Sempre disse (por aqui variadíssimas vezes) que ser
sportinguista é meio caminho andado para um pacemaker.
A esse (meio) caminho estamos habituados (não confundir com resignados).
Falhar, falhar sempre, falhar cada vez melhor, tornou-se não apenas um hábito
mas uma maneira de ser que ecoava solenemente no estádio durante a entrada da
equipa, introduzindo-se sorrateiramente no nosso ADN. Diz que as modalidades,
por vezes, não sentiam esse formigueiro, mas bem sabemos que a equipa de
futebol principal é esse meio caminho andado de todos nós.
Ultimamente tentei tudo. Primeiro o costume: doses maciças de humor;
longos passeios de ironia; massagens de boa disposição; especializei-me em
introduzir novas e interessantes temáticas nas conversas com adeptos dos nossos
rivais. Dei por mim cabisbaixo, incrédulo, embaraçado. Dei por mim de comando
na mão, passagens aqui e ali, a mesmo ruminação de sempre, comentadores,
protocandidatos, candidatos putativos, mãos estendidas, colunas verticais dobradas,
jornalistas à paisana. Não aguentei, confesso. Sou um tipo sensível e com
alguma réstia de dignidade (já nem digo bom gosto). Tentei dormir. Decidi
escrever algo. Mas o quê?
Pode cair o carmo, a trindade e a torre dos clérigos que não
é a mesma coisa. Com o Sporting as hienas encarniçam-se, convivem
sorrateiramente com os leões, unem-se aos abutres. Aguardam o costume: ficarem
apenas dois a repartir o bolo. Não sentem já as condescendentes pancadinhas nas
costas? Os sorrisos compreensivos, paternalistas? Antecedem a estocada final.
Começo a achar que não precisamos de inimigos. Com amigos
assim, fazemos bem o trabalho entre portas. Enquanto ainda tivermos portas para
abrir e fechar. Quando nem o meio caminho andado chega para um pacemaker, temos
que inovar. Somos bons a inovar, quase tão bons como a falhar. Deixem-nos falhar.
Deixem-nos falhar cada vez melhor. Mas deixem ser os sportinguistas a
decidirem o caminho. É meio caminho andado, vão ver.
Excelente comentário, só acrescentaria o seguinte, estas hienas, que andam nas televisões a fazer o jogo dos abutres, no pós-bruno de carvalho, irão ser os primeiros a reconhecer a enorme injustiça que eles praticaram.
ResponderEliminarMeu Caro,
EliminarObrigado. Não sei se as hienas (sejam elas quais forem) têm essa capacidade. A sua formação genética é outra. De resto só nos resta decidirmos o nosso caminho. Como? Eleições.
SL
Grande texto com o qual me identifico na totalidade. Mas para nos deixarem falhar temos que decidir o nosso caminho. Eleições Já!
ResponderEliminarLeão de Leiria.
SL
Obrigado, meu caro.
EliminarDe acordo. Mas o tempo escasseia.
SL
Mais um texto de inteligência pura
ResponderEliminarConcordo em absoluto
Só temo que quando foi técnica e juridicamente possível decidirmos
Já reste pouco....com condições de afirmação
Se levarem, como parece, o caso para os tribunais, vamos iniciar a época com uns 30 pontos de atraso face à concorrência...
Meu Caro,
EliminarMuito obrigado. Trata-se apenas de uma modesta contribuição. Espero que não cheguemos demasiado tarde ao que interessa realmente: o futuro do SCP.
SL