Se não fossem a transmissão da SporTv e os comentários do Freitas Lobo, o jogo contra o Boavista teria sido aquilo que se designa tecnicamente por uma chatice pegada. Aprecio a capacidade do Freitas Lobo de descobrir nos jogadores das equipas que jogam contra o Sporting qualidades que eles próprios nem desconfiam. Jogadores que ninguém conhece de parte nenhuma, depois de uma corrida, de um remate ou de uma canelada passam a ser extraordinários. Os do Sporting não merecem nenhuma referência quando todos sabem que são grandes jogadores e não precisam de nenhum jogo em particular para o demonstrar.
Aprecio especialmente o seu desprendimento em falar da arbitragem, quando os erros penalizam o Sporting, pelo facto de amar o jogo, seja isso o que for, embora se descaia com uma curiosidade mórbida quando os erros podem beneficiar o Sporting. Constitui nos tempos que correm o melhor vídeo-árbitro. Decide rapidamente mesmo sem ver a repetição. Hoje no penalty sobre o Podence voltou a ser tão perentório como no fora-de-jogo do Bas Dost no golo do Battaglia contra o Paços de Ferreira.
Com esta banda sonora, a transmissão da SporTv foi um petisco. Na primeira parte, apreciei de sobremaneira as duzentas e vinte repetições de uma falta de um jogador do Boavista sobre o Piccini, como se a decisão tivesse sido errada. Apreciei a forma expedita como procederam à repetição do golo do Boavista do único ângulo em que era possível verificar da existência (ou não) de fora-de-jogo. Só depois do vídeo-árbitro se decidir é que a SporTv se decidiu igualmente mostrar-nos esse ângulo da transmissão. Antes disso, mostrou-nos a repetição sempre de ângulos absolutamente inconclusivos para essa análise.
O penalty sobre o Podence é indiscutível. O Podence ganhou a posição e ia disputar a bola de cabeça quando um calmeirão do Boavista veio desembestado e o atropelou acertando em tudo que se mexia, desde a bola ao jogador adversário. Logo a seguir, junto à linha lateral o Fábio Coentrão ganhou de cabeça a bola por detrás do jogador do Boavista e o árbitro não teve dúvidas em marcar falta. Aliás, se dúvidas existissem na dualidade de critérios, vale a pena rever o lance em que o Coentrão leva amarelo numa outra disputa de bola de cabeça. Se esse lance é para amarelo, então aquele que envolveu o Podence merecia o vermelho. O golo do Boavista é muito duvidoso, para não se afirmar definitivamente que é fora-de-jogo. Por menos, este ano, o Portimonense viu um golo anulado na Luz. Em ambos os lances sou capaz de dar o benefício da dúvida ao árbitro. Não dou é o benefício da dúvida aqueles que não o dão quando a dúvida pode favorecer o Sporting.
Até agora, falei da SporTv, do Freitas Lobo e do árbitro. Não é para me candidatar a comentador de nenhum programa televisivo. É que o jogo propriamente dito foi uma chatice pegada, como disse. Na primeira parte, o Boavista fez das tripas coração e deu o que tinha e o que não tinha para que não se jogasse à bola. Não fez antijogo, no sentido que é atribuído à palavra. Fez um jogo que é a antítese do jogo: muita correria, muita luta, muita biqueirada e nem uma jogada em condições. Desde que não se jogasse à bola, o dia estava ganho. O Sporting, por sua vez, entrou em campo a pensar que ainda estava na Liga dos Campeões, onde quem tem melhores jogadores e joga melhor costuma ganhar.
Como de costume, preparávamo-nos para dar uma parte de avanço quando, numa biqueirada para a frente, o Bas Dost ganhou uma bola de cabeça e desmarcou o Podence no lado direito. O baixinho ficou á espera que o Bas Dost e mais alguém aparecessem na área para meter a bola. Para ganhar tempo, fez uma finta ao Talocha e continuou a esperar. Enquanto continuava a esperar, repetiu a finta vinte e quatro vezes, para um lado e para o outro, até que desesperado acabou por apostar as fichas todas num centro ao segundo poste para uma cabeçada em câmara lenta do Fábio Coentrão, que deu o nosso primeiro golo.
