sábado, 8 de fevereiro de 2020

Não consigo

Não consigo é um bom slogan. Frederico já não está perdido numa encruzilhada. Frederico é a encruzilhada. Ontem ouvi parte da sua entrevista ao Record num canal qualquer. Frederico perora sobre o seu trabalho invisível, as obras na academia o (re)negociamento da dívida (curiosamente, Carlos Barbosa, poucas horas antes declarando-se seu apoiante falava de um clube sem dinheiro para mandar cantar um cego e que devíamos vender 50% do capital da SAD), o blá blá da aposta na formação (sem se rir), e quanto ao resto ele simplesmente não consegue

Fatia considerável desse resto fazia parte do seu putativo domínio do conhecimento do futebol, do balneário, das contratações cirúrgicas, para usar um termo que lhe deve ser caro. De engano em engano, com sucessivos tiros no pé e noutras partes anatómicas, atropelado pelas evidências, Frederico lá vai reconhecendo alguns erros. Meses de atraso medeiam uma ou outras dessas pequenas epifanias que lhe permitem ver (e contradizer-se) com espanto a realidade.

Eu não consigo, seria um mote muito interessante para um candidato a eleições, pelo menos ficávamos logo a saber com o que contar. Assim, o não consigo, revela-se não apenas como um exercício penoso, mas irremediavelmente tardio, a reboque das circunstâncias, dos resultados, aflorando de uma epiderme visivelmente desgastada por constantes retoques.

Não consigo poderia igualmente entrar para os anais da literatura light de supermercado. Está ao nível do Prometo Falhar e Prometo Perder de Pedro Chagas Freitas, ou do Não Há Coincidências de Margarida Rebelo Pinto. Muito longe do preferia não o fazer, personalizado por Bartleby, no clássico de Melville, Bartleby o Escrivão.

Recentemente, no Aleixo FM, programa de Bruno Aleixo na Antena 3, dizia-se que o futebol português é uma porcaria lenta e que as porcarias lentas são sempre (consideradas) muito estratégicas. E quando não são lentas estão paradas. Assim é o jogo e assim é governado o futebol que supostamente o gere. Sobre isto as palavras voaram alto. Relativamente à lentidão de processos estamos conversados.

7 comentários:

  1. O Dr. Varandas não é das contratações cirúrgicas, é mais das massagens, parafina, banho de mar, acupunctura. Fisiatria.
    Diz o povo: quem faz o que pode a mais não é obrigado.

    No fundo vai dar tudo no mesmo, Sousa Cintra levou 6 anos a dizer que o Sporting (ia) ser campeão, nem uma tacinha para amostra. BdC entrou com tudo, a pés juntos : contratou JJ a peso de ouro, jogadores TOP no estilo jogas hoje , pago depois. E...ganhou 2 taças, com sorte não saiu a do furunculo.

    Todos os presidentes depois de Dias da Cunha deviam escrever mil vezes : nãp con sigo, não consigo, não consigo........

    Caro Gabriel eu que não consigo aturar mais isto!
    SL

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    1. João Balaia

      Há mais que 1 João na NET.
      SL

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    2. Meu Caro,
      Não se deixe iludir.
      Aqui o "não posso" não se refere a títulos, mas a competências, a ter uma equipa competitiva.

      Ao relativizar e, já agora, metendo a farinha toda no mesmo saco, consegue esconder a mediocridade misturando-a e atirando-a para uma média que é um simulacro.

      O 2ºlugar de Paulo Bento (Soares Franco) e de Leonardo Jardim (Bruno de Carvalho) foram conseguidos como muito menos...

      SL

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  2. Brilhante caríssimo.

    Eu acrescentaria ao não posso, o "não sei". Seria mais filosófico e menos ridículo.

    Paulo Antunes

    SL

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    1. Obrigado meu caro,

      Não sei que nem isso sei...
      para ser mais correcto.

      SL

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  3. https://www.sabado.pt/video/detalhe/chuva-de-tochas-e-tensao-entre-adeptos-antes-de-comecar-o-fc-porto---benfica

    Foi a Juv Leo?

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  4. isso só nos UHF: "ele é duro como rock, fã da violência"
    mas o moço é Benfiquista, claro:
    https://www.youtube.com/watch?v=NtJVDjQGvhY

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