Vi o jogo contra o Porto. Jogámos assim-assim. Ganhámos por um, mas podíamos ter ganhado por mais um ou dois. Ganhar começa a ser a normalidade. Se jogamos bem, ganhamos. Se não jogamos, ganhamos na mesma.
Acabou o jogo e começou uma berraria sem fim sobre as mãos. As mãos do Casillas. Estranhamente não sobre a falta de mãos do dito para as balizas, mas sobre as mãos dos outros. É uma desculpa, como qualquer outra.
No primeiro golo, não há uma única imagem que prove que a bola tenha sequer tocado no braço do Gelson Martins. Mas continuou-se a discutir noite dentro um acontecimento que não aconteceu, isto é, um não acontecimento. Deixo um conselho para quem gosta de analisar estes lances com todo o rigor (incluindo os próprios jornalistas), quando um acontecimento que é suposto ver-se não se vê, então é porque simplesmente não aconteceu.
No segundo golo a coisa fia mais fino. A bola vai à mão do Bryan Ruiz, depois de um cabeceamento de um defesa. Estou disponível para aceitar que o golo é irregular se os defensores desta posição afirmarem ao mesmo tempo, e sem se rirem, que se o lance fosse ao contrário devia ser marcado penalty.
O Casillas tem um problema com as mãos. Não com as dos outros, mas com as suas. No primeiro golo, começou por tentar defender o remate do Bruno César com os olhos. Conseguiu. Depois não conseguiu chegar primeiro com as mãos onde o Slimani chegou com o pé direito. No segundo, lançou as mãos, mas a bola passou por entre as ditas depois do remate com o pé direito do Gelson Martins. O Casillas, de facto, tem é um problema com os pés dos adversários e com a cabeça, já agora (na sequência de um canto, o Ruben Semedo chegou meio metro acima das mãos dele, cabeceando, de baliza aberta, para fora).
Este jogo tem uma moral simples. Sem jogar bem, o Sporting jogou melhor. É mais equipa ou, então, o Porto não é equipa bastante para o Sporting nesta altura. Inclino-me mais para segunda hipótese. A perder por dois a um, não fez um único remate à baliza na segunda parte. Acabou a meter avançados nos últimos minutos, apostando todas as fichas na tática da carne e do assador. Havemos de ver várias outras equipas a fazer o mesmo em Alvalade durante esta época, como o Feirense, o Nacional da Madeira e por aí fora.
Por fim, houve demasiado William Carvalho para a equipa do Porto. Já se sabia que o Willliam Carvalho era bem melhor que o Danilo, embora uns pândegos chegassem a defender o contrário. Ficámos a saber agora que o William Carvalho é melhor que o Danilo, o André André e o Herrera todos juntos.
Falaremos do Sporting, mais mal do que bem. Falaremos também do Benfica, sempre mal. Falaremos do Porto, conformados.
terça-feira, 30 de agosto de 2016
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Quem dá mais?
Escrevo a frio, ou melhor, a gelado, por isso serei rápido e
(a ver vamos) eficaz. Estamos perante um Sporting que acredita em si próprio
sem temores esotéricos e sem sentimentalismos de inferioridade bacoca. O início
não foi brilhante: os laterais demoraram a acertar o passo, ao mesmo tempo que
o meio campo se embrulhava numa passerelle imaginária. Nada como um golo para
acordar. O Porto começou a acreditar em algumas expulsões para desfrutar do
passeio. Enganou-se… mas por pouco.
Quando começamos a jogar a bola o adversário suspirou pela
antiga capela das antas. Não era para menos, aquele meio campo verde engolia o
amarelo (Danilo versus William, alguém acredita?), inclinando o campo de uma
maneira que as laterais começaram a florir, atapetando os corredores onde
brilhavam o Chuta-Chuta e o Gelson, não esquecendo o Ruiz, a espaços, com a
suavidade de um final de tarde de verão. Não fosse a voracidade de um Slimani
(outra vez vendido) e estaríamos apenas perante um poente lírico de trazer por
casa. Não era o caso.
