Não bastava ser um jogo para a Taça Lucílio Baptista. Não bastava o jogo ser aquilo que o Freitas Lobo designa em linguagem técnica como uma merda (é a primeira vez ao longo destes anos todos recorro a um palavrão; vão-me desculpar mas estou como o William Carvalho, não me sai uma de jeito). Ainda era preciso o Coates marcar um autogolo. Seja como for, passámos à fase seguinte por um critério qualquer como o da época passada. Qualquer coisa como a cor das meias ou assim.
O Belenenses fez o que lhe competia: esforçou-se, esforçou-se muito. Está tudo dito quando o melhor jogador deles é o Yebda. Bateu à esquerda, bateu à direita, bateu no Battagalia, bateu no Acuña e bateu na avó. Na primeira parte devia estar na rua. Continuou a bater na segunda parte e nem um amarelo para amostra. Percebe-se a intenção do árbitro. Tendo saído em precária, não se deve logo no primeiro jogo inviabilizar qualquer possibilidade, mesmo que remota, de reinserção social.
Do Sporting, só me lembro do Acuña. Pegou-se com o Fábio Coentrão. Pegou-se com o árbitro. Pegou-se com meia equipa do Belenenses. Até que, finalmente, pegou-se com a bola e meteu-a lá dentro para a castigar com o pé que tinha mais à mão, que só para chatear desta vez era o direito.
Esta coisa - que de coisa se trata - da Taça da Lucílio Baptista apura um tal de Campeão de Inverno. Não tenho preferência por nenhuma estação do ano. Primavera, Verão, Outono ou Inverno tanto se me dá. Sendo assim, prefiro o campeão das quatro estações, lá para maio, se não me falham as contas de cabeça.
Falaremos do Sporting, mais mal do que bem. Falaremos também do Benfica, sempre mal. Falaremos do Porto, conformados.
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
Tristes figuras
Ontem, depois de uns comentários despropositados e vagamente encartilhados ao “post” que escrevi, procurei informar-me melhor sobre a atualidade dos emails. Voltei ao Francisco J. Marques e ao Porto Canal. A história das perguntas elaboradas pelo Carlos Janela para o Diamantino as fazer ao Luís Filipe Vieira foi um dos maiores exercícios de humilhação a que me foi dado assistir. Quem não se sente desconfortável ao ver aquilo?
Eu próprio me senti incomodado pelo Diamantino. O Diamantino foi um grande jogador de futebol. Talvez o Benfica não tenha ganhado uma Taça dos Campeões Europeus devido a uma lesão inoportuna que o impediu de jogar a final contra o PSV Eindhoven. Era meia equipa, nessa altura. É um símbolo do Benfica. É assim que a história e os símbolos de um clube merecem ser tratados? Não são os adeptos do Sporting que os tratam assim. São os próprios adeptos do Benfica e a sua Direção, ao não respeitarem o seu passado, promovendo tristes figuras, mesmo que o próprio não perceba ou não queira (ou possa) perceber.
Eu próprio me senti incomodado pelo Diamantino. O Diamantino foi um grande jogador de futebol. Talvez o Benfica não tenha ganhado uma Taça dos Campeões Europeus devido a uma lesão inoportuna que o impediu de jogar a final contra o PSV Eindhoven. Era meia equipa, nessa altura. É um símbolo do Benfica. É assim que a história e os símbolos de um clube merecem ser tratados? Não são os adeptos do Sporting que os tratam assim. São os próprios adeptos do Benfica e a sua Direção, ao não respeitarem o seu passado, promovendo tristes figuras, mesmo que o próprio não perceba ou não queira (ou possa) perceber.
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Rui Monteiro
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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Ninguém se sente enojado?
O futebol tem uma componente de aleatoriedade que confere uma imprevisibilidade aos resultados como praticamente nenhuma outra modalidade desportiva ou, pelo menos, as mais populares. Nessas modalidades, os resultados quase que podem ser determinados probabilisticamente a partir dos dados de cada jogo. As percentagens determinam os resultados, por outras palavras. No futebol, muitas vezes, demasiadas vezes não é assim. Num dado jogo, um acontecimento isolado, por muito inverosímil que pareça, pode determinar o resultado. É por isso que ao árbitros têm mais influência nos resultados nesta modalidade do que em qualquer outra e as suas decisões acabam por os determinar.
A influência dos árbitros nos resultados está mais documentada. Lembro-me de várias situações. Para, pelo menos, não parecer facioso, recordo algumas que não envolvem o Sporting. Recordo o Mundial de 2002, em que tudo se fez para que a Coreia do Sul fosse o mais longe possível na prova. Recordo o jogo entre Chelsea e o Barcelona para a Liga dos Campeões, em 2009, em que não foram assinalados quatro penalties a favor do Chelsea. Recordo, por fim, o jogo entre o Bayern de Munique e o Porto para a Liga dos Campeões, em 2000, em que, depois do golo do empate do Mário Jardel, o árbitro nunca mais deixou jogar o Porto até estar assegurada a vitória do Bayern de Munique. Assisti aos jogos e senti-me enojado.
Se era assim no futebol organizado pela FIFA e pela UEFA não era difícil de perceber que no futebol português a situação ainda era pior. O Apito Dourado revelou todas as práticas e relações perigosas entre os diferentes agentes do futebol português. Essas práticas e relações perigosas atingiam evidentemente toda a organização do futebol português. Se não foram promovidas, foram pelo menos toleradas pelos dirigentes da Federação e da Liga. Em vez de se levar a investigação até ao limite e varrer tudo o que havia para varrer, atribuiu-se a culpa ao Valentim Loureiro e ao Pinto da Costa e um estatuto de gente débil aos árbitros, especialmente a alguns deles. Circunscrevendo-se desta forma as responsabilidades, o famoso “sistema” estava oleado para continuar a funcionar com os mesmos e com outros protagonistas. O facto de ter passado quase incólume pelo Apito Dourado, dava-lhe mais força e autoridade ainda.
