias apenas as
imensas e intimidantes balizas. Encharcados e suados, ardentes em cada disputa
de bola, fosse lá em que parte do campo fosse, avançávamos efusivos com a mais
mediana das jogadas, em que o sucesso mais não era do que fazer chegar a bola
ao destino, fosse o mais complexo ou o mais simples. Três passes certos, uma
sinfonia! Um centro para o ataque, meio golo. Um canto ganho, uma espécie de
penálti, (espécie rara naquelas pelejas onde os árbitros eram um luxo
dispensável, se calhar como agora). O Golo: o santo graal.
A longa e penosa caminhada que tem sido o nosso desempenho neste campeonato, fez-me recuar no tempo. Quando durante muitos anos só ligamos ao futebol de primeira divisão e somos em exclusivo adeptos de um clube de topo, habituados a ficar sempre acima do quinto lugar e a disputar e a ganhar diferentes troféus, os mais natural é esquecermos as lutas dos outros, as suas vitórias suadas, o seu esforço e a sua dedicação. Outros experimentaram fracassos mais continuados, outros ainda experimentaram outras classificações e até outras divisões. Arrogantemente cegos nós, muitas vezes, só olhamos para o pódio, para as taças, para o brilho da vitória. A nós, adeptos, esta arrogância faz-nos mesmo duvidar da razão de ser de muitos clubes. Para que servem estes clubes de meio da tabela. Por que razão lutam? Para que existem eles? Será só para sofrerem? Para que querem eles os pontos? Mas, afinal, o campeonato é deles. Mais, o campeonato são eles, os outros, os grandes sempiternos vencedores é que são afinal a aberração.
Já não me lembrava desta tão
desesperada luta pelo “pontinho” para coisa quase nenhuma, dos objetivos “pequenos”,
desde que ainda jovem sofria pela Associação Desportiva de Oeiras, no hóquei
patins, e, mais tarde, no andebol pelo Académico Basquete Clube. Se outras
lições não tirarmos deste ano, pelo menos que este banho de humildade nos
engrandeça. Que se perceba de novo como é lindo e justo ficar feliz por
jogarmos bem, com alma e garra, contra um adversário, seja ele qual for. Que um
jogo é para jogar e ganhar, seja para ser campeão, para ganhar a taça ou apenas para subir um lugarzinho na tabela
classificativa. Que essa humildade esquecida nos faça crescer e que este
miserável ano nos permita ganhar respeito por todos os adversários e não apenas
pelos do costume, que se calhar não o merecem tanto quanto julgam.
Foi um sofrimento desnecessário, nada a que nos leões não estejamos mais do que habituados anaha
ResponderEliminarEsperemos que o novo presidente ponha fim a este calvário. Vejam os argumentos e digam de vossa justiça quem merece vencer: http://palavrasaoposte.wordpress.com/2013/03/18/esmiucar-o-sufragio-leonino/