Os primeiros vinte minutos da segunda parte confirmaram que
a voracidade nem sempre colhe frutos. Estivemos perto da tempestade quando o
árbitro se decidiu pelo entretenimento de outras eras, sem consequências por
manifesta falta de originalidade. Que grande jogo do Semedo e do Chuta e joga como o caraças. Até o
Paulista deu um ar de sua graça. Não tarda e também é vendido. Umas vinte
vezes. Quem dá mais?
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Gabriel Pedro
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22:34
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quinta-feira, 25 de agosto de 2016
O brinde ou a fava?
Não percebo a ansiedade ou o repositório de exclamações de
má sorte. Calhámos num bom grupo. Perto do ideal. Ora vejamos: dos potes acima
saíram Real Madrid e Dortmund. O primeiro faz parte da manobra de diversão
que dissimula a Liga dos Campeões como (suposta) competição. Não é uma
competição. É uma organização mercantil onde as multinacionais (ou através
delas) dominam e reinam a seu belo prazer. O Real Madrid faz parte desse
conclave obscuro. O Dortmund, por seu lado, é uma daquelas grandes equipas que
vão sempre dar muita luta e suposta imprevisibilidade, mas que raramente ganham
a competição. Todavia, na dúvida, serão sempre favorecidas relativamente à raia
considerada mais miúda. Temos exemplos recentes disso, não temos?
Podemos estar descansados, ninguém vai exigir demasiado.
Resta-nos assegurar que lutaremos pelo melhor lugar possível, quem sabe o
segundo, com a certeza que teremos grandes chances de ficar em terceiro. Por
isso, para adoçar a brincadeira, entra sempre uma equipa para encher calendário e pneus.
Neste caso o Legia. Mas nunca se sabe. Uma saída airosa para a Liga Europa será
sempre de reconhecido mérito.
O nosso euromilhões (ou parte significativa dele) já cá
canta. Agora é fazer de conta que se acredita no eurobilhões a andar de
bicicleta e… pensar a sério no campeonato. Isso sim, é que interessa. Em todos
os sentidos.
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Gabriel Pedro
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21:11
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domingo, 21 de agosto de 2016
O Patrício esteve em campo?
Segundo jogo e nenhum golo sofrido. Ganhámos uma dupla de
centrais. Nas laterais ainda se vão experimentando soluções. O João Pereira
voltou à direita. O Ezequiel Schelotto fez a pomba ao assinar mais um contrato
e diz quem o conhece que ainda não parou de se rir. Na esquerda voltamos ao
chuta-chuta, mais comentários seriam pouco abonatórios da nossa inteligência. Falta-nos
um defesa esquerdo a sério, deixem-se de lateralidades inventivas.
O dali para a frente ainda se chama William. Não convém começar
demasiado bem, pelo menos até 31 do corrente. Ali perto anda o capitão. Diz que
foi ele que marcou (um grande) golo, mas sem aquela investida à linha do Slimani
ainda estávamos a fazer tiro ao meco. O Slimani mesmo triste (isto segundo o
jornal a A Bola) ainda acredita que é possível disputar cada lance como se o
mundo fosse acabar antes do apito final do árbitro. Isso já é estar perto do
Olimpo.
De resto, falta ali o Teo para tornar o jogo um misto de imprevisibilidade
e falta de (bom) senso. Falta ali o Teo para a gente falar sobre o Teo.
Resta-nos o Gelson, gingão incansável, cada acção sua é sempre uma incógnita
até ao último momento. Mesmo para o próprio. Ruiz&Ruiz aos poucos começam a
perfumar os campos com o seu futebol.
Devagarinho, claro. O Alan, agora mais esguio, até chuta de fora da grande
área. Estamos a evoluir.
Ontem foi um daqueles jogos que os comentadeiros de serviço adoram
acoplar à palavra: pragmático. Fazem
bem. Não percebem que ali há futebol para dar e vender. Mas apenas na medida
certa. Não fosse um defeso de meio ano e já teríamos um guião mais exaustivo. Já
agora, o Rui Patrício esteve em campo?
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Gabriel Pedro
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14:45
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quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Uma lágrima no canto do olho
Li e ouvi diversas análises do jogo contra o Marítimo. Em todas elas falta o essencial. Não é possível uma análise definitiva do jogo que não tenha em consideração a forma como fomos beneficiados pelo Xistra no primeiro golo. Entre marcar penalty ou deixar que o Coates disputasse o lance de cabeça agarrado pelo adversário, o árbitro não hesitou: deu a lei da vantagem. Se marcasse penalty, como devia, as probabilidades de golo eram muito menores do que deixando continuar o Coates agarrado. A questão não é tanto o benefício concreto deste jogo. A questão é por que razão somos sempre beneficiados pelas arbitragens, nomeadamente nos jogos em casa.