A recente revelação de emails demonstrou que o “sistema”, nas suas práticas e relações entre agentes, estava mais refinado. Em vez de telefonemas, passou-se às novas tecnologias e ao “agora, apague tudo”. Os media e a comunicação social agora também fazem parte desse "sistema". Assiste-se na televisão e nos jornais a autênticas campanhas de desinformação e manipulação da opinião pública. O que vem nos emails é grave, mas o que não vem, ou ainda não veio, é mais grave. Todas as patifarias que possamos imaginar se não aconteceram foi por mero acaso. As práticas e relações que as permitem estão à frente do nariz e atingem o coração do futebol português. Só não vê quem não quer ver. A simples suspeita mata, neste caso o futebol português.
A Federação e a Liga apelam às boas maneiras e à paz no futebol, como se o problema fosse de discurso e da mania de se andar à pancada e não de organização e de adoção de práticas e relações adequadas da sua estrita responsabilidade. O governo e as organizações do Estado, nomeadamente o IPDJ e a ERC, assobiam para o lado. O Ministério Público e a Judiciária parecem ser os únicos a fazer alguma coisa perante o alarme social. Mas o tempo da Justiça não é o tempo dos cidadãos e das suas organizações e a sua aplicação não pode, não deve deixar de se basear na presunção da inocência.
Nestas circunstâncias, como defendi, este campeonato nem se devia ter iniciado. Aparentemente, está-se à espera que a caravana passe mesmo que os cães estejam mais acirrados do que nunca. Não me parece que seja possível. Com o campeonato disputado como está pelo Benfica, Porto e Sporting, é possível? Se até lá não acontecer nenhuma desgraça, alguém acredita que no Marquês de Pombal ou na Avenida dos Aliados se vai fazer uma simples festa do título? Ninguém vai fazer nada? Não está ninguém desse lado a ler e a ouvir o que se passa? Ninguém se sente enojado?
A influência dos árbitros nos resultados está mais documentada. Lembro-me de várias situações. Para, pelo menos, não parecer facioso, recordo algumas que não envolvem o Sporting. Recordo o Mundial de 2002, em que tudo se fez para que a Coreia do Sul fosse o mais longe possível na prova. Recordo o jogo entre Chelsea e o Barcelona para a Liga dos Campeões, em 2009, em que não foram assinalados quatro penalties a favor do Chelsea. Recordo, por fim, o jogo entre o Bayern de Munique e o Porto para a Liga dos Campeões, em 2000, em que, depois do golo do empate do Mário Jardel, o árbitro nunca mais deixou jogar o Porto até estar assegurada a vitória do Bayern de Munique. Assisti aos jogos e senti-me enojado.
Se era assim no futebol organizado pela FIFA e pela UEFA não era difícil de perceber que no futebol português a situação ainda era pior. O Apito Dourado revelou todas as práticas e relações perigosas entre os diferentes agentes do futebol português. Essas práticas e relações perigosas atingiam evidentemente toda a organização do futebol português. Se não foram promovidas, foram pelo menos toleradas pelos dirigentes da Federação e da Liga. Em vez de se levar a investigação até ao limite e varrer tudo o que havia para varrer, atribuiu-se a culpa ao Valentim Loureiro e ao Pinto da Costa e um estatuto de gente débil aos árbitros, especialmente a alguns deles. Circunscrevendo-se desta forma as responsabilidades, o famoso “sistema” estava oleado para continuar a funcionar com os mesmos e com outros protagonistas. O facto de ter passado quase incólume pelo Apito Dourado, dava-lhe mais força e autoridade ainda.
A recente revelação de emails demonstrou que o “sistema”, nas suas práticas e relações entre agentes, estava mais refinado. Em vez de telefonemas, passou-se às novas tecnologias e ao “agora, apague tudo”. Os media e a comunicação social agora também fazem parte desse "sistema". Assiste-se na televisão e nos jornais a autênticas campanhas de desinformação e manipulação da opinião pública. O que vem nos emails é grave, mas o que não vem, ou ainda não veio, é mais grave. Todas as patifarias que possamos imaginar se não aconteceram foi por mero acaso. As práticas e relações que as permitem estão à frente do nariz e atingem o coração do futebol português. Só não vê quem não quer ver. A simples suspeita mata, neste caso o futebol português.
A Federação e a Liga apelam às boas maneiras e à paz no futebol, como se o problema fosse de discurso e da mania de se andar à pancada e não de organização e de adoção de práticas e relações adequadas da sua estrita responsabilidade. O governo e as organizações do Estado, nomeadamente o IPDJ e a ERC, assobiam para o lado. O Ministério Público e a Judiciária parecem ser os únicos a fazer alguma coisa perante o alarme social. Mas o tempo da Justiça não é o tempo dos cidadãos e das suas organizações e a sua aplicação não pode, não deve deixar de se basear na presunção da inocência.
Nestas circunstâncias, como defendi, este campeonato nem se devia ter iniciado. Aparentemente, está-se à espera que a caravana passe mesmo que os cães estejam mais acirrados do que nunca. Não me parece que seja possível. Com o campeonato disputado como está pelo Benfica, Porto e Sporting, é possível? Se até lá não acontecer nenhuma desgraça, alguém acredita que no Marquês de Pombal ou na Avenida dos Aliados se vai fazer uma simples festa do título? Ninguém vai fazer nada? Não está ninguém desse lado a ler e a ouvir o que se passa? Ninguém se sente enojado?
