sexta-feira, 25 de maio de 2018

Estamos como estamos e não queríamos estar

Há um estudo de caso que costumo de desenvolver nas aulas que é elucidativo da situação atual do Presidente do Sporting. Adiantando, neste estudo de caso tem-se um alto quadro de uma instituição financeira que dirige um gabinete de avaliação de risco. Encontrando-se uma das empresas financiadas em dificuldades e operando-se uma reestruturação, esse alto quadro é convidado para integrar o seu Conselho de Administração enquanto representante da instituição financeira. A história transforma-se num vale de lágrimas até ele se demitir e voltar para o seu antigo lugar.

Quando se pergunta aos alunos se se tratou de uma escolha bem-sucedida, obtemos as respostas mais complexas e intrincadas, quando é tudo muito simples: se tivesse sido uma boa escolha ainda hoje lá trabalhava e não se tinha demitido passado pouco tempo. Este exemplo serve para explicar aos alunos que em primeiro lugar se medem os resultados das decisões. Se o resultado não é bom, então a decisão não foi boa. Só depois é que se procura perceber as razões que levaram a que a decisão não fosse bem-sucedida. Normalmente, os alunos baralham a análise pura e simples dos resultados com a explicação para não terem sido os desejados.

No Sporting, a situação é similar. O resultado não é o desejado. A decisão dos sócios de eleger a atual Direção não foi bem-sucedida, dado que não foi para estarmos como estamos que coletivamente se tomou essa decisão. É verdade que existem razões para estarmos como estamos suportadas em teorias mais ou menos sustentadas em evidências, permitindo um narrativa convincente para uns e pouco ou nada convincente para outros. Mas a única coisa que podemos avaliar objetivamente é que estamos como estamos e não queríamos estar.

20 comentários:

  1. Esta lição parece o cúmulo da irracionalidade. Não interessa pensar nas causas, contexto, prós e contras.

    Importa é tomar decisões importantíssimas em cima do joelho, com base numa intoxicação mediática e dependentes de a bola entrar ou não.

    A sério que dá aulas? Espero que não seja de gestão

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    1. Meu caro,

      Não lhe estou a dizer o que se deve ou não fazer. Isso é outra coisa. O que lhe estou a dizer é que a decisão de eleger o atual Presidente à luz dos resultados foi errada. Tendemos a confundir explicações para os resultados com desculpas.

      Dou aulas e das boas como pode verificar pela resposta.

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    2. Eu percebi que não estava a dizer se deve ou não deve. Estava a desenvolver.

      O que quero demonstrar é a inutilidade de teorizar que uma decisão é boa ou má dependendo do resultado. Presumo que o segundo ano seja focado nas diversas cores da incerteza.

      Talvez daqui a 5 anos, um mestrado em identificação do risco (para não complicar).

      O entre parêntese é para o educando

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    3. Meu caro,

      Outra vez? Vou-lhe relembrar a sua frase: "Importa é tomar decisões importantíssimas em cima do joelho, com base numa intoxicação mediática e dependentes de a bola entrar ou não". Aonde é que leu no "post" que escrevi algo que lhe permita tirar essa conclusão por mim?

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    4. Outra vez o quê? Comprimentos de onda completamente diferentes estou a ver.

      Voltando à casa de partida, a conclusão é óbvia tendo em conta o histórico e o que acabou de escrever aqui. O exemplo é infeliz porque deriva dos preconceitos do ‘meu caro’.

      “Se tivesse sido uma boa escolha”...

      Não seja sonso. O Sporting e os sportinguistas enfrentam um momento complicado e a última coisa que faz falta ao Sporting são egos.

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    5. A começar por aquele que tem o maior ego de todos, Bruno de Carvalho, que é a fonte maior dos problemas que o clube atravessa e que, obviamente, não é a solução de estabilidade e de longo prazo que o clube necessita.

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    6. Completamente de acordo. A última coisa que faz falta ao Sporting são cegos. Não os cegos no sentido literal da palavra mas sim aqueles, que não o sendo pela falta de visão, acabam por sofrer do mal por usarem as palas que deviam ser pertença do burro que com outros sete puxa a carroça.

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  2. Portuguezza, a intoxicação mediática a que se refere diz respeito às bacocas intervenções do seu ilustre presidente? É possível ainda não se ter apercebido do estado lastimável a que chegou aquele pobre homem? Ele até poderá conseguir passar pelo buraco da agulha, mas o camelo que o defende dificilmente lhe fará companhia no Reino dos céus...onde quer que isso seja.

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    1. Meu caro,

      Nem no Reino dos céus nem no Reino do Leão. O BdC tem mais hipóteses. Está a viver uma realidade paralela e isso às vezes acontece, mais a uns do que a outros, é verdade, sobretudo aos que têm o complexo de Napoleão.

