terça-feira, 11 de setembro de 2018

É giro!

Não acompanhei com atenção devida a campanha eleitoral. Não ouvi ou li sequer uma única entrevista ou um único debate. Acompanhei a campanha pelas chamadas “gordas” dos jornais. Com tão pouco conhecimento do que se passava, achei por bem não efetuar grandes análises enquanto decorria a campanha. Neste momento, penso que posso dizer alguma coisa, dado que os órgãos sociais estão eleitos e daqui nada resulta ou pode resultar.

Embora nas redes sociais se tenha continuado a alimentar as teorias da conspiração e o entrincheiramento entre “croquetes” e “brunetes”, na campanha nado disto foi tema de discussão e cada candidato contraditou os outros e defendeu os seus pontos de vista sem desqualificar os adversários e o debate público. Com exceção do Pedro Madeira Rodrigues, com os (maus) resultados que se conhecem, ninguém se lembrou de prometer o que não pode e arranjar uma catrefada de cromos (jogadores e treinadores). Esta atitude coletiva revelou sentido de responsabilidade perante a atual situação económica e financeira do Sporting.

Rapidamente a corrida ficou reduzida a três contendores com reais hipóteses de vitória: Ricciardi, Benedito e Varandas. Destes mais rapidamente ainda se passou para dois: Benedito e Varandas. O Ricciardi só tinha para oferecer os seus conhecimentos na banca de investimento e, por isso, insistiu numa campanha monotemática sobre a situação patrimonial e financeira, entregando o futebol ao José Eduardo, esse grande ex-apoiante do Bruno de Carvalho e defensor do croquete sem qualquer sentido metafórico. Ando há demasiados anos a ensinar que a situação patrimonial e financeira mais tarde ou mais cedo reflecte sempre a viabilidade do modelo de negócios de qualquer organização. No Sporting, a médio e longo prazo, não se consegue a sustentabilidade financeira sem vitórias, títulos, bom futebol e mobilização dos adeptos, não sendo separáveis os Ricciardis, para um lado, e os Josés Eduardos, para o outro.

Não gosto muito de futsal, é um género de andebol mas com menos jogadores e jogado com os pés. Mesmo assim, vi muitos jogos do Sporting e assisti a muitas vitórias e a conquistas de títulos com o Benedito a capitão. Nunca gostei de jogadores baixotes. O Benedito é baixote mas parecia de borracha, chegando a bolas impossíveis; e, sobretudo, tinha uma alma que não acabava, vivendo cada jogo como se fosse o último da sua vida e festejando todos os títulos com os adeptos como se fosse, e é, um de nós. Tudo isto, associado ao percurso académico e profissional que seguiu, bem como à equipa que constituiu, dava garantias de ser um bom presidente.

Agora parece mais conveniente dizê-lo, mas o meu candidato sempre foi o Varandas. O Varandas era o médico da equipa principal de futebol. Imagino que não ganhasse pouco, exercendo, ainda por cima, a profissão que é a dele e que ele gosta de exercer, como se verificou nas suas intervenções em campanha. Podia ter tentando passar pelos pingos da chuva sem se molhar, continuando a exercer a sua (bem remunerada) profissão. Deixou acabar a época para se demitir, cumprindo até ao último dia as suas funções, disponibilizando-se imediatamente  para ser candidato, quando o Bruno de Carvalho ainda tinha poder e todos os que se lhe opunham andavam a fazer contas de cabeça. Foi corajoso e deu esperança a quem não se revia em Bruno de Carvalho e isso não era pouco nessa altura, quando simplesmente se especulava sobre uma suposta destituição sem qualquer alternativa no horizonte.