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Rui Monteiro
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sábado, 23 de dezembro de 2017
Boas Festas
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A. Trindade
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terça-feira, 19 de dezembro de 2017
O Sporting é um clube estrangeiro a jogar no campeonato nacional
Tenho para mim, que quem não valoriza as outras equipas e os seus jogadores não valoriza a sua própria equipa e os seus jogadores. Como simples adepto do Sporting, não posso deixar de reconhecer que o Jonas é um goleador praticamente insuperável e que o Brahimi talvez seja o melhor jogador do campeonato. Por reconhecer essas qualidades, é que ficarei mais contente quando ganharmos ao Benfica e ao Porto. Mesmo quando se joga contra equipas de outros países, não me custa nada reconhecer o mérito dos outros, mesmo do Messi, e detesto o estilo patrioteiro dos nossos relatos de futebol.
Tudo isto vem a propósito dos relatos da SporTv. Como vejo os jogos no café da esquina, não posso mandar baixar o som. Jogo atrás de jogo ouço sempre o mesmo. Qualquer perneta da equipa que joga contra o Sporting é transformado num astro do planeta futebolístico. Quem ouvisse o relato do último jogo, achava que o Nakajima era muito melhor do que o Gelson Martins ou que o Paulinho era melhor que o Bas Dost, tais as referências encomiásticas a estes jogadores e sem qualquer paralelo com a avaliação dos do Sporting. Para os relatores e comentadores, o Sporting deve ser um clube estrangeiro que, vá-se lá saber porquê, pretende insistentemente jogar o campeonato nacional.
Tudo isto vem a propósito dos relatos da SporTv. Como vejo os jogos no café da esquina, não posso mandar baixar o som. Jogo atrás de jogo ouço sempre o mesmo. Qualquer perneta da equipa que joga contra o Sporting é transformado num astro do planeta futebolístico. Quem ouvisse o relato do último jogo, achava que o Nakajima era muito melhor do que o Gelson Martins ou que o Paulinho era melhor que o Bas Dost, tais as referências encomiásticas a estes jogadores e sem qualquer paralelo com a avaliação dos do Sporting. Para os relatores e comentadores, o Sporting deve ser um clube estrangeiro que, vá-se lá saber porquê, pretende insistentemente jogar o campeonato nacional.
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Rui Monteiro
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domingo, 17 de dezembro de 2017
Não se importam de falhar menos golos para a próxima, se faz favor?
Foi um jogo sem história ou, por outra palavras, com uma história de golos falhados e de um vitória que acabou por ser fácil. Entrámos a toda a brida e não demos a tradicional meia parte de avanço. Com o Podence e o Gelson Martis a aparecerem por todo o lado, qualquer defesa começa a adornar. Marcámos um golo na primeira meia hora, mas ficámos a dever à falta de jeito no último passe e a hesitações na finalização mais um ou outro. Mas o golo foi uma delícia: o Podence recebe a bola no meio, avança e ameaça um passe para a desmarcação do Bas Dost, faz uma revienga e passa de calcanhar a bola por trás das costas e desmarca pelo meio o Bruno Fernandes que, na cara do guarda-redes, faz golo com a frieza de um veterano de uma qualquer equipa italiana.
O Portimonense fez o que pôde e o que não pôde para se manter à tona. Por volta da tal meia hora equilibrou mais o jogo. Durante a primeira parte, destacou-se um tal de Paulinho, que sentou duas vezes o Mathieu e mandou uma biqueirada para a bancada, e um tal de Nakajima, que, supersónico, ficou de caras com o Patrício e o seu pânico por se encontrar frente-a-frente com ele levou-o a aliviar a bola pela linha de fundo. Seja como for, o Portimonense tentou sempre jogar o jogo pelo jogo sem as mariquices das perdas de tempo e do autocarro do costume. Não deu, mas podia ter dado.
Para a segunda parte a malta estava desconfiada. Como se viu, o Portimonense não veio a Alvalade para alegrar a festa e para desistir à primeira contrariedade. Continuámos a falhar golos, mas o jogo estava animado. Adivinhava-se o golo do Sporting – até por que o Bas Dost ainda não tinha marcado nenhum – mas o Portimonense não dava ar de se resignar. Até que o lateral direito se passou da cabeça e quis arrancar a canela do Acuña. O árbitro mostrou-lhe o segundo amarelo, mas podia, e devia, ter mostrado o vermelho direto. A jogar contra dez, o cerco do Sporting apertou-se e marcámos o segundo. O Bas Dost recebeu a bola no meio, desmarcou o Gelson Martins que, depois de ir à linha, atrasou para o Bruno Fernandes dar um toque para o lado onde apareceu o Bas Dost novamente a marcar como se de um penalty se tratasse: fez a paradinha habitual, atirou o guarda-redes para um lado da baliza e rematou para o outro.
O Jorge Jesus mandou, e bem, acabar com a brincadeira e tirou o Acuña, que estava um pouco chocho, diga-se, e o endiabrado Podence, metendo o Bruno César e o Battaglia. Passámos a controlar mais o jogo, o Portimonense continuou a tentar, mas o meio-campo e a defesa chegavam e sobravam para as encomendas. Com o jogo neste marasmo, passei a ter um olho na televisão e outro na leitura de um livro de John Roemer, “Um futuro para o socialismo marxista”, que tinha acabado de comprar no Continente, juntamente com o bacalhau, que o “voucher” de 15% acabava esta semana (não deixa de ser espantosa a combinação de coisas que podemos comprar nestes hipermercados; não existe ideologia ou a ideologia é a do consumo à esquerda ou à direita das prateleiras).