      Um abraço

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  3. Caro Rui, bom dia!
    Tenho-me abstido de comentar a situação do Clube, a não ser com alguns familiares e amigos, e muito pouco nos blogues, porque muito sinceramente me chocam os extremismos que tenho lido.
    Quanto ao presidente, só lhe posso dizer o que já disse, em off, ao nosso Amigo Álamo, do Leoninamente: hoje, em qualquer empresa ( e a Sporting SAD é uma empresa, e cotada em bolsa), um seu director é avaliado não só pela sua performance em termos de objectivos, mas também pelos comportamentos, ou seja, pelo modo como vive os valores da empresa, como se relaciona com parceiros, clientes, etc.
    ora, o nosso presidente, em termos de objectivos parece ir bem ( embora esta conversa de não haver dinheiro em caixa me leve a pensar que nos últimos anos derrapou em gastos, quando ainda não tinha o músculo para o poder fazer), mas capotou completamente nos comportamentos. O homem destrata accionistas, colegas de corpos sociais, jogadores fulcrais, meios de comunicação social, e até dá lições de ética militar a um agora traidor, para ele, ex-director do departamento clínico, que sempre teve um comportamento irrepreensível.
    Ora, este patente desiquilíbrio mental, para dizer o mínimo, com o que quer que o enha causado ( e não vou dizer aqui a causa que me contam de norte a sul do país para tal, porque não sei se é real), em qualquer empresa de outro ramo já teria levado ao seu afastamento, e quiçá mesmo a tratamento.
    Mais irgente é, penso, para evitar situações similares no futuro, poder criar mecanismos estatutários que permitam agir nestes casos. As SAD são hoje empresas que movimentam muitos milhões, não podendo andar ao sabor de estados de humor ou de alterações de comportamento preocupantes.
    Já quanto aos seguidores e ao que dizem, a história ensina-nos que os ditadores têm sempre uma turba acéfala que os segue, e que no final é a primeira a fugir.
    Grande Abraço
    José Lopes

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    1. Caro José Lopes,

      Claro que a análise é anacrónica mas simples: se soubessem que era para se chegar a esta situação os sócios tinham votado no BdC? A resposta parece-me óbvia.

      Tudo o resto também interessa só que um bom argumento como o seu tem sempre um dúzia de defensores que querem correr consigo à pedrada. Por isso, não vale a pena perder muito tempo a argumentar por que ninguém está a argumentar, o que está é dentro de uma trincheira.

      Evidentemente, tudo isto vai acabar mal, muito mal. Como sempre, acabaremos por nos reerguer.

      Abraços

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  4. E se os trabalhadores dessa empresa não derem tudo, quiserem correr com o chefe? Como fica? Voltamos à Comissão de Trabalhadores?
    As coisas não são assim tão claras.

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    1. Caro João,

      A responsabilidade é sempre de quem dirige. Como o movimento dos trabalhadores não é apoiado por nenhuma força militar ou paramilitar, compete a quem dirige que existam problemas.

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    2. Caro Rui:
      Já agora, e face a um mail que acabo de receber do Conselho Directivo do Sporting, gostaria de acrescentar que, à luz da LEI que rege as sociedades, uma acta só é válida depois de, na reunião SEGUINTE, ser lida em voz alta, e assinada pelos presentes na anterior, feitas as correcções consideradas necessárias. Algo que não isto, só podem ser consideradas notas feitas por um dos participantes, e não têm qualquer validade.
      Estou à beira de chamar um delegado de saúde, para internar compulsivamente o presidente do Conselho Directivo, por perigo para a saúde pública. Aliás, acho estranho como é que a maioria dos accionistas da SAD ainda não o demitiram dessa sociedade.
      Um Abraço
      José Lopes

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  5. Caro João:
    Claro que não são os trabalhadores que avaliam, como calculo que sabe muito bem. Mas eu compreendo, interessava distorcer o que eu tentei transmitir, para defender a pessoa em causa.
    JL

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    1. Não defendo ninguém. O importante é o Sporting, não o presidente, mas já ando nestas andanças há mais de 40 anos e estivemos quase sempre onde não queríamos estar.
      Bom post, como sempre.
      sl

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  6. Retenho o mais relevante do "estudo de caso". Primeiro: "a história transforma-se num vale de lágrimas até ele se demitir e voltar para o seu antigo lugar". É o que estamos a presenciar. Segundo: "obtemos as respostas mais complexas e intrincadas". Confere. Em todo o caso, enquanto não deres aulas de psiquiatria, nunca lhes leves o nosso estudo de caso.

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  7. Sobre o estudo de um caso, vamos simplificar a conversa.
    A única comparação na história que o"rapazinho" tem , é com Salazar.
    Este também saneou as finanças públicas, e depois deu no que deu.
    Fazer uma comparação com alguém que é nomeado para reestruturar uma empresa, apesar de nestes casos as únicas coisas que eles fazem são limpezas étnicas, acho que é um exagero.
    Mas continuando a comparação com Salazar, temos a PIDE, que podemos assumir que são as claques organizadas.
    Agora o que me custa é que os ditadores, cheiram-se à distância, e a experiência histórica de muita gente, não o pressentiu.
    Agora teremos a continuação da limpeza , que chamo étnica, com ameaças constantes à liberdade de expressão.
    Não é o Sporting que está em guerra civil, somos todos nós....

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  8. Ao fim de 5 anos conclui que a decisão de eleger BdC foi errada...Então e no fim do 1º ano de mandato o que tinha concluido? E do 2º? E do 3º? E do 4º?

    Deixe-me discordar, quanto a mim foi acertada, nunca saberemos o que teria acontecido ao clube se GL tivesse continuado ou se tivesse sido eleito outro presidente...estariamos melhor ou pior?

    Imagine por absurdo que BdC continua e somos campeões em 2019, então essa decisão que se tomou ha 5 anos atrás ja foi acertada??

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  9. Se para sermos campeões tudo interessa e tudo é possível, o desporto passa a ser um local vazio.
    Se o seu único desejo é ser campeão independentemente da estratégia, algo vai mal.
    E já agora, já pensou que com outro presidente podiamos ter sido campeões 4 vezes nessas 5?
    Isso é uma pergunta que é de difícil resposta.

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