quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Porque espera o FMI?

Somos todos portugueses e, portanto, hoje somos todos benfiquistas. O que aconteceu ao Benfica merece reflexão cuidada. Um reflexão a partir de fora e, por essa razão, mais isenta e menos comprometida. Uma reflexão sem sectarismos clubísticos. É tudo isto que nos propomos fazer.

Há coisas que não se percebem. Joga o Kardec, joga o Cardozo ao pé-coxinho e não joga o Nuno Gomes. Alguém é capaz de explicar isto? Será que ninguém se lembra da forma como, de costas para a baliza, vai criando linhas de passe para os seus colegas? Da sua pontual mas, quantas vezes, providencial eficácia? Do ponto de apoio que constitui para a construção da dinâmica de ataque? Quem é que pode tabelar com o Cardozo? Quem pode fixar os centrais para permitir os remates de meia distância do Carlos Martins ou, mesmo, do Aimar?

E em situações desesperadas como as de hoje, depois de sofrer o segundo e terceiro golos, quem é que pode entrar e mexer com a alma da equipa? Alguém acredita que é o Jara? Ou o Cardozo? Todos nós sabemos quem deve entrar nestas alturas. Foi assim no passado e nada impede que não seja assim no futuro. Vamos soletrar para todos perceberem: M-A-N-T-O-R-R-A-S.

E que dizer das aquisições? Com Roberto, Jara, Gaitan e Salvio esta equipa não é capaz de jogar mais do que jogou contra o Hapoel (que ganhou, pela primeira vez, na Champions League)? Onde está a ambição enunciada no final da época passada e no princípio desta?

O Benfica continua um projecto adiado. Continua a prevalecer uma óptica de curto prazo em detrimento de uma estratégia pensada e amadurecida de médio e longo prazo. Há Jesus e Viera a mais e Rui Costa a menos. É preciso revisitar as razões que levaram o Rui Costa para a SAD. É preciso mais projecto e mais mística. É preciso pensar o futuro sem esquecer o passado.

Recriar, hoje, o Benfica no seu glorioso passado pressupõe alguém com outra visão estratégica. Alguém que pense o Benfica para os benfiquistas. Alguém como o Queiroz. Perguntem ao Toni se eu não tenho razão?...

2 comentários:

  1. Este post é lindo. Só adquire sentido com a última linha, com a "punchline".
    Bravo!

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  2. Caro Tiago,

    O meu amigo Júlio Pereira, co-autor deste blogue, dizia-me que a ironia era de tal forma subtil que os benfiquistas ainda acabavam a concordar comigo. Mas, de facto, nem todos são benfiquistas.

    SL

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