Dito isto e acabada a história, importa pensar o futuro com o Varandas a presidente. Ontem, cheguei ao trabalho e perguntei às minhas colegas o que pensavam do Varandas a presidente do Sporting. A resposta foi unânime: “É giro!” Um pouco despeitado, procurei aprofundar a análise. “Está bem, mas o que pensam dele a presidente do Sporting”. A resposta foi novamente unânime: “É o mais giro presidente do Sporting e o presidente mais giro de todos os clubes portugueses”. Não insisti e procurei não me ver ao espelho durante o dia. Hoje, voltando a pensar no assunto, percebi melhor o que elas me disseram. Não sabemos se o Varandas vai ser um bom presidente e tão bom ou melhor do que os seus antecessores ou os dos clubes rivais. Mas sabemos com certeza que é o mais giro e, para início, isso não é pouco. As minhas colegas estiveram, hoje, muito mais disponíveis para falar comigo, mesmo sobre futebol, melhorando imenso o ambiente de trabalho.

7 comentários:

  1. Com a riqueza e a força em baixa ... temos então a beleza a dar cartas no exercício do poder...Lindo serviço!...:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      Por agora é o que temos. Outros nem isso têm. Pode ser que exista qualquer coisa dentro do embrulho. Pode ser…

      SL

      Eliminar
  2. Estou consigo Rui, o presidente é medico reconhecido, militar na guerra do Afenaguistao e ainda por cima charmoso junto da ala feminina.
    Tem tudo o que os Filipes Vieiras e os Pintos da Costa não têm.
    Pelo menos traz-nos a esperança e alivia-nos a memória dos pesadelos dos ultimos 3 meses.
    Se chega para ganhar? Não sei, tenho duvidas, mas a bem dizer o aprendiz de Pinto da Costa teve os seus méritos, mas em quase 5 anos ganhou o mesmo que as equipas do tempo do Paulo Bento.

    Abraço e um beijinho para as colegas :-)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      Depois de se ser presidente ganha-se uma “gravitas”. É verdade que o BdC prometia ser um arruaceiro. Ao princípio, ninguém o queria ver nem se chegava perto. Depois de ganhar as eleições, na segunda eleição tinha uma comissão de honra a que só faltava o Secretário-geral da ONU.

      Quanto aos cumprimentos, serão dados e muito bem dados. As minhas colegas são do Porto mas são tão coquetes como as de Cascais. Só aceitam um beijo e se for com diminuitivo.

      Abraços,

      Eliminar
  3. E é alto. Pena aquela ligeira dislexia.

    Hoje temos o outro médico na ribalta, tem cara de bruto, também é alto fica bem com o nome, deve ser ortopedista.
    Devia era ser psiquiatra, fazer muita falta, no clube, na SAD, na estrutura como eles dizem. Talvez o Sampaio dê uma ajuda ou não, é mais baixo e não é nada giro...

    O Peseiro dava um bom clínico geral, assim como assim não resolvem nada mas mascaram bem os problemas, quando queremos vencer a doença vamos a um especialista tipo Bas Dost ou Nani. Só não sei qual será a especialidade do Sousa Cintra, nem tem cara de médico, se calhar é enfermeiro, ao que chegámos um enfermeiro a mandar nos médicos.

    E assim vai o nosso dia a dia! No fim de semana há jogo, o menino vai? Vai ser o máximo com tantos médicos e gente gira.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro,

      Esse era o meu ponto deste “post”. É exatamente isso: "No fim de semana há jogo, o menino vai? Vai ser o máximo com tantos médicos e gente gira."

      SL

      Eliminar
  4. Dizem, não sei se é verdade, Santana Lopes ganhou a Câmara da Figueira da Foz graças à votação maciça do belo sexo, outrora chamado de "frágil", pois....... vejam o futebol feminino....
    O que quer dizer, Alvalade vai ser pequeno para tantas admiradoras.

    Votei em Benedito, Varandas era a 2ª opção.
    O presidente eleito vai ter pela frente um trabalho herculeo que o fara ter saudades do Afeganistão. Espero que a sua estrutura o ajude.

    ResponderEliminar