A Taça Lucílio Baptista e a sua final não interessam para nada. A meia-final ainda menos, se tal é possível. Interessava ganhar ao Porto. Ganhar, desesperadamente ganhar. Por todas as razões e mais uma: não há bancos de suplentes que cheguem para a raiva do Coentrão.
Não entrámos mal. Os calmeirões do Porto demoraram a aquecer. Depois de aquecerem, começaram a lavoura do costume. Primeiro, distribuíram pau em tudo o que estava de pé, até não sobrar nenhum. Depois terraplenaram o campo para cima e para baixo, tantas quantas as necessárias, ao ritmo do batuque do Marega. Chegámos ao intervalo a respirar por uma palhinha.
Esperava-se o pior na segunda parte. A equipa estava dizimada. Restavam as nossas duas torres e o monstro das balizas. E havia o Battaglia, o nosso Tenente Ressler, do Blacklist. Como ele diz, “I’m only doing my job. I’m a field agent. I kick down doors. I’ll leave all the politics and the bureaucracy to the pros”. Bateu tanto mas tanto no Brahimi que até a mim me chegou a doer. Mas o Brahimi nunca quebrou nem torceu. Aguentámos investida atrás de investida e não só não desarmámos como complicámos. O Jorge Jesus tirou duas lesmas, o Acuña e o Rúben Ribeiro, e meteu duas moscas mortas: o Bryan Ruiz e o Montero. Estávamos com cerca de dez jogadores e passámos a nove num só golpe (de génio).
Chegámos aos “penalties” com alívio e esperança. O monstro das balizas tinha-nos dado a última final da Taça de Portugal e também nos iria dar esta vitória. Nenhuma equipa do Mundo marca cinco “penalties” seguidos ao Rui Patrício. Procurámos equilibrar esta vantagem, colocando o William Carvalho a marcar o último “penalty”, quando sabemos que em cinco penalties seguidos não marca um. Mas um monstro é um monstro e o Brahimi assustou-se. Finalmente percebemos a razão não só de o continuarmos a ver a jogar como da própria existência do Bryan Ruiz: marcar o penalty decisivo.
Mas o principal resultado do jogo não foi a vitória. Finalmente, desfez-se aquele que era o maior mistério do Sporting e que o Jorge Jesus não se cansava de procurar deslindar. Pensava-se primeiro que era o Gelson Martins; depois o Podence; depois ainda o Bruno Fernandes; por fim, o Rúben Ribeiro. O mistério em vez de se deslindar adensava-se.
Hoje tudo ficou esclarecido. Começou por lhe agarrar a camisola, como quem brinca à apanhada, seguido de um abraço terno e de um mão trémula que desliza pelo tronco forte à procura da braguilha. O árbitro, Nuno Almeida, viu e confirmou. O vídeo-árbitro, Artur Soares Dias, viu e confirmou também. Não era falta. Não era “penalty”. Era amor. Não me espantaria se saísse agora de casa e encontrasse o Danilo e o Bas Dost de mãos dadas nos bares junto à Sé de Braga. O acasalamento que tanto o Jorge Jesus procurava consumou-se. Um final feliz, pois.
duas palavrinhas: bri lhante.
ResponderEliminarObrigado, caro João Miguel.
EliminarEh,eh,eh, belo post. J.Oliveira.
ResponderEliminarSL
Obrigado, J. Oliveira.
EliminarExcelente!!!!
ResponderEliminarSó falta acrescentar no último parágrafo, que os comentadores da RTP também viram o puxão, perdão o acasalamento mas para eles também não era penalty......
Caro Frederico Fernandes,
EliminarAntes de mais, o meu obrigado pela referência.
Eles quando são os jogos do Sporting acham que o futebol é bola e jogadores e não se deve falar de árbitros. Depois, com as imagens, tentam equiparar o penalty, que foi uma péssima decisão do árbitro e do vídeo-árbitro, com o golo anulado, que foi uma boa decisão do árbitro e do vídeo-árbitro.
SL
foi um jogo de cegos...
ResponderEliminarcomeçando pelo VAR... ou melhor, pelo árbitro NULO Almeida que foi capaz de assinalar falta ao mínimo contacto, mas não viu a declaração de amor do Danilo.
O JJ decidiu também ser cego e não olhar que o Gelson tentava por todos os meios mostrar em campo que está mais do que roto.
Valeu-nos, que o Patrício deixou-se de armar em Bas Dost: penso que nos últimos tempos (penalties)o Rui decidiu criar uma estatística género a do Holandês... em que se tornaria o GR mais eficaz se contabilizássemos apenas as tentativas de defesa a penalties; ou seja, quando nem se quer se atirasse para o chão, não seria contabilizado: casos de Jonas e Edinho.
O Sérgio Conceição também não quis ver os penalties... e só nós, público é que tivemos que assistir a tão mau espectáculo de futebol, muito graças ao NULO almeida.
Meu caro,
EliminarNão sou tão crítico relativamente ao Rui Patrício. Quando pressente que o avançado vai fazer a paradinha, tenta aguentar o mais possível para gerar indecisão. Até agora não resultou.
É diferente defender um penalty ou uma série de penalties. Nesta série, se se estiver com atenção, percebe-se que a forma como ele se atirou no primeiro penalty e se atirou nos seguintes, gerou toda a incerteza nos adversários. Nenhum deles tinha a noção do que ele ia fazer. Um grande guarda-redes é assim.
Quanto à arbitragem, não houve emails e vouchers, mas voltou a fruta e os quinhentinhos. Nada que não se saiba que vai acontecer.
SL
Impossível criticar o Rui Patrício, eu apenas me pergunto o que o terá levado a não seguir o seu instinto que tantas alegrias e defesas já nos deu... será que o Jesus também quis ensinar-lhe a defender penaltys?
EliminarCreio que, ontem, JJ terá sido certeiro em 5 decisões:
ResponderEliminar- a titularidade de Patrício
- a titularidade de Coentrão
- a titularidade de Piccini
- a titularidade de B. Fernandes
- a titularidade de Dost
Tudo o resto...
JJ nunca quis fazer um plantel. E, agora, para se substituir um Gelson, tem de se recorrer a um Battaglia.
Que sábado se saiba aproveitar a sorte que ontem nos caiu.
Um abraço e obrigado por mais um grande texto.
Caro Cantinho,
EliminarA equipa aguentou-se pela defesa, apesar do Coates não estar ao nível dos outros quatro. O meio-campo, com excepção do Bruno Fernandes, não tem andamento para o Porto. Sendo assim e com o Gelson Lesionado, fica-se à espera que o Bruno Fernandes e/ou o Bas Dost tirem um coelho da cartola. Tiraram um que deu o penalty não mercado. Um coelho ainda se tira, uma ninhada é que não.
Com a equipa esfrangalhada, não me parece que o jogo contra o Setúbal, um das piores equipas do campeonato, sejam favas contadas.
Um abraço e obrigado
"Sporting", "Setúbal" e "favas contadas". Jamais isto, tudo junto, poderá fazer sentido numa frase (uma vez que está lá Sporting).
EliminarBem, no tempo do Pitbull e Carvalhal, os jogos entre estas equipas eram "favas contadas" para o Vitória.