terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sitting on the fence

O Sérgio Barroso interpela-nos, aqui, com a sua habitual inteligência. Apesar de tudo existem uns tantos sofismas. Vamos seguir o “road map” dele.

[Bem vendido ou mal vendido?]
É verdade que não se criaram alternativas ao Liedson. E uma coisa que não faltou foi tempo. A importância que o Liedson teve na equipa durante tanto tempo até para ele pode ter sido contraproducente. Alguns dos comportamentos nele que merecem mais censura talvez resultem da sua excessiva importância. Um clube como o Sporting não pode depender tanto de um só jogador. A culpa de quem foi? Das sucessivas presidências que nunca conseguiram encontrar alternativas nem, sequer, um outro jogador que pudesse jogar com ele na frente (com excepção do Derlei). Agora, nesta altura foi mal vendido? Claro que foi. O Liedson era a última esperança (cada vez mais derradeira, admito), e essa é que provoca maior dor quando morre. Quanto mais cairmos esta época pior será para a próxima.

[Impensável]
O mais de acordo possível. Se tínhamos dúvidas sobre a fraqueza do personagem, agora não ficaram dúvidas. Não percebo é o alerta sobre a resistência a certas pressões. Todas as profissões as têm. Esta de Presidente de clube de futebol tem-nas também, embora, de facto, se exprimam de forma particularmente agressiva. Mas se quem opta por a exercer não tem isso em conta, então, também não se percebe como é que se candidata e, mais, como é que pode ser bom gestor. Saber gerir passa por compreender o contexto onde se gere. Também distingo o Bettencourt do Roquette ou do Dias da Cunha. O primeiro, como diz o Júlio Pereira, é um empregado bancário (agora é que passaram a ter nomes pomposos) a brincar ao quem quer ser milionário. Os outros são empresários e grandes capitalistas. As suas relações com a banca relevam também dessas suas características específicas. Mais, o Roquette tinha uma visão. Um dia destes discutirmos essa visão e como ela, do meu ponto de vista, falhou. O Bettencourt não tem visão nenhuma. É um tonto.

[Cadê os títulos?]
Ó Sérgio, essa de comparares o Liedson ao Jorge Cadete não lembra ao diabo. A diferença entre os dois é que para o segundo a bola atrapalhava. O Jardel é um caso à parte. Provavelmente, foi um dos melhores avançados de sempre. Coloco o Acosta ao nível do Liedson. Qualquer um deles, bastava estar em campo para termos esperança que alguma coisa pudesse acontecer. Quanto ao comportamento, estou em parte de acordo. Mas também ainda está para aparecer o tal jogador exemplar. Todos os anos, em todos os clubes, há problemas com os mais diversos jogadores. A maior parte das vezes são os melhores que mais problemas provocam. O problema dos títulos é mais complicado, mas respondo mais à frente.

[Paulo Sérgio? Forever!]
Não estou nada de acordo no que respeita ao Paulo Bento. Na primeira época, depois de uma recuperação espectacular, chegámos ao jogo decisivo em Alvalade a três pontos do Porto. Esse jogo foi muito equilibrado. Perdemos por um a zero, com golo de Jorginho na parte final do jogo. Só que já ninguém se lembra da brutal agressão do Quaresma que o árbitro perdoou. O Co Adriensen tirou-o logo. É que é nestes detalhes que se decidem os campeonatos. O segundo campeonato foi uma autêntica fraude. Disputámo-lo até ao último jogo (estávamos em primeiro lugar no intervalo do último jogo) e perdemo-lo com a mão do Ronny e outras habilidades. No terceiro levámos uma abada. No quarto, fizemos uma segunda volta irrepreensível, só que o Porto não quebrou. E não quebrou com as ajudas do costume. Enfim, em quatro épocas, só não ganhámos pelo menos um campeonato porque prevalece a vigarice. Em três deles, disputámo-los até ao fim e o Porto não teve a tarefa facilitada da nossa parte. Agora, não é por acaso que nas três épocas em que vigorou o sorteio puro e simples dos árbitros ganhámos dois campeonatos. Mas isso é trabalho para os nossos dirigentes, que são demasiado finos para andarem nos roteiros da carne assada. Quanto ao Paulo Sérgio, estamos no autêntico “dilema do prisioneiro”. Agora só estamos porque o contratámos e, depois disso, não o soubemos despedir ao fim de meia dúzia de jogos. A culpa foi do Bettencourt e sobre isso ninguém tem dúvidas.

1 comentário:

  1. Tens razão quanto ao Cadete. Era mesmo tosco. Mesmo quando marcou um golo de calcanhar de frente para a baliza, em Aveiro.

    Quanto ao Paulo Bento não está em causa o que tu dizes nem os seus méritos, estão apenas em causa os factores que motivam contestação a um treinador. Com Peseiro o Sporting teve o melhor futebol da década, foi à final da Taça UEFA e lutou pelo titulo até à última jornada (perdido pelas razões que tu bem sabes) e no entanto não se aguentou. Fernando Santos também andou luta até ao fim e também acabou despedido.

    Paulo Bento foi um excelente treinador. Basta ver a relação plantel/resultados. Não era o estilo de jogo que eu mais gosto, mas a equipa tinha solidez e enquanto teve o Nani para criar desequilíbrios a coisa foi andando. Mas dificilmente teria aguentado tantos anos em Alvalade não fossem três coisas: (i) acesso à Liga dos Campeões; (ii) ficar à frente do Benfica; (iii) as Taças de Portugal.

    Já agora, o seu a seu dono, também se deveu a Soares Franco.

    ResponderEliminar