Os “freakonomics”, Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, esclarecem-nos no seu último livro. Os árbitros beneficiam involuntariamente as equipas que jogam em casa. Envolvem-se emocionalmente com os adeptos. Não, não é o que estão a pensar. Ninguém viu o Xistra de mão-dada com o Slimani ou com a Patrícia Mamona. Os árbitros assimilam a emoção da assistência e tendem a tomar decisões que a tornem feliz. Este processo de assimilação da emoção é diretamente proporcional á distância entre o campo e as bancadas. Com base nos dados da Bundesliga, conclui-se que a vantagem de jogar em casa é menor nos estádios que dispõem de uma pista de atletismo à volta do campo relativamente aos estádios que não dispõem de pista.
Assim é mais fácil explicar a decisão do Xistra no sábado passado. Foi a emoção que o traíu. Foi quase impercetível, mas um espetador mais atento viu o que eu também vi. Quando o Coates marcou o golo, o Xistra tinha uma lágrima no canto do olho. Ainda temos o fosso a separar o campo das bancadas. Se assim não fosse, teríamos visto o Xistra lavado em lágrimas.
Os “freakonomics”, Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, esclarecem-nos no seu último livro. Os árbitros beneficiam involuntariamente as equipas que jogam em casa. Envolvem-se emocionalmente com os adeptos. Não, não é o que estão a pensar. Ninguém viu o Xistra de mão-dada com o Slimani ou com a Patrícia Mamona. Os árbitros assimilam a emoção da assistência e tendem a tomar decisões que a tornem feliz. Este processo de assimilação da emoção é diretamente proporcional á distância entre o campo e as bancadas. Com base nos dados da Bundesliga, conclui-se que a vantagem de jogar em casa é menor nos estádios que dispõem de uma pista de atletismo à volta do campo relativamente aos estádios que não dispõem de pista.
Assim é mais fácil explicar a decisão do Xistra no sábado passado. Foi a emoção que o traíu. Foi quase impercetível, mas um espetador mais atento viu o que eu também vi. Quando o Coates marcou o golo, o Xistra tinha uma lágrima no canto do olho. Ainda temos o fosso a separar o campo das bancadas. Se assim não fosse, teríamos visto o Xistra lavado em lágrimas.
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Rui Monteiro
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12:24
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sábado, 13 de agosto de 2016
Mudar de relvado
Terminei a época passada no Tribuna. Foi aí que assisti à maior série de vitórias do Sporting da sua história (digo eu). Não chegou para ganhar o campeonato. Resolvi mudar de relvado também. Voltei ao Flávio para ver o jogo contra o Marítimo. Desde que a cabeleireira da minha mulher lhe disse que o nosso vizinho era atleta olímpico de taekwondo, tenho, do ponto de vista desportivo, um outro olhar sobre o bairro onde vivo. Ainda hei-de ver
o Marcelo por cá a distribuir uma comenda.
Depois de uma pré-época de arromba, sem o Slimani e a ameaça de deserção dos Aurélios, previa o pior. Com os Ruízes na frente, o Jesus optou por um “tiki-taka” sem balizas. Muitos apoios frontais, muitas fintas e tabelinhas e pouco remates e presença na área. Com esta táctica estamos sempre a suspirar por um canto ou um livre, porque de outra forma não há maneira de meter a bola lá dentro. A situação ainda piora quando vemos os Ruízes fazerem-se a um cruzamento do João Pereira com os olhos fechados. Não via uma coisa destas desde os gloriosos tempos do Postiga.
Numa bola parada, acabámos por marcar um golo, que contou com benefício do Xistra. Quando há penalty não há lei da vantagem. O Xistra deu a lei da vantagem e o Coates meteu-a lá dentro. Pelo caminho, o Patrício resolveu mostrar-nos porque é hoje um autêntico monstro das balizas. Acabámos a primeira parte em modo assim-assim.
