quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Prova de Porto “Vintage”

Há muito tempo que não provávamos um Porto “Vintage”, um Porto envelhecido em casco de carvalho ou pinheiro, mais precisamente. Desde os anos oitenta e noventa e no defunto Estádio das Antas que não provávamos uma colheita destas. Na altura, entranhava-se. Agora, estranha-se. Habituemo-nos, pois, para não estranharmos e até começarmos a entranhar outra vez.

O início foi prometedor. O Filipe, esse cara brincalhão, meteu um dedo no olho do Coentrão só para achincalhar o nosso Presidente. O Pinheiro mostrou-lhe amarelo por considerar que se tinha limitado a espetar-lhe o dedo no olho que estava pregado na testa. Mostrou amarelo ao Coentrão também por não ter seguido o bom exemplo do seu Presidente e insistir em manter os três olhos bem abertos. A falta para “penalty” seguida de outra, outra e mais outra do Soares sobre o Ristovski foram consideradas na linguagem eufemística e vagamente distraída dos comentadores como “luta de braços”. O Soares ainda se denunciou, desalentado, mandando um biqueirada para fora como quem diz “sou mesmo estúpido”. O Pinheiro sem saber se as faltas eram dentro ou fora da área e para não dar nas vistas e se atrapalhar mandou seguir jogo. O Ribeiro Cristóvão e outros que são contra o vídeo-árbitro costumam concluir quando este tipo de situações acontece que “o futebol é mesmo assim”.

O golo do Porto foi precedido de falta sobre o Bruno Fernandes. Se dúvidas existissem, o simples facto de a SporTv não ter passado a repetição dissipou-as. Pelo caminho, o Brahimi tentou enterrar a chuteira na barriga do Patrício, o Paciência enfiou uma bordoada no Acuña, o Herrera bateu, empurrou, agarrou e ninguém levou amarelo. O Pinheiro ainda se podia ter redimido duas vezes na mesma jogada. À entrada da área o Brahimi derrubou o Gelson Martins, não foi marcado livre nem mostrado amarelo, e a seguir não sei muito bem quem derrubou o Acuña e, face à insistência, foi marcada falta mas o amarelo ficou por mostrar.

Não foi somente o árbitro a trocar-nos as voltas. O Jorge Jesus trocou-nos as voltas também e, por alguns momentos, ficaram baralhados os seus jogadores e os do Porto. Os do Porto, depois de se desembaralharem, tomaram conta do jogo e empurraram-nos para trás, local onde queríamos ficar desde o início. O Patrício safou-nos uma, desviou com o seu olhar fulminante outra para o poste e a falta de jeito dos jogadores do Porto fez o resto. Finalmente, o Jorge Jesus assumiu que não consegue jogar nos mesmos termos do Sérgio Conceição e colocou a equipa a defesa mais atrás, apostando tudo no contragolpe. Não deu, mas podia ter dado.

Na segunda-parte estivemos melhor. Equilibrámos mais o jogo, só que nos nossos piores momentos o árbitro foi-nos empurrando e pressionando. Nos piores momentos do Porto, havia sempre uma falta que se marcava ou não se marcava, conforme a conveniência, e os nossos adversários respiravam melhor. Depois do golo, ainda sofremos mais um pouco, safando-nos o Patrício de ficarmos a perder por dois. Num assomo de dignidade, acabámos os últimos quinze minutos em cima deles. Por esta ou aquela razão não marcámos. O Rúben Ribeiro ainda ficou isolado, mas, subitamente, deu-se conta que estava com a camisola do Sporting e desfez-se da bola o melhor que pode e sabe, quando o Casillas com a sua habitual rapidez e sentido de oportunidade tinha ficado a meio do caminho e se preparava para uma frangada com estilo.

(Estas metáforas estão a ficar cada vez pior. A falta de imaginação é muita e a irritação ainda mais. Os “Vintage” envelhecem mais em garrafa do que em madeira. Os “Late Bottled Vintages (LBV)” é que envelhecem mais em madeira do que em garrafa. Não me pareceu é que qualificar o Porto do jogo de ontem como um LBV fosse completamente compreensível e para incompreensível bastava a arbitragem)

6 comentários:

  1. é isso Caro Rui... começamos todos a ficar fartos, principalmente dessa incapacidade de improviso e de arriscar...ao Jesus apetece-me aplicar aquele chavão: "nem fo#$ nem sai de cima"

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    1. Meu caro,

      Quem viu a primeira equipa do Sporting do JJ a jogar no Dragão e quem vê esta, não percebe o que se passa na cabeça do treinador.

      SL

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  2. Caro Rui:
    Embora não o conhecendo pessoalmente, não tenho o caríssimo na conta de ingénuo.
    Então achava mesmo que aquele senhor que faz de director de comunicação dos Andrades ía mesmo enviar para a PJ todos os mails? Aqueles que comprometem árbitros ou outros agentes que lhes interesse são, como diz em certos restaurantes mais antigos " para consumo exclusivo neste estabelecimento".
    Entretanto o nosso Presidente (ao abrigo do proposto no novo regulamento disciplinar, afirmo já aqui que o que escrevo a seguir não tem qualquer intenção de beliscar a honra, integridade e bom nome do nosso Presidente) faz um post revelador de comportamento apelativo, no caminho de regresso para Lisboa. Sr. Presidente, POR AMOR DE DEUS, FECHE A PÁGINA DE FACEBOOK!!! MAS DE VEZ!!!

    Um Abraço, caro Rui,

    José Lopes

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    1. Caro José Lopes,

      Já escrevi sobre isso: http://levezaliedson.blogspot.pt/2017/08/no-meio-esta-virtude-e-o-entalanco.html. Estava na cara que isso ia acontecer. A meu ver, o campeonato nem se devia ter iniciado.

      SL

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  3. Caro Rui
    Parabéns por mais uma excelente crónica. Não acha ser urgente enviar uma garrafa de Porto para o nosso presidente? Acho que o senhor está carente de mimos e se não for possível a "vaga de fundo" que vá pelo menos um Porto Velho para lha aquecer o coração .
    Abraço

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    1. Caro Trindade,

      Tenho um Tawny 10 Anos da Taylor's que me ofereceram que me tem aquecido bastante. Aquece o coração e tudo o resto. Aquece tanto que vou directo para a cama quentinho.

      Abraço

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