Na segunda parte, a perderem por um a zero, os jogadores do Boavista precisavam de jogar à bola. Não no sentido que o Freitas Lobo vinha elogiando, mas fazendo jogadas com cabeça, tronco e membros, concluídas com remates à baliza do Rui Patrício. Com a necessidade de fazerem o que não sabem e depois das canseiras resultantes de umas tantas correrias tontas na primeira parte, tudo parecia mais fácil para o Sporting. Era fácil e mais fácil se tornou quando o Bas Dost se deixou de mariquices e foi a um ressalto à Slimani e a meteu lá dentro com o joelho. Quando parece que tudo está facilitado, há sempre um jogador do Sporting que tem um apagão e oferece um golo ao adversário. Neste jogo não fugimos à regra e o Coates resolveu oferecer um golo ao Mateus, que conta mais anos de idade que o do Evangelho. Quando nos preparávamos para mais um sofrimento à Sporting, o Bas Dost ainda antes do cabeceamento do Mathieu desmarcou-se para o lado contrário para onde se dirigia a bola, empurrando-a depois ao segundo poste.
Ganhámos ao Boavista como a Juventus ou o Barcelona nos ganhou a nós. Os jogadores são melhores e a equipa no seu conjunto também. É o que acontece mesmo quando se joga assim-assim ,mas se tem um assassino silencioso como o Bas Dost. Teve duas oportunidades e marcou dois golos. Contra o Barcelona, também teve duas e não meteu nenhuma. Prossegue assim uma época em que apresenta um nível de eficácia próximo dos cinquenta por cento.
Na mouche, caro Rui. Haja alguém que fale por fim na vergonhosa parcialidade do Freitas Bobo
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarTudo o que é de mais é doença. Ontem, os jogadores do Boavista não fizeram uma jogada que se visse. Nem uma defesa do Rui Patrício. Ouvindo o Freitas Lobo, pareciam todos os Nureyeves da bola.
SL
E ainda bem que o holandês falhou as de Barcelona e não as de ontem!
ResponderEliminarQuanto ao Freitas Lobo.... não o ouvi,o meu comando tem botão mágico:-)
Meu caro,
EliminarTenho que ver o jogo no café. Estou proibido de ter a SporTv em casa. Tenho de ouvir o Freitas Lobo e os benfiquistas todos que me rodeiam.
SL
Caro Rui, penso que essa postura ligeiramente inquinada e "azeda" terá a ver com um qualquer convite recebido do clube, há anos atrás, para consultor/conselheiro/colaborador ou qualquer coisa do género que não se consumou, pelo que me parece que seja mais uma certa "azia" ou "trauma" a toldar-lhe o raciocínio nas suas análises e intervenções do que propriamente outra coisa qualquer.
ResponderEliminarRessalvo ainda, na minha opinião, que existe alguma distância entre esta "espécie" - Canis Lupus doutra que, embora parente, abunde cada vez mais na CS, o Canis Lupus Familiaris, vulgo cães-de-fila.
Meu caro,
EliminarMas este é mais perigoso. Este é um dissimulado. Disfarça bem. é inteligente. Agora também não se percebe a azia.
SL
É de evitar ouvir bandas sonoras da Sport tv com o Freitas Bobo ao volante.
ResponderEliminarSoam como as da Btv...ou pior.
Meu caro,
EliminarApanhamos com o Freitas Lobo nos jogos cá de cima e com o Miguel Prates nos jogos mais a sul. É insuportável o fanatismo, mais dissimulado de um, mais ostensivo de outro.
SL
O Freitas Lobo toda a gente sabe que é portista e braguista. Já o Miguel Prates toda a gente sabe é sportinguista assumido.
EliminarMeu caro,
EliminarO Miguel Prates disfarça muito bem. É a única coisa que lhe posso dizer. Também diziam o mesmo do Vítor Pereira, o rapaz que telefonava antes dos jogos aos árbitros a pedir uma boa arbitragem.
Ontem vi o derby de Manchester. Era o Sr. Lobo a comentar. Ao ouvi-lo, parecia que estava a ver outro jogo. No final, reparei que para o Sr. Lobo, o Sr. Lobo é o mentor de Mourinho e Guardiola. O Sr. Lobo é o mentor do futebol "em estado puro".
ResponderEliminarCaro Fernando Mota,
EliminarAinda ninguém nos informou mas não tardará a informarem-nos: o Freitas Lobo é que inventou o futebol. Aparentemente, o Carlos Daniel também terá dado uma ajuda.
Abraços