O Roemer, às páginas tantas, afirma que os países da COMECON apresentaram melhor desempenho económico que os países da OCDE desde o pós-guerra até aos anos 70. O declínio deveu-se a problemas de agente-principal e à incapacidade de inovar sem estímulos de mercado. No Sporting não parece que tenhamos esses problemas: os interesses dos agentes (jogadores) correspondem aos interesses do principal (treinador), isto é, embora o Jorge Jesus não faça como o Estaline e não mande os jogadores para o Gulag, ninguém se atreve a não fazer o que ele manda, e a inovação, enquanto deixarem jogar o Podence e o Gelson Martins, parece não ter fim.
O Portimonense fez o que pôde e o que não pôde para se manter à tona. Por volta da tal meia hora equilibrou mais o jogo. Durante a primeira parte, destacou-se um tal de Paulinho, que sentou duas vezes o Mathieu e mandou uma biqueirada para a bancada, e um tal de Nakajima, que, supersónico, ficou de caras com o Patrício e o seu pânico por se encontrar frente-a-frente com ele levou-o a aliviar a bola pela linha de fundo. Seja como for, o Portimonense tentou sempre jogar o jogo pelo jogo sem as mariquices das perdas de tempo e do autocarro do costume. Não deu, mas podia ter dado.
Para a segunda parte a malta estava desconfiada. Como se viu, o Portimonense não veio a Alvalade para alegrar a festa e para desistir à primeira contrariedade. Continuámos a falhar golos, mas o jogo estava animado. Adivinhava-se o golo do Sporting – até por que o Bas Dost ainda não tinha marcado nenhum – mas o Portimonense não dava ar de se resignar. Até que o lateral direito se passou da cabeça e quis arrancar a canela do Acuña. O árbitro mostrou-lhe o segundo amarelo, mas podia, e devia, ter mostrado o vermelho direto. A jogar contra dez, o cerco do Sporting apertou-se e marcámos o segundo. O Bas Dost recebeu a bola no meio, desmarcou o Gelson Martins que, depois de ir à linha, atrasou para o Bruno Fernandes dar um toque para o lado onde apareceu o Bas Dost novamente a marcar como se de um penalty se tratasse: fez a paradinha habitual, atirou o guarda-redes para um lado da baliza e rematou para o outro.
O Jorge Jesus mandou, e bem, acabar com a brincadeira e tirou o Acuña, que estava um pouco chocho, diga-se, e o endiabrado Podence, metendo o Bruno César e o Battaglia. Passámos a controlar mais o jogo, o Portimonense continuou a tentar, mas o meio-campo e a defesa chegavam e sobravam para as encomendas. Com o jogo neste marasmo, passei a ter um olho na televisão e outro na leitura de um livro de John Roemer, “Um futuro para o socialismo marxista”, que tinha acabado de comprar no Continente, juntamente com o bacalhau, que o “voucher” de 15% acabava esta semana (não deixa de ser espantosa a combinação de coisas que podemos comprar nestes hipermercados; não existe ideologia ou a ideologia é a do consumo à esquerda ou à direita das prateleiras).
O Roemer, às páginas tantas, afirma que os países da COMECON apresentaram melhor desempenho económico que os países da OCDE desde o pós-guerra até aos anos 70. O declínio deveu-se a problemas de agente-principal e à incapacidade de inovar sem estímulos de mercado. No Sporting não parece que tenhamos esses problemas: os interesses dos agentes (jogadores) correspondem aos interesses do principal (treinador), isto é, embora o Jorge Jesus não faça como o Estaline e não mande os jogadores para o Gulag, ninguém se atreve a não fazer o que ele manda, e a inovação, enquanto deixarem jogar o Podence e o Gelson Martins, parece não ter fim.
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Rui Monteiro
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domingo, 10 de dezembro de 2017
Os cinquenta por cento do assassino silencioso
Se não fossem a transmissão da SporTv e os comentários do Freitas Lobo, o jogo contra o Boavista teria sido aquilo que se designa tecnicamente por uma chatice pegada. Aprecio a capacidade do Freitas Lobo de descobrir nos jogadores das equipas que jogam contra o Sporting qualidades que eles próprios nem desconfiam. Jogadores que ninguém conhece de parte nenhuma, depois de uma corrida, de um remate ou de uma canelada passam a ser extraordinários. Os do Sporting não merecem nenhuma referência quando todos sabem que são grandes jogadores e não precisam de nenhum jogo em particular para o demonstrar.
Aprecio especialmente o seu desprendimento em falar da arbitragem, quando os erros penalizam o Sporting, pelo facto de amar o jogo, seja isso o que for, embora se descaia com uma curiosidade mórbida quando os erros podem beneficiar o Sporting. Constitui nos tempos que correm o melhor vídeo-árbitro. Decide rapidamente mesmo sem ver a repetição. Hoje no penalty sobre o Podence voltou a ser tão perentório como no fora-de-jogo do Bas Dost no golo do Battaglia contra o Paços de Ferreira.
Com esta banda sonora, a transmissão da SporTv foi um petisco. Na primeira parte, apreciei de sobremaneira as duzentas e vinte repetições de uma falta de um jogador do Boavista sobre o Piccini, como se a decisão tivesse sido errada. Apreciei a forma expedita como procederam à repetição do golo do Boavista do único ângulo em que era possível verificar da existência (ou não) de fora-de-jogo. Só depois do vídeo-árbitro se decidir é que a SporTv se decidiu igualmente mostrar-nos esse ângulo da transmissão. Antes disso, mostrou-nos a repetição sempre de ângulos absolutamente inconclusivos para essa análise.
