segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Minorias e maiorias de bancada

Ontem, contra o Guimarães, a expetativa era grande. Nesta altura, a expetativa é sempre grande, cada jogo é um Brexit. A carne estava toda no assador, não faltando a Dona Dolores para esconjurar maus-olhados. Jogava-se às casinhas e ao cai que não cai da Direção para se saber se ganhava a democracia da bancada ou a democracia do voto. 

O Silas não tem o Nível IV mas tem a escola toda do futebol português. Antecipando um Guimarães a jogar à bola no campo todo, organizou a equipa para jogar em contra-ataque, metendo o Jesé em vez do Luiz Phellype. Com bola, pediu paciência, muita paciência, que os seus jogadores ficam com os bofes de fora rapidamente se o jogo acelera. Pediu paciência e muita confiança em Coates e, especialmente, em Mathieu, que está em todo lado ao mesmo tempo, fechando no meio e na lateral, saindo com segurança em passes curtos ou longos. Com os inconsequentes Eduardo e Doumbia no ataque organizado, pede-se-lhe que descubra o Acuña ou o lateral do outro lado, invertendo a natural circulação da bola. 

De repente, duas cavadelas, duas minhocas, com o Vietto a demonstrar superior inteligência e capacidade técnica, passando a bola no momento certo para isolar, primeiro, o Jesé e, depois, o Acuña. As jogadas acabaram da mesma forma: bola dentro da baliza e guarda-redes deitado. Na PlayStation os nossos são bons. E o jogo podia ter ficado arrumado no início da segunda parte se não fosse a coerência do árbitro. Não viu o “penalty” sobre o Bruno Fernandes a meia-dúzia de metros e voltou a não o ver na televisão, depois do VAR o ter visto. Como diria o Einstein, só a infinita estupidez humana é certa. 

O 4x3x3 do Silas tem o problema de o Bolasie e, principalmente, o Vietto não acompanharem a movimentação dos laterais contrários quando estes atacam. Como o Doumbia e o Eduardo não ajudam a fechar por dentro, o Rosier e o Acuña ficam entregues à sua sorte. Embora a sorte do Acuña seja o azar dos adversários, do outro lado, com o Rosier, não se passa o mesmo. E o cântaro foi à fonte tantas vezes quantas as necessárias até se levar o golo do costume. Os minutos seguintes pareciam prenunciar o pior. Mas um bom central, como o Coates, não escolhe baliza, sobretudo quando o guarda-redes sofre de bicos de papagaio. 

O jogo estava resolvido e o restante tempo  constituiu um prelúdio para o que se iria passar a seguir. Ganharia a democracia da bancada ou a democracia do voto? Quando se ganha, a maioria da bancada alia-se à maioria do voto. A democracia da bancada depende dos resultados, são eles que determinam os movimentos sociais. Sem resultados, aquilo que pode parecer uma minoria rapidamente se transforma numa maioria. Com resultados, uma minoria é uma minoria. Ontem, a maioria foi uma, no próximo jogo se verá. A democracia da bancada volta dentro de momentos no próximo estádio.

10 comentários:

  1. Excelente análise, Rui Santos não faria melhor.
    A democracia da bancada no caso das claques não depende só dos resultados, está toda a gente farta!....das claques. Claro que com uma vitória, como a de ontem, maravilha. Como diria Futre :"vão vir mais"
    Saudações Leoninas

    João Balaia

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    1. Caro João Balaia,

      Só tenho inveja do Rui Santos numa coisa e é parcialmente: o cabelo. Gostava de ter mais cabelo e não sei como se pode resolver este problema sem parecer o Inácio.

      Há adeptos que gostam do Sporting de tal forma que estão disponíveis para ir ver os jogos faça chuva ou sol e seja em Alvalade ou no fim do mundo. Essa dedicação deve ser recompensada. Agora, quando deixa de ser isto, então deve-se acabar com as claques.

      SL

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  2. Os ingleses chamam a esses grupos 'supporters' que é coisa que não temos.
    Aquilo que temos são claques ( grupos organizados de desadeptos) que apupam os jogadores, lançam tochas aos guarda redes e tiram das derrotas um prazer muito especial.
    Allfacinha

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    1. Meu caro,

      Aqueles que apoiam em todas as circunstâncias de tempo e lugar são muito importantes para os clubes. Os clubes precisam dessa militância para viver. Outra coisa é quando essa militância se transforma em modo de vida, do tipo: profissão? membro de claque.

      SL

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  3. A divisão no Sporting é mais profunda que a brecha epistemológica, ninguem lhe escapa, suga tudo como um buraco negro.
    Os acontecimentos não têm valor intrínseco, são avaliados à luz do "O que é aqueles 'Outros' pensam disto? Vou já pensar o contrário e anunciá-lo ao Mundo, se possível com o máximo de acinte".
    Pobre Sporting, dificilmente sobreviverá à vaidade dos idiotas que abundam nos dois lados da barricada.

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    1. Meu caro,

      Tocou no ponto. No futebol como em quase tudo o resto, cada cabeça, sua sentença. Não há nenhum mal nisso, muito pelo contrário. O problema é quando não se faz outra coisas e se faz da militância de um clube uma forma de discordar dos outros, ganhando influência por isso.

      SL

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  4. No Brasil, onde, agora, reina Jesus, a Torcida também se pode chamar de Galera. O termo vem das Galés, onde os remadores, eram, por norma, homens do pove e mesmo escravos, alguns, como Ben-Hur até seguiam Jesus, o verdadeiro, como diria Mourinho, o desempregado de longa duração. Não sei se a actual condição do Special One lhe daria acesso a dirigente de uma claque. Já Silas foi desempregado de curta duração pois logo que foi despedido pelo ex-Administrador da Pt e amigo do ex-PM, logo foi contratado pelo Varandas que obteve a maioria dos votos mas não dos votantes. Nada melhor para legitimar a sua condição, de presidente democraticamente eleito, do que contratar um treinador, sem "Nível" mas do Povo ou mesmo do Povão. Este lá vai tentando ganhar uns votos, perdão, uns pontos, mas com aquela sala de máquinas (o meio campo, no futebolês do Freitas Lobo) vai passar por muitas dificuldades que um jogador Elitista como Vietto, ou um jogador do Povo, mas evoluído, como Bruno Fernandes, poderão aqui e acolá disfarçar.

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    1. Meu caro,

      Aquele meio-campo é assustador. A nossa sorte ainda é os centrais, se não era o horror permanente.

      SL

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  5. Antes iamos ver Bruno Fernandes, Acuña, Marhieu e Vietto.
    Agora vamos a Alvalasde vaiar as claques!
    EH PÁ,, VAMOS LÁ APUPAR OS GAJOS?
    SL

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    1. Caro João,

      A coisa está mais sofisticada ainda. As claques vão aos jogos para assobiar o Varandas. Os outros vão aos jogos para assobiar as claques. O jogo jogado, esse interessa muito pouco.

      SL

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