Na segunda parte, o William Carvalho decidiu estar em todo o lado ao mesmo tempo. Asfixiámos o Marítimo e fomos falhando golos atrás de golos em grande estilo. É difícil encontrar alguém que falhe melhor do que o João Mário. Só o Bryan Ruiz e nem sempre. Desta vez, marcou um golo de baliza aberta. Uma novidade, portanto.
Esta época vai ser como a anterior. Tentámos a quarta ressurreição do João Pereira. Quando o vemos jogar, temos saudades do Scheolotto. Quando vemos jogar o Scheolotto, temos saudades do João Pereira. No lado esquerdo é pior. Entre o Zeegelaar e o Jéfferson, preferimos o Bruno César. Os centrais parecem mais seguros. No meio-campo temos o William Carvalho e enquanto assim for temos meio-campo. O Adrien ajuda e se não ajudar o João Mário outro o Jesus arranjará para ajudar. Até pode ser um dos Ruízes. No ataque, temos o Slimani e muita nota artística. É capaz de não chegar. Quase temos saudades do Teo.
Depois de uma pré-época de arromba, sem o Slimani e a ameaça de deserção dos Aurélios, previa o pior. Com os Ruízes na frente, o Jesus optou por um “tiki-taka” sem balizas. Muitos apoios frontais, muitas fintas e tabelinhas e pouco remates e presença na área. Com esta táctica estamos sempre a suspirar por um canto ou um livre, porque de outra forma não há maneira de meter a bola lá dentro. A situação ainda piora quando vemos os Ruízes fazerem-se a um cruzamento do João Pereira com os olhos fechados. Não via uma coisa destas desde os gloriosos tempos do Postiga.
Numa bola parada, acabámos por marcar um golo, que contou com benefício do Xistra. Quando há penalty não há lei da vantagem. O Xistra deu a lei da vantagem e o Coates meteu-a lá dentro. Pelo caminho, o Patrício resolveu mostrar-nos porque é hoje um autêntico monstro das balizas. Acabámos a primeira parte em modo assim-assim.
Na segunda parte, o William Carvalho decidiu estar em todo o lado ao mesmo tempo. Asfixiámos o Marítimo e fomos falhando golos atrás de golos em grande estilo. É difícil encontrar alguém que falhe melhor do que o João Mário. Só o Bryan Ruiz e nem sempre. Desta vez, marcou um golo de baliza aberta. Uma novidade, portanto.
Esta época vai ser como a anterior. Tentámos a quarta ressurreição do João Pereira. Quando o vemos jogar, temos saudades do Scheolotto. Quando vemos jogar o Scheolotto, temos saudades do João Pereira. No lado esquerdo é pior. Entre o Zeegelaar e o Jéfferson, preferimos o Bruno César. Os centrais parecem mais seguros. No meio-campo temos o William Carvalho e enquanto assim for temos meio-campo. O Adrien ajuda e se não ajudar o João Mário outro o Jesus arranjará para ajudar. Até pode ser um dos Ruízes. No ataque, temos o Slimani e muita nota artística. É capaz de não chegar. Quase temos saudades do Teo.
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Rui Monteiro
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quinta-feira, 11 de agosto de 2016
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Pensar pequeno
Estava a ver na televisão uma peça sobre a morte de um grande homem, Moniz Pereira. Este grande senhor do desporto nacional, foi incansável no seu trabalho, foi de extrema dedicação, querer, disciplina e perseverança e assim fez de nós um país maior e um povo melhor. Infelizmente logo de seguida assisti ao vídeo promocional da Volta a Portugal que passa na RTP. Se por um lado vemos uns que se agigantam e com eles nos agigantam, por outro vemos outros que na sua estreiteza mental tudo parecem fazer para nos diminuir enquanto povo e país. Foi o reviver de uma visão bolorenta do país.
No referido vídeo promocional vê-se, ao som de um animado e
estridente grupo folclórico, uma série de figurantes com capacetes de
ciclistas. A particularidade, sublinhada de forma substancial pela banda
sonora, é o facto de todos os figurantes, que procuram representar os
portugueses de norte a sul, envergarem trajes regionais ou de ranchos
folclóricos.
