Li e ouvi diversas análises do jogo contra o Marítimo. Em todas elas falta o essencial. Não é possível uma análise definitiva do jogo que não tenha em consideração a forma como fomos beneficiados pelo Xistra no primeiro golo. Entre marcar penalty ou deixar que o Coates disputasse o lance de cabeça agarrado pelo adversário, o árbitro não hesitou: deu a lei da vantagem. Se marcasse penalty, como devia, as probabilidades de golo eram muito menores do que deixando continuar o Coates agarrado. A questão não é tanto o benefício concreto deste jogo. A questão é por que razão somos sempre beneficiados pelas arbitragens, nomeadamente nos jogos em casa.
Os “freakonomics”, Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, esclarecem-nos no seu último livro. Os árbitros beneficiam involuntariamente as equipas que jogam em casa. Envolvem-se emocionalmente com os adeptos. Não, não é o que estão a pensar. Ninguém viu o Xistra de mão-dada com o Slimani ou com a Patrícia Mamona. Os árbitros assimilam a emoção da assistência e tendem a tomar decisões que a tornem feliz. Este processo de assimilação da emoção é diretamente proporcional á distância entre o campo e as bancadas. Com base nos dados da Bundesliga, conclui-se que a vantagem de jogar em casa é menor nos estádios que dispõem de uma pista de atletismo à volta do campo relativamente aos estádios que não dispõem de pista.
Assim é mais fácil explicar a decisão do Xistra no sábado passado. Foi a emoção que o traíu. Foi quase impercetível, mas um espetador mais atento viu o que eu também vi. Quando o Coates marcou o golo, o Xistra tinha uma lágrima no canto do olho. Ainda temos o fosso a separar o campo das bancadas. Se assim não fosse, teríamos visto o Xistra lavado em lágrimas.
:)
ResponderEliminarTop Caro Rui :)
ResponderEliminarAté eu fiquei com uma lágrima no canto do olho por causa da lágrima do Xistra.
Meu caro,
EliminarA emoção do Xistra deixa qualquer um emocionado também.
SL
Estou certo que será dada nova oportunidade ao Xistra para, novamente, "beneficiar" a equipa que, em casa, joga em Alvalade.
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarO Xistra não perdeu esta oportunidade. Não vai perder nenhum outra. Aproveita-as todas.
Um abraço
Caro Rui,
ResponderEliminarEstamos de acordo, só pode ser para isso que serve o fosso. Ainda assim a arbitragem surpreendeu-me pela positiva: o ano passado começámos o campeonato a comer um golo com a mão, em fora-de-jogo (seguido de uma campanha da Bola e do Record para mudar as leis do futebol e transformar um lançamento lateral com os pés apenas parcialmente sobre a linha em irregular).
É o problema das expectativas. O Sporting o ano passado fez um excelente campeonato. Parece impossível não fazer pior. Já as arbitragens foram deploráveis (note-se que o país campeão da Europa não teve um único árbitro no Europeu!). Parece impossível não fazer melhor.
A bem da estabilidade o 'jornalismo desportivo' está no mesmo registo. Todos os dias são garantidas chegadas que nunca se concretizam e temos jogadores que já foram dados como certos em tantas equipas que já nem eles devem saber onde ir treinar.
SL
Caro João,
EliminarSem o fosso, cada jogo em Alvalade transformava-se numa telenovela.
Mesmo que os jogos em Alvalade não se transformem em telenovelas, o campeonato está transformado num Corin Tellado. Nem conseguimos esperar pelos próximos episódios, especialmente aqueles que envolvem a iminente saída de metade da equipa do Sporting.
Um abraço