O Silas constitui um personagem singular e essa singularidade interpela-me. Não está em causa a pessoa, nem sequer o treinador, está em causa o personagem e a sua representação. A sua impassibilidade é digna de um indiano. Por exemplo, na conferência de imprensa depois do jogo contra o Rio Ave, constata que se tratou de pior exibição da época e fica-se pela constatação, mantendo a serenidade e a candura de quem acaba de descobrir o movimento de translação da Terra e sobre ele nada pudesse fazer. Anda completamente aos papéis, mas mantém a mesma serenidade de discurso, ficando a dúvida se não tem consciência ou se disfarça melhor do que ninguém.
O discurso que mais tem repetido é o da necessidade de olhar para cima por contraponto a olhar para baixo. Quando se está em quarto persegue-se o terceiro e quando se está em terceiro persegue-se o segundo, não interessando as posições relativas nem as distâncias absolutas, como se fosse idêntico estar em terceiro ou em quarto ou estar a dez ou vinte pontos de distância do primeiro. O Woody Allen considera que enquanto um pessimista afirma que se atingiu o fundo do poço, o otimista tem esperança que a queda ainda vá a meio. Não se percebe se o Silas é um otimista ou um pessimista. Ao olhar sistematicamente para cima, parece que está convencido que se encontra no fundo do poço e só se pode subir, sendo um pessimista. A não consideração das posições e distâncias, fá-lo parecer um otimista pois espera continuar a cair nem que seja para talvez um dia, quem sabe, voltar a subir.
É necessário mudar, embora, neste caso, mudar seja deixar de mudar (de tática e de posição dos jogadores). Mas para mudar é preciso consciência dessa necessidade e vontade. Um só psiquiatra é capaz de mudar uma lâmpada mas se e só se a lâmpada também estiver disposta a mudar. É que se não muda, muda-se.
Em casa, não temos dado hipóteses na Liga Europa (não coloco aspas, porque os desportivos de hoje colocam entre aspas trÊs expressões diferentes, atribuídas a Silas, equivalentes a esta).
ResponderEliminarEntão isto não é convocar os demónios e os karmas todos?
Vai ser fácil, fácil...
Meu caro,
EliminarTambém li essas gordas nos cabeçalhos dos jornais desportivos.
Há sempre uma certa manipulação das afirmações porque o que interessa é a notícia e o homem a morder o cão. Seja como for, devia existir maior cuidado, porque estes cabeçalhos mais não visam do que ampliar reacções no caso de um jogo mal sucedido.
Um maior cuidado, uma maior modéstia e uma melhor gestão das expetativas era revelador de mais inteligência.
SL
Olhar para cima é mais seguro, olhar para baixo provoca vertigens.
ResponderEliminar"Em casa não temos dado hipóteses na Liga Europa". É verdade. Os adversários não conhecem a tática da troca de bola :para o lado, para trás, guarda-redes, central A, central B......... Quando se apercebem Bolasie faz uma trapalhada e golo. Agora sem Bruno Fernandes é mais fácil. Bruno tinha a manias de fazer passes a 40 metros e ensarilhava a tática.
Que vá fazer passes desses para o United!!
Caro João,
EliminarÉ incrível como o Bruno Fernandes foi logo titular e um dos jogadores mais influentes nos dois jogos do MU. É um jogador de eleição, pouco reconhecido no seu próprio burgo.
De facto, a dimensão caótica do nosso jogo gera grande imprevisibilidade em mentes mais analíticas, que são apanhadas desprevenidas. Mas, no passado, ainda havia o Bruno Fernandes para marcar golos ou até mesmo o Filipe das consoantes. Agora, mesmo surpreendendo, quem poderá marcar? O Vietto? Duvido. O Sporar? Pelo que se viu até agora, duvido também.
SL
Não se enxerga!...podia olhar para dentro SL
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarEsse é exactamente o grande problema dele. Não vale a pena falar de ideias e princípios de jogo, neste novilíngua do pontapé na bola. O que se espera é que perceba as qualidades e defeitos dos seus jogadores e arranje forma de potenciar as qualidades e expor menos os seus defeitos.
Para quem está em início de carreira e pouco mostrou, um pouco mais de humildade e capacidade de aprender não lhe ficaria mal.
SL