segunda-feira, 23 de agosto de 2010

“A derrota tem algo positivo: nunca é definitiva. Em contrapartida, a vitória tem algo negativo: nunca é definitiva”, José Saramago dixit

No futebol (de resto, como na vida) há momentos de sorte ou de azar que podem mudar o rumo de uma época.

Alguém se lembra de um obscuro jogo contra o Campomaiorense em Alvalade à décima jornada da época da “reconquista” 1999/2000? O Sporting agonizava, então, já a dez pontos do Porto (depois de ter perdido 3-0 nas Antas), começando a falar-se na contratação de um novo técnico (Zeman?) e no regresso de Inácio à categoria de adjunto para a qual teria sido inicialmente contratado. Parecendo ter como único objectivo credível a luta pelo acesso à Taça UEFA, o Sporting arrastava-se miseravelmente em campo e os alentejanos, orientados pelo nosso inenarrável ex-mister Carlão, iam falhando sucessivas oportunidades de golo, aparecendo cinco ou seis vezes isolados perante Nélson, que nesse jogo defendeu – e bem - as balizas leoninas. Até que… a cinco minutos do fim e sem que nada o fizesse supor, o Luís Vidigal traiu os seus congéneres alentejanos, dando-nos a vitória com um inédito golo de meia distância.

Claro que só me lembro desse momento de sorte, porque, a partir daí, iniciamos a épica recuperação que nos havia de dar esse inesquecível título, imortalizando uma época, uma equipa e um treinador que todos nessa altura – sim, confesso, eu também - davam por perdidos. Inácio, Saber, Bino, Ayew, Toñito ou Mbo Mpenza também faziam parte dessa geração de heróis inesperados (tal como De Franceschi, que foi justamente homenageado neste domingo). Como os anos seguintes da sua carreira viriam a comprovar, esse foi o seu momento mágico de superação, em que se transcenderam e foram muito mais do que, de facto, eram. E, não esqueçamos, que a norte do Tejo moravam, ainda e simplesmente,… Jardel e os seus trinta e muitos golos por época.

O que prova que, com a conjugação certa das vontades e dos astros (é aqui que entra a parceria estratégica com o Professor Bambo que o nosso sagaz Presidente tem estado a congeminar), o Presidente Bettencourt, o Mister Paulo Sérgio e jogadores como Nuno André Coelho, André Santos ou Saleiro (ia escrever também Djáló ou Postiga, mas depois arrependi-me…) podem fazer milagres? Ou que, pelo contrário, o Paulo Sérgio interpretará, nesta almejada sequela, o papel de Matterazzi, garantindo um atraso aparentemente irreparável no campeonato e uma rápida eliminação das competições europeias? Ou, apenas - o que é o mais provável – julgamos, após o inesperado golo da vitória obtido nos instantes finais do Sporting – Marítimo, que, como no filme "As Horas", o mundo se abrirá, nesse momento, "com uma fabulosa gama de novas oportunidades, sensações e possibilidades, achando que tal marcará o começo da felicidade. Depois percebemos que aquilo já era a felicidade...".

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