segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Um país como os outros

Faleceu Mário Moniz Pereira. Não conheço a pessoa. Conheço a personagem. Dificilmente a consigo dissociar do Carlos Lopes e do Fernando Mamede.

Para quem é mais novo e conhece mal o país de antanho, os feitos desportivos contavam-se pelos dedos de uma mão. Ganhávamos em hóquei em patins, mas não era uma modalidade levada muito a sério pela maioria dos países. Falava-se das façanhas dos Magriços ou da travessia do Canal da Mancha pelo Baptista Pereira. O Joaquim Agostinho ia dando umas alegrias aos nossos emigrantes.

Precisávamos de um grande vitória internacional, para nos considerarmos como os outros. Hoje parece simples. Nos anos sessenta, setenta e oitenta parecia uma impossibilidade. Em 1976, estivemos próximos da vitória olímpica, nos dez mil metros, com o Carlos Lopes, em Montreal. Lasse Virén, na última volta, acabou-nos com o sonho.

Foi preciso esperar até 1984, em Los Angeles, para ver a nossa bandeira no mastro mais alto das olimpíadas. A minha geração não esquecerá as duas noitadas: a primeira com o Fernando Mamede, a segunda com o Carlos Lopes. Não esqueceremos a entrada triunfal do Carlos Lopes no estádio olímpico.

Nesse dia passámos a ser como os outros. Ser como os outros parece pouco. Na altura era muito. Era quase tudo. Tínhamos acabado de ganhar o futuro. O que hoje somos em muitas modalidades começou aí. Passou a ser possível competir com os melhores. Em muitas circunstâncias, fomos os melhores.

4 comentários:

  1. Caro Rui,

    Sem dúvida o professor Moniz Pereira foi um dos que nos ensinou a ganhar o futuro. Outro país o recordaria com a honra merecida.

    E foi um grande Sportinguista , sem dúvida!

    um abraço!

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    1. Caro Gabriel,

      Temos a mania que somos um país pequeno. Como nos pensamos pequenos, pensamos pequeno. O Moniz Pereira não pensava pequeno e não nos pensava pequenos.

      Um abraço

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  2. Meu caro Rui
    Estamos maiores graças a pessoas como o Moniz Pereira e os seus atletas.
    Infelizmente muitos pensam pequeno.
    SL

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  3. Obrigado por nos recordar o por que devemos um obrigado, do tamanho que Carlos Lopes nos transformou, nesse dia, ao grande senhor Moniz Pereira. Obrigado.

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