O penalty sobre o Podence é indiscutível. O Podence ganhou a posição e ia disputar a bola de cabeça quando um calmeirão do Boavista veio desembestado e o atropelou acertando em tudo que se mexia, desde a bola ao jogador adversário. Logo a seguir, junto à linha lateral o Fábio Coentrão ganhou de cabeça a bola por detrás do jogador do Boavista e o árbitro não teve dúvidas em marcar falta. Aliás, se dúvidas existissem na dualidade de critérios, vale a pena rever o lance em que o Coentrão leva amarelo numa outra disputa de bola de cabeça. Se esse lance é para amarelo, então aquele que envolveu o Podence merecia o vermelho. O golo do Boavista é muito duvidoso, para não se afirmar definitivamente que é fora-de-jogo. Por menos, este ano, o Portimonense viu um golo anulado na Luz. Em ambos os lances sou capaz de dar o benefício da dúvida ao árbitro. Não dou é o benefício da dúvida aqueles que não o dão quando a dúvida pode favorecer o Sporting.
Até agora, falei da SporTv, do Freitas Lobo e do árbitro. Não é para me candidatar a comentador de nenhum programa televisivo. É que o jogo propriamente dito foi uma chatice pegada, como disse. Na primeira parte, o Boavista fez das tripas coração e deu o que tinha e o que não tinha para que não se jogasse à bola. Não fez antijogo, no sentido que é atribuído à palavra. Fez um jogo que é a antítese do jogo: muita correria, muita luta, muita biqueirada e nem uma jogada em condições. Desde que não se jogasse à bola, o dia estava ganho. O Sporting, por sua vez, entrou em campo a pensar que ainda estava na Liga dos Campeões, onde quem tem melhores jogadores e joga melhor costuma ganhar.
Como de costume, preparávamo-nos para dar uma parte de avanço quando, numa biqueirada para a frente, o Bas Dost ganhou uma bola de cabeça e desmarcou o Podence no lado direito. O baixinho ficou á espera que o Bas Dost e mais alguém aparecessem na área para meter a bola. Para ganhar tempo, fez uma finta ao Talocha e continuou a esperar. Enquanto continuava a esperar, repetiu a finta vinte e quatro vezes, para um lado e para o outro, até que desesperado acabou por apostar as fichas todas num centro ao segundo poste para uma cabeçada em câmara lenta do Fábio Coentrão, que deu o nosso primeiro golo.
Na segunda parte, a perderem por um a zero, os jogadores do Boavista precisavam de jogar à bola. Não no sentido que o Freitas Lobo vinha elogiando, mas fazendo jogadas com cabeça, tronco e membros, concluídas com remates à baliza do Rui Patrício. Com a necessidade de fazerem o que não sabem e depois das canseiras resultantes de umas tantas correrias tontas na primeira parte, tudo parecia mais fácil para o Sporting. Era fácil e mais fácil se tornou quando o Bas Dost se deixou de mariquices e foi a um ressalto à Slimani e a meteu lá dentro com o joelho. Quando parece que tudo está facilitado, há sempre um jogador do Sporting que tem um apagão e oferece um golo ao adversário. Neste jogo não fugimos à regra e o Coates resolveu oferecer um golo ao Mateus, que conta mais anos de idade que o do Evangelho. Quando nos preparávamos para mais um sofrimento à Sporting, o Bas Dost ainda antes do cabeceamento do Mathieu desmarcou-se para o lado contrário para onde se dirigia a bola, empurrando-a depois ao segundo poste.
Ganhámos ao Boavista como a Juventus ou o Barcelona nos ganhou a nós. Os jogadores são melhores e a equipa no seu conjunto também. É o que acontece mesmo quando se joga assim-assim ,mas se tem um assassino silencioso como o Bas Dost. Teve duas oportunidades e marcou dois golos. Contra o Barcelona, também teve duas e não meteu nenhuma. Prossegue assim uma época em que apresenta um nível de eficácia próximo dos cinquenta por cento.
Aprecio especialmente o seu desprendimento em falar da arbitragem, quando os erros penalizam o Sporting, pelo facto de amar o jogo, seja isso o que for, embora se descaia com uma curiosidade mórbida quando os erros podem beneficiar o Sporting. Constitui nos tempos que correm o melhor vídeo-árbitro. Decide rapidamente mesmo sem ver a repetição. Hoje no penalty sobre o Podence voltou a ser tão perentório como no fora-de-jogo do Bas Dost no golo do Battaglia contra o Paços de Ferreira.
Com esta banda sonora, a transmissão da SporTv foi um petisco. Na primeira parte, apreciei de sobremaneira as duzentas e vinte repetições de uma falta de um jogador do Boavista sobre o Piccini, como se a decisão tivesse sido errada. Apreciei a forma expedita como procederam à repetição do golo do Boavista do único ângulo em que era possível verificar da existência (ou não) de fora-de-jogo. Só depois do vídeo-árbitro se decidir é que a SporTv se decidiu igualmente mostrar-nos esse ângulo da transmissão. Antes disso, mostrou-nos a repetição sempre de ângulos absolutamente inconclusivos para essa análise.
O penalty sobre o Podence é indiscutível. O Podence ganhou a posição e ia disputar a bola de cabeça quando um calmeirão do Boavista veio desembestado e o atropelou acertando em tudo que se mexia, desde a bola ao jogador adversário. Logo a seguir, junto à linha lateral o Fábio Coentrão ganhou de cabeça a bola por detrás do jogador do Boavista e o árbitro não teve dúvidas em marcar falta. Aliás, se dúvidas existissem na dualidade de critérios, vale a pena rever o lance em que o Coentrão leva amarelo numa outra disputa de bola de cabeça. Se esse lance é para amarelo, então aquele que envolveu o Podence merecia o vermelho. O golo do Boavista é muito duvidoso, para não se afirmar definitivamente que é fora-de-jogo. Por menos, este ano, o Portimonense viu um golo anulado na Luz. Em ambos os lances sou capaz de dar o benefício da dúvida ao árbitro. Não dou é o benefício da dúvida aqueles que não o dão quando a dúvida pode favorecer o Sporting.
