domingo, 6 de fevereiro de 2011

Deus perdoa, mas Liedson não!

Gosto muito de te ver, Levezinho
Jogando sob o sol
Gosto muito de você, Levezinho

Para desentristecer, Levezinho,
O meu coração tão só,
Basta ver você jogar sozinho…

Um exemplo de leão, raio da manhã;
Arrastando o meu olhar como um ímã...
O meu coração é verde, pai de toda cor;
Quando você joga, afasta qualquer dor...

Papá, eu não queria que o Liedson saísse do Sporting – choramingava, ontem, no final do jogo, o meu filhote João com os seus lindos olhos marejados em lágrimas. Porque é que ele vai sair do Sporting, papá? E, agora, quem é o melhor jogador do Sporting? – insistiu ele.

Bem, isto quer dizer que o João, actualmente com sete anos, ainda tem sentimentos fortes pelo Sporting. O que não é fácil, convenhamos, por ser o único sportinguista de uma turma pejada de admiradores do Hulk, Falcão e Fábio Coentrão. E, claro, ainda por cima, numa fase negra marcada pelos sucessivos fracassos leoninos, em particular, nas duas últimas épocas. Porém, isto também quer dizer que o João, a quem desde muito cedo ensinei a ter como referências leoninas o João Moutinho, o Tonel e, acima de todos, o Liedson, ficou, a partir de ontem, sem o seu único grande contra-argumento nas habituais discussões futebolísticas na escola…
Confesso que quando Liedson chegou ao Sporting, eu desconfiei – hum, 1,72 m e com um físico que parecia que tinha vindo directamente do Biafra, hum, cheirava-me a mais um barrete. Depois, Fernando Santos demorou a colocar Liedson a jogar. Teve que ser o empresário Veloz a vir dizer publicamente que Fernando Santos era um pouco lento, para que o Engenheiro do Tenta, perdão, Penta, lá se decidisse a pôr Liedson em campo. A primeira vez que vi Liedson jogar foi num desafio nas Antas em que perdemos 4- 1 contra o Porto. Liedson entrou, tanto quanto me recordo, já com 3-0 ou 3-1, criou um lance de perigo, mas rematou fraquíssimo para uma defesa fácil de Baía. Mau, mau, as minhas suspeitas pareciam confirmar-se – o homem nem tinha força para rematar…
Nesse mesmo dia, decidi investigar melhor as características do jogador na net e encontrei estas duas pérolas de Armando Nogueira, porventura, o melhor cronista desportivo brasileiro de sempre:
- “Liedson. Qual seria a virtude maior dêsse franzino jogador que, de atleta não tem nada? Liedson é, na aparência, a própria fragilidade. Acontece que, no confronto com os zagueiros, ele assume um ar quase insubstancial. Só assim se explica a rapidez de raio com que ele gira o corpo. Num átimo, ele está, não só diante das traves, mas adiante do marcador. Não existe, hoje, no futebol brasileiro, um jogador com tamanha capacidade de trocar de posição com o zagueiro. Some-se a essa prodigiosa qualidade um faro de gol que faz dele um artilheiro irresistível.
- Liedson é outra conversa: ele alveja o gol de lança curta. É súbito como uma faísca. É devastador como um raio. Liedson é um magricela com ar de infância sofrida. Se você o encontrar na rua, sem jamais tê-lo visto jogar, nem de longe imaginará que está diante de um implacável goleador. Um craque do gol. No jogo do Corinthians com o Vitória, domingo passado, ele fez um giro de 180 graus numa fração de segundo. O zagueiro do Vitória mal teve tempo de agarrá-lo pela camisa. O Leivinha, comentando no Sportv, exaltava a assombrosa agilidade de Liedson que, ao receber a bola de costas, na grande área, faz uma repentina rotação de corpo, contorna o marcador e fica de frente para as traves, em perfeita condição de fazer o gol. Sem falar da impulsão e do senso de ocasião com que faz um gol de cabeça, antecipando-se aos varapaus da defesa rival. Numa fábula, Liedson representaria muito bem o papel da raposa, animal assim definido no Dicionário de Símbolos: activo, inventivo, inquieto, astucioso e, ao mesmo tempo, destruidor. Ele fez quatro gols no Vitória, domingo. Acontece que a raposa é, também, símbolo de fertilidade”...
Felizmente, Mestre Armando Nogueira é que tinha razão e o resto da história vocês já conhecem. … Enfim, para desentristecer o João e atenuar as saudades do Levezinho, decidi, então, fazer uma busca no Youtube e mostrar-lhe momentos inesquecíveis da sua passagem pelo Sporting. Golos, claro, muitos golos e mais golos, com que o Levezinho nos resolveu inúmeros jogos - “Deus perdoa, mas Liedson não!”.  Depois, o João, já mais animado, disse-me: Deixa lá papá, na minha PSP, nunca vou deixar o Liedson sair do Sporting! Pois... Obrigado, Liedson!

1 comentário:

  1. Obrigado Liedson!!!!!!!Grande Liedson, estás ao nível dos melhores 5 de SEMPRE!!!!!Peyroteo;Yazalde;Jordão; M. fernandes e Jardel!!!
    Rictemple

    ResponderEliminar