Ficou-me a ideia de que saindo-se dos arredores do gabinete
onde foi imaginada esta brilhante campanha promocional, o que vamos encontrar,
para além da habitual e elogiada paisagem e gastronomia, são uns rústicos,
parolos ou saloios pouco importa, cristalizados no tempo a quem simpaticamente a
RTP emprestou uns capacetes para lhes emprestar também a modernidade. A Volta a
Portugal fica assim anunciada como uma volta por um pitoresco Portugal dos Pequeninos.
Deve ser do calor mas só posso concluir que o António Ferro
fez escola na RTP e que a sua mensagem patriótica, paternalista e ruralista está
para durar. Poderia perder mais algumas linhas numa análise mais profunda à
deturpação sociológica e antropológica que estas mentes, provavelmente circunscrevidas
pelo “brunch” nos Olivais e o “sunset happy hour” em Chelas, ou
vice-versa, fazem do país onde (não) vivem, mas tenho a malta à espera na
camioneta e tenho é que pegar no acordeão e fazer-me à estrada e cantar os feitos
dos grandes como o Moniz Pereira e esquecer o Portugal dos pequeninos e os seus
estereótipos.
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A. Trindade
à(s)
14:44
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segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Um país como os outros
Faleceu Mário Moniz Pereira. Não conheço a pessoa. Conheço a personagem. Dificilmente a consigo dissociar do Carlos Lopes e do Fernando Mamede.
Para quem é mais novo e conhece mal o país de antanho, os feitos desportivos contavam-se pelos dedos de uma mão. Ganhávamos em hóquei em patins, mas não era uma modalidade levada muito a sério pela maioria dos países. Falava-se das façanhas dos Magriços ou da travessia do Canal da Mancha pelo Baptista Pereira. O Joaquim Agostinho ia dando umas alegrias aos nossos emigrantes.
Precisávamos de um grande vitória internacional, para nos considerarmos como os outros. Hoje parece simples. Nos anos sessenta, setenta e oitenta parecia uma impossibilidade. Em 1976, estivemos próximos da vitória olímpica, nos dez mil metros, com o Carlos Lopes, em Montreal. Lasse Virén, na última volta, acabou-nos com o sonho.
Foi preciso esperar até 1984, em Los Angeles, para ver a nossa bandeira no mastro mais alto das olimpíadas. A minha geração não esquecerá as duas noitadas: a primeira com o Fernando Mamede, a segunda com o Carlos Lopes. Não esqueceremos a entrada triunfal do Carlos Lopes no estádio olímpico.
Nesse dia passámos a ser como os outros. Ser como os outros parece pouco. Na altura era muito. Era quase tudo. Tínhamos acabado de ganhar o futuro. O que hoje somos em muitas modalidades começou aí. Passou a ser possível competir com os melhores. Em muitas circunstâncias, fomos os melhores.
Para quem é mais novo e conhece mal o país de antanho, os feitos desportivos contavam-se pelos dedos de uma mão. Ganhávamos em hóquei em patins, mas não era uma modalidade levada muito a sério pela maioria dos países. Falava-se das façanhas dos Magriços ou da travessia do Canal da Mancha pelo Baptista Pereira. O Joaquim Agostinho ia dando umas alegrias aos nossos emigrantes.
Precisávamos de um grande vitória internacional, para nos considerarmos como os outros. Hoje parece simples. Nos anos sessenta, setenta e oitenta parecia uma impossibilidade. Em 1976, estivemos próximos da vitória olímpica, nos dez mil metros, com o Carlos Lopes, em Montreal. Lasse Virén, na última volta, acabou-nos com o sonho.
Foi preciso esperar até 1984, em Los Angeles, para ver a nossa bandeira no mastro mais alto das olimpíadas. A minha geração não esquecerá as duas noitadas: a primeira com o Fernando Mamede, a segunda com o Carlos Lopes. Não esqueceremos a entrada triunfal do Carlos Lopes no estádio olímpico.
Nesse dia passámos a ser como os outros. Ser como os outros parece pouco. Na altura era muito. Era quase tudo. Tínhamos acabado de ganhar o futuro. O que hoje somos em muitas modalidades começou aí. Passou a ser possível competir com os melhores. Em muitas circunstâncias, fomos os melhores.
Publicada por
Rui Monteiro
à(s)
13:11
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