Até agora, falei da SporTv, do Freitas Lobo e do árbitro. Não é para me candidatar a comentador de nenhum programa televisivo. É que o jogo propriamente dito foi uma chatice pegada, como disse. Na primeira parte, o Boavista fez das tripas coração e deu o que tinha e o que não tinha para que não se jogasse à bola. Não fez antijogo, no sentido que é atribuído à palavra. Fez um jogo que é a antítese do jogo: muita correria, muita luta, muita biqueirada e nem uma jogada em condições. Desde que não se jogasse à bola, o dia estava ganho. O Sporting, por sua vez, entrou em campo a pensar que ainda estava na Liga dos Campeões, onde quem tem melhores jogadores e joga melhor costuma ganhar.
Como de costume, preparávamo-nos para dar uma parte de avanço quando, numa biqueirada para a frente, o Bas Dost ganhou uma bola de cabeça e desmarcou o Podence no lado direito. O baixinho ficou á espera que o Bas Dost e mais alguém aparecessem na área para meter a bola. Para ganhar tempo, fez uma finta ao Talocha e continuou a esperar. Enquanto continuava a esperar, repetiu a finta vinte e quatro vezes, para um lado e para o outro, até que desesperado acabou por apostar as fichas todas num centro ao segundo poste para uma cabeçada em câmara lenta do Fábio Coentrão, que deu o nosso primeiro golo.
Na segunda parte, a perderem por um a zero, os jogadores do Boavista precisavam de jogar à bola. Não no sentido que o Freitas Lobo vinha elogiando, mas fazendo jogadas com cabeça, tronco e membros, concluídas com remates à baliza do Rui Patrício. Com a necessidade de fazerem o que não sabem e depois das canseiras resultantes de umas tantas correrias tontas na primeira parte, tudo parecia mais fácil para o Sporting. Era fácil e mais fácil se tornou quando o Bas Dost se deixou de mariquices e foi a um ressalto à Slimani e a meteu lá dentro com o joelho. Quando parece que tudo está facilitado, há sempre um jogador do Sporting que tem um apagão e oferece um golo ao adversário. Neste jogo não fugimos à regra e o Coates resolveu oferecer um golo ao Mateus, que conta mais anos de idade que o do Evangelho. Quando nos preparávamos para mais um sofrimento à Sporting, o Bas Dost ainda antes do cabeceamento do Mathieu desmarcou-se para o lado contrário para onde se dirigia a bola, empurrando-a depois ao segundo poste.
Ganhámos ao Boavista como a Juventus ou o Barcelona nos ganhou a nós. Os jogadores são melhores e a equipa no seu conjunto também. É o que acontece mesmo quando se joga assim-assim ,mas se tem um assassino silencioso como o Bas Dost. Teve duas oportunidades e marcou dois golos. Contra o Barcelona, também teve duas e não meteu nenhuma. Prossegue assim uma época em que apresenta um nível de eficácia próximo dos cinquenta por cento.
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terça-feira, 5 de dezembro de 2017
Foi tão bom para ti como para mim, não foi?
Dois grandes treinadores, dois grandes senhores do futebol mundial. Decidiram tudo no “pré-match”. O Jorge Jesus avançou primeiro: “Valverde, não metes o Messi e eu não meto o Bas Dost. Que dizes?” Valverde, como grande negociador, contrapôs: “Não chega. Tens de meter o pastelão do Alan Ruiz”. Jorge Jesus não se ficou atrás e procurou fechar o negócio: “Meto o pastelão do Alan Ruiz e tu metes o pastelão do André Gomes”. “Fechado”, conclui Valverde, acompanhado da bacalhauzada do costume. Duas notas sobre este diálogo: a enorme dificuldade em traduzi-lo do espanhol e o facto de o Jorge Jesus, como qualquer Secretário-geral da Organização das Nações Unidas, tratar toda a gente por tu.
Com os dois maiores goleadores europeus fora de campo e, em vez deles, dois dos maiores pastelões da Europa e, até, do Mundo, a primeira parte decorreu como se esperava. Não aconteceu rigorosamente nada. O Barcelona foi trocando a bola até lhe ser marcado jogo passivo. O Sporting resolvia tudo muito mais depressa, perdendo a bola sob qualquer pretexto ou sob pretexto algum. Salvou-se um nó do Luis Suárez sobre o Coates seguido de um remate para grande mancha do Rui Patrício. Pensei que se tratava de uma quebra do código de conduta grave entre dois uruguaios e que tudo podia acabar com o Coates a enfiar-lhe uma chuteira pelo esófago abaixo. Depois percebei que era tudo a brincar e combinado com o Rui Patrício. O Rui Patrício precisava de aquecer para a entrada do Messi e, como se viu depois, adora chatear qualquer Bota de Ouro.
Na segunda parte, tudo mudou. O Jorge Jesus quebrou o pacto de não-agressão. Tirou o pastelão do Alan Ruiz e meteu o Bas Dost. Para que não existissem dúvidas sobre as suas (más) intenções, meteu o Gelson Martins também. O Valverde nem queria acreditar no que via e colocou o Messi a aquecer. Mesmo com ele a correr fora do campo, o Barcelona desatou logo a jogar melhor. De repente, estava no banco a despir o fato de treino. O Jorge Jesus deu imediatamente ordens para deixarmos marcar um golo para que, na dúvida, o Valverde não o metesse. Só assim se explica que, na sequência de um canto, um jogador de metro e meio tenha marcado de cabeça um golo ao primeiro poste sem saltar praticamente.
Mas o Valverde estava furioso e não voltou atrás e o Messi entrou mesmo. Com medo que ele entrasse desembestado e desatasse a correr, fintar e marcar golos, o Jorge Jesus deu ordens para o Bas Dost falhar golos de baliza aberta para não o irritar ainda mais. Não era preciso, como se viu. O Rui Patrício entre o Ronaldo e o Messi não tem dúvidas. É capaz de levar um golo de remate do Ronaldo do meio-campo, mas come remates do Messi à entrada da área ao pequeno-almoço todos os dias. O dois zero só aconteceu porque o Mathieu queria demonstrar que o Rui Patrício só leva golos parvos e sem culpa nenhuma.
