Falaremos do Sporting, mais mal do que bem. Falaremos também do Benfica, sempre mal. Falaremos do Porto, conformados.
domingo, 28 de novembro de 2010
Até amanhã camaradas
Vi o jogo de ontem com o Porto enquanto jantava com os meus amigos de Viseu. O pretexto foi a tentativa do Liceu Alves Martins de bater o record do Guiness da “maior reunião escolar do mundo”. O jantar foi o derby do costume. Há os sportinguistas, em maioria, e os benfiquistas. Nos tempos que já lá vão, em Viseu, ninguém era do Porto. Assim, havia os que queriam que ganhasse o Sporting e os que o Porto perdesse.
A parte das entradas e do arroz de míscaros correu muito bem. O Falcão quase que me fazia engasgar com um bocado de morcela. Mas, com excepção desse lance, a coisa foi correndo bem. Tão bem que até marcámos um golo: pontapé de baliza do Patrício, tentativa do Liedson de cabecear a bola, asneirada de um tal de Maicon e golo de Valdés.
Ao intervalo começou a chegar o bacalhau. O bacalhau mudou tudo. Os do Porto desataram a correr e a passar com rapidez a bola de uns para os outros, No Sporting só o André Santos se parecia com eles. Estava-se mesmo a ver o que se ia passar. O Patrício ainda salvou a primeira (momento em que gritei: “Patrício a titular da selecção, já!”). A segunda foi a crónica de uma morte anunciada. Falcão marcou mas podia ser qualquer outro. A partir do momento em que o Maniche ficou esparramado no chão e a bola chegou ao Hulk, sabíamos que o golo ia acontecer.
Temeu-se o pior. Ainda está demasiado presente a goleada impressionante do Porto ao Benfica. As tranches de vitela já chegaram em ambiente de elevada a ansiedade. Por essa razão, atacámo-las com todas as forças que nos sobravam, enquanto o Liedson tratava do Maicon. O jogo ficou cada vez mais confuso. O Sporting sentia que tinha a obrigação de ganhar mas não sabia o que fazer. O Vukcevic ainda entrou mas dedicou-se a mostrar as suas qualidades de jogador de “futsal”. O Porto, mais pragmático, deu o assunto por encerrado.
O café e o digestivo (es)correram em ritmo de rescaldo. A noite foi avançando e o jogo foi ficando cada vez mais distante.
Acordei, hoje, com uma dor de cabeça das antigas e com a boca, como se dizia, a saber a papel de música. Arrumei a mala e regressei a casa. No caminho, soavam-me na cabeça as palavras de um amigo meu recordando o Eça e o final do Maias:
“— Falhámos a vida, menino!
— Creio que sim... Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: «Vou ser assim, porque a beleza está em ser assim.» E nunca se é assim, é-se invariavelmente assado, como dizia o pobre marquês. Às vezes melhor, mas sempre diferente”.
Combinámos que não deixaríamos passar tanto tempo sem voltarmos a jantar juntos. Em Março, voltamos a encontrar-nos, provavelmente, sem Paulo Sérgio e com o FMI.
Até amanhã camaradas.
Publicada por
Rui Monteiro
à(s)
23:04
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Salve-se o encontro entre pares.
ResponderEliminarQue chegue Março rapidamente que nestes encontros sempre se acalenta a alma e se o mesmo não tiver Paulo Sérgio e nem necessitarmos de FMI ainda correrá melhor.
SL
Cara Tite,
ResponderEliminarO mais de acordo possível: rapidamente e em força para Março sem Paulo Sérgio e FMI.
SL
Tenho para mim, que com a existência de tal cardápio, não haveria acontecimento algum no mundo do futebol(ada), que desassossegasse a mais básica vontade de me consumir (física e espiritualmente) nessas iguarias.
ResponderEliminarQuero um convite!
Abraço
Caro António,
ResponderEliminarLogo dois pecados mortais:a inveja e a gula.
Um abraço.