terça-feira, 5 de junho de 2018

A história é escrita pelos vencedores

A época 2014/2015 do Sporting ficou marcada pelas (más) relações entre Bruno de Carvalho e Marco Silva. A meio dessa época, o Marco Silva teve apontada a porta da rua. Os adeptos seguraram-no, mas o destino estava traçado custasse o que custasse. Depois da épica vitória na Taça de Portugal, o seu despedimento implicava que Bruno de Carvalho subisse muito a parada, dado que os adeptos não iriam aceitar qualquer outro para o substituir. A aposta em Jorge Jesus foi a melhor possível nesse contexto.

A aposta era de risco elevado. Bruno de Carvalho colocou o seu destino nas mãos de Jorge Jesus e Jorge Jesus colocou o seu destino nas mãos de Bruno de Carvalho. Passaram a ser dois homens com um só destino: ou ganhavam ou afundavam-se os dois. A época 2015/2016 é daquelas que vai ficar para a história do futebol português, confirmem-se (ou não) as suspeitas que estão a ser investigadas. A melhor equipa do campeonato, o Sporting, bateu todos os recordes de pontuação e mesmo assim perdeu. O Benfica, com um treinador medíocre a jogar um futebol medíocre, pulverizou todos os recordes e ganhou.

Bruno de Carvalho e Jorge Jesus acreditaram que tendo estado a um pelinho de ganhar naquela época, ganhariam nas épocas seguintes. Apesar de todas as contratações, não mais o Sporting jogou futebol que se visse. Duas épocas e dois terceiros lugares depois, Jorge Jesus e Bruno de Carvalho têm o mesmo destino: sair pela porta dos fundos do futebol português.

Não há história contrafactual, mas a dúvida ficará para sempre. E se o Sporting tem ganhado o campeonato de 2015/2016? Bruno de Carvalho e Jorge Jesus propuseram-se derrotar o Benfica em toda a linha, mas o Benfica foi mais forte que ambos. Também ficou o aviso que o Benfica não paga a traidores: Jorge Jesus acabou no mesmo lugar para onde o queriam recambiar no final da época 2014/2015. Ninguém tem dúvidas que tudo seria diferente para um e para o outro se a época de 2015/2016 fosse diferente e não houvesse jogos como este. A história é sempre escrita pelos vencedores. Os vencedores, por o serem, têm sempre razão. Fica o aviso para os senhores que se seguem. O futebol português não é para meninos e para bem-intencionados ou amadores.

6 comentários:

  1. Este é o jogo da época 2015/16 que os sportinguistas deviam rever com atenção:
    http://videos.sapo.pt/pyRzPGLr21Yb2cgtN4B8

    Julgo que o minuto 71 deste jogo devia ser investigado. Terá havido corrupção?

    O Sporting depois de ter perdido este jogo (o mais importante) não teve a pressão de não poder falhar uma única vez, como aconteceu com o Benfica por ir à frente.
    Os sportinguistas já nem distinguem jogar monopólio de investir na bolsa de Nova Iorque, quase ganham em ambas as modalidades.

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    1. Meu caro,

      Deve dirigir esta sua apreciação ao Ministério Público e à Polícia Judiciária. Pelos vistos, andam completamente enganados nas investigações. A SIC também agradece informações como esta para não perder tempo com reportagens.

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  2. Caro Rui,
    tal como nos acidentes de aviação não haverá uma única razão que explique este insucesso, particularmente ao ano a que se refere.

    Diria que se explica com um olho fechado: erros nossos, a habitual má fortuna e o amor ardente, de fazer corar de vergonha (se a tivessem), alguns agentes e clube do futebol tuga.

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    1. Meu caro,

      Claro que sim. Há múltiplas causas, mas também não tenho dúvidas que o famoso "sistema", como antes se dizia, fez horas extraordinárias nessa época.

      SL

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  3. Não sei se o Oceano é um vencedor (para mim é), esta é a História contada por ele em recente entrevista:

    "Mas nessas sete épocas, quando se fala do Sporting, qual é a primeira coisa que lhe vem à memória?

    Instabilidade total, caos, caos. O melhor presidente que o Sporting teve foi o João Rocha e eu apanhei a saída do João Rocha. A partir daí o Sporting viveu num caos total e o foi “atropelado” pelo Benfica e pelo FCP em termos de poder no futebol português. Tínhamos equipas melhores do que as do Benfica e do FCP, mas não tínhamos hipóteses nenhumas.

    Porquê?

    Primeiro, porque internamente éramos completamente desorganizados, um caos total dentro do clube; e, segundo, porque exteriormente não tínhamos força nenhuma. Depois, muita mudança de treinadores, um treinador por dia, ao segundo jogo já estavam com a corda na garganta e portanto era muito complicado trabalhar assim."

    Nós cá vamos andando a carregar aos ombros esta(s) história(s).

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    1. Caro LMGM,

      O que carregamos aos ombros é a pedra de Sísifo montanha acima para a ver rolar montanha abaixo. Estamos sempre a voltar à casa de partida.

      SL

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