Noutro contexto, tudo isto teria acabado com o Valverde a empurrar para trás com a perna despida os lençóis e a passar o cigarro ao Jorge Jesus, depois de uma puxa profunda, enquanto perguntava: “foi tão bom para ti como para mim, não foi?”
Pensei que o Benfica tinha pulverizado todos os recordes da Europa. Não é verdade. Fiquei a saber que não bateu o recorde do Dínamo de Zagreb. Foi por pouco, mas há que dar o mérito a quem o tem. Mesmo assim, não deixa de ser um feito passar a ser a pior equipa que jogou a Liga dos Campeões abaixo dos 45 graus de latitude e a oeste dos 15 graus de longitude.
Com os dois maiores goleadores europeus fora de campo e, em vez deles, dois dos maiores pastelões da Europa e, até, do Mundo, a primeira parte decorreu como se esperava. Não aconteceu rigorosamente nada. O Barcelona foi trocando a bola até lhe ser marcado jogo passivo. O Sporting resolvia tudo muito mais depressa, perdendo a bola sob qualquer pretexto ou sob pretexto algum. Salvou-se um nó do Luis Suárez sobre o Coates seguido de um remate para grande mancha do Rui Patrício. Pensei que se tratava de uma quebra do código de conduta grave entre dois uruguaios e que tudo podia acabar com o Coates a enfiar-lhe uma chuteira pelo esófago abaixo. Depois percebei que era tudo a brincar e combinado com o Rui Patrício. O Rui Patrício precisava de aquecer para a entrada do Messi e, como se viu depois, adora chatear qualquer Bota de Ouro.
Na segunda parte, tudo mudou. O Jorge Jesus quebrou o pacto de não-agressão. Tirou o pastelão do Alan Ruiz e meteu o Bas Dost. Para que não existissem dúvidas sobre as suas (más) intenções, meteu o Gelson Martins também. O Valverde nem queria acreditar no que via e colocou o Messi a aquecer. Mesmo com ele a correr fora do campo, o Barcelona desatou logo a jogar melhor. De repente, estava no banco a despir o fato de treino. O Jorge Jesus deu imediatamente ordens para deixarmos marcar um golo para que, na dúvida, o Valverde não o metesse. Só assim se explica que, na sequência de um canto, um jogador de metro e meio tenha marcado de cabeça um golo ao primeiro poste sem saltar praticamente.
Mas o Valverde estava furioso e não voltou atrás e o Messi entrou mesmo. Com medo que ele entrasse desembestado e desatasse a correr, fintar e marcar golos, o Jorge Jesus deu ordens para o Bas Dost falhar golos de baliza aberta para não o irritar ainda mais. Não era preciso, como se viu. O Rui Patrício entre o Ronaldo e o Messi não tem dúvidas. É capaz de levar um golo de remate do Ronaldo do meio-campo, mas come remates do Messi à entrada da área ao pequeno-almoço todos os dias. O dois zero só aconteceu porque o Mathieu queria demonstrar que o Rui Patrício só leva golos parvos e sem culpa nenhuma.
Noutro contexto, tudo isto teria acabado com o Valverde a empurrar para trás com a perna despida os lençóis e a passar o cigarro ao Jorge Jesus, depois de uma puxa profunda, enquanto perguntava: “foi tão bom para ti como para mim, não foi?”
Pensei que o Benfica tinha pulverizado todos os recordes da Europa. Não é verdade. Fiquei a saber que não bateu o recorde do Dínamo de Zagreb. Foi por pouco, mas há que dar o mérito a quem o tem. Mesmo assim, não deixa de ser um feito passar a ser a pior equipa que jogou a Liga dos Campeões abaixo dos 45 graus de latitude e a oeste dos 15 graus de longitude.
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Rui Monteiro
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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
Pôr as barbas de molho
Na época passada apanhámos o Jorge Sousa como árbitro no jogo contra o Benfica na Luz. Todos nos lembramos dos penalties que não foram marcados. Num deles, o transporte da bola com o braço é de tal forma flagrante que mesmo no voleibol, no andebol ou no basquetebol seria falta. Este ano, o Jorge Sousa calhou em sorte ao Porto no jogo contra o Benfica no Dragão. Um penalty não assinalado e um golo mal anulado, foram os resultados da arbitragem do melhor árbitro português. O Benfica, que devia ter saído do Dragão a oito pontos, saiu a três de distâncias do Porto e do Sporting.
Não tenho nenhuma procuração para defender o Porto. Não gosto do Porto, especialmente do Pinto da Costa. Detesto é coincidências. Detesto mesmo, por que de outra coisa não se está a tratar. Por outras palavras, espera-se que por coincidência não aconteça na Luz o mesmo que aconteceu na época passada. Entretanto, convém ir pondo as barbas de molho.
Não tenho nenhuma procuração para defender o Porto. Não gosto do Porto, especialmente do Pinto da Costa. Detesto é coincidências. Detesto mesmo, por que de outra coisa não se está a tratar. Por outras palavras, espera-se que por coincidência não aconteça na Luz o mesmo que aconteceu na época passada. Entretanto, convém ir pondo as barbas de molho.
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Rui Monteiro
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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
Picar o ponto
Pedia-se aos jogadores que fizessem o seu trabalho e ficassem à espera que no Dragão os do Porto e do Benfica fizessem o mesmo. Se todos fizessem o seu trabalho, nós ganhávamos sempre. Fizemos o nosso trabalho. Estamos à frente, nem que seja por um par de horas.
