Há muito tempo que não provávamos um Porto “Vintage”, um Porto envelhecido em casco de carvalho ou pinheiro, mais precisamente. Desde os anos oitenta e noventa e no defunto Estádio das Antas que não provávamos uma colheita destas. Na altura, entranhava-se. Agora, estranha-se. Habituemo-nos, pois, para não estranharmos e até começarmos a entranhar outra vez.
O início foi prometedor. O Filipe, esse cara brincalhão, meteu um dedo no olho do Coentrão só para achincalhar o nosso Presidente. O Pinheiro mostrou-lhe amarelo por considerar que se tinha limitado a espetar-lhe o dedo no olho que estava pregado na testa. Mostrou amarelo ao Coentrão também por não ter seguido o bom exemplo do seu Presidente e insistir em manter os três olhos bem abertos. A falta para “penalty” seguida de outra, outra e mais outra do Soares sobre o Ristovski foram consideradas na linguagem eufemística e vagamente distraída dos comentadores como “luta de braços”. O Soares ainda se denunciou, desalentado, mandando um biqueirada para fora como quem diz “sou mesmo estúpido”. O Pinheiro sem saber se as faltas eram dentro ou fora da área e para não dar nas vistas e se atrapalhar mandou seguir jogo. O Ribeiro Cristóvão e outros que são contra o vídeo-árbitro costumam concluir quando este tipo de situações acontece que “o futebol é mesmo assim”.
O golo do Porto foi precedido de falta sobre o Bruno Fernandes. Se dúvidas existissem, o simples facto de a SporTv não ter passado a repetição dissipou-as. Pelo caminho, o Brahimi tentou enterrar a chuteira na barriga do Patrício, o Paciência enfiou uma bordoada no Acuña, o Herrera bateu, empurrou, agarrou e ninguém levou amarelo. O Pinheiro ainda se podia ter redimido duas vezes na mesma jogada. À entrada da área o Brahimi derrubou o Gelson Martins, não foi marcado livre nem mostrado amarelo, e a seguir não sei muito bem quem derrubou o Acuña e, face à insistência, foi marcada falta mas o amarelo ficou por mostrar.
Não foi somente o árbitro a trocar-nos as voltas. O Jorge Jesus trocou-nos as voltas também e, por alguns momentos, ficaram baralhados os seus jogadores e os do Porto. Os do Porto, depois de se desembaralharem, tomaram conta do jogo e empurraram-nos para trás, local onde queríamos ficar desde o início. O Patrício safou-nos uma, desviou com o seu olhar fulminante outra para o poste e a falta de jeito dos jogadores do Porto fez o resto. Finalmente, o Jorge Jesus assumiu que não consegue jogar nos mesmos termos do Sérgio Conceição e colocou a equipa a defesa mais atrás, apostando tudo no contragolpe. Não deu, mas podia ter dado.
Na segunda-parte estivemos melhor. Equilibrámos mais o jogo, só que nos nossos piores momentos o árbitro foi-nos empurrando e pressionando. Nos piores momentos do Porto, havia sempre uma falta que se marcava ou não se marcava, conforme a conveniência, e os nossos adversários respiravam melhor. Depois do golo, ainda sofremos mais um pouco, safando-nos o Patrício de ficarmos a perder por dois. Num assomo de dignidade, acabámos os últimos quinze minutos em cima deles. Por esta ou aquela razão não marcámos. O Rúben Ribeiro ainda ficou isolado, mas, subitamente, deu-se conta que estava com a camisola do Sporting e desfez-se da bola o melhor que pode e sabe, quando o Casillas com a sua habitual rapidez e sentido de oportunidade tinha ficado a meio do caminho e se preparava para uma frangada com estilo.
(Estas metáforas estão a ficar cada vez pior. A falta de imaginação é muita e a irritação ainda mais. Os “Vintage” envelhecem mais em garrafa do que em madeira. Os “Late Bottled Vintages (LBV)” é que envelhecem mais em madeira do que em garrafa. Não me pareceu é que qualificar o Porto do jogo de ontem como um LBV fosse completamente compreensível e para incompreensível bastava a arbitragem)
é isso Caro Rui... começamos todos a ficar fartos, principalmente dessa incapacidade de improviso e de arriscar...ao Jesus apetece-me aplicar aquele chavão: "nem fo#$ nem sai de cima"
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarQuem viu a primeira equipa do Sporting do JJ a jogar no Dragão e quem vê esta, não percebe o que se passa na cabeça do treinador.
SL
Caro Rui:
ResponderEliminarEmbora não o conhecendo pessoalmente, não tenho o caríssimo na conta de ingénuo.
Então achava mesmo que aquele senhor que faz de director de comunicação dos Andrades ía mesmo enviar para a PJ todos os mails? Aqueles que comprometem árbitros ou outros agentes que lhes interesse são, como diz em certos restaurantes mais antigos " para consumo exclusivo neste estabelecimento".
Entretanto o nosso Presidente (ao abrigo do proposto no novo regulamento disciplinar, afirmo já aqui que o que escrevo a seguir não tem qualquer intenção de beliscar a honra, integridade e bom nome do nosso Presidente) faz um post revelador de comportamento apelativo, no caminho de regresso para Lisboa. Sr. Presidente, POR AMOR DE DEUS, FECHE A PÁGINA DE FACEBOOK!!! MAS DE VEZ!!!
Um Abraço, caro Rui,
José Lopes
Caro José Lopes,
EliminarJá escrevi sobre isso: http://levezaliedson.blogspot.pt/2017/08/no-meio-esta-virtude-e-o-entalanco.html. Estava na cara que isso ia acontecer. A meu ver, o campeonato nem se devia ter iniciado.
SL
Caro Rui
ResponderEliminarParabéns por mais uma excelente crónica. Não acha ser urgente enviar uma garrafa de Porto para o nosso presidente? Acho que o senhor está carente de mimos e se não for possível a "vaga de fundo" que vá pelo menos um Porto Velho para lha aquecer o coração .
Abraço
Caro Trindade,
EliminarTenho um Tawny 10 Anos da Taylor's que me ofereceram que me tem aquecido bastante. Aquece o coração e tudo o resto. Aquece tanto que vou directo para a cama quentinho.
Abraço