terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Arbitragem no Red Light District

Estava tudo preparado para perder o Sporting contra o Moreirense. Fim-de-semana prolongado com a família em Amsterdão. Programa turístico-cultural devidamente estudado e sem falhas: Museu Van Gogh, Museu Rijks, Casa de Anne Frank, Heineken Experience, Museu Casa de Rembrandt, Red Light District. Fins de tarde em “coffe shops” (recomenda-se o Bar Bukowski pela “playlist”), passeio de barco para visitar os canais e muita “street food” à base de batatas fritas besuntadas. Na segunda-feira à noite, no regresso ao Airbnb, o cansaço era muito e ninguém estava com grande vontade de voltar a sair para jantar. Excelente oportunidade para apelar ao “streaming” do Inácio e procurar ver o jogo da melhor maneira possível.

Fiquei a saber que metade da equipa tinha sido dizimada por um surto gripal. Sobraram muitos daqueles que de tão lentos que são que até a própria gripe incuba com lentidão. Entrámos como de costume, a ver o que o jogo dá, em vez de cairmos em cima deles, como eles esperam, desde os primeiros minutos. Na primeira meia-hora praticamente não se criou uma oportunidade de golo, tendo-se assistido a um arraial de pancadaria da rapaziada do Moreirense perante o olhar distraído e contemporizador do árbitro. No último quarto de hora criámos três oportunidades claras de golo. O Bryan Ruiz, isolado, estatelou-se e passou a bola ao guarda-redes. A seguir fez um passe magnífico para o Bruno Fernandes ficar cara-a-cara com o guarda-redes e rematar por cima. Acabando este período com um centro perfeito para o André Pinto cabecear ao lado.

A segunda parte começou por não prometer grande coisa. O árbitro continuou a dizer ao que vinha, precisando de recorrer ao vídeo-árbitro para anular bem um golo do Moreirense (se somos roubado com vídeo-árbitro imagine-se como seria sem ele). O Rui Patrício fez uma defesa impossível (depois de um cabeceamento quase à queima a conseguiu ir buscar a bola quase ao chão e ainda ter força para a desviar pela linha de fundo). Esperava-se que a entrada do Rafael Leão pudesse mexer com o jogo. Não deu para ver. Quase a seguir, o árbitro inventou a expulsão do Petrovic. A partir desse lance deixei de conseguir ver o jogo. O “streaming” em vez de futebol começou a passar imagens de umas senhoras selectivamente avantajadas. É verdade que a arbitragem foi pura e simples pornografia. Mas não era precisa tanta depois de se passar uma tarde no Red Light District.

Soube do golo do Gelson Martins e do resultado bem depois de terminar o jogo. Não se percebe a razão para tanto estudo e tanta táctica quando se acaba sempre em modo de desespero à biqueirada para a frente e com muita fé no Coates. Valeu-nos a irreverência e a autoconfiança do miúdo Rafael Leão  quando se esgotavam os últimos minutos dos descontos. Começou por ganhar a bola de carrinho a um adversário, embalou com ela, passando por outro adversário ao desviá-lo do caminho com um toque de calcanhar, protegeu-a, aguentando a carga de mais outro adversário, até a entregar com conta, peso e medida, como diria o Gabriel Alves, ao Gelson Martins. O Gelson Martins arrefinfou-lhe uma trivela chocha que, às três tabelas, acabou na baliza do Moreirense, permitindo-lhe assim dedicar o golo ao Rúben Semedo e descansar no próximo jogo contra o Porto.

Resultados obtidos nestas circunstâncias costumam moralizar as equipas. No nosso caso, não sei dizer. Deixámos que o Setúbal empatasse no último minuto. Ganhámos a Taça da Liga depois de vencermos os dois jogos no último “penalty”. Ganhámos ao Tondela no último remate. Deixámos que o Astana empatasse no último remate também. Esta sequência de resultados não nos dá grandes pistas para o jogo do Porto. Talvez nos dê uma única: vai-se sofrer até ao último minuto, ganhando, perdendo ou empatando.

4 comentários:

  1. Viva,
    como já tinha referido, das melhores séries neste momento em Portugal, os jogos do Sporting.
    O único senão, é que não estamos a falar de ficção científica mas sim da mera realidade... senão estava tudo bem, mas tratando-se de realidade, é impossível continuarmos a ver estes árbitros, semi-árbitros, quintos árbitros, controladores de VAR e mais não sei quem a querer gozar connosco.
    Assumidamente, não dá para tornar o jogo limpo...mas infelizmente, também aqui, o futebol é só o espelho da sociedade em que vivemos.
    Por tudo isso, vai nos valendo estas crónicas e o facto de ao menos mantermos alguns valores da humanidade como a amizade e o perdão do qual o acto de Gelson foi exemplo...
    Saudações leoninas.

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    1. Meu caro,

      Os jogos do Sporting davam um "Walking Dead" ou, face à natureza surrealista dos jogos e resultados, até um "Twilight Zone". Como é tudo menos inocente, daria mais um "Red Light Zone" envolvendo a fruta e os 200 com uma ou 400 com duas.

      SL

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  2. Depois do jogo a pornografia continuou,em canal aberto,Juizo Final com os comentadores de aarbitragem admitir,muito a custo, os erros do árbitro mas ressalvando que o mesmo não dispõe dos meios aqui presentes...e bem vistas as coisas o Sporting não tinha sido penalizado por qualquer erro de arbitragem...SL ZéBaleiras

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    1. Meu caro,

      É de pornografia que se trata. A arbitragem foi pornográfica. Para pornografia dispenso o futebol. Basta-me Amesterdão e o Red Light District.

      SL

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