Começámos bem, com o Podence endiabrado. O Podence tem tanto de endiabrado como de inconsequente. Ninguém avisou os jogadores do Belenenses e na primeira oportunidade um deles atirou-o ao chão dentro da área. Penalty sem vídeo-árbitro e com vídeo-árbitro, que assim é que é bonito. O Bas Dost fez o truque do costume que acaba sempre com o guarda-redes sem saber bem o que fazer à vida. É uma pardinha em câmara tão lenta, tão lenta que suspeito que se um dia um guarda-redes não se atirar para um dos lados o Bas Dost fica petrificado com o pé direito no ar até se transformar numa estátua.
Continuámos a insistir até á meia-hora. Os jogadores do Belenenses mal ganhavam a bola perdiam-na logo a seguir tal a rapidez à sua perda pelos jogadores do Sporting. Criámos uma outra jogada perigosa, ficando sempre a um danoninho de sair um último passe bem feito. Depois dessa meia-hora, o Belenenses equilibrou o jogo e foi toda a gente para o intervalo entediada.
Na segunda parte o Belenenses entrou melhor e passámos a cheirar a bola. Não ganhávamos uma única bola, parecendo que a equipa se estava a ressentir fisicamente. O Jorge Jesus meteu o Battaglia e a porta ficou mais ou menos trancada. Depois, foi substituindo os jogadores que mais a cair para o lado estavam. Saiu o Acuña e entrou o Bryan Ruiz. Perto do final, entrou o Bruno César e saiu o Bruno Fernandes.
Estivemos em três ocasiões para matar o jogo. Na primeira, o William Carvalho rematou contra as pernas de um defesa. Na segunda, tudo foi bem feito, incluindo o remate do Bryan Ruiz, e um defesa safou a bola na linha de golo sem saber ainda hoje como o fez. Logo a seguir, na sequência de um canto, o Coates ganhou de cabeça no meio e junto ao poste o Bas Dost falhou o desvio.
Sem conseguir matar o jogo, resistimos muito bem até ao final. Mais uma vez, encanámos a perna à rã em todos os centímetros de terreno. O Bryan Ruiz levou uma sarrafada e ficou no chão. O Battaglia levou uma canelada e ficou no chão. O Bas Dost levou uma cotovelada no peito, impedindo-o de chegar à bola, e ficou no chão. De cada um dos livres, saía sempre uma série de passes até se ganhar outro, um lançamento de linha lateral ou um pontapé de canto.
Ganhámos bem, mais pela forma como defendemos do que pelo ataque. Porventura, o resultado mais certo seria o dois a zero. O Belenenses jogou bem, mas não criou uma oportunidade de golo. Agora, vou ali ao Flávio ver como é que os andrades e os lampiões se estão a safar.
Começámos bem, com o Podence endiabrado. O Podence tem tanto de endiabrado como de inconsequente. Ninguém avisou os jogadores do Belenenses e na primeira oportunidade um deles atirou-o ao chão dentro da área. Penalty sem vídeo-árbitro e com vídeo-árbitro, que assim é que é bonito. O Bas Dost fez o truque do costume que acaba sempre com o guarda-redes sem saber bem o que fazer à vida. É uma pardinha em câmara tão lenta, tão lenta que suspeito que se um dia um guarda-redes não se atirar para um dos lados o Bas Dost fica petrificado com o pé direito no ar até se transformar numa estátua.
Continuámos a insistir até á meia-hora. Os jogadores do Belenenses mal ganhavam a bola perdiam-na logo a seguir tal a rapidez à sua perda pelos jogadores do Sporting. Criámos uma outra jogada perigosa, ficando sempre a um danoninho de sair um último passe bem feito. Depois dessa meia-hora, o Belenenses equilibrou o jogo e foi toda a gente para o intervalo entediada.
Na segunda parte o Belenenses entrou melhor e passámos a cheirar a bola. Não ganhávamos uma única bola, parecendo que a equipa se estava a ressentir fisicamente. O Jorge Jesus meteu o Battaglia e a porta ficou mais ou menos trancada. Depois, foi substituindo os jogadores que mais a cair para o lado estavam. Saiu o Acuña e entrou o Bryan Ruiz. Perto do final, entrou o Bruno César e saiu o Bruno Fernandes.
Estivemos em três ocasiões para matar o jogo. Na primeira, o William Carvalho rematou contra as pernas de um defesa. Na segunda, tudo foi bem feito, incluindo o remate do Bryan Ruiz, e um defesa safou a bola na linha de golo sem saber ainda hoje como o fez. Logo a seguir, na sequência de um canto, o Coates ganhou de cabeça no meio e junto ao poste o Bas Dost falhou o desvio.
Sem conseguir matar o jogo, resistimos muito bem até ao final. Mais uma vez, encanámos a perna à rã em todos os centímetros de terreno. O Bryan Ruiz levou uma sarrafada e ficou no chão. O Battaglia levou uma canelada e ficou no chão. O Bas Dost levou uma cotovelada no peito, impedindo-o de chegar à bola, e ficou no chão. De cada um dos livres, saía sempre uma série de passes até se ganhar outro, um lançamento de linha lateral ou um pontapé de canto.
Ganhámos bem, mais pela forma como defendemos do que pelo ataque. Porventura, o resultado mais certo seria o dois a zero. O Belenenses jogou bem, mas não criou uma oportunidade de golo. Agora, vou ali ao Flávio ver como é que os andrades e os lampiões se estão a safar.
PS. Vi os últimos 35-40 minutos
do jogo do Porto contra o Benfica. O antijogo e as permanentes zaragatas que
protagoniza a equipa do Benfica transformam qualquer jogo numa final da Taça
dos Libertadores entre o River Plate e o Flamengo.
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Rui Monteiro
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21:42
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